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terça-feira, 6 de maio de 2025

NOSSO BLOG...

 Por José Mendes Pereira

Nosso blog está prestes a completar 13 milhões de visualizações. Agradecemos aos nossos amigos, leitores e estudantes do cangaço, que sempre nos prestigiam com as suas visitas.

Felicidades para todos! 

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CORONÉIS E CANGACEIROS

Por Juliana Pereira em 2015

 

Cangaceiro de Jô Fernandes


Como diz o advogado e historiador Victor Nunes Leal, sem sua obra “Coronelismo, Enxada e Voto”, os coronéis foram senhores do bem e do mal. Não poderia ser diferente, posto que suas patentes foram-lhes conferidas em uma época em que o voto era censitário. Em sendo assim, o sufrágio era uma prerrogativa das elites dominantes. Patente de coronel autorizava-lhes inclusive, formar tropas provisórias em caso de conflito e esta prerrogativa foi mais um instrumento hostilizador nas mãos daqueles que usavam o poder como forma de subjugação dos menos favorecidos. Durante o período da república velha de 1889 a 1930 foi criada uma política sui generis, a famosa “política dos governadores”, dando margem à máxima do que “é dando que se recebe”. 

Este sistema político tinha seu esteio numa relação de favores que se estendia das relações entre o Presidente da República e os governadores e destes aos coronéis, que por sua vez, exerciam seus poderes sobre os trabalhadores rurais. Vale ressaltar, que estes trabalhadores rurais podiam contar com nenhuma legislação que os defendessem, sendo a parte fraca dessa cadeia vertical de mandos e desmandos, onde não lhes era permitido nenhum tipo de reivindicação, seja de natureza política ou de natureza econômica. Ainda hoje perdura em nosso sistema sociopolítico o ranço daquele coronelismo da República Velha, o mandonismo, o nepotismo e as diversas formas de apadrinhamentos continuam como se nada tivesse mudado ou evoluído. Em síntese, mudaram as peças, o jogo é o mesmo.

Paulo Gastão e Juliana Pereira

O voto ainda funciona como moeda de troca, assim como os cargos públicos, isso em todas as esferas. O Estado continua favorecendo alguns em detrimento de muitos, perpetuando-se a mesmice. Não é preciso muito esforço para perceber as ações dos novos coronéis, os que hoje habitam no meio urbano. Ora, todos nós sabemos que a indicação para um cargo público na esfera local depende e implica no apoio dado aos vencedores nas campanhas eleitorais, sejam prefeitos ou vereadores, assim como o saneamento básico, instalações de energia em distritos e as melhorias nas rodovias estaduais não acontecerá sem o aval do deputado, do governador. Cargos federais que não necessitam de concurso é inimaginável sem a indicação de deputados federais e ou senadores. 

O ciclo do mandonismo, favorecimentos e apadrinhamento, continua regendo de forma orquestrada sobre as muitas vidas desfavorecidas e necessitadas nos quatro quantos do país. A história do Brasil é repleta de fenômenos sociais de alta complexidade, com revoltas, insurreições ou complôs locais ocorrendo em todas as regiões do país. Na Republica Velha não foi diferente e no nordeste, fenômenos sociais como Guerra de Canudos e Cangaceirismo, contemporâneos do sistema político coronelista, são objetos de pesquisa de muitos pesquisadores e estudiosos. 

O cangaceirismo manteve uma relação estreita com o coronelismo, principalmente no período em que teve Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, como líder de bando cangaceiro. Lampião, o mais imponente dos líderes do cangaço, ainda hoje provoca muitas discussões e inquietações entre os que lhe estudam, herói para alguns, bandido para outros. O fato é que, se nos afastarmos dos conceitos engessados por parte da historiografia, donde o fanatismo, admiração ou mesmo um viés mercadológico, poderemos analisá-lo tendo como premissa o contexto social e político no qual viviam estes bandoleiros de forma mais científica e ou imparcial. Mesmo em se tratando de uma realidade sociocultural e política diferente da que vivemos, é possível tal analise, desde que façamos o esforço de nos despirmos de conceitos e preconceitos. 


O cangaço não se divorcia do contexto político vigente em sua época, muito pelo contrário, posto que estes indivíduos também se beneficiavam deste sistema político para satisfazer seus anseios. Se para alguns pesquisadores os cangaceiros eram justiceiros, do tipo Robin Hood, claro, guardando as devidas proporções, o Hobin Hood histórico, buscava resgatar a cidadania e a autonomia de seu povo, já os cangaceiros se vingavam e desmoralizavam chefes políticos, mostrando-se subversivos ao regime imposto aos seus protegidos. Porém, esta teoria cai em descrédito diante da selvageria e da violência, não só contra os donos do poder, mas todo e qualquer indivíduo que se opusesse aos seus desmandos, fossem sertanejos miseráveis ou donos de pequenas propriedades rurais. 

Não era incomum alianças destes asseclas criminosos com coronéis. O fato é que, independia do poder ou da falta de poder por parte dos sertanejos, os cangaceiros protegiam uns e massacravam outros. A moeda de troca era a confiança em lhes dar coito e ou omitir informações destes para as volantes que viviam em seu encalço. Outra teoria defendida por seus pesquisadores se acosta ao fator vingança. Seria este o motivo pelo qual muitos entravam para o cangaço ou permanecia naquela vida nômade e insegura, expostos aos mais diversos tipos de adversidades climáticas e geográficas? Porém, esta teoria também apresenta suas lacunas e falhas no que concerne às ações e atuações, nas praticas dos mais variados crimes, de assassinatos desmotivados a estupros e demais humilhações gratuitas aos sertanejos desprovidos de proteção. 

Mesmo depois de efetivadas tais vinganças “motivadoras de suas causas”, as represálias não cessavam o que descredibiliza a assertiva defendida por esta teoria. As alianças seladas na calada da noite eram alicerçadas nos interesses particulares e em comum, todos imbuídos do desejo de satisfazer suas necessidades. Nesta via de duas mãos, um protegia o outro. A vida nômade, o conhecimento geográfico e a facilidade de se deslocar na caatinga lhes favorecia em relação aos seus perseguidores. Sertanejos que moravam em fazendas ou povoados viviam em constantes sobressaltos. 

Getúlio Vargas  e o Estado Novo

As agressividades e todas as formas de violência empregadas tanto pelos cangaceiros quanto pelo o Estado representado pela volante, eram desmedidas, ninguém vivia em segurança e o medo de terem suas vidas ceifadas por uma das “facções”, reinava absoluto. Não se podia medir quem era mais violento, se os ditos “bandidos” ou os que deveriam protegê-los oferecendo-lhes segurança e conforto. Uma vez alcançado, o status de valentes e temidos deveria ser mantido a todo custo, mesmo que o preço fosse o sangue das inúmeras vidas ceifadas sertão a fora. Assim, a política do medo assolava boa parte do nordeste, enquanto o banditismo social se impunha e se beneficiava sobre as fragilidades de um povo sem proteção e esquecido pelos governantes. 

O cangaceirismo foi um fenômeno social tão complexo, que estudá-lo com o objetivo de rotular seus participantes como heróis ou bandidos, será incorrer em um erro crasso. Podemos até admitir traços de heroísmo quando estes se opunham aos desmandos do inimigo, mesmo este sendo poderoso como o Estado, que além se persegui-los causavam dores e sofrimentos às camadas mais miseráveis, assim como percebemos também os traços criminosos, estes mais delineados e acentuados, quando das práticas de assaltos, estupros, assassinatos, castrações, humilhações e demais formas de violência que se possa praticar contra outro ser humano. 

Estigmatizá-los ou vangloriá-los com certeza não será o caminho mais propício para uma análise mais honesta deste fato histórico. Se o objetivo de alguns pesquisadores é encontrar os heróis deste período, com certeza estão buscando de forma equivocada, pois se houve heroísmo neste contexto, sem sombra de dúvidas não foram os que causaram o sofrimento, mas as vítimas destes. Foram os homens e mulheres perseguidos, assassinados, subjugados, vilipendiados e massacrados pela medição de força entre Estado e Cangaceiros. 

Juliana Pereira, Manoel Severo, Cristina Amaral e Ana Lúcia no Cariri Cangaço Princesa

O fim do Republica Velha e nascimento do Estado Novo, trouxe consigo mudanças nas relações políticas onde o Estado, com o intuito de mostrar-se mais sério, eficaz e eficiente, intensifica a perseguição aos cangaceiros, bem como aos seus aliados, os coronéis. A elite oligárquica, representada pelos getulistas, não aceita nenhuma forma de oposição ao poder estatal. Acostumados ao sistema político da troca de interesses, tanto os cangaceiros quanto os coronéis foram atingidos pelo novo sistema implantado pelo o Estado Novo. 

Tanto um quanto o outro foram enfraquecidos pela estrutura arrojada e determinada dos novos governantes, os novos donos do poder. Tanto o apogeu quanto o declínio do coronelismo ocorreram concomitante ao também apogeu e declínio do cangaço. Ambos tiveram interesses em comum, assim como tiveram como causa de erradicação o mesmo algoz, o Estado. Claro, o fim do coronelismo rural não significa o fim das práticas coronelistas, estas perduram ao longo do tempo e podem se sentir ainda nos dias atuais. Em síntese, não podemos omitir ao menos o fato de que fazemos parte de um país que, mesmo tendo evoluído em algumas, áreas ainda somos uma nação atrasada, carente de heróis, que fecha os olhos diante dos absurdos impostos pelos governantes nas diversas esferas. Preferimos uma posição mais cômoda, ser livres, contestadores e reivindicadores dos direitos conferidos pela constituição é inimaginável, somos naturalmente pacíficos e passivos, a síndrome de colonizados ainda nos persegue. 

Se hoje não existem mais os coronéis de patentes figurativas, conferidas pelo Estado, temos nossos políticos, empresários e empregadores que ditam as regras. Se não temos mais cangaceiros de bornal espalhados pelas caatingas, assolando os sertões com suas ações criminosas, hoje temos traficantes e quadrilhas espalhando as mais diversas formas de miséria e degradação humana, das drogas oferecidas nas portas das escolas ao poder paralelo ao do Estado. Não podemos esquecer o tráfico de influencias perverso. Infelizmente esta carência de heróis naturais nos leva a forjá-los. 

" escrevi este texto a pedido de Alcino, que uma vez indagou-me sobre o que eu pensava sobre a relação entre cangaceiros e coronéis..."

Tratamos jogadores de futebol milionários como deuses, heróis nacionais. Endeusamos políticos, artistas e esportistas. Enquanto isso, professores e demais trabalhadores vivem com salários miseráveis, e são desrespeitados todos os dias, milhares de mães e pais sofrem dores na alma ao verem seus filhos passarem as mais diversas privações. Milhares de idosos que trabalharam a vida toda vivem de forma miserável em todo país. Estes não são nossos heróis, são apenas indigentes.

Juliana Pereira, advogada, pesquisadora
Membro do Conselho do Cariri Cangaço
Sócia do GECC e SBEC

http://cariricangaco.blogspot.com/2015/06/coroneis-e-cangaceiros-porjuliana.html

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O CARIRI CANGAÇO EXU EM 2017.

Por Juliana Pereira
Kydelmir Dantas, Joquinha Gonzaga e Juliana Pereira: Luiz Gonzaga, 
"Personalidade Eterna do Sertão"

O Cariri Cangaço, evento de maior expressão no Brasil no que concerne aos debates acerca das mais variadas temáticas sobre a história e a formação cultural nordestina, realizou nos dias 20 a 23 de julho, mais uma edição de luxo, o Cariri Cangaço Exu-Serrita. Dentre muitos momentos ímpares, emocionantes e de muitos aprendizados, quero destacar alguns; primeiro, a entrega do título " Personalidade eterna do Sertão", homenagem justa, conferida a Luiz Gonzaga do Nascimento e recebida por Joquinha Gonzaga, sobrinho e herdeiro musical de Luiz Gonzaga. 

O Cariri Cangaço chegou a Exu para dá dimensão a obra de Gonzaga, no sentido de sua representatividade, não só na música, mas em toda formação cultural nordestina. Ouvir Gonzaga, ensiná-lo, entendê-lo, conhecê-lo é mais que uma atitude cultural, é uma atitude moral. É um ato de gratidão e reconhecimento ao maior porta-voz da nação nordestina. Luiz Gonzaga levou o Nordeste para os grandes centros do Brasil. Gonzaga serenizou a saudade no peito dos muitos sertanejos que viviam em outras regiões do Brasil. E, sobretudo, Gonzaga apresentou o Nordeste para os nordestinos, nos fez/faz sentir orgulho do que somos.

Luiz Gonzaga do Nascimento, personalidade eterna do sertão, 
a alma mais nordestina e poética. 

Gonzaga foi um gênio no sentido mais amplo da palavra, sua genialidade era sentida não só nos acordes de sua sanfona ou no eco de sua voz, mas no fato de não ter desviado o foco, não ter perdido o eixo ou perdido suas raízes. Gonzaga é, sem sombra de dúvidas, o maior ícone da cultura nordestina. Em Gonzaga, encontramos todos os demais ícones formadores dessa colcha de retalhos maravilhosa e colorida, que é a cultura nordestina e a vivencia sertaneja. Sua representatividade passa por Pe. Cícero, Vaqueiros, Cangaço, Coronel, Caatinga e toda a saga nordestina em sua plenitude. Gonzaga é a síntese poética do sertão. É a nossa zelação mais brilhante, é o vento cantarino que desceu do Araripe e ecoa pelo universo. 

"Eu passaria horas, dias, anos escrevendo sobre Gonzaga, e jamais esgotaria a relação perene de amor, admiração e gratidão que tenho por ele e por sua obra. Cheguei a Exu com o coração emocionado por mais uma vez, pisar no solo sagrado de um dos meus ídolos. Voltei ainda mais encantada e apaixonada por sua obra e por tudo que ele representa. Em sendo assim, recorro ao simples, e, apenas me curvo e o reverencio. Gratidão por tudo que somos enquanto espaço cultural, enquanto expressão de nordestinidade."

Comenda Alcino Alves Costa da SBEC para Juliana Pereira

O segundo momento e não menos importante e emocionante, foi receber das mãos do Presidente da SBEC-Sociedade Brasileira de Estudo do Cangaço, o Prof.Bendito Vasconcelos, a comenda Alcino Alves Costa. Não bastasse a minha relação de amor profundo pelo o nordeste, por Gonzaga e por está em EXU, recebi uma comenda que leva o nome do meu pai espiritual, meu querido amigo, amado e eterno mestre. Só Deus sabe o tamanho que ficou meu coração, só Deus sabe a gratidão e a emoção que senti. 

Eu também não poderia deixar de citar a Missa do Vaqueiro... meu Deus, quão grandes és TU! Não ha palavras para descrever o que sente uma alma sertaneja e apaixonada pelo nordeste, ao presenciar seus heróis encourados, aboiando e cantando uma "Ave Maria Sertaneja"... fui às lágrimas. 

Juliana Pereira no Cariri Cangaço Exu 2017

Por fim, quero render minha sincera gratidão, admiração, respeito e amor fraterno a uma das maiores personalidades, não só do sertão, mas do Nordeste Brasileiro, Manoel Severo Barbosa. Por tudo que tem feito em prol da história e da cultura. Por tudo que tem feito por nós, amantes, pesquisadores, estudiosos, curiosos e demais interessados na preservação do nosso patrimônio imaterial, a nossa Cultura. Severo, um gigante de coração doce, de sensibilidade impar e visão sem fronteiras, sem limites. 

Um sonhador que não sonha só, um realizador generoso. Líder, amigo, mestre, irmão, cúmplice; o timoneiro que nos conduz a viagens fantásticas, a universos incríveis! Embarcamos sempre com a confiança e a certeza de que voltaremos sempre emocionados, felizes, enriquecidos de conhecimentos e agradecidos. Severo, nós te agradecemos por tudo, por ter nos juntado em uma só batida, um só pulsar, uma só emoção. Você merece toda reverencia, todo respeito e admiração. Agradeço a todos os irmãos e confrades que concebe a família Cariri Cangaço!!! Um abraço fraterno em cada um.

Juliana Pereira
Pesquisadora, Conselheira Cariri Cangaço
Quixada, Ceará

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MORTE DO CANGACEIRO MARIANO

Por José Mendes Pereira

Mariano 

Diz o escritor e pesquisador do cangaço Ivanildo Alves da Silveira que o cangaceiro Mariano Laurindo Granja nasceu em 1898, em Afogados da Ingazeira, no Estado de Pernambuco, e faleceu no dia 10 de outubro de 1936, entre os municípios de Porto da Folha e Garuru, sendo esta região conhecida como Cangaleixo.

Era genro do vaqueiro Lé Soares sendo ele companheiro de Rosinha, irmã da cangaceira Adelaide. E segundo a pesquisadora do cangaço Juliana Pereira, a companheira de Mariano, a Rosinha, foi morta a mando de Lampião.

Juliana Pereira

Mariano era um facínora que não gostava de praticar morte quando não achava necessária. Tinha um respeito enorme com o seu chefe Lampião. Tinha habilidade para tocar gaita e dono de uma simpatia. Estava sempre com gestos risonhos.

Dr. Ivanildo Alves da Silveira

Diz ainda o pesquisador Ivanildo da Silveira que Mariano teve um fim doloroso, onde foi baleado e apunhalado várias vezes pelo soldado Severiano, vulgo, Bem-Te-Vi, que segundo ele, estava vingando a morte do pai feita por Mariano.

Zé Rufino e o soldado Bem-Te-vi que matou o cangaceiro Mariano

Assim que o capturou, apoderou-se do punhal, e a sua mão subia e descia furando as carnes do assecla. Apunhalava-o com tanta ira, que quem assistiu, ouviu o ranger da ponta do punhal atravessando as carnes e os nervos da vítima, saindo do outro lado do corpo, fincando-se na terra seca.

Jamais um homem matou com tanta ira um bandido. Os dedos do assecla tentavam afastar dos olhos a pasta de sangue que cobria a sua visão. A cabeleira derramava um líquido formado de suor e sangue. O seu corpo todo era um vermelhão só. O corpo estava totalmente aberto, pelos profundos golpes aplicados pelo o policial. Era a vingança do Bem-Te-Vi.

Zé Rufino apenas assistia a violência de seu comandado, sem dizer uma única palavra. Passado alguns minutos, Zé Rufino disse-lhe: “- Tenha cuidado com a cabeça que eu preciso dela”.

Os dois tinham certeza de que o assecla já havia morrido. Enganaram-se totalmente! Mariano continuava vivo. E num momento, o assecla tentou se levantar do chão, todo coberto por um enorme manto de sangue vivo e escarlate. Era horroroso de se ver o seu estado.

O vingador quando viu o cangaceiro tentando apoiar-se para se levantar, mesmo com o corpo todo aberto pelas punhaladas aplicadas por ele, engatilhou a arma e encostando-a no peito do assassino do seu pai, preparou-se para dar o último tiro de misericórdia.

Foram dados tiros à queima-roupa, perfurando o corpo do bandoleiro, que já era uma verdadeira peneira de britador. Agora sim, o bandido, finalmente chegou ao fim. Sem mais tentativa, findou a vida do chefe de subgrupo de Lampião. Mariano fez muita falta ao bando, pois todos os companheiros gostavam bastante dele. Em fim, foi-se a vida de um querido aliado dos justiceiros injustos.

Até mesmo alguns que não eram cangaceiros, falavam bem do Mariano. Os remanescentes de Lampião disseram que Mariano era um dos que tinha mais humanidade. Afirmaram até que ele era incapaz de uma crueldade desnecessária contra seres humanos.

No meu entender, com tanta humanidade assim, Mariano estava no cangaço, por um respeito a Lampião, já que eram bastantes amigos. Teria sido ele mesmo o autor da morte do pai de Bem-Te-Vi?

Segundo disseram os companheiros aos repórteres: “- Mariano Laurindo Granja foi injustiçado”.

Fonte de Pesquisa:

A terrível morte do cangaceiro Mariano - Ivanildo Alves da Silveira. Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angicos - Alcindo Alves da Costa.

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