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domingo, 21 de dezembro de 2014

UM ESCRITOR DO POVOADO DE ALAGADIÇO EM FREI PAULO-SE.

Por Antonio José de Oliveira

Mendes amigo: 

O Escritor José Bezerra Lima Irmão, estando em férias, ou talvez recesso de fim de ano, esteve visitando a Terra que lhe viu nascer: Povoado de Alagadiço em Frei Paulo-Se.

Na oportunidade, como precisei solicitar o envio de alguns exemplares do RAPOSA DAS CAATINGAS, para que eu presenteasse alguns amigos do Sertão Nordestino que precisam conhecer em profundidade a História do cangaço, escrita com  esmero e perfeição, na pena do Dr. Bezerra Lima, redigi a seguinte mensagem: 

Tudo indica que, quando você caro Dr. Bezerra, visita sua ALAGADIÇO, gosta tanto que não deseja mais retornar. E, com toda a razão! Creio que é grande honra, nem só para o Povoado de Alagadiço, como para o querido Município de Frei Paulo, e em extensão, nosso vizinho Estado de Sergipe, em tê-lo como filho ilustre, não apenas como escritor da Saga do cangaço, mas um renomado tributarista que há muitos e muitos anos vem servindo à Secretaria da Fazenda do seu Estado, e nos últimos anos, do Estado da Bahia. NÓS, OS BAIANOS, SÓ PODEMOS DIZER A VOCÊ: OS NOSSOS PARABÉNS POR MAIS DE QUARENTA ANOS SERVINDO AOS DOIS ESTADOS AMIGOS.

EIS A RESPOSTA A MIM ENVIADA PELO ESCRITOR BEZERRA LIMA: 

Escritores José Bezerra Lima Irmão e João de Sousa Lima

"Amigo e colega, cada vez mais amigo, Antonio Oliveira: 

Custei a responder seu E-mail, porque estive viajando. Fui a Alagadiço; Povoado onde nasci, a menos de uma légua do local da morte do cangaceiro Zé Baiano. 

O cangaceiro Zé Baiano

A família de minha mãe, família Bezerra, tem raízes naquele povoado. Oito de dezembro é a data da festa da padroeira de Alagadiço - Nossa Senhora da Conceição. Durante os nove dias que antecedem a festa, a cada noite realiza-se a novena de uma das famílias tradicionais. 

Praticamente não tenho parentes mais lá. Porém, todo ano participo da novena de amigos, como a família do saudoso Lero de Mestre Cecílio, a família de João Atanásio, a família de Olívio Pereira. Esses três personagens são citados no meu livro. Mestre Cecílio, João Atanásio  e Olívio Pereira eram compadres de meus pais. 

Minha mãe chamava-se Pastora Bezerra, mas era conhecida como Pastorinha. Na novena da última sexta-feira, durante a Missa, o padre citou quatro vezes o nome de minha falecida mãe - dona Pastorinha Bezerra. Meu pai era conhecido como Manoel de Pastora. A EVOCAÇÃO DOS NOMES DE MEUS PAIS ME COMOVE E ME LIGA CADA VEZ MAIS ÀQUELA TERRA.

Tenente João Bezerra da Silva

Respondo à sua indagação: não sou parente do Tenente João Bezerra (que se reformou como coronel) da polícia de Alagoas, que comandou o ataque na Grota de Angico, porém sou amigo de seu filho Paulo Brito, residente no Recife, uma das pessoas mais gentis que conheço.

Paulo Britto filho do tenente João Bezerra da Silva

Você me pede notícias do colega Antonio Ferreira de Freitas, um dos homens mais íntegros e competentes com quem já trabalhei. FREITAS trabalhou na fiscalização de indústrias do Polo Petroquímico de Camaçari e do Centro Industrial de Aratu. Depois foi chefe de gabinete do Diretor de Administração Tributária - DAT, onde trabalhamos juntos muito tempo. Depois ele foi Diretor do CONSEF, e me levou junto. Eu continuo no CONSEF, e FREITAS é atualmente Diretor  da Administração Tributária - DAT Metro.

Segundo sua mensagem, FREITAS foi seu amigo de infância nas Terras de Bela Vista, no Município de Serrinha.

Um abraço e Feliz Natal,
Bezerra Lima

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O GRUPO DE CORISCO NO MUNICÍPIO DE MURIBECA CERRADO TIROTEIO ENTRE OS BANDOLEIROS E A NOSSA POLÍCIA

Por Antonio Correia Sobrinho

Esta minha incursão fiscal pela zona rural sergipana, levou-me hoje à Fazenda Calumby, propriedade situada nos limites dos municípios de Capela e Muribeca, onde, em Julho de 1930, aconteceu o que o Jornal “O Correio de Aracaju” publicou na sua edição de 30/07/1930, que trago abaixo para apreciação dos amigos.

O GRUPO DE CORISCO NO MUNICÍPIO DE MURIBECA
CERRADO TIROTEIO ENTRE OS BANDOLEIROS E A NOSSA POLÍCIA


Ontem à noite, o grupo do perigoso bandoleiro alcunhado de Corisco invadiu o engenho Calumby, a dois quilômetros de Muribeca, exigindo do seu proprietário, o jovem Luiz Matos, a importância de 5:000$000.


Alegando não dispor, no momento, da quantia pedida, Luiz Matos solicitou licença ao chefe do bando para ir à propriedade de um seu cunhado, onde arranjaria os “cobres” exigidos.

Acontece que o digno lavrador, iludindo a vigilância dos bandoleiros se dirigiu às autoridades da Capela relatando todo o ocorrido.

De Capela partiu logo uma força sob o comando do sargento Ananias, que alcançou o engenho Calumby às 2 horas da manhã.

Houve, então, cerrado tiroteio entre os temíveis bandidos e os nossos policiais, que se portaram dignamente.


Aproveitando a escuridão da noite, Corisco e seus oito companheiros recuaram, abandonando doze cavalos selados e outros objetos.

Foram capturados pela força policial três sujeitos desconhecidos que, ouvidos, declararam que eram presos de Corisco, que os obrigara a acompanhar o bando sinistro.

Juntamente com os nossos soldados tomaram parte ativa do combate travado, no engenho Calumby, os distintos moços Raul Vieira e Luiz Matos.

As autoridades de Capela e Muribeca agiram com muita correção, tomando todas as providências que os acontecimentos exigiram.

Amanhã, daremos outros pormenores sobre a estadia do grupo de Corisco no município de Muribeca.

Fonte: facebook

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As Excentricidades do Banditismo

 Por Donatello Grieco

Ranulfo Prata e o seu Livro sobre Lampião...

Ainda outro dia um jornalista francês falou da “decadência do documentário”. Apontava exemplos significativos: os livros de “choses-vues”, de reportagens sensacionais, de viagens pelo Tibete, arrancadas pelo Saara, “visões da China”, “espelhos do Alasca”, “infernos dos vivos”, etc. etc., eram todos, muitas vezes, frutos de imaginação excitada. Nem sempre os “fatos descritos correspondiam à mínima partícula da realidade, ou os “gestos” exaltados apresentavam dez por cento de caracteres de autenticidade de fácil comprovação. Assim, o foliculário gaulês decretava a morte do documentário.

Sem querer incidir no vício brasileiro de achar que no Brasil tudo é assombroso, formidável, gigantesco, eu chamaria a atenção de tal jornalista, e de todos os descrentes nas obras de honestidade de documentação, para o volume que o senhor Ranulfo Prata acaba de publicar sobre Lampião. O assunto é velho. Como antiga é a fama do bandoleiro, e antiga a descrença dos nordestinos em qualquer possível medida para o extermínio do mal.

Ainda, há meses, em Propriá, cidadezinha perdida às margens de um São Francisco muito minguado (uma desilusão, o São Francisco!), um caboclo narrava à assistência extasiada, de jornalistas do Sul, “fatos” e “gestos” de Lampião. Mas com uma perfeição de detalhes que tornava todos os aspectos da narrativa ainda mais saborosos. Perguntei-lhe então como conseguira tanta minúcia interessante a respeito. E ele:

Lampião em foto de 1926

- Ora, todo mundo sabe. Nós todos somos repórteres “formados” em Lampião. Pois ele não anda por aí, soltinho?...

Nos primeiros tempos, o caboclo encarou o banditismo como uma praga. Depois, o espírito brasileiro dos filhos do Norte foi se acostumando com o flagelo; a praga, já que apresentava caracteres de eternidade, devia ser encarada de outro modo. Por exemplo, como a seca. A seca é uma praga, contra a qual não há remédio. O banditismo será também encarado como a seca. Essa a filosofia do caboclo.

Já o senhor Ranulfo Prata, que passou pelos bancos dos cursos secundários e de uma escola de medicina, não tem (nem podia ter) essa opinião resignada, apalermada, admirativa, mesmo, do flagelado diante do flagelo. Ele chega por vezes mesmo a ter palavras violentas. Os vocábulos “chaga” e “vergonha” aparecem a cada passo. Terá o senhor Ranulfo vantagem com isso?

Em qualquer país, um livro como “Lampião” causaria crises ministeriais e quedas de gabinetes. No Brasil, quando muito, arrancará gritos de indignação dos burgueses e fará com que se levantem os punhos rotos dos revoltados. Uns gritarão: “É uma miséria!” E outros: “São os defeitos do regime!” Mas aqueles que deveriam gritar, não gritam. Esses preferem o assento cômodo das poltronas de sua burocracia deleitosa, o retrato nos jornais, a palavra pelos microfones. Que fazer contra um inimigo tão incômodo? E depois, fica tão longe! E onde arranjar a verba para combater o facínora?


Mas o livro do senhor Ranulfo ficará como documento. Nesse sentido, ele é admirável. Tem trechos que reunidos dariam ótimas monografias sobre as “Excentricidades do Banditismo” ou sobre a “Despreocupação virgiliana dos governos”. Mas está tudo isso no livro, e repetir os fatos seria estragar o gosto da leitura dos que abrirem o “Lampião”.

Aqui fica o registro, e o protesto diante do jornalista que falou na “decadência do documentário”. Se o português não fosse uma língua tumular, o tal francês, diante de casos como o do morticínio do sítio Almacega, da sangueira da vila Queimadas ou da matança de Aquidabã, seria forçado a acreditar que estava mesmo diante da “verdade”, e que nenhuma imaginação, nem mesmo a imaginação tropical, que pudesse ser um dos dotes do senhor Ranulfo Prata, poderia compor tantos detalhes sangrentos em tão poucas linhas.

Porque o senhor Ranulfo não fala só no passado, nem só no presente. Também faz profecias. As suas linhas sobre a passagem triunfal de Lampião pela avenida Rio Branco da Capital Federal são (com licença do objetivo) gostosíssimas.

E – quem nos afirma ao contrário? – com todas as probabilidades de realização em um futuro que seria falta de patriotismo avaliar muito distante.

DONATELLO GRIECO
Extraído da “Folha da Manhã”, de São Paulo, 
de 28 de janeiro de 1934.
Cortesia da Postagem e Fotos: Antonio Correa Sobrinho

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/12/as-excentricidades-do-banditismo-por.html

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