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sexta-feira, 26 de março de 2021

CANGAÇO - LAMPIÃO ERA SANFONEIRO?

Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=6xGeAiOpvyI&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Cangaço - Lampião era Sanfoneiro? Vídeo gravado em 2005 na Fazenda Maniçoba, com o Sr. Luiz de Cazuza e seu filho José Alves, durante o evento de lançamento da Pedra Fundamental da Biblioteca da Fazenda, uma ideia do amigo Paulo Gastão. Link desse vídeo: https://youtu.be/6xGeAiOpvyI

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LIVROS SOBRE CANGAÇO É COM O PROFESSOR PEREIRA

 


A  bibliografia do cangaço e temas afins é extensa e diversificada. São centenas de livros à disposição dos estudiosos, pesquisadores, colecionadores e admiradores da história e cultura nordestina.  Mas, infelizmente, dezenas destas obras não são mais encontradas nas livrarias e sebos especializados. São consideradas esgotadas e, em alguns casos, raras. Quando são colocadas à venda, estão com preços exorbitantes, totalmente fora da realidade financeira da maioria das pessoas que desejam adquiri-las.

Faço, por meio deste artigo, uma indagação pertinente e natural: por que esses livros não são reeditados? Não é o meu propósito procurar identificar  e analisar os fatores que dificultam ou impedem essas reedições, mas contribuir, positivamente, com este processo, para que o resultado seja promissor. Aproveito a oportunidade para conclamar,  solicitar aos autores, herdeiros de autores já falecidos ou quem esteja na posse do direito destes trabalhos, que procurem reeditá-los, pois são obras extraordinárias, que demandaram milhares de horas de leituras, pesquisas, viagens e entrevistas, com muito sacrifício, principalmente, em épocas mais remotas, quando os autores não dispunham de meios de transporte, comunicação, e a internet, que podemos utilizar atualmente.
Professor Pereira entre, Kydelmir Dantas e Honório de Medeiros em dia de Cariri Cangaço

Então, não se justifica a ausência destas relíquias, na bibliografia disponível  do cangaço. Faço este apelo,  em nome de milhares de pessoas que necessitam dessas obras para a efetivação das suas pesquisas, descobertas e fundamentações teóricas de monografias, dissertações e teses, no Brasil e mundo afora.Os sites, blogs e comunidades virtuais ligados ao fenômeno do Cangaço, como: SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, O Cariri Cangaço,  Lampião Aceso, Cangaço em Foco, Tokdehistória, Lampião, Rei do Cangaço  entre outros, que estão sempre focados e à disposição da expansão do estudo da história e cultura nordestina,  divulgando  os  lançamentos de edições e reedições de livros, revista e  artigos referentes ao assunto, o que facilita  o acesso deste material pelos pesquisadores, colecionadores e interessados no tema.

Como consequência natural da utilização destas ferramentas,  observo um crescimento considerável de pessoas  interessadas no estudo do Cangaço. Além do uso da Internet na distribuição eficiente  desses livros,  o que contribui e incentiva  os autores a editarem e reeditarem suas obras.  Tomo a liberdade e a iniciativa de citar algumas obras, por ordem cronológica,  que gostaria de vê-las reeditadas e espero que os leitores acrescentem, por meio de seus comentários, outros trabalhos esgotados e raros aqui não relacionados:   

Os Cangaceiros, Romances de Costumes Sertanejos 1914, Carlos Dias Fernandes;   Heróes e Bandidos 1917, Gustavo Barroso;  Beatos e Cangaceiros 1920, Xavier de Oliveira;  Ao Som da Viola 1921, Gustavo Barroso;  A Sedição de Joazeiro 1922, Rodolpho Theophilo;  Lampião, sua História 1926, Érico de Almeida;  Lampeão no Ceará, A Verdade em Torno dos Fatos 1927, Moysés Figueiredo;   Padre  Cícero e a População do Nordeste 1927, Simões da Silva;  Os Dramas Dolorosos do Nordeste 1930, Pedro Vergne de Abreu;    Almas de Lama e de Aço 1930, Gustavo Barroso;  O Flagello de Lampião 1931, Pedro Vergne de Abreu;  O Exército e o Sertão 1932, Xavier de Oliveira;  Sertanejos e Cangaceiros 1934, Abelardo Parreira;  Como Dei Cabo de Lampeão 1940, Ten. João Bezerra;  Lampeão, Memórias de um Oficial Ex-comandante de Forças Volantes 1952, Optato Gueiros;  Caminhos do Pajeú 1953, Luís Cristóvão dos Santos;  Solos de Avena s/d, Alício Barreto;  Cangaceiros 1959, Gustavo Augusto Lima;   Rosário, Rifle e Punhal 1960, Nertan Macedo;  Serrote Preto 1961, Rodrigues de Carvalho;  O Mundo Estranho dos Cangaceiros 1965, Estácio de Lima;  Lampião e Suas Façanhas 1966, Bezerra e Silva;  Lampião, O Último Cangaceiro 1966, Joaquim Góis;  Sertão Perverso 19 67, José Gregório;  Lampião, Cangaço e Nordeste 1970, Aglae Lima de Oliveira;  Cinco Histórias Sangrentas de Lampião, Mais Cinco Histórias Sangrentas de Lampião(dois livros)1970, Nertan Macedo;  Vila Bela, Os Pereira e Outras Histórias 1973, Luís Wilson;  Terra de Homens 1974, Ademar Vidal;  Bicho do Cão, Canga, Cangaço, Cangaceiro s/d, José Cavalcanti;  Cangaço: Manifestação de Uma Sociedade em Crise 1975, Célia M. L. Costa;  Figuras Legendárias 1976, José Romão de Castro;  A Derrocada do Cangaço 1976, Felipe de Castro;  Antônio Silvino, O Rifle de Ouro 1977, Severino Barbosa;  Capitão Januário, a Beata e os Cabras de Lampião 1979, José André Rodrigues(Zecandré);  Gota de Sangue Num Mar de Lama, Visão Histórica e Sociológica do Cangaço 1982, Gutemberg Costa;  Volta Seca, O Menino cangaceiro 1982, Nertan Macedo;  Prestes e Lampião s/d, Ten.  Adaucto Castelo Branco;  Sangue, Terra e Pó 1983, José de Abrantes Gadelha;  Lampião, as Mulheres e o Cangaço 1984, Antônio Amaury C. de Araújo;  Lampião e Padre Cícero 1985, Fátima Menezes;  Guerreiros do Sol:  Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil 1985, Frederico Pernambucano de Mello(Será l ançado a 5º edição desse livro, agora em janeiro/2012); Lampião e a Sociologia do Cangaço s/d, Rodrigues de Carvalho;  A Vida do Coronel Arruda, Cangaceirismo e Coluna Prestes 1989, Severino Coelho Viana;  Lampião, Memórias de Um Soldado de Volante 1990, Ten. João Gomes de Lira;  Nas Entrelinhas do Cangaço 1994, Fátima Menezes;   Lampião e o Estado Maior do Cangaço 1995, Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena;   Cangaço: Um Certo Modo de Ver 1997, Vera Figueiredo Rocha;  Amantes e Guerreiras: A Presença da Mulher no Cangaço 2001, Geraldo Maia;   Histórias do Cangaço 2001, Hilário Lucetti;   Lampião e o Rio Grande do Norte, a História da Grande Jornada 2005, Sérgio Augusto de Souza Dantas.

Obs. Algumas dessas obras já foram reeditadas, mas, mesmo assim, estão  esgotadas.Está lançado o debate. Vamos à discussão construtiva, formando um elo de entendimento, consultoria,  convergência na direção do resultado positivo, e espero que possamos  colher os frutos num futuro próximo, com novos livros no mercado. Votos de Saúde e paz a todos.

Peça através deste e-mail: franpelima@bol.com.br
Francisco Pereira Lima - Prof. Pereira
Advogado, Professor, Membro da UNEHS, SBEC e
Conselheiro do Cariri Cangaço
franpelima@bol.com.br
Cajazeiras - PB


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PERGUNTA NO AR

 Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.498

Pergunta-me o escritor João Neto Félix se eu tenho algum registro oficial de quem construiu o prédio que hoje representa o Museu Darras Noya. Não tenho e nunca ouvi falar quem teria sido o construtor do edifício, um casarão piso de tábuas, inúmeras janelas e duas entradas/saídas. Localizado em pleno Centro Comercial o magnífico prédio faz lembrar os últimos anos de Santana/vila ocasião em que surgiram as grandes construções tanto para moradias quanto para o aluguel comercial.  Ouvi dizer que ali já foi a moradia do Maestro fundador da primeira banda de Santana, Manoel Queirós, conhecido como Seu Queirós. O homem também era coletor federal e fazia parte do primeiro teatro santanense. Fica a dúvida se foi ou não o próprio Queirós o construtor da casa grande com um sótão sob a madeira.

É sabido também que ali morou gente famosa com o Dr. Arsênio Moreira, o médico do 7Batalhão de Polícia, o primeiro clínico de fora a atuar em Santana.

Da minha parte, o morador mais antigo que eu conheci morando naquela enorme residência, foi a filha do Maestro Queirós. Salvo engano, Antéa era solteira e habitava o casarão já em idade avançada quando a conheci. Branca, alta, educada e prestativa Antéa era intelectual. Quando o museu foi transferido para aquele casarão, a própria filha de Seu Queirós passou a tomar conta daquele patrimônio a si confiado. Recebia e explicava as peças com a maior deferência, pois vivenciara o tempo de quase todo o mostruário do museu.

Lembro-me muito bem quando a filha do maestro dissertava para nós a queda da ponte de madeira sob o riacho Camoxinga, em 1915.  A casa de Antéa possuía um longo jardim que tomava todo o oitão direito da Igreja Matriz, limitado por muro de alvenaria. A construção do Salão Paroquial, pelo padre Luís Cirilo Silva, avançou sobre o jardim que atualmente não mais existe. Também não sei dizer ao certo se a filha de Seu Queirós tinha o “I” de Anteia ou não. O que dava para notar, era apenas a dedicação daquela pessoa simpática que parecia também fazer parte das peças do museu.

O que acho engraçado é que o prédio do museu falava de tanta coisa da nossa antiga sociedade, porém calava a respeito da sua própria construção... Quem sabe! Talvez nunca tenham perguntado sobre isso.

MUSEU DARRAS NOYA. Livro 230/B. CHAGAS).


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MEIA NOITE: UM CANGACEIRO APAIXONADO E DIFÍCIL DE MATAR NAS CERCANIAS DO SACO DOS CAÇULAS(PB)

Por João Costa

Foto do bando de Lampião em 1922. Meia Noite(primeiro em pé à esquerda).

Ao conhecer e comparar os relatos da história do cangaço que emerge de várias fontes, o simples leitor tem dificuldade em separar fatos e ficção. E isso é bom, porque nos dá escolhas para desenvolvermos simpatias por personagens tão controversos.

O relato a seguir, extraído do livro “Lampião – a Raposa das Caatingas”, de José Bezerra Lima Irmão é extraordinário.

Após o ataque a Sousa(PB) sob o comando de Livino, Antônio Ferreira e Chico Pereira, ataque este que rendera 200 contos de réis em dinheiro vivo, o bando volta para São José de Princesa, divisa entre Paraíba e Pernambuco, localidade onde Lampião descansava e se recuperava de ferimento sofrido no pé, sob a proteção do coiteiro Marcolino Diniz.

Marcolino Diniz em 1930

Um constrangimento surge no bando: o cangaceiro Antônio Augusto Correia, vulgo Meia Noite, descobre que havia sido roubado na quantia de nove contos de réis, enquanto dormia.

Raposa velha e conhecedor de todas as manhas Meia Noite suspeitou de Livino e Antônio Ferreira e sentindo-se ludibriado, desencadeou uma tremenda confusão a ponto de Lampião interferir para acalmá-lo.

Pra serenar os ânimos, o próprio Virgulino ressarciu Meia Noite com a mesma quantia que haviam lhe roubado, mas o cangaceiro não ficou satisfeito; seguiu esbravejando e Lampião subiu o tom da conversa: exigiu que Meia Noite entregasse suas armas – o cabra estava brabo demais.

Lampião era tratado por Meia Noite, pelo apelido carinhoso de “Nego Véio”, uma vez que eram companheiros de armas de longa data. Alucinado com esse argumento de entregar suas armas, Meia Noite reagiu.

-“Se tiver homem no meio dessa mundiça, que venha tomar minhas armas! Inclusive você também, Nego Véio, seu filho de uma égua!”, disparou Meia Noite na frente de todo o bando.

Os cabras estremeceram, esperando pelo pior. Virgulino, então, ajeitou o chapelão na cabeça e falou para Meia Noite pausadamente.

- Meia Noite, você é meu amigo, mas não pode abusar... Já lhe dei o dinheiro que você disse que lhe roubaram, não dei? Apois agora eu quero que vá simbora; eu não quero revoltoso no meu grupo!”, foi a reação de Lampião.

- “Vou simbora mesmo e nesse mesmo instante”! Concordou Meia Noite que buscou seus apetrechos, selou um burro e falou pra quem quisesse ouvir.

- “De hoje em diante não preciso mais dessa bosta! Bando de ladrões safados”, disse o cangaceiro se despedindo do grupo.

Meia Noite tinha um grande amor, uma cabocla chamada Zulmira. Deixando o bando para trás, seguiu para o sítio Tataíra, divisa da Paraíba com município de Triunfo(PE) onde morava sua amada. O cangaceiro era tão apaixonado pela namorada que, como prova de amor, ele chamava carinhosamente seu mosquetão de “Zulmira”, o nome da moça.

- Eu tenho dois amores que me socorrem na precisão Zulmira no aconchego e Zulmira meu mosquetão, dizia recorrentemente.

Na noite de 17 de agosto de 1924, Meia Noite foi visto por um agricultor entrando na casa onde Zulmira morava, e este, imediatamente, delatou para a volante que estava estacionada em Princesa.

Despachada sem mais demora, a volante de Manoel Virgolino, com 12 homens, chegou no sítio Tataíra tarde da noite.

O cabecilha bateu à porta dizendo-se com sede e pedindo água. O próprio Meia Noite, imitando voz de mulher, respondeu que “aquela não era a hora de abrir a porta para estranhos”.

O ardil não funcionou e seguiu-se um tremendo tiroteio.

A casa era de taipa e Meia Noite, prevenido, havia perfurado as paredes com vários buracos. De tal maneira que disparava sua arma ora da cozinha, ora do cômodo da frente, depois do pequeno quarto, dando a impressão que havia vários atiradores, mantendo a volante à distância.

No tiroteio cerrado, Meia Noite percebeu a munição escasseando, temendo pela vida da sua amada Zulmira, abriu negociação com a volante.

- “Vocês aí, vamos fazer um trato! Eu estou com uma mulher aqui, que não tem nada a ver com nada. Deixem que ela saia, depois nós continuaremos, se comportem como homens! O cabecilha da volante até que foi cavalheiro e concordou.

- Pode mandar a mulher sair!

Assim, com uma trouxa debaixo do braço, Zulmira deixou a casa e tomou distância. O tiroteio recomeçou.

Para agravar a situação de Meia Noite chegaram mais duas volantes, lideradas pelos tenentes Manoel Benício e Francisco Oliveira. E depois mais outra. Desta feita, a volante comandada pelo sargento Clementino Quelé.

Sargento Clementino

A força volante, que no início do cerco era composta por 12 soldados, agora tinha 100 homens, sob toques de cornetas, deixando Meia Noite debaixo de uma chuva de balas de fuzis.

Ali, acossado e debaixo de uma chuva de cacos de telhas quebradas, fragmentos de barro e o fumacê causado pelo tiroteio, Meia Noite conseguiu furar o cerco saindo por um buraco na parede e rastejando como cobra.

Meia Noite escapou ao cerco monumental de cem soldados de volante apenas com um leve ferimento numa perna, nada grave. Mas na fuga, ao pular uma cerca, quebrou o braço direito, exatamente o de manejar o rifle.

Após essa fuga espetacular Meia Noite pediu socorro numa casa de um agricultor, que o atendeu prometendo buscar ajuda para tratar do ferimento no braço. Saiu em busca de socorro, mas quem voltou foi a volante do subdelegado de Princesa Isabel, Manoel Lopes Diniz, vulgo “Ronco Grosso”.

Meia Noite ainda reagiu disparando seu parabélum até a munição acabar. Quando a polícia entrou na casa, não encontrou ninguém. No dia 23, Meia Noite foi encontrado morto no Sítio Almas, em Triunfo.

Assim morreu Meia Noite, um sertanejo natural de Piranhas, que cometera seu primeiro crime aos 12 anos de idade. Ele havia permanecido no bando de Lampião de 1921 até 1924. Era alto, franzino, negro e também descendente de índio. O capitão Virgulino Ferreira assim se referia a ele.

- “Meia Noite, sozinho, valia por dez!”

Acesse: blogdojoaocosta.com.br

Fonte: “Lampião – a raposa das caatingas”, de José Bezerra Lima Irmão.

Infelizmente perdi a fonte principal.

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COMBATE A LAMPIÃO QUASE ENTROU NA CONSTITUIÇÃO DE 34

 Por Ricardo Westin

Com seu bando de cangaceiros, Lampião aterrorizou o sertão nas décadas de 1920 e 1930 - Biblioteca Nacional - Fonte: Agência Senado

Ao longo das décadas de 1920 e 1930, Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, espalhou o terror pelo Nordeste. Com seu bando, percorreu o sertão atacando vilas, matando inocentes, saqueando mercearias, achacando fazendeiros, roubando gado, trocando tiros com a polícia.

A carreira do criminoso brasileiro mais célebre de todos os tempos chegou ao fim há 80 anos. Descoberto numa fazenda em Sergipe, Lampião foi morto pela polícia a tiros de metralhadora, ao lado de outros dez cangaceiros, incluindo Maria Bonita, sua companheira. Até o New York Times deu a notícia do histórico 28 de julho de 1938.

Os senadores e os deputados da época olhavam o cangaço com preocupação. Documentos guardados nos Arquivos do Senado e da Câmara mostram que os parlamentares trataram do tema na tribuna em inúmeras ocasiões. Em 1926, o senador Pires Rebello (PI) discursou:

— Quem vive nesta capital da República [Rio], poderá achar que o governo tem feito a felicidade completa dos brasileiros. Ofuscados pelos brilhos da luz elétrica, é natural que os cariocas não saibam que naquele vasto interior existem populações aquadrilhadas fora da lei que zombam da Justiça e ridicularizam governos.

Muitos cangaceiros haviam assustado o Nordeste antes de Lampião, como Cabeleira, Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e Sinhô Pereira, mas nenhum foi tão temido quanto o rei do cangaço. As investidas de Lampião eram tão brutais que, na Assembleia Nacional Constituinte de 1934, deputados nordestinos — a Assembleia não teve senadores — redigiram cinco propostas para que a nova Constituição previsse o combate ao cangaço como obrigação do governo federal.

A repressão cabia às volantes, batalhões itinerantes das polícias dos estados. O que parte dos constituintes desejava era que o Exército reforçasse a ação das volantes. O deputado Negreiros Falcão (BA) afirmou:

— Os Lampiões continuam matando, roubando, depredando, desvirginando crianças e moças e ferreteando-lhes o rosto e as partes pudentas sem que a União tome a menor providência. Os estados por si sós, desajudados do valioso auxílio federal, jamais resolverão o problema.

Justiça privada

O deputado Teixeira Leite (PE) lembrou que os governos estaduais eram carentes de verbas, armas e policiais:

— A força policial persegue os bandoleiros, prende-os quando pode e mata-os quando não morre. Hostilizados de todos os lados, recolhem-se à caatinga e se tem a impressão de que o bando se extinguiu. Mera ilusão. O vírus entrou apenas num período de latência. Cessada a perseguição, os facínoras repontam mais violentos e sequiosos de sangue e dinheiro, apavorando os sertanejos e a polícia.

Leite explicou por que seria diferente com o Exército em campo:

— Que bando se atreveria a aproximar-se de uma zona onde estacionassem tropas do Exército, com armas modernas, transportes rápidos e aparelhos eficientes de comunicação?

Outra vantagem era que as tropas federais podiam transitar de um estado a outro. As estaduais não tinham tal liberdade — e os cangaceiros tiravam proveito disso. Uma vez encurralados em Alagoas, por exemplo, os bandidos escapavam para Sergipe, Bahia ou Pernambuco, estados nos quais as volantes alagoanas não podiam atuar.

Nenhuma das propostas que davam responsabilidade ao governo federal vingou, e a Constituição de 1934 entrou em vigor sem citar o cangaço.

— Na nova Constituição, vamos invocar o nome de Deus. Vamos também constitucionalizar Lampião? — ironizou o deputado Antônio Covello (SP).

Para o deputado Francisco Rocha (BA), o cangaço exigia “remédio social”, e não “remédio policial”:

— As causas do cangaceirismo são a falta de educação, estrada e justiça e a organização latifundiária preservando quase intactas as antigas sesmarias coloniais, para não mencionar a estúpida ação policial dos governos.

Segundo o jornalista Moacir Assunção, autor de Os Homens que Mataram o Facínora, sobre os inimigos de Lampião, o cangaço surgiu na Colônia e tinha a ver com o isolamento da região:

— O sertão ficava separado do litoral e mantinha uma ligação muito tênue com Lisboa e, depois, com o Rio. O que prevalecia não era a justiça pública, mas a justiça privada. Era com sangue que o sertanejo vingava as ofensas. Muitos aderiram ao cangaço em razão de brigas de família ou abusos das autoridades. Uma vez cangaceiros, executavam a vingança contando com a proteção e a ajuda do bando.

Lampião entrou no cangaço após a morte de seu pai pela polícia, em 1921.

— O cangaceiro não era herói. Era bandido mesmo — esclarece Assunção. — A aura de herói tem a ver com um atributo valorizado pelo sertanejo do passado: a valentia. O cangaceiro enfrentava a polícia sem medo, de peito aberto. Isso era heroísmo.

Em 1935, com a nova Constituição já em vigor, o senador Pacheco de Oliveira (BA) apresentou um projeto de lei que destinaria 1,2 mil contos de réis aos estados para repressão ao cangaço. O dinheiro sairia do orçamento da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas, responsável pela abertura de açudes, poços e estradas no sertão.

A grande preocupação de Oliveira eram os criminosos que atacavam os trabalhadores e atrasavam as obras.

— Um engenheiro avisou sobre o risco que corria seu pessoal. Como não lhe chegassem recursos, lançou mão do único expediente que lhe era praticável: armou os trabalhadores.

Os cangaceiros matavam os operários por terem ciência de que a chegada do progresso ao sertão colocaria em risco o futuro das quadrilhas nômades.

Amigo de coronéis

O historiador Frederico Pernambucano de Mello, autor de Quem Foi Lampião, diz que havia motivos não confessos para que o governo federal e os estados pouco fizessem para acabar com o bandido de uma vez por todas:

— Lampião vivia fora da lei, mas mantinha excelente relacionamento com os poderosos. Era protegido por coronéis e políticos. O governador de Sergipe, Eronildes Ferreira de Carvalho, tinha amizade com Lampião e lhe fornecia armamento e munição.

A boa vida de Lampião acabou quando Getúlio Vargas deu o golpe de 1937 e instaurou o Estado Novo. Uma das bandeiras da ditadura era a modernização do país. Nesse novo Brasil, que deixaria de ser agrário para se tornar urbano e industrial, o cangaço era uma mancha a ser apagada.

A gota d’água foi um documentário mudo que revelou ao país a rotina do bando de Lampião na caatinga. O que se via eram cangaceiros alegres, bem vestidos e com joias. Nem pareciam fugitivos. Sentindo-se afrontado, Vargas ordenou aos governadores do Nordeste que parassem de fazer vista grossa e aniquilassem o rei do cangaço.

Assim se fez. Lampião e seus subordinados foram mortos e decapitados em 1938, e o governo expôs as cabeças em cidades do Nordeste. Bandidos de outros grupos correram para se entregar, de olho na anistia prometida a quem delatasse companheiros. Corisco, o último dos pupilos de Lampião, foi morto em 1940, e o cangaço enfim se tornou passado.

Colaboração: Celso Cavalcanti, da Rádio Senado

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/combate-a-lampiao-quase-entrou-na-constituicao-de-34/combate-a-lampiao-quase-entrou-na-constituicao-de-34?fbclid=IwAR1lus487-zdUr1vlWFLC4GowgfjdhEJYTD-0lHXHaOmIXBe7RuK2BwXUNU

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CANGAÇO: ZÉ DE TOTÓ, ZÉ LUIZ E O INCRÍVEL CASO DA PRISÃO DE FAZENDEIROS E POLÍTICOS DO INGÁ-PB E REGIÃO

 Por Alexandre Ferreira

Cangaceiro ingaense Zé de Totó

Cresci ouvindo histórias contadas por minha mãe sobre a ação criminosa dos cangaceiros, aqui na cidade do Ingá. A riqueza dos detalhes de sua narrativa era tão fascinantes que eu até esquecia de brincar com outras crianças, e, acabava me perdendo no encantamento daquele mundo que pra mim não era muito diferente daquilo que eu assistia nos filmes de Bang Bang exibidos na Tv preto e branco. Naquele momento os personagens construídos em sua narrativa me eram apresentados apenas com seus nomes, suas ações... Ao mesmo tempo que se aproximavam, também se afastavam, pois não havia uma data, um referencia que os colocasse em um determinado tempo. E por isso a as narrativas para mim eram meio que contos de fada, ou melhor contos de terror

A verdade é que o Cangaço no Ingá existiu sim! A violência e o banditismo fazem parte sim da cultura e da identidade do lugar, e, que nós precisamos reconhecer sim essa parte de nossa história.

É importante que lembremos aqui ,que a ação dos cangaceiros não eram atos isolados, haviam conluios e cumplicidade entre eles e os fazendeiros (que nesse caso eram chamados de coiteiros) e parte da população. Raríssimas as vezes  na história do cangaço do Nordeste, os ricos, os proprietários, os “homens de bem” foram punidos por conluio com o cangaço. Porém, no caso do Ingá, o uso da violência cometida pelos bandoleiros era tão exacerbada que as autoridades tiveram que rever suas “normas” de comportamento com o intuito de ao menos minimizar as ações criminosas no município de Ingá e região.

Leia abaixo

Da Paraiba

RIO, 5 (A. M.) - Informam de João Pessoa: 26 Luiz e Zé Toto, dois conhecidos cangaceiros do nordeste, assassinaram, no Ingá, uma Indefesa mulher em seguida, fugiram auxiliados pelos coiteiros.

As autoridades estão agindo energicamente para prender alguns dos colteiros, inclusive o fazendeiro João Figueredo, figura de prestigio da politica decaida.

Uma verdadeira caravana de antigos politicos, chefiada pelo ex-Interventor, chegou ali, com o propósito de conseguir a liberdade dos presos. A pesar da informação de que os presos tinham sido acusados por motivo de ordem pública, O Juiz, coagido, concedeu-lhes ha. beas-corpus.

o interventor federal interino receando que os protetores dos colteiros e dos assassinos queiram provocar agitação no Estado, telegrafou ao sr. Rui Carneiro, que se encontra no Rio, comunicando a ocorrencia o solicitando providencias. (Diário de Pernambuco, quarta-feira, 6 de agosto de 1941).

Os coronéis e políticos locais, homens da mais alta estirpe, que foram associados aos bandidos como coiteiros foram presos, e para se livrarem das acusações contrataram os mais altos nomes da advocacia paraibana para se livrarem da cadeia.

Leia abaixo a impetração de harbies corpus feita pelos advogados dos acusados de coito ao cangaceiros.

1lmo. Sr. Dr. Juis de Direito da Comarca de Ingá

Os bachareis Argemiro de Figueiredo, Ernani Satyro, Accacio Figueiredo e Anastacio H. de Mello, advogados, residentes na cidade de Campina Grande, vêm requerer a v. s. uma ordem de habeas-corpus em favor de Eufrasio Alexandre, Americo Tito de Araujo, Manoel Nasci mento de Menezes, Lindolfo Almeida Santos, Zacharias Dias de Araujo, F'miliano Goncalves Mello, Manoel Travassos da Luz, Manoel Travassos da Luz N o, S verino de Azevedo Cruz, João Gualberto Gonçalves, José Rodrigues, Antonio Quaty, Octacilio Martins, Adherbal Moreira Rezende, Francisca Martins de Arruda, Antonio Rodrigues, conhecido por Sinho zinho Rodrigues, e Amelio de Azevedo Cruz ...............................

todos proprietarios, brasileiros, residentes neste municipio, que se encontram illegalmente detidos na cadeia publica desta cidade, por ordem do 'Te. Caetano Julio, da policia parahybana. Contra os pacientes não existe prisão em flagrante, prisão preventiva, pronuncia nem com demnação, unicas hypotheses em que se justificaria a sua detençao. (v. documentos juntos). Segundo estão seguramente informados os impetrantes, e é notorio nesta cidade, os pacientes estão detidos como suppostos coiteiros dos bandoleiros conhecidos por José de Toto e Jose Luiz, que se encontram actualmente indigitados no recente attentado criminal contra uma mulher, occorrido neste municipio. Os impetrantes requerem a v. s, que se digne considerar, desde logo, os pacientes postos á dis posição desse juizo , até se ultimar o regular processo do habeas-cor pus ora impetrado. Assim requeren para, sob a supposta allegação de que se trata de crime politico-social, evitar-se seja burlado o habeas corpus. Ouvindo a autoridade coactora, como dispõe a lei, Vos. Poderá bem convencer-se de que se não encartará na especie semelhante alegação.

Os impetrantes fundamentam o pedido nos arts. 122. inciso a Constituição Federal, 473 do Codigo do Processo Penal do Estado e demais leis suppletivas.

Nestes termos,

P.P. Deferimento.

CONCLUSAO

Com estes fundamentos, esperamos desse Egregio Tribunal, hoje, como sempre, uma decisão que consulte a causa da

JUSTICA

A presente contra-minuta está datada de Campina Grande, onde nos encontramos, seria imprudência nos dirigirmos novamente á cidade do Ingá.

Pelo telegrama estampado no DIARIO DE PERNAMBUCO, de 6 do corrente, de que juntamos um recorte, vê-se que novas violências se preparam contra os impetrantes.

Assinaturas dos advogados dos acusados

É importante lembra aqui que a situação da violência no Ingá era tão particular, que o famigerado cangaceiro Antonio Silvino elegeu o lugar para manter seu Quartel general ou ponto de apoio. O lugar escolhido pelo bandoleiro foi a Serra do Surrão. Mas essa é outra história que contaremos em outro momento.

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http://www.oingaense.com.br/2021/03/cangaco-ze-de-toto-ze-luiz-e-o-incrivel.html?spref=fb&fbclid=IwAR3XqZmqGvLIp28pzxS_in0wwBCgdKx-QQMA50aNwQnksuPBFrlT7CK7k_0

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DADÁ E O RÁBULA, LIBERDADE E COSTURA - CONTOS DO CANGAÇO - CANGACEIRO LAMPIÃO

 Por João Filho de Paula Pessoa

https://www.youtube.com/watch?v=S4TAXZjaFrA&ab_channel=ContosdoCanga%C3%A7o

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RÉPLICA DO CHAPÉU DE LAMPIÃO

 Por Robério Santos

Réplica do chapéu de Lampião de 1938. Consultoria do Cangaço na Literatura para a execução nas mãos do mestre @gibaodecor Qual nota vocês dariam? Encomende o seu. Este é do canal já!

https://www.facebook.com/photo/?fbid=10159132834967840&set=a.10150374243192840

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LAMPIÃO DEGOLADO (ATENÇÃO CENAS FORTES)

 Por Wesley Ferreira da Silva

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

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A INVESTIGAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO DO EX-CANGACEIRO CRIANÇA III.

 Por Geraldo Júnior

https://www.youtube.com/watch?v=t_OFK4xdvaI&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

A investigação e a localização em SP, do ex-cangaceiro " CRIANÇA ", no ano de 1968.

Vídeo: Cangaçologia./Youtube/Geraldo Antônio de Sousa Junior.

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FUTURA PUBLICAÇÃO SOBRE O ATAQUE DE LAMPIÃO À MOSSORÓ.

 Por Júnior Maia

Caros amigos, estou prestes a fazer uma publicação sobre o Ataque de Lampião à Mossoró.

Se baseara em Chandller 6. Mossoró.

Pag. 110 a 112.

Creio eu que ele passou um pouco à deriva do ataque.

Mas de uma das suas afirmações tenho certeza.

(...) Em Mossoró, as cartas estavam contra ele como imaginara, mas para ou proteger a sua reputação de cangaceiro. Ou por vaidade, desafiou a sorte e perdeu.

Mossoró, o empreendimento mais ambicioso e o MAIS IMPORTANTE DA SUA CARREIRA. Fora um erro. Ele não iria repetir o mesmo erro nunca mais!

Pag.112. Chandller.

O episódio mais detalhado, contarei à partir da versão de LAURO DA ESCOSSIA.

respaldado por Honório de Medeiros.

Sou de Mossoró, vivo em Mossoró e conheço palmo a palmo a história.

INEQUIVOCALMENTE O MAIOR EPISÓDIO DA VIDA DE LAMPIÃO.

Depois do fatídico 13 de Junho de 1937, lampião nunca foi o mesmo.

As observacoes não conclusivas( quem sou eu) virão. Quem quiser que tire as suas conclusões.

https://www.facebook.com/groups/GrupoCangacologia/?multi_permalinks=3945446015512342%2C3944339378956339&notif_id=1616436177413150&notif_t=group_activity&ref=notif

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