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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

“Mais uma prova do descuido com a história”


Local da primeira missa no Estado baiano, com a presença dos cangaceiros, inclusive Lampião. 

A matéria a seguir é do incansável pesquisador/historiador João de Sousa Lima. Um dos maiores garimpeiros do resgate do fenômeno cangaço. "(...) nas trilhas do cangaço: o local onde Lampião assistiu a primeira missa na Bahia.


Em 1928 quando Lampião atravessou pro Estado da Bahia a região que fica dentro do raso da Catarina foi muito explorada pelos cangaceiros. A primeira missa que os cangaceiros assistiram no Estado baiano foi ministrada pelo monsenhor Emílio de Moura Ferreira Santos. O padre era o pároco de Santo Antônio da Glória, a antiga Curral dos Bois.

O povoado São José, em Chorrochó foi uma das localidades que os cangaceiros também assistiram missa. Mas a primeira que foi celebrada pelo monsenhor Emílio aconteceu entre a fazenda Paus Pretos, que pertencia ao coronel Petro e a Roça Baixa do Boi. A missa foi na casa (de) Júlia de Subaco, na fazenda Poço Comprido(...)". Mais uma prova do desleixo das autoridades públicas com o patrimônio histórico. Fonte e foto: joão de sousa lima

Fonte:
facebook

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Amanhã, 17 de outubro de 2014, o escritor Archimedes Marques estará na rádio FM Aracaju, a partir das 08:00 horas da manhã, no Programa Balanço Geral, para falar em desfavor do livro LAMPIÃO O MATA SETE.


Caros amigos:

Amanhã, 17 de outubro de 2014, estarei na rádio FM Aracaju, a partir das 08:00 horas da manhã, no Programa Balanço Geral, para falar em desfavor do livro LAMPIÃO O MATA SETE. Quem tiver interesse em escutar é só sintonizar no link abaixo e clicar na primeira janelinha e escutar. Entretanto, para aqueles que pretendem participar segue os telefones: (79) 32262658 e 32262660. Hoje ele foi entrevistado nessa rádio e tentei entrar no ar, mas acho que ele não aceitou. Eu pretendia DESMASCARÁ-LO e DESMENTI-LO NO AR... Ele disse, mais uma vez, mentirosamente que ele não é o primeiro nem o décimo escritor a dizer que Lampião era Homossexual, é mole?... Com certeza os livros deles SÃO DIFERENTES DE TODOS APESAR DE SEREM DOS MESMOS AUTORES. DECERTO ESCRITOS SOMENTE PARA ELE EM EDIÇÃO ÚNICA DE UM EXEMPLAR! Conto com a participação de vocês.

Fonte: facebook

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"DOMINGUINHOS, O NENÉM DE GARANHUNS"


O livro "DOMINGUINHOS, O NENÉM DE GARANHUNS" de autoria do professor Antonio Vilela de Souza, profundo conhecedor sobre a vida e trajetória artística de DOMINGUINHOS, conterrâneo ilustre de GARANHUNS, no Estado de Pernambuco.

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incrivelmundo@hotmail.com

R$ 35,00 Reais (incluso frete)

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E o Mascate Espertalhão

Por: Renato Cassimiro

Na biografia de Benjamim Abrahão Botto, recentemente lançada pelo escritor Frederico Pernambucano de Melo, este secretário do Padre Cícero é apresentado como um espertalhão, por ter se locupletado com a amizade e o cargo de confiança que ocupou na casa do padre. E é uma verdade. No início já havia uma mentira, pois ele dissera na apresentação que nascera na terra de Jesus. Em verdade, Benjamim nasceu no Líbano, na cidade de Zahle. 


Mas, julgue o leitor ao conhecer um pouco mais desta figura. Benjamim tinha negócios em Juazeiro, como um jornal e uma loja de tecidos. Também era proprietário de um rancho para romeiros. Veja o que ele diz neste boletim de publicidade que estampamos acima.

“CASA DOS ROMEIROS DO PADRE CÍCERO, de Benjamim Abrahão. Antiga Casa São Jorge. Aviso a todos os romeiros que a Casa dos Romeiros do Padre Cícero, não trata de negócio, pois foi aberta por ordem do Padre Cícero, exclusivamente para receber os Romeiros pobres e ricos, dar-lhes ranchos asseados e facilitar-lhes a entrada na casa do mesmo Padre, grátis, e sem nenhum interesse, respondendo as suas cartas, com a máxima brevidade. O encarregado desta casa é amigo íntimo do Padre Cícero, residindo ou morando com ele. Portanto, os Romeiros devem procurar a Casa dos Romeiros do Padre Cícero que serão bem servidos. Os Romeiros não devem iludirem-se com certas pessoas suspeitas que fazem pelas estradas propaganda contra esta casa que é a única que não explora ninguém, e é amiga de todos os romeiros. Encarregado geral: Benjamim Abrahão, Escrivão do Padre Cícero, Juazeiro-Ceará.” 

Deu para entender aí, ou querem que eu explique? Interessante que na lateral do boletim está à expressão: Para evitar desgosto, a casa não aceita pessoas com moléstias contagiosas. 

Renato Casimiro

Fonte: 
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LAMPIÃO - Não era nem frouxo e nem adamado (Resposta ao livro 'Mata Sete')

Material do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas

Quem poderia chamar Lampião de cabra frouxo, adamado, besta idiota e outros adjetivos? Pode-se chama-lo de bandido, desalmado, perverso, e outras coisas. Mas de frouxo não tinha nada, e muito menos afeminado!

O seu maior inimigo, o Tenente José Lucena, chegou até mesmo a mostrar seu reconhecimento da bravura desse cabra da peste. O caso se deu na primeira batalha entre os dois, onde o Tenente José Lucena e Lampião ficaram temendo-se mutuamente.

De sua parte José Lucena temendo  e receando a sagacidade de Lampião e o temível cangaceiro, respeitando a força do Tenente pelo poderio.

Frederico Bezerra Maciel em sua sextologia ‘Lampião, Seu Tempo e Reinado’ no segundo livro ‘A Guerra de Guerrilhas’ citado e apresentado artigo por mim escrito com o tema Lampiao, o guerreiro que corria atras do vento onde transcrevo Ipsis litteris um dos capítulos do livro para que os leitores sintam o grande estrategista que foi Lampião, onde encontramos esse testemunho do há época,Tenente José Lucena seu maior inimigo.

Tive a curiosidade de ler o livro 'Lampião o mata sete', e encontrei-o muito repetitivo para quem quer escrever algo sobre Lampião. Não procurei puxar pela memória e nem pela real história, para saber que as palavras contidas no livro, estão eivadas de impropérios particulares do autor contra o famigerado bandido. Não estou chamando o autor de mentiroso e longe de mim fazer isso com um juiz aposentado, que deve ter julgado muitos casos no sertão sergipano, contra bandidos. E de certo o magistrado deve ter julgado com honra e respeito até mesmo os piores bandidos que passaram em sua vara criminal, como homem civilizado que é.

Talvez o autor do livro tenha enveredado pelo ouvir dizer de pessoas comuns ou por aqueles que odiavam e ainda odeiam o cangaceiro Virgulino Ferreira. Como sabemos o ódio pode ser usado contra os inimigos em sua pior forma, o falso testemunho.

Quanto ao cerne da questão, se Lampião possuía essa característica de 'homem afeminado' não encontrei realmente nenhuma base histórica para a acusação que assim se portava e nenhum indicativo de escritores e pesquisadores do cangaço, indicados por ele.

Realmente está mais para o disse me disse. Ele faz referência ao Saturnino inimigo de Lampião e inimigo é capaz de tudo né mesmo? O autor usa e abusa de linguajar abusivo quando fala de Lampião, não como historiador, mas como pessoa física que não aceita a bandidagem de Lampião, e que está no seu direito de não gostar, assim como nós também não apoiamos bandidos e não pela enaltecemos a Lampião como herói e quando escrevemos sobre ele, o fazemos simplesmente para desvendar feitos, estratégias, liderança, carisma, amores por sua mulher e por outras que por sua vida passaram assim como Ciça e Mailurde que cuidaram dos ferimentos de Lampião e lhe ofereceram seu amor, que foi bem recebido por seu bem-amado.

Gostamos de falar dele, para a história, por sermos sim, admiradores não de sua perversidade e sim pelas estórias da história da vida desse bandido idolatrado e temido no sertão nordestino. Por exemplo, quando lemos sobre o caso de seu ferimento que citei acima, que está no livro ‘Lampião, Seu Tempo e Reinado’ na página 126 do segundo da trilogia. Em meu artigo O Poder da Fé ali também posto que "durante todo esse tempo, Lampião era guardado por cangaceiros que, de espaço em espaço e em pontos estratégicos, montavam incessante e rigorosa sentinela, demonstrando assim seu apreço e estima ao grande Chefe. Nessa ocasião, recebeu Lampião, em caráter sigiloso, muitas visitas de "gente fina": do coronel Zé Pereira e seus correligionários, de autoridades, de doutores, de coronéis, de fazendeiros e até dos reverendos padres Floro Dinis, vigário e prefeito de Princesa, Eliseu Dinis e José Leal (vulgo Padre Bezeca), respectivamente esses dois últimos vigário e prefeito de Triunfo. Todos por solidariedade, cortesia ou curiosidade.

Como posso chama-lo de 'mariquinha' ou 'boiola' como se diz hoje, um homem que se desmanchou em amores físicos por essas duas mulheres, pois ainda não conhecia Maria Bonita? Durante sua convalescença, essas duas "esbeltas e despachadas caboclas, rivais em carnagem e beleza, Ciça e Mailurde, cuidavam de Lampião. A primeira, alta e alva, longos cabelos castanhos claros, lhe costurava as camisas, serzia a roupa, que também lavava e passava a ferro, entregando-a sempre perfumada com água de cheiro. A segunda, baixa, olhos esbugalhados e bunduda, amorena-da, lhe preparava papas, quitutes, o de comer. Ambas, cada qual por sua vez, lhe penteavam o cabelo, botando brilhantina para brilhar e cheirar.:. cortavam-lhe as unhas... num desvê-lo minucioso em tudo. Mormente, emprestavam-lhe todo o carinho e ternura feminina, sem restrição. Certa vez, houve entre as duas uma cena de coirana, apaziguada pela interferência de seu bem-amado. Os cangaceiros gostavam de ver que, nessas xumbregações, sutilezas e doçuras femininas do amor, a recuperação de seu Chefe se apressava". - escreveu o Padre Maciel.

A meu ver, o autor desse livro erra quando agride Lampião verbalmente e o chama de 'perobo'; 'boiola'; 'viadinho' e outros adjetivos. Ele cita o livro 'Lampião, senhor do sertão: vidas e mortes de um cangaceiro' de Élise Grunspan-Jasmin na página 60 e não encontrei afirmativa nenhuma do Saturnino a não ser levantar que ele tinha 'coisas de Lampião que não podia dizer'. Isso dito por um inimigo de Lampião que a história conforme diz Rodrigo de Carvalho, citado por Élise, dizendo que Saturnino era  cruel, ciumento e obstinado. Quer dizer; poderia ter dito essas palavras para levantar falso a seu inimigo.

Ponho abaixo dados da referência da página  60 indicada no livro 'Lampião, o mata sete' onde se refere ao grande livro dessa francesa que escreveu 'Lampião, senhor do sertão' e raciocinemos sobre o único indicativo desse livro eivado de barbaridades não históricas. Pois costurar, e usar uma máquina de costura, temos o indicativo de alfaiate se for a tarefa feita por mãos de homem, no caso de Lampião por costurar, não poderia ser um indicativo de ter sido gay, afinal todos os cangaceiros costuravam suas roupas, quando em descanso de suas batalhas.


Para que o leitor possa também verificar ações, posições e atitudes de Virgulino Ferreira, abaixo tomo a liberdade de indicar a leitura do capítulo 25 do livro do Padre Maciel, uma das obras mais completas que li sobre o cangaço.

Definitivamente NÃO! LAMPIÃO não era o que esse livro do 'mata sete' diz.

http://meneleu.blogspot.com.br/2014/10/lampiao-nao-era-nem-frouxo-e-nem.html

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“PEROLAS” CONTIDAS NO LIVRO LAMPIÃO O MATA SETE:


“Derna a mais tenra idade juvenil, Virgolino já demonstrava trejeitos afeminados no andar, no falar e no fazer das coisas. Os contemporâneos tinham medo de falar sobre sua masculinidade, senão em raras oportunidades em conversas ao pé do ouvido, prevenindo-se das retaliações. E muito se falou dos seus escondidos e confusos relacionamentos desde a adolescência. Essas desordenadas e estranhas relações foram muito criticadas, ora servindo de mangação. Essa fama foi conhecida e falada e muito repetida a centenas de quilômetros de distancia, tantos anos após no Poço Redondo, em Sergipe”. (...). (MORAIS, 2011, p. 251)

“Virgolino nem tanto ou quase nada; diferentemente dos outros, gostava de se dedicar com as meninas da escola às brincadeiras com cantigas de roda”. (...). (MORAIS, 2011, p. 22)

(...). “Feito rapaz, costumeiramente se exibia dançando e valsando em leves rodeios no ar como a pluma despencada nas correntes desfiadas pelo vento ou jogada na espuma boiando à deriva nas vagas. Gostava de cantar, recitar e dizem até ter sido tocador de harmônica, embora disso não seja conhecido qualquer registro, nunca dando a conhecer o seu talento musical”. (MORAIS, 2011, p. 22)

“Era ele quem comandava as brincadeiras com sua turminha com peculiar eloquência e saber. Escolhia e separava os pares nas danças e cantigas de roda entre tantas outras lúdicas diversões pueris, nas cantorias, nas pastorinhas e nas encenações teatrais. Tudo era ele e com ele. Viveu toda a sua infância na região que tratava no pulsar carinhoso do seu coração por meu sertão sorridente. Foi um menino criado com a avó. Vivia a andar pra cima e pra baixo com garbo e desempeno, todo engalanado, calçando meias coloridas adornando seus pés melindrosos nas alpercatas de rabicho, pisando macio a terá batida e as areias das charnecas sertanejas. Seus contemporâneos, amigos e companheiros, com ares de inveja da figura elegante, tratavam-no por almofadinha. Nos versos e nas rimas da literatura de cordel está escrito que sua mãe, dele, sonhava por uma menina ao nascimento do terceiro parto. Se Virgolino tivesse nascido fêmea, o sertão seria outro”. (MORAIS, 2011, p. 23)

“Nas festas, nas danças de rodas e nos bailes e folguedos, era ele o indicado na arrumação dos pares de rapazes e moças, escolhendo sua dama, dado que dançava muito bem, carregando leve e cavalheirescamente seu par pelos salões, sob os olhares dos presentes. Chamavam-no de Pé de Valsa. Os seus amigos e companheiros, desajeitados em finuras, recolhidos às suas humildes rudezas, isolados pela falta de talento no agradar das moças, pela força dos justificados ciúmes, próprios dos jovens, chamavam-no de fresco. Ciúme bobo daqueles rapazes. Virgolino parecia ter nascido príncipe no jeito e no bom parecer. Negou fogo à realeza, contudo”. (MORAIS, 2011, p. 24)

(...). “Enquanto Antônio e Levino, reconhecidos como bons cavaleiros, colocados à frente dos melhores na região, dedicavam-se diariamente aos trabalhos de adestramento e montaria em potros e burros, dominando esse ofício com maestria, Virgolino se dedicava com apego, saber e bom gosto, aos trabalhos com costura e outros serviços artesanais em couro, desenvolvendo com arte essa especialidade. O ofício de amansamento de animais trouxe justa fama aos irmãos Antônio e Levino Ferreira. Era uma festa a exibição desses dois rapazes em montaria, ostentando porte de um cavaleiro medieval ao montar esbelto e garboso. Embora Virgolino vibrasse com as peripécias de seus irmãos no domínio dos animais, dava-se ao tempo nessas festas ao convívio com as mocinhas, constantemente cercado delas, divertindo-se alegremente, desprezando as coisas das cavalhadas, atividade entendida como muito rude ao seu gosto, embrutecida e desprezível, imprópria ao nascido com vocação para o trato das coisas finas. Seu negócio era o corte e costura de roupas e arreios de couros e coisas similares, com tudo isso se identificando. Quando por necessidade precisava montar em mulas aos serviços da almocrevaria fazia como um nobre cavaleiro, esbanjando vaidade, atravessando garbosamente os povoados, exibindo suas qualidades de cavaleiro. Seus irmãos reclamavam constantemente do fato de ele montar por apenas querer mostrar suas reverentes qualidades de formoso montador, principalmente ao montar na mula faceira, tratada com frescura, meiguice e ternura, por “danada e sem-vergonha”. Assim foram os primeiros lustros de vida de Virgolino até engajar no mundo do cangaço”. (MORAIS, 2011, p. 24/25)

“Por volta de 1917, Virgolino juntou-se a Tonho Rosa, um amigo bem chegado, chegado até demais a ponto de provocar inquietação na desconfiada Sulena, a todo instante dirigindo um olhar atravessado àquela amizade incomum entre os rapazes machos, no exercício do sexto sentido das mães. Estava na cara. Antônio Rosa Ventura, ainda criança, entre os oito a dez anos de idade, foi deixado na casa dos Ferreira por uma família de romeiros que nunca mais deu notícias nem voltou para buscá-lo. Abandonado, sem seus pais, foi criado como ente da família, muito apegado a Virgolino que sobranceiro dizia: “dou a ele de um tudo e tomo de conta”. (...). (MORAIS, 2011, p. 49)

(...). “Muito se soube que desde a mocidade, Virgolino era mestre em arrumar festas e ensaiar bailes, arrumar casais nas danças, folguedos e outras brincadeiras da turminha sertaneja, formando os pares de namorados, levando e trazendo recados e mensagens amorosas. Os mensageiros de recados, figura, aliás, preciosa e muito benquista e cultivada entre jovens namorados eram cognominados pelo apelido de cocada ou vela. Figura típica do alcoviteiro ou alcoviteira, ou seja, o homem ou a mulher que alcovita, catalisando o par nas relações namorosas, permanecendo junto com o par enamorado durante horas pela noite adentro”. (MORAIS, 2011, p. 60) 

“Naqueles tempos idos, por alcoviteiro era também conhecido o lampião de querosene em que nele era introduzido um pavio de pluma de algodão retorcida, absorvendo o combustível e queimando em labareda protegida numa redoma, tornando-se uma só chama, permanecendo toda a noite acesa, iluminando perseverante o ambiente, permitindo por mais tempo a permanência de casais em namoro. E como Virgolino adorava alcovitar, permanecendo na presença de casal de namorados, passou a ser igualado a um lampião, restando-lhe este apelido. Esta versão decorre de um fato real, possível, palpável, sabido por todos os viventes desse tempo. O apelido não surgiu, portanto, de destreza bélica ou feito heroico; não nasceu de coisa de macho. Nasceu da alcovitice, do lampião”. (MORAIS, 2011, p. 60/61)

(...). “Todo o Pajeú sabia de suas peripécias e fantasias sexuais desde a mocidade, aflorada na liberdade com a morte dos seus pais. A viadagem de Virgolino sempre foi propalada, muito embora a mitografia tentasse esconder sua degenerada conduta, pela necessidade de fortalecer a construção ou transformação de um canalha em mito, em herói, em general das caatingas. Eventuais segredos entre os sertanejos se deveram ao medo do canalha, o mesmo não acontecendo nos centros populosos em que uma sociedade efetiva entre dois cangaceiros poderia ao máximo servir de chacota, de escárnio”. (MORAIS, 2011, p. 121/122).

Adendo
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Que coisa, hein! Como se escreve tantas maldades contra o rei do cangaço, o  Lampião? Quantas mentiras! Não acredite nestas mentiras, leitor!

Fonte: facebook

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O Cangaço em Sergipe

Por: Carlos Brás
A arte de Eduardo Lima

O pequenino Sergipe, entre todos os estados pelos quais o flagelo do cangaço deixou suas marcas, tem lugar de destaque. Entramos definitivamente para a história do banditismo nacional, de forma excepcional e definitiva, no dia 28 de Julho de 1938, quando na gruta de Angicos, localizada no município de Poço Redondo, o tenente João Bezerra e sua volante, liquidou Virgulino Ferreira da Silva, o afamado Lampião, e parte de seus seguidores, interrompendo um reinado de quase 20 anos.

O fenômeno social cangaço teve como pano de fundo o sofrido sertão nordestino com sua temível caatinga, ambiente inóspito, pouco povoado, onde só os fortes sobrevivem. O Raso da Catarina, em território baiano, sintetiza toda a insalubridade e aridez dessa região do Brasil. Tempos medonhos aqueles, onde a presença do estado quase não se fazia notar com o domínio socioeconômico exercido por poderosos coronéis, proprietários de imensos latifúndios, soberanos da terra e da gente, da vida e da morte. A miséria e os constantes conflitos políticos e familiares estão entre os motivos que originaram a escalada da violência, justificando a formação de grupos armados particulares, onde ferozes jagunços garantiam a segurança dos seus patrões.


“Lampião nasceu há muitos anos, em todos os estados do nordeste”, conforme cita Graciliano Ramos no seu livro Viventes das Alagoas (1962). Ser cangaceiro era o grito de revolta dos que não aceitavam a opressão e injustiça. Desse cotidiano participaram outros personagens que muitas vezes faziam jogo duplo, a depender de interesses pessoais. Volantes, grupos formados por soldados (chamados de macacos pelos cangaceiros) e cachimbos (civis contratados pelo estado), que praticavam todo o tipo de violação contra a população dos povoados e grotões, sendo tão temidos quanto os bandoleiros. Coiteiros (moradores da zona de conflito, que forçados ou não, auxiliavam os bandidos com suprimentos e esconderijo) enfim uma rede de omissão, medo e cumplicidade que permitiu a longa duração do reinado lampiônico.

Mesmo passadas tantas décadas dos combates encarniçados e da morte do seu líder maior, este triste enredo ainda desperta paixões. O cangaço é uma epopeia repleta de contradições com relação a comportamento, datas e acontecimentos. A mitificação do general da caatinga é responsável pela aura que o cerca, imagem de herói e bandido, que povoa o imaginário popular, promovendo debates, movimentando um circulo gerador de divisas através de manifestações artísticas e culturais, teses acadêmicas, artigos e investigações sociológicas.

Essa condição permite afirmar que o rei do cangaço teve, na realidade, três vidas distintas: 1) o homem comum, vaqueiro, almocreve e coureiro; 2) O facínora amado e odiado; 3) o personagem imorredouro, eternizado em cordéis, filmes, literatura, história em quadrinhos, telenovelas, artes plásticas e folguedos populares.

Xilogravura de Nivaldo Oliveira compõe exposição do MHS

Em solo sergipano, os grupos de famigerados com seu chefe à frente, adentram pela primeira vez no dia 26 de fevereiro de 1929. A cidade de Carira foi escolhida para a indesejável visita dos fugitivos das volantes baianas. Dessa empreitada, conforme alguns relatos participaram apenas sete feras sedentas de tudo, o que já era suficiente para aterrorizar qualquer povoação, e ali se utilizou mais uma vez a tática do bom visitante, amigo, cordial e respeitoso, que não pretendia cometer atos violentos, pagando por tudo que precisava, e promovendo festas.

As estripulias em nossas terras gradativamente tornaram-se rotineiras. O rastro do mal logo se fez notar, trazendo ao pacato sergipano a dor da humilhação, as lágrimas pelos entes queridos ultrajados em sua honra ou mortos, as chantagens e extorsões. Como sempre acontecia, uma rede de colaboradores logo foi arquitetada, garantindo uma relativa segurança à cabroeira. Curiosamente, conforme relatos, o estado de Sergipe foi o que mais contribuiu com elementos para os grupos de meliantes, através do município de Poço Redondo.


No livro A misteriosa vida de Lampião, de autoria do cearense Cincinato Ferreira Neto, à página 158, encontra-se alusão ao nome de Eronildes de Carvalho, futuro interventor de Sergipe, e seu pai, Sr. Antônio Caixeiro, como um dos maiores protetores de Virgulino em nossas terras, fato este que é contestado enfaticamente pelos familiares dos citados. Nossa Senhora da Glória, Pinhão, Frei Paulo, Alagadiço, Gararú, Aquidabã, Saco da Ribeira (Ribeirópolis), Monte Alegre, Canindé e Capela, onde a célebre chegada do malfazejo é contada até hoje, foram cidades testemunhas da aventura cangaceira. E muitos ainda recordam desse tempo sinistro. O nome de Zé Baiano, com seu ferro em brasa, que deixou marcas indeléveis no corpo de algumas mulheres ainda causa repulsa na imagem evocada.

Lampião foi senhor absoluto do seu tempo. Enquanto uns o consideravam um facínora impiedoso e sanguinário, capaz das piores atrocidades, outros lhe atribuíam qualidades, tais como, caridoso, sábio, bondoso, justo, educado, refinado, artista etc. Porém, historiadores e pesquisadores respeitados pela seriedade de seus trabalhos, são unanimes quando reconhecem no capitão a astúcia de um guerrilheiro, o tino estratégico e inteligência de um militar experimentado. Implacável quando se tratava de vingança e autoafirmação. Benevolente quando precisava de proteção, exercia liderança absoluta sobre seus comandados, o que lhe permitiu sobreviver, lutando sempre em desvantagem, sendo vencido apenas pela traição.

A derrota, mais cedo ou mais tarde haveria de chegar, e em Angicos se escreveu a última página dessa dolorosa saga brasileira. Dali escaparam alguns, que ajudaram a perpetuar a lenda. Corisco, alcunhado de “Diabo Louro”, ausente no combate final, responsabilizou-se pelo funesto epílogo, promovendo como vingança mais mortes brutais pela região. Consta que a morte de Lampião em 28 de julho de 1938 não significou o fim do cangaço, a esperança de sua continuidade findou-se com Corisco no dia 25 de maio de 1940.

Corisco, o Diabo Louro

Pesquisador e acadêmico de Museologia da Universidade Federal de Sergipe, estagiário do Museu Histórico de Sergipe/SECULT.                   E-mail: carlos_braz@globo.com

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado. 2ª edição. Ed. Vozes. Petrópolis, 1982. (volumes IV e VI)
FERREIRA NETO, Cincinato. A misteriosa vida de Lampião. Fortaleza: Premius, 2008.
RAMOS, Graciliano. Viventes das Alagoas. 8ª edição. Rio de Janeiro: Record, 1962.
FONTE:
http://museuhsergipe.blogspot.com.br/search/label/Lampi%C3%A3o

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/10/o-cangaco-em-sergipe-por-carlos-bras.html

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MUSEU DO SERTÃO EM MOSSORÓ-RN


No dia 1º de Novembro de 2014, o  Museu do Sertão em Mossoró, abrirá suas portas para visitas, a partir das 7:00 horas da manhã, estendendo-se até às 12:00 horas do dia. 

 http://petcis-uern.blogspot.com.br/2013/03/visita-dos-petianos-ao-museu-do-sertao_26.html
Bulandeira de engenho - desimbloglio.blogspot.com


jaldesmar-costa.blogspot.com  - - Foto: Jaldesmar Costa

Você já é um convidado para visitar o Museu do Sertão em Mossoró, no dia 1º de Novembro de 2014. 

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Com a palavra, Ranulfo Prata.


Compartilho com os amigos os textos abaixo, que tratam do cangaço e, especificamente, do livro "Lampião", do escritor sergipano, Ranulfo Prata. Artigos estes assinados pelo jornalista da crônica paulista, Donatello Grieco.

O primeiro, sob o título "O banditismo no nordeste", Ranulfo Prata, na forma de entrevista, expõe os motivos que o levaram a produzir seu "Lampião". O segundo, "As excentricidades do banditismo", Donatello, com retórica e boa literária, diz de forma elogiosa da obra do, também, médico lagartense.

Confesso que encontrei nestes textos, informações e o olhar que eu mais aprecio:, o de quem está sob a espreita do aterrorizador cangaceiro.

"O ESTADO DE SERGIPE" - 06/03/1934
O BANDITISMO NO NORDESTE

RIO, 23 (Da nossa sucursal) – O senhor Ranulfo Prata acaba de publicar um interessantíssimo livro sobre Lampião, que foi editado no Rio por Ariel.

Procurado esse ilustre escritor, que já forma em nossa literatura com alguns bons livros de ficção, conseguimos uma entrevista interessante, para os leitores do sul que, em geral, tão pouca coisa conhecem, em linhas nítidas, desse angustioso problema do nordeste brasileiro.

DOCUMENTAÇÃO DO LIVRO

Obtive a documentação do livro, diz-nos o Sr. Ranulfo Prata, na própria região assolada pelo flagelo. Residindo em Santos, fui em dezembro de 31, ao interior de Sergipe onde, na cidade de Anápolis, tenho pessoas de minha família.

Nessas férias, permaneci em Anápolis até março de 1932, procurando sempre entrar em contato com testemunhas pessoais de façanhas do bandido, bem como colher documentação entre as pessoas que me pareceram mais autorizadas a falar sobre o assunto. Colhi, então, os primeiros dados biográficos do facínora.

Este ano, nova viagem foi empreendida por mim àquelas zonas flageladas pelo cangaço. Entrei então, posso dizê-lo com sinceridade, no conhecimento direto dos fatos que mais de perto se relacionam com o banditismo. Viajando de auto de Anápolis a Jeremoabo, quartel general das perseguições e das ações das volantes, passando em Paripiranga, Bom Conselho, Antas e mais regiões sertanejas, vê-se que a gente daquelas vilas não pensa, não fala, não cuida de outra coisa a não ser de Lampião.

Lampião é o problema obsedante; seus atos, todas as suas tropelias sangrentas são discutidos com ânsia febril pelas populações exaltadas. Por isso mesmo que todos falam do mesmo homem. Por lá andando me foi simplíssimo colher dados e narrativa das próprias vítimas, dos soldados, oficiais e mesmo de coiteiros.

Esses “coiteiros” são indivíduos que dão refúgio a Lampião e seus sequazes. Nesta palavra de velho sabor vernacular, está com certeza, o segredo do fracasso de todas as arremetidas contra Lampião. Protegendo o bandido, coagidos por seus ímpetos sanguinários ou então o fazendo por mero desforço pessoal aos policiais truculentos, os coiteiros ocultam todos os detalhes da ação do bandido; e isso dificulta extraordinariamente a captura dos miseráveis bandoleiros.

A IDEIA DO LIVRO

- E como surgiu a ideia do livro?

- Vendo o horror que afligia aquelas pobres populações senti-me na obrigação moral de, como intelectual, filho dali e partilhando daquele sofrimento, lançar um clamor e um apelo. Foi o que fiz. As notas que eu próprio tomei, foram depois completadas com as de parentes e amigos, que me merecem a mais absoluta fé. Dos próprios oficiais combatentes recebi relatórios que detalhavam a ação militar.

A amigo dedicado, velho morador de Jeremoabo, e espectador inteligente do drama, devo também muito dos informes. Esse amigo fez uma verdadeira reportagem pelo interior do sertão, falando até com o velho guerrilheiro Pedrão, sobrevivente de Canudos.

Em fins de dezembro de 31 presenciei, com os próprios olhos, o quadro que descrevi no capítulo “Êxodo”. Às cidades de Anápolis e Paripiranga, esta última uma vila baiana vizinha, vi chegarem magotes e magotes de gente expulsa dos lares sertanejos. Conversei com agigantados vaqueiros que choravam como crianças por terem deixado tudo ao léu: casa, criações, roças.

Na minha própria cidade, a principal do Estado, o bandido já tentou várias vezes entrar. Quando lá estive, noites e noites passamos sem dormir, com soldados e homens assalariados dentro de trincheiras, fuzil em punho. Os apontamentos sobre as duas visitas do facínora a Sergipe foram obtidos nas próprias cidades invadidas, de pessoas fidedignas.

Minucias do tipo físico de Lampião tive-as do meu amigo e colega Eronides de Carvalho, clínico em Aracaju, que teve o desprazer de hospedá-lo durante uma noite, em uma fazenda dos sertões de Gararu. Muitas das fotografias que estampam o livro de vítimas do bandido, foram obtidas por mim.

A SOLUÇÃO DO PROBLEMA

- E que nos diz a respeito de uma solução a esse problema angustiante do banditismo?

- A solução imediata é a morte ou prisão de Lampião, com a consequente dissolução do bando.

Posso mesmo expor aqui uma fácil comparação médica: sertão, sofredor da velha moléstia do cangaceirismo, desde longos anos, está agora, numa crise aguda a exigir uma picada de morfina que o alivie de dores cruciantes. Dando-lhe este alívio coem o extermínio de Lampião, ficará ainda a moléstia a merecer terapêutica enérgica que por uma vez, a liquide, voltando o sertão a ser o que deve ser.

Esta solução imediata só uma campanha federal poderá alcançar. Nada mais patente do que a incapacidade dos poderes estaduais, ou melhor, de todo o Nordeste congregado. É uma simples questão de meios: o governo central pode dispor de dinheiro e de força, imprimindo à campanha uma feição séria como exige o problema. Desaparecido Lampião não creio que surja outra figura que adquira a mesma aureola. Apesar dos pesares, de todo o peso das correntes que a política nos amarra aos pés, caminha-se, o sertão progride e já não é meio tão propício ao desenvolvimento do banditismo como há dez ou quinze anos atrás. Os Fords já vasculham tudo aquilo, de Sergipe a Pernambuco, trazendo as consequências civilizadoras fáceis de imaginar.

CONCLUINDO

- Com meu livro, termina o Sr. Ranulfo Prata, quis, antes de tudo, fazer obra de repercussão social.

Não me incomodei unicamente com o amontoamento dos detalhes trágicos da vida do cangaceiro, “Lampião” é um libelo, um livro que envergonha, entristece e humilha, devendo ser visto com sinceridade. É uma chaga que exponho ao sol para ver se é possível curá-la.

CONTINUA...

Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho – O Cangaço

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