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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

LAMPIÃO - Não era nem frouxo e nem adamado (Resposta ao livro 'Mata Sete')

Material do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas

Quem poderia chamar Lampião de cabra frouxo, adamado, besta idiota e outros adjetivos? Pode-se chama-lo de bandido, desalmado, perverso, e outras coisas. Mas de frouxo não tinha nada, e muito menos afeminado!

O seu maior inimigo, o Tenente José Lucena, chegou até mesmo a mostrar seu reconhecimento da bravura desse cabra da peste. O caso se deu na primeira batalha entre os dois, onde o Tenente José Lucena e Lampião ficaram temendo-se mutuamente.

De sua parte José Lucena temendo  e receando a sagacidade de Lampião e o temível cangaceiro, respeitando a força do Tenente pelo poderio.

Frederico Bezerra Maciel em sua sextologia ‘Lampião, Seu Tempo e Reinado’ no segundo livro ‘A Guerra de Guerrilhas’ citado e apresentado artigo por mim escrito com o tema Lampiao, o guerreiro que corria atras do vento onde transcrevo Ipsis litteris um dos capítulos do livro para que os leitores sintam o grande estrategista que foi Lampião, onde encontramos esse testemunho do há época,Tenente José Lucena seu maior inimigo.

Tive a curiosidade de ler o livro 'Lampião o mata sete', e encontrei-o muito repetitivo para quem quer escrever algo sobre Lampião. Não procurei puxar pela memória e nem pela real história, para saber que as palavras contidas no livro, estão eivadas de impropérios particulares do autor contra o famigerado bandido. Não estou chamando o autor de mentiroso e longe de mim fazer isso com um juiz aposentado, que deve ter julgado muitos casos no sertão sergipano, contra bandidos. E de certo o magistrado deve ter julgado com honra e respeito até mesmo os piores bandidos que passaram em sua vara criminal, como homem civilizado que é.

Talvez o autor do livro tenha enveredado pelo ouvir dizer de pessoas comuns ou por aqueles que odiavam e ainda odeiam o cangaceiro Virgulino Ferreira. Como sabemos o ódio pode ser usado contra os inimigos em sua pior forma, o falso testemunho.

Quanto ao cerne da questão, se Lampião possuía essa característica de 'homem afeminado' não encontrei realmente nenhuma base histórica para a acusação que assim se portava e nenhum indicativo de escritores e pesquisadores do cangaço, indicados por ele.

Realmente está mais para o disse me disse. Ele faz referência ao Saturnino inimigo de Lampião e inimigo é capaz de tudo né mesmo? O autor usa e abusa de linguajar abusivo quando fala de Lampião, não como historiador, mas como pessoa física que não aceita a bandidagem de Lampião, e que está no seu direito de não gostar, assim como nós também não apoiamos bandidos e não pela enaltecemos a Lampião como herói e quando escrevemos sobre ele, o fazemos simplesmente para desvendar feitos, estratégias, liderança, carisma, amores por sua mulher e por outras que por sua vida passaram assim como Ciça e Mailurde que cuidaram dos ferimentos de Lampião e lhe ofereceram seu amor, que foi bem recebido por seu bem-amado.

Gostamos de falar dele, para a história, por sermos sim, admiradores não de sua perversidade e sim pelas estórias da história da vida desse bandido idolatrado e temido no sertão nordestino. Por exemplo, quando lemos sobre o caso de seu ferimento que citei acima, que está no livro ‘Lampião, Seu Tempo e Reinado’ na página 126 do segundo da trilogia. Em meu artigo O Poder da Fé ali também posto que "durante todo esse tempo, Lampião era guardado por cangaceiros que, de espaço em espaço e em pontos estratégicos, montavam incessante e rigorosa sentinela, demonstrando assim seu apreço e estima ao grande Chefe. Nessa ocasião, recebeu Lampião, em caráter sigiloso, muitas visitas de "gente fina": do coronel Zé Pereira e seus correligionários, de autoridades, de doutores, de coronéis, de fazendeiros e até dos reverendos padres Floro Dinis, vigário e prefeito de Princesa, Eliseu Dinis e José Leal (vulgo Padre Bezeca), respectivamente esses dois últimos vigário e prefeito de Triunfo. Todos por solidariedade, cortesia ou curiosidade.

Como posso chama-lo de 'mariquinha' ou 'boiola' como se diz hoje, um homem que se desmanchou em amores físicos por essas duas mulheres, pois ainda não conhecia Maria Bonita? Durante sua convalescença, essas duas "esbeltas e despachadas caboclas, rivais em carnagem e beleza, Ciça e Mailurde, cuidavam de Lampião. A primeira, alta e alva, longos cabelos castanhos claros, lhe costurava as camisas, serzia a roupa, que também lavava e passava a ferro, entregando-a sempre perfumada com água de cheiro. A segunda, baixa, olhos esbugalhados e bunduda, amorena-da, lhe preparava papas, quitutes, o de comer. Ambas, cada qual por sua vez, lhe penteavam o cabelo, botando brilhantina para brilhar e cheirar.:. cortavam-lhe as unhas... num desvê-lo minucioso em tudo. Mormente, emprestavam-lhe todo o carinho e ternura feminina, sem restrição. Certa vez, houve entre as duas uma cena de coirana, apaziguada pela interferência de seu bem-amado. Os cangaceiros gostavam de ver que, nessas xumbregações, sutilezas e doçuras femininas do amor, a recuperação de seu Chefe se apressava". - escreveu o Padre Maciel.

A meu ver, o autor desse livro erra quando agride Lampião verbalmente e o chama de 'perobo'; 'boiola'; 'viadinho' e outros adjetivos. Ele cita o livro 'Lampião, senhor do sertão: vidas e mortes de um cangaceiro' de Élise Grunspan-Jasmin na página 60 e não encontrei afirmativa nenhuma do Saturnino a não ser levantar que ele tinha 'coisas de Lampião que não podia dizer'. Isso dito por um inimigo de Lampião que a história conforme diz Rodrigo de Carvalho, citado por Élise, dizendo que Saturnino era  cruel, ciumento e obstinado. Quer dizer; poderia ter dito essas palavras para levantar falso a seu inimigo.

Ponho abaixo dados da referência da página  60 indicada no livro 'Lampião, o mata sete' onde se refere ao grande livro dessa francesa que escreveu 'Lampião, senhor do sertão' e raciocinemos sobre o único indicativo desse livro eivado de barbaridades não históricas. Pois costurar, e usar uma máquina de costura, temos o indicativo de alfaiate se for a tarefa feita por mãos de homem, no caso de Lampião por costurar, não poderia ser um indicativo de ter sido gay, afinal todos os cangaceiros costuravam suas roupas, quando em descanso de suas batalhas.


Para que o leitor possa também verificar ações, posições e atitudes de Virgulino Ferreira, abaixo tomo a liberdade de indicar a leitura do capítulo 25 do livro do Padre Maciel, uma das obras mais completas que li sobre o cangaço.

Definitivamente NÃO! LAMPIÃO não era o que esse livro do 'mata sete' diz.

http://meneleu.blogspot.com.br/2014/10/lampiao-nao-era-nem-frouxo-e-nem.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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