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quinta-feira, 14 de maio de 2020

90 ANOS ATRÁS, JEAN MERMOZ DECOLOU DO SENEGAL PARA DOMAR O ATLÂNTICO SUL

Nos dias 12 e 13 de maio de 1930, às 21h, o aviador do lendário Aéropostale completou a primeira travessia aérea comercial para a América do Sul.
O hidroavião Latécoère Croix du Sud a bordo do qual Jean Mermoz (inserido) desapareceu em Dakar, em 7 de dezembro de 1936. AFP
Um tremor final e as cinco toneladas e meia de metal pousam suavemente no Rio Potengi. Nos dias 12 e 13 de maio de 1930, em 9 horas e alguns minutos, Jean Mermoz completou o primeiro cruzamento aéreo comercial do Atlântico Sul, juntando-se às fileiras das figuras lendárias de Aéropostale.
Foi a bordo do hidroavião Laté 28-3, batizado de Conde de la Vaulx, que o aviador, assistido pelo navegador Jean Dabry e pela rádio Léopold Gimié, engoliu os 3.200 quilômetros que separam Saint-Louis do Senegal e Natal (Brasil), com 130 quilos de correspondência a bordo.
Hidroavião Laté 28-3.
Um ex-piloto da força aérea ansioso por aventura, Mermoz ingressou na empresa fundada em 1924 pelo industrial Pierre-Georges Latécoère. Este último estabeleceu ligações aéreas regulares entre França, Espanha, Marrocos e Senegal, que ele sonha em estender para a América do Sul.
Em 1930, Mermoz – apelidado de “o Arcanjo”  já teve várias façanhas em seu crédito pela Aéropostale, como os primeiros voos noturnos entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires e a travessia da perigosa cordilheira dos Andes. Mas entre a África e a América do Sul, o correio continua sendo transportado por barco em quatro dias.

“Um dia e uma noite”

Para grande exasperação dos pilotos, os regulamentos franceses proibiram o sobrevoo comercial do Atlântico por avião, por razões de segurança. Portanto, é necessário transformar o Latécoère 28 em um hidroavião, fornecendo-o flutuadores e motores reforçados.
Mermoz passou na licença de piloto de hidroavião e testou a aeronave decolando e pousando implacavelmente no Etang de Berre (sul da França). Como teste final, quebrou o recorde mundial de duração e distância em um hidroavião de circuito fechado.
Restrição final, a tripulação deve esperar a lua cheia tentar a travessia. “Neste vôo que duraria um dia e uma noite, a noite tinha que ser tão clara quanto o dia”, escreveu Joseph Kessel no livro Mermoz .
Em 12 de maio de 1930, uma grande multidão assistiu à decolagem do pesado hidroavião pintado em vermelho vivo, de uma lagoa no rio Senegal, perto de Saint-Louis. Dois avisos são publicados na rota da aeronave, para guiá-la com seus transmissores ou resgatá-la em caso de queda forçada.
Após várias horas de um voo pacífico, a cerca de 150 metros acima do oceano, o hidroavião encontra as famosas tempestades ao entardecer, uma zona formidável de convergência intertropical dos ventos alísios.

50 metros acima das ondas

“Todo o horizonte era preto, uma espécie de muro gigantesco parecia bloquear nosso caminho “, escreveu Mermoz. No meio desse ciclone, uma espécie de tornado sem vento, estava um calor sufocante. Não podíamos evitar grãos de violência incrível, que emitiam um calor ainda mais forte do que o dos banhos de vapor. De repente, sem que pudéssemos desconfiar de nós, nossa cabine, de frente para trás, foi banhada em água. Nós fomos inundados. “
O piloto foge com seu Latécoère em um corredor enquanto voa 50 metros acima das ondas. A travessia do equador é comemorada com “sanduíche, banana e champanhe”. Na manhã do dia 13, pouco mais de 21 horas após sua partida, Mermoz colocou delicadamente o hidroavião no Rio Potengi, perto de Natal.
Jornal francês noticiando a chegada do aviador Mermoz ao Rio Grande do Norte
A correspondência é transferida para outro dispositivo e segue para o Rio de Janeiro, Montevidéu, Buenos Aires e Santiago do Chile. “Banquetes, discursos, música, bailes e galas”, os três homens são celebrados por duas semanas nas capitais do Brasil, Uruguai e Argentina.
O retorno é mais trabalhoso. Entre 8 de junho e 9 de julho, Mermoz fez 52 tentativas de decolagem, frustradas pelos ventos. Na 53ª, ele finalmente voou. Mas uma falha de petróleo a 900 quilômetros da costa africana o forçou a pousar. O Aviso Phocée recupera a correspondência, resgata a tripulação e tenta rebocar o hidroavião, mas a aeronave afunda.
Como outros “pioneiros do céu” , seus amigos Antoine de Saint-Exupéry e Henri Guillaumet, Mermoz desaparecer no mar.
Em 7 de Dezembro de 1936, em sua 24 ª  travessia do Atlântico Sul, desta vez com o hidroavião Cruz do sul. O rádio cospe “Cupons do motor traseiro direito …” e para. “O acidente, para nós, seria morrer na cama”, disse Mermoz.
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros.
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1918 – APONTAMENTOS DE UM FARMACÊUTICO DO SERTÃO NORDESTINO SOBRE A PANDEMIA DE GRIPE ESPANHOLA


Engana-se quem pensa que a Gripe Espanhola atacou basicamente Natal. Conforme podemos ver na capa da edição do dia 7 de dezembro de 1918 do jornal O Município, de Jardim do Seridó, a peste também o interior potiguar. O artigo descrevendo essa doença nessa comunidade, assinado pelo farmacêutico Heráclio Pires Fernandes, está aqui reproduzido.
Rostand Medeiros – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
O blog TOK DE HISTÓRIA, sempre honrando e primando pela ideia de democratizar a informação histórica, trás para seus seguidores e visitantes uma interessante história envolvendo o farmacêutico Heráclio Pires Fernandes, da cidade potiguar de Jardim do Seridó, e a pandemia de gripe espanhola de 1918.
Na primeira página do jornal local O Município, edição de 7 de dezembro de 1918, utilizando os seus conhecimentos e observações Heráclio Pires apontou as alterações relativas a virulência da doença, mesmo achando que a doença não tinha a “a gravidade que muitos supõem”. Comentou as características e sintomas mais significativos da gripe espanhola, entre estes a alteração na cor e volume da urina dos atingidos. Entre outros apontamentos o farmacêutico jardinense criticou fortemente àqueles que vendiam remédios tidos como milagrosos no sertão e que a prática era antiga, que Heráclio apontou como sendo ainda das “eras do sertão colonial e semisselvagem”.

Na foto vemos os principais templos católicos de Jardim do Seridó. Com suas duas torres temos a Matriz de Nossa Senhora da Conceição e no alto o Santuário do Sagrado Coração de Jesus.
Trago agora esse interessante texto escrito há quase 102 anos e após discorro sobre a figura de Heráclio Pires Fernandes.
O Nosso estado Sanitário
A Influenza Espanhola
Parece querer assumir caráter epidêmico entre nós a terrível que de norte a sul do país faz vítimas diariamente e trás em sobressaltos as populações.
Depois de um primeiro assalto do mal em que foram atingidas algumas pessoas neste município, apenas alguns casos esporádicos e benignos registraram-se até bem pouco tempo; ultimamente, porém, uma recrudescência furiosa da terrível infecção, desta vez com um caráter mais sério, tem feito algumas vítimas entre nós, não sendo pequeno o número de pessoas acamadas em consequência dela. Mesmo assim não a motivos para alarma-se a população, pois, está provado que o mal não tem a gravidade que muitos supõem.

Revista Fon-Fon, 1917.
A gripe ou influenza é uma moléstia infectocontagiosa que vem acompanhada de fenômenos catarrais dos órgãos respiratórios, ou do tubo gastrointestinal; de ordinário, declara-se subitamente, não se podendo demonstrar a existência de um estado de incubação por quaisquer fenômenos subjetivos ou sintomas premonitórios.
A moléstia principia bruscamente, com febre elevada, cefaleia, dores articulares, calafrios, anorexia, prostração, insônia, tosse e perturbações broncas pulmonares ou gastrointestinais, conforme a forma patológica de que é acometido o individuo.
Como preservativo contra a terrível infecção bacilar, a ciência medica não conhece nenhum específico senão as rigorosas medidas de asseio reclamadas pela higiene e as preocupações que esta aconselha em casos de epidemia; uma vez acometido do mal, o doente deverá guardar o leito, observar dieta, alimentando-se de caldos e leite, não se expor as correntes de ar e evitar as bebidas frias, as frutas e as causas de fadiga moral ou física.

No passado chamava muito atenção dos visitantes de Jardim do Seridó, um coqueiral as margens do Rio Seridó.
Geralmente, ao manifestar-se a doença, com a elevação da temperatura, a urina do paciente torna-se logo vermelha e escassa; aqueles que quiserem observar uma boa dieta, não deverão deixar o leito e voltar as suas ocupações habituais antes que a febre tenha caído de todo e que a urina tenha retomado a cor habitual.
Com um bom regime, evita-se a mais perigosa de todas as complicações da influenza, que é a pneumonia bi lombar. Quando a influenza complica-se deste síndroma, a morte, por astenia cardíaca, é a regra em tais casos, pelo que, o célebre professor *luchard (primeira letra ilegível) sentenciou que “o mal é no pulmão e a morte no coração”.
A influenza é moléstia muito sujeita a recaídas pelo, que, é de alta conveniência que na convalescência, mesmo dos casos benignos, os doentes observem alguma cautela e um bom regime tônico, a que se deve chegar progressivamente.

Outro aspecto de Jardim do Seridó, considerada uma bela cidade do sertão potiguar.
A terapêutica medicamentosa da gripe ou influenza é bastante conhecida e limita-se ao emprego dos sudoríficos, antipiréticos, purgativos, antissépticos e diversas medicações que podem ser aplicadas sintomaticamente por pessoa capaz de dirigir o tratamento, evitando-se as doses e as garrafadas nauseabundas dos curandeiros e espertalhões – em sua maioria analfabetos – que vivem a explorar e iludir criminosamente a boa fé dos incautos, como se a medicina deixasse de ser uma ciência maneável somente pelos que a cultivam para ser um artifício bem visto ao alcance de qualquer ignorante ou mestre de bugigangas.
Muitas tem sido as vítimas dessa pratica arraigada em nossos sertões, de se confiar a saúde a um ente querido á inépcia de qualquer intitulado curandeiro, ou mercador de beberagens, para arruinar a saúde do próximo e auxiliar o processo patológico das entidades mórbidas.
Tempo é chegado de ir nosso povo se convencendo de verdades como esta e abandonar os hábitos e práticas esdrúxulas que remontam as eras do sertão colonial e semisselvagem e que não se coadunam com as conquistas da civilização hodierna.
Não vemos razão para o pânico de que muitos estão possuídos ante os pródomos da epidemia; antes aconselhamos nossos patrícios que se revistam da maior calma e procurem observar os concelhos que acima deixamos exarados.          

Heráclito Pires Fernandes
Quem Foi Heráclio Pires Fernandes?
Nasceu em 28 de junho de 1882 na fazenda Apertados, município de Jardim do Seridó, sendo filho de Manoel Heráclio Fernandes e Francisca Pires Fernandes. Seus irmão eram Maria Duquinha (casada com Quirino de Azevedo Maia), Primitiva (gêmea com Duquinha), Hercília, Silvino, Francisco e Isabel (casada com Alcebíades Medeiros).
Muito jovem ficou órfão do pai, mas teve a ajuda do tio, o juiz da cidade Manoel José Fernandes, que o indicou para servir como agente dos Correios e Telégrafos no ano de 1900, onde ficou cinco anos a frente da agência postal de Jardim do Seridó. Também foi proprietário de uma loja de tecidos.
Adorava música e se tornou regente da banda Euterpe Jardinense, uma das mais antigas em atuação no Seridó do Rio Grande do Norte e funcionando até hoje. Tempos depois deixou a banda e a sua terra para estudar em Recife, onde aproveitou para montar uma empresa de representações. No final do ano de 1923 foi diplomado farmacêutico pela Escola de Farmácia de Recife e no retorno a sua cidade abriu a Drogaria Pires, onde procurou atender a muitos jardinenses e seridoenses das cidades e comunidades próximas. 

Revista Fon-Fon, 1918.
Na sua cidade praticou muito a fotografia, chegando a ser representante da empresa americana de materiais fotográficos Kodak. Foi também colaborador da imprensa pernambucana, com uma  coluna no tradicional Jornal do Commércio de Recife, onde assinava como “Pedro Seridó”, e foi um dos fundadores do jornal O Município, junto com Antídio de Azevedo. Fundou o Grêmio Literário e Recreativo Jardinense e foi um dos primeiros proprietários de automóveis do Seridó, quando adquiriu um veiculo da marca Overland.
Casou em 29 de novembro de 1905 com Anísia de Azevedo Pires e do seu casamento gerou quatorze filhos – Manoel Heráclio Pires (comerciante residente em São Paulo), Paulo de Azevedo Pires (funcionário do IAPI – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários), Natalia Pires de Siqueira (esposa do juiz Oscar Homem de Siqueira), Maria Anísia Pires Lemos (casada com Raul Vidal Lemos), Albertino Pires Regalado Costa (casada com o jornalista Cristino Regalado da Costa), Virginia Pires da Cunha (casada com Francisco da Cunha), Heráclio Pires Fernandes Junior (funcionário do Banco do Brasil), Constantino de Azevedo Pires (funcionário autárquico), Georgina de Azevedo Pires, Noêmia (Ziza), Terezinha, Eliomar, Oswaldo e Inês.
Os últimos anos de sua vida passaram a viver em Natal, na Avenida Deodoro, onde faleceu aos 76 anos de idade, as cinco da manhã do sábado, 22 de março de 1958.
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo re pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
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CAMINHANTES DA DEVOÇÃO

*Rangel Alves da Costa

Peregrinos da fé, andantes da fé, caminhantes da fé, a mesma significação para um ato de ardorosa devoção: para cumprir promessa ou pelo simples ato de devoção religiosa, seguir pela estrada até chegar aos pés da santidade devotada.
Em tempos de normalidade, onde pandemia não surja como ameaça à vida e ao viver, as peregrinações se assemelham a imensas procissões que tomam as estradas, as ruas e cidades.
 Seja da região sertaneja ou doutro lugar, pessoas quase não dormem para sair ainda na madrugada e seguir distantes caminhos, passando por distâncias ermas, lugarejos, povoações, cidades, até chegarem perante o altar de devoção.
E logo estarem envoltos às multidões, perante as igrejas, participando de missas, procissões e outros ofícios religiosos. Geralmente são milhares de fiéis no único intuito de demonstrar sua fé e pedir proteção à santidade devocionada.
Desde a saída e pelas estradas, com seus estandartes de fé, seus cantos religiosos, em incansável caminhada, como se as distâncias sequer se revelassem ante a devoção maior. Parecem sempre conduzidos pelo incansável sopro da abnegação religiosa.
Enquanto andejam, debaixo do tempo nublado ou de sol, vão ecoando a sagrada oração:


Ó incomparável Senhora da Conceição Aparecida.
Mãe de meu Deus, Rainha dos Anjos, Advogada dos pecadores,
Refúgio e Consolação dos aflitos e atribulados.
Ó Virgem Santíssima, cheia de poder e bondade,
lançai sobre nós um olhar favorável, para que sejamos socorridos
em todas as necessidades.
Lembrai-vos, clementíssima Mãe Aparecida,
que não se consta que de todos os que têm a vós recorrido,
invocado vosso santíssimo nome e implorado vossa singular proteção,
fosse por vós algum abandonado.
Animado com esta confiança a vós recorro:
tomo-vos de hoje para sempre por minha Mãe, minha protetora,
minha consolação e guia, minha esperança e minha luz na hora da morte.
Assim, pois, Senhora, livrai-me de tudo o que possa ofender-vos
 e a vosso Filho meu Redentor e Senhor Jesus Cristo.
Virgem bendita, preservai este vosso indigno servo,
esta casa e seus habitantes, da peste, fome, guerra, raios,
tempestades e outros perigos e males que nos possam flagelar.
Soberana Senhora, dignai-vos dirigir-nos em todos os negócios espirituais
e temporais; livrai-nos da tentação do demônio, para que,
trilhando o caminho da virtude, pelos merecimentos
da vossa puríssima Virgindade e do preciosíssimo
Sangue de vosso Filho, vos possamos ver, amar e gozar na eterna glória,
por todos os séculos dos séculos. Amém!

Quando mais vão se aproximando da sede municipal de Aparecida, mais sentem que a estrada vai se tomando de uma verdadeira multidão. A partir de então já não são apenas aqueles peregrinos saídos de Poço Redondo, mas de todos os lugares. Milhares de pessoas pela estrada, incansáveis, cantando, orando, levando a imagem da santa, muitas vezes descalços, mas guiados sempre pela fé nos poderes da santa e da própria religiosidade.
Pessoas simples, humildes, uma gente leva no passo e no coração a promessa e de fidelidade e um desejo maior: através da crença e da fé, da devoção e da abnegação, a esperança por dias melhores.

Escritor
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VIRGULINO, O LAMPIÃO E SUA ADMIRAÇÃO PELO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA, DO JUAZAIERO DO NORTE.


Por Veluce Ferraz

Lampião queria excluir suas culpas de seus atos, e como no caso ele não podia mais fugir ás punições que vinham do Estado, pela sua condição de foragido, - pois não praticava mais seus atos criminosos individualmente, organizara-se em comunidade e assim suas atividades religiosas era simbólicas ao mesmo tempo que eram cerimônias cômicas e tristes, de uma religião particular e nisso reside exatamente a diferença do cerimonial neurótico e do obsessivo que vai consistir no verdadeiro ato obsessivo. 


Freud em seus trabalhos, afirma que o que os rituais religiosos podem ser representados em atos obsessivos, que cerimoniais derivam das experiências mais íntimas do paciente, principalmente das sexuais. 


Lampião fazia com que todos os que viviam em seus grupos se penitenciassem rezando, carregando orações coladas no corpo, por ser incapaz de manter o seu mal como particular. 


Uma necessidade que o conduziu até o Juazeiro de Padre Cícero; tentaria eximir-se de suas culpas, algo que jamais conseguiu...


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O ROMÂNTICO DO CANGAÇO.


Por João Filho de Paula Pessoa

Jesuíno Brilhante nascido em Patu-RN em 1844, por questões de brigas de famílias se rebela e vira o “primeiro cangaceiro” em 1871, formando um bando com Pirí, Pajeú, Duó, José, Benício, Delgado, Padre e Manuel de Ló. Jesuíno era caridoso e religioso, proibia seus homens de roubar dos sertanejos e tocar nas moças de família, tendo muito respeito ao sexo feminino, fato que lhe rendeu o apelido de “Cangaceiro Romântico”, saqueava comboios de suprimentos do governo, atacando sempre com cantorias e distribuía os alimentos aos pobres e retirantes, o que resultou numa legião de pobres sertanejos lhe seguindo. Foi morto em 1879 na cidade de São José Do Brejo Do Cruz-PB, após reinar por 8 anos pelos sertões do RN e Paraíba. 

(João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce.) 08/10/2019.


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CABACEIRAS NA ÉPOCA DO CANGAÇO - ANO 1915. OUTROS TEMPOS DO CANGAÇO.



No ano de 1915, os cangaceiros Antão Godê, Serrote e outros voltaram ao município de Cabaceiras da Paraíba, após atacar alguns fazendeiros na região de Campina Grande.Nesse mesmo ano, vários fazendeiros da região foram vítimas de alguns cangaceiros sem regras.

Depois da prisão do cangaceiro Antonio Silvino, alguns cangaceiros liderados por João de Banda, voltaram a atacar no município de Cabaceiras. Nessa ocasião, os cangaceiros extorquiram o fazendeiro Miguel Pereira de Almeida. Mais conhecido na região como Coronel Miguel Peba (ex-prefeito) do município.


Os cangaceiros invadiram a fazenda Charneca de Cabaceiras. Nessa época tendo como proprietário o fazendeiro Coronel Miguel Peba. Dele exigiram uma grande quantia em contos de réis. Em troca de evitar que os cangaceiros lhe desse alguns prejuízos. Nesse dia o coronel não estava com a quantia estipulada pelos bandidos. Nessa época para fazer a quantia que os cangaceiros queriam seria necessário vender uma boiada.

Depois de muitas conversas o Coronel Miguel Peba convenceu os cangaceiros e resolveu entregar uma quantia guardada em sua casa. O dinheiro era uma economia que a sua esposa estava fazendo num baú.


Sem muitas conversas João de Banda e alguns cangaceiros receberam o dinheiro do Coronel Miguel Peba. Mas insatisfeitos com a quantia prometeram voltar. E com ameaças de botar fogo no gado e até na casa de morada. Nesse dia os cangaceiros deixaram a fazenda levando também algumas mercadorias.

Em Cabaceiras na época do cangaço havia grandes fazendas de gados espalhadas por todos os seus distritos. Onde os cangaceiros assaltavam as pessoas e saqueavam as casas dos fazendeiros. E quando eles não encontravam nada do seu interesse, porque nem sempre as pessoas estavam prevenidas, ameaçavam as famílias de mortes e outros crimes.

Segundo as histórias contadas na época pela professora aposentada Severina Gomes, depois da prisão do cangaceiro Antonio Silvino, algumas pessoas tiveram que abandonar suas terras. Os cangaceiros invadiam as propriedades com ameaças de mortes. Nesse tempo, muitas pessoas não tinham condições de se defenderem dos bandidos. Nem podiam apresentar resistência de imediato porque poderiam ser mortas pelos cangaceiros.


Entretanto, depois de muitas ameaças alguns fazendeiros se armaram para se defender. Já que a Justiça era muito demorada. E não chegava a tempo em todos os cantos do município. O povo do lugar sofria todo tipo de ameaça. Os cangaceiros andavam muito bem armados e fora das leis. Eles agiam em grupos num só lema: desafiar um era desafiar a todos.

De acordo com as histórias contadas por Celso Castro, neto do Coronel Miguel Peba, declarou que seu avô já foi membro do antigo Conselho Municipal de Campina Grande. Isto no final da década de 1800. E quando comprou a fazenda Charneca em 1909, se mudou para Cabaceiras. Mas antes disso, conheceu o cangaceiro Antonio Silvino, quando o mesmo visitava suas terras no sitio São Pedro, no município de Campina Grande.


E em 1910, estando já em Cabaceiras, seu avô também teve boas relações com o cangaceiro. Somente em 1915, é que o coronel tratou de se armar para defender sua família. Nessa época o coronel Miguel Peba chegou até mandar um aviso para o cangaceiro João de Banda. Dizendo ele que da próxima vez que o cangaceiro aparecesse na fazenda lhe receberia com balas. Juntamente com a sua corja. Sendo assim, esses cangaceiros não se atreveram em querer mais lhe enfrentar.

Mas, outros cangaceiros liderados por Antão Godê foram invadir as terras do fazendeiro Simão Peba, irmão do Coronel Miguel Peba. Lá os cangaceiros roubaram as pessoas e ainda queimaram a casa e um galpão de algodão. O fazendeiro perdeu tudo que havia armazenado na fazenda. E antes dos cangaceiros fugirem ainda prometeram voltar. Como de fato, dias depois os cangaceiros voltaram a atacar a fazenda Pedra de Fogo.

Neste mesmo ano 1915, da época do cangaço, Antão Godê e alguns cangaceiros (que faziam parte do bando de Antonio Silvino) perseguidos pela policia do Estado do Rio Grande do Norte, se alojaram na região do município de Cabaceiras da Paraíba. E desta vez, de pouso na fazenda Macambira saíram para extorquir outros fazendeiros e exigindo deles quantias absurdas.

As histórias narradas aqui foram baseadas nos depoimentos da Professora Severina Gomes e Celso Castro (neto do Coronel Miguel Peba) Ambas as pessoas hoje em saudosas memórias.


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LAMPIÃO: O REI DO CANGAÇO


Narração: Raoni Rodrigues, neto do Sargento Aniceto Rodrigues.


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A OUTRA FACE DE MORENO E DURVINHA

Acervo do escritor João de Sousa Lima

Saiu o livro de João Souto e quem tiver interesse é só ligar direto pra ele. 

Ligar para: 03132986108046


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O FACÍNORA E SANGUINÁRIO CAPITÃO LAMPIÃO

Por José Mendes Pereira
Afirmam os escritores, pesquisadores e historiadores do cangaço que Lampião foi um dos cangaceiros mais inteligente, e além disso: amado, odiado, perseguido, perseguidor, traído, respeitado e respeitador, adorado por muitos e rejeitado por outros, exigente, vingativo, cruel, corajoso, destemido aos arrufos de qualquer um, respeitava as opiniões dos seus comandados, mas não admitia covardia, Traições de qualquer um, mesmo que fosse feitas pelos seus melhores amigos, pagava imperdoavelmente com a morte, coisa que ele não aceitava ser colocada na sua mesa de bandoleiro.
Viveu quase vinte anos nas caatingas nordestinas. Perseguido pelas forças volantes dos governos, mas mesmo assim, Lampião conseguiu manter o seu desastroso movimento por sete Estados do nordeste brasileiro, os quais foram: Pernambuco, sua terra natal. Paraíba, Alagoas, neste, Lampião resolveu atacar fortemente, protestando contra o assassinato do seu patriarca José Ferreira da Silva. Confira clicando neste link: - http://cariricangaco.blogspot.com/2011/03/o-vingativo-lampiao-porjose-mendes.html. Rio Grande do Norte, que no dia 13 de Junho de 1927, foi escorraçado de Mossoró, uma das maiores decepções que o rei Lampião passou, além dos Estados Ceará e Bahia. Este último ele viveu a sua segunda fase de bandoleiro. Mas o seu último coito foi armado na Grota do Angico, no Estado de Sergipe, onde lá foi tocaiado e morto juntamente com 9 comparsas e sua rainha Maria Bonita.
Nos anos trinta, do século XX, Lampião resolveu colocar em seu bando uma senhora, Maria Gomes de Oliveira, que no bando ficou conhecida como dona Maria quando falavam diretamente a ela, e ou dona Maria do capitão, esse último era quando falavam nela. Ela nasceu no dia 8 de Março de 1911 (existe uma outra data) em uma minúscula fazenda em Santa Brígida, no Estado da Bahia.
Era filha do sofrido casal José Gomes de Oliveira mais conhecido como Zé Felipe e Maria Joaquina da Conceição Oliveira, tendo como irmãos: Benedita, Antonia, Amália (não confundir com Anália que era irmã de Lampião), Joana, Olindina, Francisca, José, Arlindo, Ananias, Isaías Ozéas todos sendo Gomes de Oliveira.
Aos 15 anos de idade, Maria Bonita resolveu se casar, tendo como marido, o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Nené, que não levando sorte, durante o tempo em que viveram juntos, a sua vida foi infernizada pelo desastroso casamento, quando o sapateiro não a valorizava, e com isso, as brigas eram constantes no lar.
Apesar de ser cangaceiro os pais de Maria Bonita tinham admiração por Virgulino Ferreira da Silva. Mas o historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros diz em seu texto com o título: "FAMILIARES NARRAM A IMPRENSA SOBRE A MARIA DO CAPITÃO LAMPIÃO" que não era bem assim. Conferir clicando neste linK: https://tokdehistoria.com.br/2012/03/09/familiares-narram-a-imprensa-sobre-a-maria-do-capitao-lampiao/.
Diz ele: "O pai de Maria Bonita comentou que ficou arruinado com a união de Maria e o “Rei do Cangaço”. Ele afirmou ao jornalista do jornal "O Periódico" que em consequência daquela união passou oito anos andando pelo norte do país, verdadeiramente como um “cão escorraçado e sem sossego”.
Poderá ter havido algum alcovito através da dona Maria Joaquina da Conceição ou ainda alcovitado pelos irmãos de Maria Bonita. Mas por parte do seu José Felipe está descartada esta possibilidade de ter admiração pelo capitão Lampião, segundo ele mesmo disse ao jornal.
O que sentiu Lampião por Maria Bonita foi sem dúvida, o tipo físico de mulher brasileira, olhos e cabelos castanhos que fazia com que muitos a desejassem, por ser considerada uma mulher interessante. A atração foi recíproca entre os dois que posteriormente Lampião a convidou para fazer parte do seu respeitado bando.
Após a entrada de Maria Bonita na empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia muitos asseclas levaram as suas amadas para as caatingas, como o cangaceiro Corisco que raptou uma jovem de 13 anos (mas existem registros que afirmam que Dadá não foi raptda, foi por espontânea vontade), para acompanhá-lo na mais perigosa vida, que é a de viver em correria dentro das matas, quando eram perseguidos pelas volantes.
Mas mesmo usando o seu malabarismo finalmente na madrugada de 28 de Julho de 1938, Lampião e mais dez cangaceiros foram executados pelas forças volantes comandadas pelo tenente João Bezerra da Silva, e entre eles, estava a sua rainha Maria Bonita.
A cangaceira Dadá disse em entrevista que Lampião havia chegado a sua hora. Outros dizem que Lampião foi envenenado. Ainda dizem que Lampião não morreu ali na Grota do Angico, havia fugido do cervo com planejamento antes do ocorrido. Outros afirmam que a morte do rei e da rainha aconteceu devido um bom cerco policial que o seu matador havia preparado. O certo é que o compadre Lampião chegou ao fim. Ninguém se esconde por muito tempo de ninguém. Um dia chegará a sua vez de ser visto ou morto.
Leitor amigo, desculpa-me por não ter ficado organizado o texto no blog. Parece que está com algum defeito, ficando a foto e os parágrafos fora do padrão. Entenda, por obséquio.
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