Seguidores

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O CANGACEIRO LUIZ PEDRO COSTURANDO E JURITI APRECIANDO

Foto encontrada no facebook na página do Cap Cangaceiro

Disse o Dr. Sérgio Dantas no blog http://cariricangaco.blogspot.com

Há muitos registros sobre a vida de Luiz Pedro, mas estão em jornais e documentos constantes em Arquivos Públicos. Infelizmente, esse tipo de fonte histórica sempre foi muito antipatizado e até rejeitado.

Mas, caso não seja utilizada logo, os dados que estão nestas fontes históricas serão para sempre perdidos e homens como Luiz Pedro, Mariano e outros jamais terão sua vidas biografadas, uma vez que os registros orais hoje são praticamente nulos.

Abs e votos de Boas Festas
Sérgio Dantas.'.

Clique neste link para acompanhar mais um pouco sobre o cangaceiro Luiz Pedro:

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2011/12/um-pouco-mais-de-luis-pedro-poralfredo.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

OS SERTÕES: AS PRÉDICAS DE ANTÔNIO CONSELHEIRO E A POESIA DE CANUDOS - PARTE III

Por Aleilton Fonseca

A poesia de Canudos, segundo Euclides da Cunha

Como narra Euclides da Cunha, uma vez tomado definitivamente o arraial de Canudos, os soldados fizeram uma devassa nas casas em ruínas, curiosos, em busca dos despojos, fazendo o "mais pobre dos saques que registra a História" (15). Ali foram encontrados, entre imagens mutiladas e rosários de cocos, o que o autor denomina de "desgraciosos versos":

Pobres papéis, em que a ortografia bárbara corria parelhas com os mais ingênuos absurdos e a escrita irregular e feia parecia fotografar o pensamento torturado, eles resumiam a psicologia da luta. Valiam tudo porque nada valiam. Registravam as prédicas de Antônio Conselheiro; e, lendo-as, põe-se de manifesto quanto eram elas afinal inócuas, refletindo o turvamento intelectual de um infeliz. Porque o que nelas vibra em todas as linhas, é a mesma religiosidade difusa e incongruente, bem pouca significação política permitindo emprestar-se às tendências messiânicas expostas. (16)

A visão do ensaísta acerca dos versos encontrados em Canudos registra-se através de uma avaliação que é, inicialmente, negativa. Os versos são, assim, "pobres papéis" de escrita "irregular e feia" e grafados em "ortografia bárbara" que registram "ingênuos absurdos", fotografavam o "pensamento torturado" dos sertanejos. Euclides faz uma avaliação dos versos considerando-os intrínsecos às circunstâncias de sua elaboração, ao afirmar que "resumiam a psicologia da luta". E faz uma apreciação genérica ao afirmar que os versos, documentos concretos da expressão dos canudenses, "valiam tudo porque nada valiam". Observa-se que, em sua avaliação, Euclides utiliza como premissa o fato de os versos serem registros das prédicas do Conselheiro, antes completamente desqualificadas em seu discurso. Como tal, os versos são vistos como documentos embasados na "religiosidade difusa e incongruente", em seu estádio "primitivo, atrasado", contendo "pouca significação política". Antes de citar passagens dos "desgraciosos versos", Euclides faz ainda os seguintes comentários:

Os rudes poetas rimando-lhe os desvarios em quadras incolores, sem a espontaneidade forte dos improvisos sertanejos, deixaram bem vivos documentos nos versos disparatados, que deletreamos pensando, como Renan, que há, rude e eloqüente, a segunda Bíblia do gênero humano. (17)

Considerada ao pé da letra, a explanação de Euclides mostra-se unívoca em sua visão negativa acerca da poesia coletada em Canudos. No entanto, observando-se a formulação de seus conceitos, descontados os adjetivos e ressaltados os substantivos, pode-se perceber, nas entrelinhas, toda a ambigüidade de sua abordagem. Embora explicitamente negativos, os termos da avaliação que ele faz dos versos os legitimam, ainda que indiretamente, como objetos culturais. Como se observa, embora os considerando rudes, o ensaísta confere aos anônimos autores o epíteto de poetas e reconhece os textos enquanto forma poética, em sua estruturação em quadras, embora adjetivando-as de "incolores". Ademais, ao comparar as quadras canudenses com os improvisos sertanejos, que antes descrevera de forma positiva, o ensaísta os valoriza como congêneres, mesmo que numa relação hierárquica desfavorável. Além disso, também os valoriza como documentos cuja citação considera relevante na cadeia argumentativa do seu texto. No final de sua explanação, ele reconhece a importância histórica dos textos, embora os refute como traços de atraso cultural, uma vez que os considera uma prova da existência da "segunda Bíblia do Gênero humano". Este jogo retórico em que a poesia de Canudos é ao mesmo tempo valorizada e depreciada mostra mais uma vez a ambigüidade da posição de Euclides da Cunha. Realmente, abstraindo-se a hierarquização e a negativação formuladas pelo ensaísta, ditadas pelos pressupostos teórico-metodológicos de sua abordagem, pode-se perceber que há uma valorização intrínseca ao modo como ele documenta a manifestação cultural dos canudenses.

Em seguida, uma vez feita de antemão a análise dos versos, Euclides cita "ao acaso", segundo afirma, algumas das quadras encontradas, resumindo-lhes a idéia. Como se sabe, o autor possuía os textos integrais anotados em sua Caderneta de Campo (18), e, dada a extensão do seu ensaio, nada obstava que os citasse na inteireza. No entanto, observa-se que as citações dos trechos "ao acaso" vêm no sentido de corroborar o discurso analítico, ajudando a provar as teses defendidas pelo ensaísta.

O primeiro texto é um abecê, forma poética tradicional do cancioneiro popular, do qual Euclides cita algumas estrofes para mostrar como se resumia nesse "gaguejar do povo", a passagem da Monarquia à República. Eis a citação da terceira estrofe:

Sahiu D. Pedro segundo
Para o reyno de Lisboa
Acabosse a monarquia
O Brazil ficou atôa! (19)

Nas citações, Euclides faz um rearranjo das estrofes para conseguir o efeito pretendido dentro da lógica de sua argumentação. Assim, seguem-se a sétima, a 15° e a 13° quadras para ilustrarem a visão que os sertanejos tinham da República como sendo a "impiedade" ou a "lei do cão":

Garantidos pela lei
Aquelles malvados estão
Nós temos a lei de Deus
Eles têm a lei do cão
Bem desgraçados são elles
Pra fazerem a eleição
Abatendo a lei de Deus
Suspendendo a lei do cão!
Casamento vão fazendo
Só para o povo illudir
Vão casar o povo todo
No casamento civil!

Em seguida, o ensaísta cita a 19° estrofe do abecê, à qual junta a décima sexta e fecha com a 22°, para ilustrar a convicção dos sertanejos quanto ao fim próximo do "governo demoníaco", com o triunfo do Conselheiro e do Sebastianismo:

D. Sebastião já chegou
E traz muito regimento
Acabando com o civil
E fazendo o casamento.
O anticristo nasceu
Para o Brasil governar
Mas ahi está o Conselheiro
Para deles nos livrar!
Visita vem nos fazer
Nosso rei D. Sebastião.
Coitado daquele pobre
Que estiver na lei do cão. (20)

Assim, o empenho do ensaísta é mostrar, documentado nas quadras selecionadas a partir de suas anotações de campo, o juízo que os sertanejos faziam da República a partir da orientação religiosa conselheirista e os argumentos com que combatia a nova forma de governo do país. Dentro de sua argumentação, toma esses textos como prova de suas próprias afirmações acerca dos canudenses.

O homem culto Euclides da Cunha, munido de um instrumental analítico fundametado nas teorias científicas da época e, particularmente, defensor da República enquanto ideal e como resultante natural do progresso da civilização, não aceita as afirmações dos sertanejos como válidas sequer para debate ou reflexão política. Rotula-as, então, como sendo índices do pensamento retrógrado, que considerava ser próprio de um estádio atrasado de civilização, em que se encontrariam os sertanejos. Paradoxalmente, a constatação e a avaliação negativa do ideário canudense tornam-se, na cadeia argumentativa de Euclides, um dado favorável a Canudos no julgamento político da intervenção militar. Definitivamente, Euclides fixa a consciência de que os canudenses não representavam uma ameaça real à instituição republicana, pois não constituíam um movimento político organizado na tentativa de restaurar objetivamente a Monarquia. Assim, o ensaísta procura mostrar que as idéias contrárias à República eram resultantes do atraso civilizatório, do estado de "ignorância" em que se encontrava a população sertaneja. Então afirma: "Requeriam outra reação. Obrigavam-nos a outra luta" (21). Sob essa ótica, a luta necessária não seria feita através da força militar e dos canhões, mas sim através da educação, das letras, das luzes, no processo de introdução dos sertanejos ao progresso, incorporando-os à nacionalidade. Esta constatação abre o caminho para a autocrítica e para a revisão de idéias anteriores, como a de que Canudos era "A nossa Vendéia" (22). A partir disso, Euclides interpreta a intervenção militar como um erro histórico, como um "crime da nacionalidade" contra patrícios, de que seu livro se oferece como denúncia e libelo.

CONTINUA...


Enviado pelo escritor, professor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

"SERGIPE JORNAL" - 27/08/38 LAMPIÕES DE GRAVATA

Por L. Campos Sobrinho

As polícias gastaram um bom tempo para pegarem Lampião. Não só tempo. E dinheiro também. Verbas e mais verbas, e Lampião aí flanando pra todo mundo. Matava um aqui, intimava o coronel não sei quem dos anzóis a mandar-lhe dinheiro, batia noutro acolá. E as polícias em cima dos rastros. Os jornais estampavam nas manchetes que quase que pegaram o rei do cangaço e em tal lugar, que cercaram Virgulino Ferreira e outra porção de cousas que deixava muita gente atordoada e outras tantas tranquilizadas. Afinal de contas mataram o homem. Aliás, ainda fizeram algo de mais importante, de notória relevância para o nosso Código Penal. Descabeçaram, degolaram Lampião e o resto dos homens que estavam em sua companhia, inclusive Maria Bonita, o complemento do poema lírico da vida de Virgulino Ferreira. Virgulino tinha amor ao dinheiro, ao mosquetão, ao punhal destemido, às suas alparcatas, ao sertão, mas, acima disso tudo, ele via Maria Bonita, amava desmedidamente a Maria Bonita. Que se acabassem dinheiro, mosquetão, punhais destemidos, alparcatas, sertões mesmo, ele não se incomodaria, mas, Maria Bonita não podia se acabar. Virgulino Ferreira sem Maria Bonita tornava-se só. Os doze, vinte, trinta e cinco e mais homens que lhe acompanhavam sempre não preenchiam o lugar que Maria Bonita, sozinha, somente com o rizinho fraternal de mulher amada, ocupava; enchia as medidas de Virgulino Ferreira; era o pedaço amoroso na sua vida aventureira. Mas chegou o momento da irreflexão, e a cabeça de Lampião e Maria Bonita rolaram, como se nunca pertencessem, na história da fisiologia humana, ao quadro dos animais racionais.

Mataram Virgulino Ferreira. Acabou-se, como anunciam a todo momento, o Terror do Nordeste. Os sertões estão livres desse seu filho monumental. Os sertões estão livres. Mas existem as cidades, que precisam ficar livres também. Os seus Lampiões existem por aí. Acabou-se o cangaço desorientado dos sertões, continua o cangaço orientado, comedido e descomedido, sabido, diplomático, das cidades.

Eles se vestem como eu, como você, melhor do que eu e do que você. Transitam nas ruas como se não fossem Lampiões. E ainda lhe cumprimenta com o risinho cínico de todo bandoleiro inteligente. Mas, quando não está empurrando o punhal em mim ou em você, está sufocando, surrando, apunhalando, os nossos irmãos. Eles são os Lampiões, as cidades, os sertões; nós os sertanejos; logo, nós somos irmãos por força do sofrimento, do maltrato contínuo que ainda não cessou. Se eu dissesse que o senhor Tristão de Ataíde é um Lampiãozinho, você poderia ficar danado comigo, se é que você tem o pensamento carola. Mas o senhor Tristão fica de lado. Krup, por exemplo, na Alemanha, que fabrica bombas e gazes para nos liquidar; Hitler, na Alemanha, também, que espanca crianças e velhos, mata, prende a todo momento; Mussolini, na Itália, que ensanguenta os pobres negros embromados, sem ao menos considerar sobre a rica Abissínia, que ficou como sua presa. O general Franco, na Espanha, assassino de primeira qualidade, assalariado dos Lampiões internacionais, matando os seus patrícios com soldados e armas estrangeiras, fazendo trincheiras com o montão de carne humana adquirida pelas suas granadas e gazes criminosos.

Assim como estes, existem muitos pelo mundo, que seria um largo trabalho, enumerá-los. Um meu amigo, escrevendo certa vez sobre Virgulino Ferreira, pôs no mesmo nível os Zarof, Rockfeler, etc., mas, não vou até lá. Aqui mesmo no Brasil temos gente que se parece muito com os jovens citados por meu amigo. Não fabricam bombas nem gazes.
O banditismo acabou-se no sertão. Banditismo deseducado. Sem civilização, que pouca questão fazia em matar. Matava quando se via perseguido pelas forças do governo ou pela crise. Mas ficaram os bandoleiros das cidades, espertos, de olhos abertos e vivos, que matam sem serem perseguidos pela polícia, e com os bolsos cheinhos das notas. Esses são os mais perigosos. Lampião e sua tropa matavam e demonstravam a sua impiedade, olhando o sangue a correr como se fosse água.

Esses matam, sem tirar sangue, apertando o estômago da vítima, sugando-lhe a carne e deixando-lhe somente os ossos, o couro seco e os olhos grandes, enormes, espantados, às vezes sorrindo por compreender a causa de seu extermínio, com uma reticência na boca rasgada. Lampiões sem coração. Lampiões de gravata...

Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


MOSSORÓ NA TRILHA DA HISTÓRIA Anotações


O mais novo livro do historiógrafo, escritor e pesquisador do cangaço Geraldo Maia do Nascimento


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A Fé do Cangaço

Por Eraldo Ribeiro Tavares

Tido como um facínora, homem sem piedade, bandido sanguinário, monstro e até como a própria encarnação do diabo, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, marcou a história do Nordeste e até a do Brasil, com seus longos vinte anos de correrias e crimes pelo sertão nordestino. Este trabalho mostra o que poucas pessoas sabem e poucos pesquisadores se dedicaram a desvendar: o cangaceiro Lampião, juntamente com os outros membros do seu bando, desenvolveu outro lado da sua existência como ser - a questão da sua religiosidade. 

Como a maioria dos sertanejos praticantes do chamado catolicismo popular, Lampião mantinha relação com anjos e santos, rezava todos os dias e acreditava em forças ocultas e em sonhos. Nunca buscou fugir às regras em que foi educado desde criança pela sua mãe e pela sua avó que foram as responsáveis pela sua formação religiosa. Era devoto de alguns santos, em especial de Nossa Senhora da Conceição. Tinha como hábito realizar missas improvisadas sempre acompanhado dos demais cangaceiros que viviam sob seu comando. 

 Virgulino Ferreira, Lampião; em plena oração na caatinga...

Isso funcionava como fator de respeito e servia para amenizar possíveis sofrimentos da alma que pairassem sobre eles. Assim, a questão da religiosidade dentro do cangaço torna-se fundamental para enriquecer a temática na qual, volta e meia os interessados se deparam com novas obras. Todavia, elas não tocam exclusivamente na questão da vivência religiosa do bando. Muitos trabalhos já foram publicados sobre o cangaço e, em especial, sobre Lampião. Sendo mais uma, esta dissertação foi escrita com a finalidade de contribuir para alargar a visão sobre o fenômeno do cangaço, em especial utilizando os elementos das Ciências da Religião para entender um pouco mais sobre a questão da religiosidade na pessoa de Lampião e dos cangaceiros que viveram em sua órbita de comando.

Veja o trabalho de Eraldo Ribeiro Tavares no endereço abaixo:

http://www.unicap.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=930


Fonte: http://crunicap.blogspot.com.br/2013/10/a-fe-do-cangaco.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


UM ESTRESSADO RELIGIOSO NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MOSSORÓ - E. E. JERÔNIMO ROSADO

Por José Mendes Pereira
telescope.blog.uol.com.br

É muito difícil aparecer uma pessoa que possa garantir que nunca foi decepcionada na vida por alguém, ou por onde passou. Geralmente, os que tentam nos decepcionar, são pessoas que caíram ou estão prestes a caírem na fossa, por estarem passando por coisas ruins, ou difíceis na vida. E para elas, o melhor será tentar descontar em cima de outra pessoa que não tenha nada a ver com os seus problemas, seus sofrimentos, suas rixas contra alguém por uma razão qualquer, ou mesmo pela própria maldade. Quando a pessoa é vítima de decepções, claro que suporta por um ato de respeito, confiante em Deus, ou então, aquela decepção não atingiu os seus neurônios, fazendo com que aquilo passe rápido, sem que seja preciso praticar uma agressão verbalmente, ou até mesmo fisicamente. Mas o bom mesmo é não guardar rancor, deixa pra lá que Deus resolverá.

Nos anos 60 eu ainda era aluno interno da Casa de Menores Mário Negócio, e havia concluído o primário. No ano seguinte, eu tentei ingressar no ginásio, isto é no primeiro grau de ensino (nos dias de hoje), período em que Mossoró ainda não dispunha de escolas suficientes de 1º e 2º graus para todos os estudantes. E para que o aluno tivesse direito a uma vaga ao ginásio, era necessário fazer o chamado "Exame de Admissão", como se fosse um ensaio para um futuro vestibular. Confiante que era e continua sendo uma enorme escola, e de bom conceito também, devido o grande número de vagas que ela oferecia aos estudantes concorrentes, fiz o meu "Exame de Admissão" no Instituto de Educação de Mossoró.

... escola estadual jerônimo rosado (fotos históricas) ... - www.defato.com

Apesar do nome e renome que esta instituição de ensino tinha, tem, e sempre terá, porque vale a pena estudar nela, não fui feliz no dia em que foi dado o resultado aos concorrentes do "Exame de Admissão", porque fui decepcionado por um dos “Manda-Chuva” de lá, repreendendo-me fortemente, e até fui xingado por ele, enquanto me tangia para fora do auditório da instituição, como se eu fosse um animal que havia invadido aquela repartição escolar.

O religioso acusava-me de baderna dentro do auditório. Baderna esta que não estava sendo praticada por mim, e sim por um aluno que sentara ao meu lado, e que na verdade, eu nem o conhecia;  e de momento a momento, enquanto o religioso lia os nomes dos alunos aprovados no "Exame de Admissão", o estudante levava até à boca um objeto, e zoava fortemente, como se fosse um irritante apito qualquer.

Lá do palco, no auditório, o ignorante religioso  gritava para que o aluno deixasse aquela baderna. E como não foi atendido, ele desceu do palco e dirigiu-se ao local em que estava sentado o aluno que badernava com o irritante objeto. Mas em vez dele enxergar o aluno que tentava lhe tirar a paciência, acho que ao descer do palco, perdeu o alvo, e ele veio em minha direção, como se o responsável por seu ódio fosse eu.

O religioso não mediu o tamanho e nem pesou as palavras que dizia contra a minha pessoa. Eu tentava explicar (sem acusar o outro) que não era eu o responsável pelas desordens, e sem ele querer ouvir nada, saiu me tangendo para fora do auditório. Eu entendi que naquele momento eu nada valia, e que eu era apenas um verdadeiro lixo que a natureza tinha acabado de me produzir, já que antes, jamais passara por qualquer decepção na vida.

www.blogdogemaia.com

Expulso do auditório do Instituto de Educação de Mossoró não tive mais coragem de retornar lá, nem para saber se eu havia passado ou não no "Exame de Admissão". Como eu não quis mais retornar lá na instituição, fui fazer outro "Exame de Admissão" na "Escola Técnica de Comércio União Caixeiral", que apesar que era uma escola técnica, ela mantinha ginásio também. E só retornei  ao Instituto de Educação, 4 anos depois, quando eu concluí o ginásio (1º grau no Ginásio Municipal de Mossoró), na finalidade de cursar o científico lá.

Senti muito pela decepção que passei diante daquela gente toda (alguns deles eram meus conhecidos), alunos e mais alguns funcionários que presenciaram o batido que recebi do religioso, religioso este que se fazia de ovelha de Deus, mas na verdade, não sabia respeitar um filho de Deus.

Mas o tempo passa e passa tão rápido que faz com que a gente esqueça algumas falhas praticadas por pessoas poderosas, e gostam de usar certas coisas contra pobre. Se eu fosse rico, com certeza estava protegido pelo religioso. Mas como sou pobre, fui um saco bom para levar pancadas verbalmente de um desastroso indivíduo que se dizia ser responsável para ensinar o caminho certo de chegar até à casa do Senhor Deus.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.

http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

NATAL BEM QUE JÁ MERECIA UM LOCAL TEMÁTICO SOBRE A AVIAÇÃO E A II GUERRA!

Por Rostand Medeiros 

Recentemente eu realizei uma viagem de avião ao sul do país com a minha família. Quando compramos as passagens eu soube que faria uma conexão no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Aeroporto do Galeão (GIG), onde passaria umas boas cinco horas aguardando entrar em uma aeronave e retornar a capital potiguar.


Com tempo de sobra decidi conhecer um café que existe no Terminal 1 e segundo um amigo do Rio era um local que eu iria gostar, pois sua decoração era totalmente voltada para a aviação e a II Guerra Mundial.


O tal point se chama Air Café Palheta e realmente o amigo carioca estava certo, o local é muito interessante para quem gosta da história da aviação e da II Guerra.

Não é um muito grande, mas está em um ponto do Galeão onde é possível ter uma boa visualização de uma das pistas e no teto do café temos interessantes modelos de aviões em escala de clássicos da aviação.


Apesar de estar com fome (nem tinha almoçado), confesso que a comida se tornou um ponto secundário diante da decoração do local.

Ali vi um Douglas C-47 da USAAF, o burro de carga do transporte aéreo dos Aliados na II Guerra, um Beechcraft 18 na versão utilizada pela Força Aérea Brasileira no CAN – Correio Aéreo Nacional e denominado UC-18. Finalmente contemplei um North-American T-6D da FAB, com as antigas cores do Esquadrão de Demonstrações Aéreas, a conhecida Esquadrilha da Fumaça.

Um modelo em escala de um North-American T-6D nas antigas cores da Esquadrilha da Fumaça.

Um modelo em escala de um North-American T-6D nas antigas cores da Esquadrilha da Fumaça.

Esta última aeronave e sua pintura tradicional me trouxeram maravilhosas lembranças de uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça, em Natal, em plena Praia do Meio. Nem sei o ano exato, foi lá pela primeira metade da década de 1970, mas nunca me esqueci do ronco dos motores radiais e das evoluções dos hábeis pilotos da Fumaça.

Um diorama mostrando um P-47 do 1o Grupo de Aviação de Caça da FAB na Itália

Todas as aeronaves apresentadas no Air Café Palheta foram habitues dos céus potiguares. Mas além destas maquetes haviam três interessantes dioramas com cenas típicas de aeronaves no solo em diferentes cenários da II Guerra. Em tempo, diorama é uma representação de uma cena ou cenário em maquete, tendo por finalidade despertar a imaginação do público, fazendo-o visualizar, reviver ou vivenciar uma experiência única e diferenciada ao apreciar a obra.


Vi ainda quadros com imagens de aviões clássicos. Também estava lá uma parede toda recoberta com antigos materiais de propaganda da II Guerra e do período histórico da aviação. Dois expositores continham vários livros superinteressantes, peças originais de painéis de aviões, manequins com capacetes e equipamentos originais utilizados pelos pilotos. Enfim, um local muito interessante para quem gosta destes temas.


Finalmente chegou a hora de ir para a sala de embarque e deixei o Air Café Palheta, mas levando várias lembrancinhas ofertadas pelos atenciosos profissionais que lá trabalham. Um deles viu a minha camisa com imagens referentes a Parnamirim Field e deduziu acertadamente que eu gostava do material exposto.


A bordo do Boeing 737-800, percorrendo o litoral brasileiro em uma noite sem lua fiquei pensando porque Natal, a cidade mais ativa na época dos antigos “Raids” e a comunidade mais engajada na II Guerra em toda a América do Sul, não possuía algo como aquele café do Aeroporto do Galeão.

Confesso que ando meio desatualizado da noite natalense, mas não me recordo de algo similar na nossa cidade (se estiver errado corrijo o texto na hora).

Mas algo como este café só poderia acontecer com a abertura do Museu da Rampa?

E enfim, o novo governo Robinson vai tocar mesmo o final da obra deste museu tão importante para Natal?


Não sou empresário de bares ou similares, mas creio que um local baseado na decoração do Air Café Palheta não seria tão difícil e nem sequer precisaria esperar o Museu da Rampa ser aberto. De material fotográfico o nosso próprio blog TOK DE HISTÓRIA possui várias imagens deste período e está a disposição. Modelos de aviões em escala e dioramas poderiam ser criados por exímios plastimodelistas que habitam em Natal.

Mesmo sem ter o conhecimento deste ramo de atividade comercial vi uma situação muito interessante neste café temático no Galeão – Havia uma mesa com cerca de dez a doze pessoas que portavam camisas com desenhos de aviões clássicos e modernos. Batiam um papo bem animado, acompanhados de um bom chope gelado e muito tira gosto. Logo descobri que eles eram um grupo de praticantes de Plane Spotting, ou seja, um grupo de pessoas munidos de câmeras fotográficas que vem aos grandes aeroportos para fotografar ou registrar a matrícula de uma ou mais aeronaves.

Este hobby surgiu na II Guerra quando alguns países que sofriam ataques de bombardeiros alemães incentivaram seus cidadãos a observação de aeronaves inimigas para lançarem um alerta no caso de aproximação dos bombardeiros. Hoje este hobby é praticado em quase todo o mundo e existem sites onde os spotters compartilham suas fotos e organizam encontros e eventos em aeroportos. Na Europa é comum ver aeroportos oferecerem áreas dedicadas a observação de aeronaves, caso o aeroporto não tenha uma, os spotters  procuram locais ao redor do aeroporto onde se tenha uma visão razoável do movimento das aeronaves.

Um dos expositores existentes no local com vários itens sobre aviação.

Evidentemente que aqueles spotters estavam no Air Café Palheta depois de um sábado de observação, debaixo do causticante sol carioca. O local servia para o encontro, o congraçamento daquele pessoal, o papo sobre as aeronaves e um bom chopinho.

A camisa mostrou o entusiasta pela aviação.
Coisa de maluco?

Pode ser na opinião de muitos, mas não na minha que sou um entusiasta da história da aviação e da participação da minha terra na II Guerra.

O C-47

Para finalizar não posso deixar de comentar que sobre vários aspectos o café temático carioca me fez recordar com enorme saudade o extinto bar Blackout, na velha Ribeira. Evidentemente me veio a mente a pessoa maravilhosa de Paulo Ubarana , que atendia a todos com tanta atenção e que tão tragicamente nós deixou.

Em tempo – Não estou recebendo nada para comentar e mostrar fotos do Air Café Palheta. Ele apenas serviu de inspiração.

Fotos – Algumas foram feitas por mim, por amigos e outras pesquei do site ttps://pt.foursquare.com/v/air-café-palheta/4b6a03ecf964a520e9c12be3

*Rostand Medeiros é historiógrafo, pesquisador do cangaço, sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, apaixonado pelo tema aviação e administrador do blog:
http://tokdehistoria.com.br/2015/01/20/natal-bem-que-ja-merecia-um-local-tematico-sobre-a-aviacao-e-a-ii-guerra/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com