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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

AS NOTÍCIAS QUE VOCÊS NÃO LERAM

*Rangel Alves da Costa

As notícias chegam a todo instante, em profusão, num vendaval de informações. Pela televisão, jornais, redes sociais, nos diálogos cotidianos. Aconteceu lá na Cochinchina, nos confins do mundo, mas no instante depois e já é do conhecimento de Zequilau das Verduras, lá debaixo do pé da serra.
Aliás, foi Zequilau das Verduras quem defendeu uma tese bastante original num dia de feira, em conversê com outros feirantes e vendeirins. Segundo Zequilau, ninguém sabe é de nada mesmo, ao menos se depender somente das informações que chegam a todo instante. O grosso da coisa – no seu dizer - nem é noticiado. O mundo viraria de cabeça pra baixo se a verdade passasse a ser do conhecimento de todos.
E disse mais: A notícia sobre o bueiro só fala sobre a tampa do esgoto, mas nunca da fedentina que escorre por baixo. A notícia sobre o político que rouba só mostra o crime cometido, mas não o mapa com nomes e sobrenomes de todos aqueles que permitiram que a ilicitude acontecesse. A notícia sobre a palavra do governante só mostra o que foi dito, mas não o que já foi dito e nunca foi feito. A notícia vendida e mostrada como boa, nunca mostra que a mesma notícia foi dada no passado e não surtiu nenhum efeito.
Zequilau das Verduras tem razão, plena razão. Se um fato possui várias versões ou várias realidades o envolvendo, por que a notícia dada corresponde exatamente aos interesses de quem noticia? Se uma notícia clama por isenção, com fiel apuração dos fatos e sem interesses que a desnorteie, então por que o noticiado nunca corresponde à verdade se tal verdade vai contra os desejos de um protegido? Se um fato ainda não foi devidamente comprovado, por que se antecipa a acusação?
Zequilau tem razão, e disso eu não duvido. Jornal impresso existe que só diz um lado da verdade. Jornal impresso existe que repassa uma versão como realidade e vai repetindo na tentativa de que a suposição se torne verdade. Noticiário televisivo existe que passa na peneira a informação e só noticia o que permitiu que caísse na peneira. Noticiário televisivo existe que vai cortando logo pela raiz: isso não, isso sim, esse não, esse sim, isso de jeito nenhum, isso sempre. Notícia radiofônica existe que mais parece ser voltada para um determinado tipo de ouvinte. Notícia de rádio existe que transmite a voz do “dono” da emissora e não a voz da realidade dos fatos.


Mas Zequilau ficaria ainda mais espantado se soubesse que nunca houve isenção, seriedade nem inocência no jornalismo. O cabra das verduras ficaria abismado se imaginasse que no mundo da informação há severas ordens a ser cumpridas, tanto para alavancar uma candidatura como para afundar outra, tanto para mentir como se verdade fosse como para forjar fatos ao invés de repassar o que não pode ser duvidado. Ficaria estarrecido se soubesse que jornalismo também se vende, se compra, se negocia. Ficaria boquiaberto se soubesse que em todo noticiário há uma intenção de vida e de morte, sempre sucumbindo um e erigindo outro.
Zequilau certamente nunca vai mirar os seus olhos num editorial de jornal dizendo “Eu menti!”, “Eu me vendi!”, “Eu fiz jogo sujo”. Igualmente nunca vai ler uma confissão afirmando que o jornalismo ali praticado é de pura ideologia partidária e não de compromisso exclusivo com a verdade. Nunca vai saber, através do próprio jornal ou noticiário, que alguns milhões foram ali investidos em nome de um partido, de um candidato ou de uma “ideia”. Nem nunca vai ler que o jornalismo é um leilão de quem dá mais ou que a defesa dos interesses dos jornais, rádios e televisões, sempre se mostram mais importantes que a isenção e a imparcialidade.
Daí que a notícia nem sempre destrincha a realidade dos fatos, Coada, peneirada, escolhida, passa a representar apenas os interesses ou as conveniências de alguns. Basta saber que jornais, rádios e televisões, sobrevivem de recursos, de dinheiro, de investimentos. E quem estiver disposto a pagar o preço cobrado logo passará à lista dos escolhidos, dos bonzinhos, dos inatacáveis. Se um governante investe milhões em propaganda, logicamente que será blindado contra ataques ou notícias que não sejam do seu agrado. Se um partido político paga para que outra sigla ou candidato seja atacado, e este não dobra a aposta, então o jogo sujo está feito.
Tais realidades demonstram o quanto as notícias são manipuladas até chegarem aos ouvintes, telespectadores ou leitores. Nenhuma notícia nasce santa e é repassada com santidade. Por isso mesmo muito acontece de ninguém ter real conhecimento do ocorrido. Um ataca na mentira, outro defende na mentira, e a realidade vai sendo passada ao plano da desimportância. Parece absurdo, mas as informações são quase sempre mentirosas, reinventadas ou desnorteadas. Acham que o povo não merece ser seriamente informado, mas sempre e somente manipulado.

Escritor
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HISTÓRIAS DO CANGAÇO.

MARCHA A RÉ

João Palangana (Alguns dizem Calangana) era Chofer profissional. A cada vez que tentava subir a ladeira do Mato Verde, próxima à Fazenda Santana, solicitava a ajuda de populares. O aclive íngreme dificultava a manobra. O esforço humano era indispensável.

No dia 12 de junho de 1927, João se deslocava a Mossoró. Ao descer a ladeira foi parado por alguns sitiantes da região. Avisaram-lhe que Lampião e seu bando se deslocavam para aquele setor.

Um calafrio percorreu-lhe a espinha. Rápido – Temendo encontrar a horda pelo caminho – João engatou uma marcha ré. De uma única acelerada, subiu a ladeira, em meio a grossa nuvem de poeira.

O medo do terrível cangaceiro gerou potência adicional ao motor do velho Willys Night.

Fonte: Livro LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE – A HISTÓRIA DA GRANDE JORNADA de Sérgio Augusto de Souza Dantas.

Geraldo Antônio de Souza Júnior


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O CENÁRIO ONDE OCORREU O CANGAÇO FOI A FARMÁCIA NATURAL DE LAMPIÃO!


Por Sálvio Siqueira

O Cangaço, Fenômeno Social, que surgiu na segunda metade do século XVIII, dentro de outro Fenômeno Social denominado “Coronelismo”. O segundo citado levou, foi à causa, ou a consequência, da existência do outro.

O Coronelismo teve sua abrangência em todo território nacional, donde se deu devido ao prolongamento de suas raízes europeias, trazidas, logicamente, pelos colonizadores. Em cada setor, região, ou província, como queiram, se alastrou com sua forma feudal, radical e dominante.

O Cangaço, fazendo parte, também, desse outro Fenômeno, surgi regionalizado, limitando sua extensão dentro de uma única região, a Região Nordeste, alcançando sete dos nove Estados que compõem a mesma. Contrário ao que muitos imaginam, esse fenômeno ‘nasceu’ na Zona da Mata pernambucana, micro região estadual produtora de cana de açúcar, migra para o litoral e, aos poucos, segue em direção Oeste fixando-se na micro região do Sertão, localidade sertaneja que compõem a maioria dos estados nordestinos ,desértica, com uma geografia complexa e uma biodiversidade totalmente diferenciada e tendo seu clima semiárido, sendo acometido por grandes secas, fenômeno natural que causam grandes flagelos à população.

Isso ocorreu, a erradicação do banditismo rural, no final, ou logo após, a época em que os historiadores, dividindo o tempo, a classificaram como “A Época do Couro”. 

Essa migração deu-se devido o Sertão ser mais propício à criação de gado e criações. Tanto a carne e a pele desses animais eram enviadas para as outras localidades, principalmente os grandes centros, as Capitais das Capitanias, como a própria rês era criada, domesticada e enviada para as usinas de açúcar.

Bem, na continuação, alguns autores tendem a responsabilizar as grandes secas da micro região, pelo início do banditismo rural. Primeiro foram usados os homens que trabalhavam para os exploradores, contra outros explorados, em busca de ampliarem seus domínios. Depois os pequenos proprietários, que tinham suas propriedades limitando-se com as grandes propriedades, eram coagidos, espancados e mortos, quando não ‘vendiam’ suas terras aos grandes latifundiários. Por fim, havia aqueles que prestavam serviços na agricultura e na criação, manutenção e arreamente dos animais, os Vaqueiros.

Alguns desses prestavam serviços ‘extras’ aos patrões, exerciam, também, a arte de usarem a espingarda. Esses ficaram conhecidos na historiografia como Jagunços. Dentre esses havia aqueles que eram profissionais na matança por tocais, os Pistoleiros. No decorrer da coisa, alguns jagunços e pistoleiros, vendo o produto dos seus crimes irem totalmente para as mãos dos coronéis, resolveram se agruparem e formarem os bandos denominados, mais adiante, de cangaceiros. Mais tarde, no próprio território sertanejo nasceu a ‘matéria prima’ para o cangaço. Essa eram os Vaqueiros, homens rudes, fortes, forjados no mais cruel e perigoso trabalho onde colocavam sua vida em risco diariamente.

Portanto, medo da morte não existia. Não havendo medo de morrer, matar é apenas um detalhe consequente, já que é necessário não ter medo, também, para matar.

Os solos desse bioma, Caatinga, possuem alta variabilidade, com maior ou menor capacidade de reter as chuvas. A quantidade de nutrientes é influenciada pelas mesmas características que influenciam a retenção de água. Os solos mais argilosos retêm mais água e nutrientes, já os de textura mais arenosa tem pouca capacidade de retenção. Fragmentos de rochas são frequentes na superfície, resultando em um solo com aspecto pedregoso.

Sendo produto do meio, os vaqueiros desde cedo que começam a conhecerem a biodiversidade da região em que trabalham. Era necessário para eles esse conhecimento devido pancadas, furadas e quedas os ferirem constantemente. Por outro lado, esses conhecimentos faziam com que salvassem os animais que adoeciam de variadas doenças regionais.

Para quem conhece o bioma da “Mata Branca”, sabe que ela é rica em medicamentos, água e alimento. Essa derivação de conhecimentos serviu muito para os sertanejos, vaqueiros, agricultores, por fim e principalmente para os cangaceiros, tema estudado por nós no momento.

Acreditamos que esse conhecimento foi um dos fatores primordiais que levaram esse tipo de banditismo rural ter uma existência secular. Juntando-se a ele, vem a colaboração de políticos, comerciantes, militares, sacerdotes e do próprio pequeno sertanejo subjugado as ordens do patrão. Portanto, só existiu o Fenômeno Social Cangaço por ter havido a colaboração em todas as camadas sociais.

O nome Caatinga significa ‘mata branca’ em tupi-guarani, fazendo uma referência à vegetação desse bioma no período de seca, que perde suas folhas e fica com aspecto esbranquiçado.


Pois bem, Benjamin Abrahão Botto, homem que conseguiu entrevistar Lampião, o pernambucano Virgolino Ferreira, o último dos grandes chefes cangaceiros, o qual se destacou por sua longevidade como tal, entre 1917/18 a 1938, portanto, vinte anos de um reinado cruel e aterrorizador, em seu próprio habitat, escreve em uma caderneta uma determinada ‘entrevista’ que fizera ao “Rei do Cangaço” por volta de finais de 1936 e início de 1937, no sertão sergipano, sobre o que era usado como medicamentos nos seus homens quando feridos em combate e/ou acidentalmente. Quantas vezes ele próprio havia sido ferido e como se deu o tratamento.

Biodiversidade da Caatinga

Rico em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas. Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver. Esses números estão sujeitos à correção.

Cerca de 1.511 espécies vegetais já foram registradas nesse bioma, entre as quais aproximadamente 380 são endêmicas. As principais famílias de plantas são Cactaceae, Euphorbiaceae, Bromeliaceae e Leguminosae. A maioria das espécies vegetais da Caatinga possui características xerofíticas que lhes permitem sobreviver em condições de aridez. As adaptações incluem folhas reduzidas ou modificadas em espinhos para reduzir a transpiração, queda das folhas durante a estação seca, plantas caducifólias, raízes profundas para absorver água do solo, sistema de armazenamento de água modificado no caule e nas raízes e suculência, tecido especializado no armazenamento de água.

A riqueza de espécies lenhosas é alta, destacando-se a Amburana cearenses, o cumaru, Anadenanthera colubrina, o angico, Aspidosperma pyrifolium, o pereiro, Caesalpinia pyramidalis, a catingueira), Cnidoscolus phyllacanthus, a faveleira, favela, e Myracrodruon urundeuva, a aroeira. Embora menos abundantes, algumas espécies vegetais são perenifólias, ou seja, não perdem suas folhas, como a Ziziphus joazeiro, o juazeiro, Capparis yco, o icó, Copernicia prunifera a carnaúba, Maytenus rígida, o bom-nome, e Licania rígida, a oiticica. Fora outras espécies.

A suculência é observada principalmente nos cactos e bromélias.
Sobre as Cactáceas:

O mandacaru (Cereus jamacaru), quipá (Opuntia inamoena), facheiro (Pilocereus piauhiensis) e xique-xique (Pilocereus gounellei), são alguns dos cactos encontrados. Entre as bromélias estão à macambira (Bromelia laciniosa) e o caroá (Neoglaziovia variegata). Esses vegetais geralmente ocorrem em regiões mais secas, onde os solos são rasos e pedregosos.

O estrato herbáceo é dominado por ervas terófitas que se regeneram anualmente, e que se tornam ausentes por um período prolongado do ano, ou dos anos, devido e conforme as prolongadas secas, aparecendo somente na curta estação chuvosa: malvas, gramíneas e jetiranas estão entre os grupos mais representativos desse estrato. Destacam-se Ipomoea sericophylla, a jitirana, e Sida galheirensis, a malva, aquela que as mulheres fazem o tão famoso “lambedor” para extrair o ‘catarro do peito’.

Entre as espécies endêmicas da Caatinga estão Caesalpinia pyramidalis, a catingueira, Ziziphus joazeiro, o juazeiro), Cereus jamacaru, o mandacaru, Bromelia Laciniosa, a macambira e Mimosa tenuiflora, a jurema preta. E outras e outras plantas do bioma estudado servem como ‘remédios’. Muitas já são fitorEntre as espécies endêmicas da Caatinga estão Caesalpinia pyramidalis (catingueira), Ziziphus joazeiro (juazeiro), Cereus jamacaru (mandacaru), Bromelia Laciniosa (macambira) e Mimosa tenuiflora (jurema preta).E muitas e muitas outras plantas desse bioma são usadas como ‘remédio’. Também já existem aquelas que já são fitoterápicos.


O historiador Frederico Pernambucano de Melo, referindo Lampião dizendo para o entrevistador, Benjamin Abrahão, segundo a sua ‘caderneta’, quando perguntado quantas vezes fora ferido, disse:

“- Ferimento à bala no braço e na virilha, ambos transfixantes. Esses foram tratados pelo médico Dr. Mota”. “Ferimento à bala no dorso do pé, transfixante. Cuidado pelos médicos, Drs. José Cordeiro de Lima e Severino Diniz”. “Ferimento à bala na omoplata. Tratamento caseiro”. “Ferimento à bala no quadril. Tratamento caseiro”.

Aqui ressaltamos um adendo: esse ferimento citado na omoplata, hoje escápula, só se ele estivesse de costas para o inimigo. Sabemos, pelo próprio historiador citado que esse ferimento deu-se no ‘Fogo da Fazenda Tigre’, no município de Floresta, PE. Pois bem, os historiadores, Cristiano Ferraz e Marcos De Carmelita Carmelita, em seu livro “As Cruzes do Cangaço – Os Fatos e Personagens de Floresta”, de 2016, a partir da página 169, descrevem realmente sobre esse tiroteio ocorrido na dita fazenda, porém, com pormenores exclusivos capturados pelos mesmos que são filhos do mesmo município.

Lampião, estando em uma das janelas da casa sede da fazenda, tiroteia contra os volantes que estavam do lado de fora, e haviam cercado a casa, quando de um descuido, o “Rei dos Cangaceiros” ao ergue-se, recebe um tiro na altura do peito direito. Esse projétil, com certeza também transfixou e teve sua saída na altura da escápula, omoplata. Nós fizemos um longo e explicativo texto contando, ou recontando, esse episódio da fazenda Tigre, onde Virgolino Ferreira quase vai prestar contas ao demônio pelo ferimento, onde os senhores podem muito bem pesquisarem em vários grupos de estudo sobre o cangaço, inclusive no Ofício das Espingardas. Fizemos esse adendo, não pela localização do ferimento, que na verdade é importante, mas, por em algumas literaturas esse combate ser colocado em dúvida. Coisa totalmente sem nexo e de escritores sem responsabilidades que passam, ou tentam passar, inverdades sobre a História.

Bem, vejamos o que Virgolino Ferreira, à sombra de frondosa árvore, relatou para o Sírio sobre as plantas da caatinga:

“Sobre os pés de pau da caatinga, o cangaceiro lhe ditara uma lista comprida de nomes. Alguns conhecidos. Outros, menos. De uns poucos, jamais ouvi falar (...) Afinal a vegetação é farmácia, fonte d’água, de alimento, obstáculo à penetração do litorâneo, policial ou cobrador de impostos, e trunfo para a ocultação necessária(...) Está tudo nas páginas da caderneta miúda, na seção “matas”, nomes arrolados na ordem em que os foi ouvindo no acampamento, tudo em Português, inclusive o conteúdo dos parênteses que cravou: angico, quixabeira, juazeiro, baraúna, jucá, umbuzeiro, pau-ferro, aroeira, catingueira, sipaúba, pereiro, freijó, sassafrás, sacatinga, cedro, mucunã(cipó), bom-nome, salgueiro, marmeleiro, pau d’arco, bálsamo, umburana, barriguda, embira, calumbi, rama-branca,, jurema, jurubeba, mororó, rasga-beiço, rompe-gibão, pau-piranha, caroba, feijão-brabo, faveira, maçaranduba, tingui, quinaquina, pau-santo, oiticica. Os “espinhos”, essenciais para a composição do ambiente natural da caatinga, também estão lá: xiquexique, mandacaru, coroa-de-frade, quipá, facheiro, macambira, caxacubri (agreste), alastrado, rabo-de-raposa. E as “palmeiras”, por fim, duas apenas, alegria dos macacos que lhe comem a carne dos coquinhos: Ouricuri e catolé.”

Citando sobre como, para quê e qual espécie usava-se, o Sírio escreveu o que Lampião disse e o historiador fez uma minuciosa pesquisa sobre as plantas citadas e sua indicações:

“(...) o angico, adstringente e cicatrizante poderoso; o rompe-gibão, também conhecido por bom-nome ou carrasco, de infuso precioso nos males do fígado, rins, bexiga e no controle da tensão arterial, madeira indicada para pilão, pião, canga e estaca, e de que se extrai um carvão apreciado; o pau-piranha, defensor das vias urinárias; o feijão-brabo, a oferecer os melhores palitos para a higiene da boca, alvos e flexíveis, a raspa moída e atritada do juazeiro dando complemento à limpeza como pasta de dentes, sem esquecer seu papel de combate a bronquite; o sassafrás, valioso contra o sarampo; a umburana, de efeito diurético apreciável e madeira sem rival para lavra de gamelas e colheres; a quinaquina, com emprego eficiente nas sezões e febres em geral; a jurubeba, aliada do fígado desde sempre; o mororó, vermífugo poderoso, além de purgativo e purificador do sangue; a mucunã e a macambira, a darem socorro ao sertanejo na seca braba com massa de toxidez aliviada pela lavagem em muitas águas, a primeira, à segunda, bromélia de espinhos terríveis, cabendo oferecer uma farinha grosseira extraída da raspagem da “sapata”. Cardápio de emergência de que fazia parte também a farinho de bró, esmigalhada do Ouricuri. Por fim, a quixabeira, de uso certo para acudir ferimentos de bala e de faca, traumatismo, contusões em geral, diabetes, e ainda como tônico, verdadeira farmácia de portas abertas na chã da caatinga (...).”

Essa relação sobre ao conhecimento do que há na Mata Branca é bastante relevante para sabermos a sabedoria que tinha Lampião, não só em estratégias em Guerra de Movimentos, mas, nos conhecimentos daquilo que seu habitat lhe dava de graça para se alimentar, matar a sede e curar os ferimentos dos seus homens, da sua companheira e dele próprio, além de uma barreira natural onde, escondendo-se, se esquivava dos perigos e/ou armava sua tolda para um breve descanso.

No tocante ao sertanejo puro, no Vaqueiro nato, esses conhecimentos eram, e é, sua graduação perante o desenvolvimento de sua labuta diária.

Fonte
“As Cruzes do Cangaço – Os Fatos e Personagens de Floresta” – Marcos Antônio Sá e Cristiano Luiz Feitosa Ferraz
“Entre Anjos e Cangaceiros” – Frederico Pernambucano de Mello
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AGRADECIMENTO!

Por José Mendes Pereira

Agradeço imensamente ao professor Pereira lá de Cajazeiras no Estado da Paraíba pelo presente dos livros abaixo para minha pequena biblioteca. 

Os interessados poderão adquiri-los através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br



e Flores do Pajeú História e Tradições de Belarmino de Souza Neto.

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A FILOSOFIA EM TESE

Autor: José Ribamar Alves

No seio da Grécia antiga
Nasceu a filosofia
Ciência que se difunde
Pelos céus do dia a dia
Fortalecendo o alcance
Da luz da sabedoria.
               
Há séculos antes de Cristo
Essa genialidade
Surgiu e galgou espaço
Mudando a realidade
De áreas importantíssimas
Do saber da humanidade.     
                 
Tornou-se um Campus de língua,
Religião e cultura,
Dando vida e força à música,
Artes e literatura,
Pra nossa expressividade
Tornar-se mais bela e pura.
                 
Foi na figura de Sócrates
Que ela centralizou-se,
Pelo mundo da memória
Das pessoas espalhou-se
E na maior das ciências
Da palavra, ela tornou-se.
                  
No período pré-socrático
Fora da forma melhor
Usada pra explicar
Com o esforço maior...
A origem deste mundo
E as coisas ao seu redor.  
               
Os pré-socráticos buscavam
Através de muito estudo,
Um princípio que pudesse
Estar como conteúdo
Presente em todo momento
Da existência de tudo.
                
Talles de Mileto e Sócrates
Que Atenas reverencia, 
Heráclito e Anaximandro
Com esplêndida horaria
Tornaram-se os mais ilustres
Nomes da filosofia.
                
Parmênides também fez parte
Do elenco já citado
Assim como fez Xenófones
Outro ser iluminado
Pela luz do infalível
Conhecimento sagrado.
                
A filosofia grega
Apesar de dividida
Em três fases, não deixou
De ser lida e inserida
Nos essenciais estudos
Sobre a origem da vida.
               
Filosofar é um dom
Que tem quem tem vocação
Pra saber dilucidar
Qualquer interpretação
Da realidade em tese
Esclarecendo a razão. Fim

Enviada pelo autor

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OSMAR SANTOS LOCUTOR ESPORTIVO

por Marcelo Rozenberg

Osmar Santos nasceu em Osvaldo Cruz, interior de São Paulo, em 28 de julho de 1949.

Passou a infância em Marília, para onde seus pais Romeu e Clarice se mudaram. Foi também na cidade do interior paulista que começou a trabalhar no rádio, veículo que o tornaria conhecido no Brasil inteiro pelo estilo incomparável nas transmissões esportivas.

Era inovador, cheio de jargões e criativo, capaz de ditar moda entre os amantes do futebol e deixar inúmeros discípulos. No entanto, um acidente ocorrido no dia 22 de dezembro de 1994, na estrada que liga Marília a Lins, no interior de São Paulo, encerrou sua brilhante carreira. Ao acordar no hospital, estava com a parte direita do corpo paralisada, consequência de traumatismos no cérebro.

Após muitas sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, voltou a pronunciar palavras, além de ter recuperado parte da coordenação motora. Mas jamais retornou ao microfone. Atualmente, comanda a equipe de esportes da Rádio Globo de São Paulo, ao lado de seu irmão Oscar Ulisses. Além disso, utilizando-se da mão esquerda, pinta quadros que já foram expostos em inúmeros eventos.

Adotada como terapia logo após o acidente, esta manifestação não-verbal o fez receber vários elogios. Suas telas foram avaliadas por mestres da pintura como poéticas, com cores vibrantes e iluminadas.

Osmar fez história em algumas das maiores emissoras paulistanas como Jovem Pan, Record e Globo. Extremamente ágil e tecnicamente perfeito nas narrações, ganhou notoriedade pelos jargões que caíam facilmente na boca do povo, tais como "ripa na chulipa e pimba na gorduchinha", "é lá que a menina mora", "é fogo no boné do guarda", "pisou no tomate" e "bambeou mas não caiu". Sem falar, é claro, do inesquecível "iiiiiiii que golllllllllllllllll", a cada vez que a bola balançava as redes.

No auge, chegava a pronunciar 100 palavras por minuto sem engasgar nenhuma vez. A dramaticidade que empunhava a cada lance era capaz de prender o ouvinte durante a partida inteira. Conseqüência direta de sua veia poética aguçada. Osmar devorava obras de nomes como Carlos Drumond de Andrade, Camões e Eça de Queirós.

Osmar trabalhou também na televisão. Passou pelas redes Globo, Record e Manchete, mas vale destacar sua participação no inesquecível "Balancê", programa de variedades que fez história. Em 1984, ficou conhecido como o "locutor das Diretas" devido ao seu engajamento na campanha que pretendia instituir novamente as eleições diretas para presidente do Brasil. Subiu no palanque ao lado de ícones da política nacional como Franco Montoro, Leonel Brizola e Luís Inácio Lula da Silva.

No dia 22 de dezembro de 2014, 20 anos após o terrível acidente, Osmar conversou com a reportem do Portal UOL, confira:

20 anos após acidente que mudou sua vida, Osmar Santos fala em conta-gotas

Adriano Wilkson
Do UOL, em São Paulo

Hoje faz vinte anos que Osmar Santos não fala uma frase completa sem sobressaltos.

Seu raciocínio continua afiado, tão afiado quanto no tempo em que ele era um dos narradores mais conhecidos do Brasil, tão afiado quanto no tempo em que conjurava bordões que marcaram a história da crônica esportiva, tão afiado quanto no tempo em que seus discursos o tornaram a voz oficial da abertura política do país.

Mas desde o dia 22 de dezembro de 1994, desde o grave acidente que machucou justamente a parte de seu cérebro responsável pela comunicação, os lábios de Osmar Santos não acompanham seu pensamento rápido.

Ele pensa em enxurrada, mas fala em conta-gotas.

Uma entrevista com ele é quase uma sessão do jogo da mímica. Você faz uma pergunta, e a resposta vem resumida em uma ou duas palavras-chaves misteriosas.

"Você continua acompanhando futebol?", pergunta a reportagem.

"Penalty. Gorduchinha", ele responde.

Com um pouco de contexto fica fácil deduzir o que ele quer dizer. Um dia antes da entrevista, a Penalty anunciara que a bola batizada de Gorduchinha, apelido imortalizado por Osmar, será usada no Campeonato Paulista de 2015. O ex-narrador sorri empolgado, confirmando a dedução. "Penalty, gorduchinha", ele repete. "Gol!"

***

Mas às vezes não é tão simples assim.

Quando não se consegue fazer entender, Osmar pede a intercessão de Toninha, sua assistente pessoal, que trabalha com ele há quase uma década. Eles se veem todos os dias, e ela o entende mais do que a própria mãe dele, Clarice.

Toninha quase sempre é capaz de interpretar com sucesso as palavras-chaves de Osmar. Mas quando nem ela consegue, é preciso escrever o conceito em um papel. Depois disso, as mímicas se tornam mais frequentes. Quando ainda assim não o compreendem, Osmar apela aos universitários.

Ou, no caso, a amigos que ele alcança pelo celular.

Por exemplo, quando Osmar quer comunicar que em tal dia ele vai almoçar com seu amigo Botafogo (alguns dos amigos ele chama não pelo nome, mas pelo clube do coração), ele disca a Botafogo e passa o telefone ao interlocutor. O amigo do outro lado da linha explica quando será o almoço, o que eles vão comer, de que assunto irão tratar...

É como se os amigos de Osmar, por um momento, virassem o próprio Osmar, ajudando-o a superar as limitações da comunicação, falando por ele, sendo a voz que ele não consegue conjurar.

Na casa de Osmar Santos não se joga conversa fora, porque lá as palavras são um item raro, precioso. Cada palavra, cada significado, leva a outra palavra e a outro significado. Percorrendo a cadeia lógica que se forma entre eles, você tenta (e quase sempre consegue) conversar com o ex-narrador.

Eu faço alguma pergunta com meu sotaque carregado na letra S ao final de uma palavra. Osmar pula do sofá e pergunta: "Rio?" Respondo que não sou carioca, mas nasci em Belém do Pará.

O olhar de Osmar Santos se ilumina e ele começa a sorrir. "Fafá. Música." Osmar e a cantora Fafá de Belém foram personagens centrais dos comícios das Diretas Já.

Ele leva o dedo aos lábios. Seu pensamento sai como uma correnteza que se vê obrigada a passar pela estreiteza de um funil: "Música. Diretas. Fafá. Lula. FHC. Ulysses [Guimarães]. Viagens. Sul. Norte."

Uma longa história contada em fragmentos de sentido

Clarice, sua mãe, que vive com ele durante dois ou três meses por ano, lembra ainda emocionada do dia em que o filho falou pela primeira vez a palavra mexerica depois do acidente. Foi um pouco antes de Osmar, sem aviso, decidir que conseguia descascar e comer a fruta sem ajuda de ninguém – uma vitória inesquecível para quem perdeu quase todos os movimentos do braço direito e sempre foi destro.

Com o tempo, Osmar precisou reaprender a fazer tudo apenas com a mão esquerda. Amarrar o cadarço, abotoar a calça, abotoar a camisa, tomar banho, tomar banho de mar, escrever seu nome, pintar quadros... Cada avanço era uma felicidade que ele não consegue descrever (quem conseguiria?).

Clarice lembra que chorou no dia em que, meses depois do acidente, o filho apareceu na sala do apartamento caminhando. Foi um acidente tão grave que muitos acreditaram ter sido um milagre só o fato de Osmar não ter morrido.

"Eu tinha pedido a Deus para Ele me levar no lugar do meu filho", disse ela. "Mas quando vi meu filho caminhando de novo, aqui mesmo nesta sala, agradeci a Deus por ter me permitido vê-lo de pé outra vez."

A vida tem sido generosa com Osmar Santos, a julgar pelas várias gargalhadas que ele solta em uma hora e meia de entrevista. Sua agenda está tão ou mais movimentada do que na época em que trabalhava narrando futebol. Suas obras estão expostas em várias galerias da capital e do interior de São Paulo.

Seus filhos estão felizes, orgulhosos do pai que têm. Seus amigos o convidam para almoços e jantares, e não tem dia em que ele passe mais tempo em casa do que na rua, indo ao shopping, a salas de cinema, teatros, viagens e visitas a amigos.

Em vários sentidos, ele aprendeu um novo jeito de viver.

Mas algumas coisas permanecem as mesmas de 20 anos atrás. Osmar Santos é um homem à moda antiga. Prefere ouvir jogos no rádio a vê-los na TV. Pinta quadros de árvores, periquitos, peixes, nada muito moderno, nada muito abstrato.

Não costuma acessar a internet – torce o nariz quando digo que trabalho para um portal. Usa o celular com frequência, mas diferentemente da maioria das pessoas que usam celular hoje em dia, não faz ligações procurando nomes na agenda do aparelho: ele digita o número de cada amigo. Ou seja, sabe de cor o número de seus melhores amigos.

Ele também não perdeu a capacidade de criar bordões. Quem convive muito com ele começou a usar com frequência uma palavra que não sai de sua boca, uma palavra que já virou uma espécie de certeza nas conversas com Osmar Santos. Um verbo no passado, mas que significa uma vontade de futuro. Três letras que não são apenas o comunicado de um desejo, mas o anúncio de uma decisão.

Quando está entediado, quando está cansado, quando o assunto acaba ou quando ele apenas quer ir embora, Osmar Santos diz simplesmente: "Fui." E, simplesmente, vai.

por Marcelo Rozenberg e Milton Neves

Um dos maiores homens de comunicação do Brasil em todos os tempos, Fausto Corrêa da Silva, o grande santista Fausto Silva, nasceu em Porto Ferreira, interior paulista, em 02 de maio de 1950.

Seu pai era chefe da coletoria local, denominação que caiu em desuso e que denominava a Receita Federal.

Radialista, jornalista e apresentador de televisão, começou a carreira como repórter da rádio Centenário, de Araras.

Passou depois pelas rádios Cultura, de Campinas, Record, Jovem Pan (quando iniciou a trajetória de repórter de campo), e Globo. Passou também pelo jornal ? Estado de S.Paulo?. Atualmente apresenta o "Domingão do Faustão", na Rede Globo. Casado, mora em São Paulo e tem três filhos, Lara e João Guilherme do relacionamento atual, e Lucas.

No início da década de 1980, começou a apresentar na rádio Excelsior o saudoso programa "Balancê", que reunia grandes nomes do rádio, televisão e teatro e contava com o humor de Nelson Tatá Alexandre e Carlos Roberto Escova. Foi a partir de seu envolvimento neste projeto que Faustão foi para a televisão, passando a comandar o "Perdidos da Noite".

Sua carreira ganhou uma proporção muito maior quando transferiu-se para a Rede Globo, em 1989, e assumiu o comando do Domingão do Faustão aos domingos à tarde, até hoje no ar.

Fausto Silva, odeia a divulgação, mas, milionário, é o profissional mais humano da TV brasileira. Ajuda artistas, cantores, atores, operadores e técnicos de som em má situação financeira. E não se esquece principalmente de seus ex-companheiros de rádio esportivo e de profissionais que o ajudaram no "Perdidos na Noite".

Em 03 de junho de 2016, Milton Neves exaltou Vital Battaglia em sua coluna semanal no Portal Terceiro Tempo e também citou Osmar Santos. Veja abaixo, na íntegra:

FIFA PICARETA: VITAL BATTAGLIA, O PRIMEIRO A DENUNCIAR!

Saiu na mídia do mundo: mais 80 milhões de dólares embolsados em cinco anos pela “Trinca Fifista” Blatter, Valcke e Kattner!
Que trio fantástico de ataque ao dinheiro do futebol do mundo, hein?
Fora as outras “milhares” de rapinagens já descobertas até pelo FBI.
E, depois dessa, aumenta ainda mais minha saudade de Vital Battaglia, auto aposentado do jornal, do rádio, da TV e da internet.
Uma pena.
Ele foi o nosso primeiro algoz da FIFA, então “entidade santa”.
Que falta faz Battaglia!
Foi em 1975 que conheci pessoalmente e para valer a Vital Battaglia.
Ele já era estrela da mídia impressa há anos e de vez em quando participava no estúdio do “Jornal de Esportes”, de Cândido Garcia, na Rádio Jovem Pan I AM.
Naquele jornal, que já foi épico, Paulo Machado de Carvalho, humildemente serviu de padrinho de inauguração em 1973 na avenida Miruna, 713, Aeroporto.
Nele, eu era locutor-cuco: só podia dar a hora certa e não me era permitido fazer perguntas ao entrevistado no estúdio ou por telefone, algo então espécie de novidade, coisa rara.
“Você é ainda calça branca (novato), procure aprender que te deixo perguntar. Mas escreva a pergunta antes que verei se é boa ou simplória”, dizia sempre o saudoso Cândido Garcia, o Morcego, meu doce censor.
E Battaglia, quando aparecia, basicamente fazia perguntas “padrão Joaquim Barbosa”: só porrada!
Era o mais combativo jornalista esportivo do então top “Jornal da Tarde”, do Grupo Estado.
Ele foi levado para a Jovem Pan pelas mãos de Osmar Santos, no auge da carreira.
Osmar era um Neymar!
Antes, em 1973, Osmar me colocou também no futebol da emissora no lugar de Fausto Silva, hoje “Faustão”.
Virei o “Plantão Esportivo Permanente”, como reserva de Narciso Vernizzi.
Até então, era apenas repórter rodoviário aos sábados e domingos e setorista de trânsito no Detran e nas ruas de São Paulo, no início das manhãs e finais de tarde.
E aí veio para a equipe Vital Battaglia, contratado.
Logo de cara, sempre austero e azedo, o “Geraldo Bretas moderno, mais novo e erudito”, como eu o chamava, marcou território com seu “jornalismo investigativo”.
Como comentarista, no lugar de Leônidas da Silva, estreou no Parque Antártica, dia 9 de outubro de 1975, quinta-feira, naquele Corinthians 0 x 0 Sport do Recife, ao lado da novidade José Silvério, outro filho de Osmar Santos.
Substituto do curitibano Willy Gonser, que foi para Belo Horizonte, Silvério estreou “voando” e impressionou a Vital Battaglia: “Nunca a bola rolou tão rápido no rádio”, escreveu no Jornal da Tarde.
Mas aí, também em 1975, em rara entrevista ao vivo por telefone, o todo poderoso João Havelange foi confrontado por Battaglia ao final de seu primeiro ano como presidente da FIFA.
“A sua FIFA me lembra o Vaticano, antes duas entidades acima de quaisquer suspeitas, mas agora sustento que nem tudo é tão honesto. E pergunto se a FIFA não vem fazendo negociatas em direitos e patrocínios, e até conchavos políticos que o elegeram no lugar de Sir Stanley Rous, sem parceiro, no ano passado”, perguntou na lata.
Havelange, antes de bater o telefone, encerrando a entrevista, só respondeu que “quem é o maior acionista da Viação Cometa não precisa e não faz negociata financeira ou conchavos”.
Assustado com aquilo, o “calça branca” aqui “brigou” fora do ar com Battaglia: “Você é muito bom, mas foi desrespeitoso com o homem. A FIFA é muito séria, como o Vaticano”, disse a ele.
Battaglia, com aqueles lábios de italiano tipo “boca de cabrito”, resmungou que eu precisava crescer.
Ele tinha razão, e como tinha, e hoje pergunto se Stanley Rous e Havelange não fizeram um acordo para o Brasil não ganhar a Copa de 1966 e “estragar o produto Copa do Mundo”, que seria desvalorizado com nossa seleção tri em 58, em 62, em 66 e fazendo o Mundial “ perder a graça”?
Sei lá, mas a verdade é que um cartola (Havelange) sucedeu o outro (Stanley Rous) na segunda Copa seguinte e o Brasil “jogou mesmo” para perder a Copa de 66, “não é possível”!
É “a única explicação” para a seleção brasileira ter viajado para Liverpool sem o ícone e dispensado Paulo Machado de Carvalho, por ciúmes de Havelange, e sem Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Roberto Dias, Dino Sani, Rivellino, Servílio e Ademir da Guia.
Foram só veteranos superados, jogadores comuns como Fidélis, uns bons como Gérson, Lima e Tostão, ao lado do baleado Pelé e de um magistral Edu, não escalado.
Jogamos para perder, Vital Battaglia?
Mas duro mesmo foi o jornalismo ter perdido você!


Veja abaixo Osmar Santos em três momentos inesquecíveis:

1. No comício das "Diretas Já", no Vale do Anhangabaú-SP, em 1984;
2. Narrando o gol de Basílio na final do Campeonato Paulista em 13/10/1977 (Corinthians 2 x 0 Ponte Preta).
3. Narrando o gol de Raí, na final do Mundial Interclubes em 13/12/1992. (São Paulo 2 x 1 Barcelona).

http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/osmar-santos-2171

http://blogdomendesemendes.blogspot.com