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domingo, 29 de julho de 2018

HÁ OITENTA ANOS CHEGAVA AO FIM O REINADO CANGACEIRO DE VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA "LAMPIÃO".

PROGRAMA PANORAMA DA TV CULTURA.

Debater o tema cangaço já não é tarefa das mais fáceis e em TV aberta apresentada em rede nacional e internacional a responsabilidade é ainda maior.

Uma experiência sensacional que Deus e o trabalho sobre o cangaço que venho desempenhando através dos anos me proporcionaram e que apesar do tempo escasso para debater o assunto foi de extrema importância para a divulgação e a preservação da Cultura e História do nosso querido e amado Sertão. A história do cangaço, embora sangrenta, representa a garra e a determinação de todo um povo de uma região e simboliza a luta do nordestino contra as adversidades que tem lhes sido impostas tanto pelos poderes constituídos, quanto pelas intempéries climáticas e demais condições desfavoráveis a que foram e continuam sendo submetidos.

Que o dia vinte e oito de julho de dois mil e dezoito, data em que se completa oitenta anos da morte de Lampião, Maria Bonita, nove cangaceiros e um soldado pertencente a Força Policial Volante alagoana, seja um dia para refletirmos e analisarmos as razões pelas quais tantas pessoas comuns decidiram abandonar vidas simples e pacatas para seguir por um caminho muitas vezes sem volta, trilhar por veredas sangrentas e incertas rumo ao desconhecido e a um futuro improvável. Que as atrocidades que foram cometidas no passado pelos dois lados da peleja (Cangaceiros e Volantes) do Cangaço sirvam como exemplo para que tais fatos jamais venham a se repetir no futuro.

Finalizando eu quero agradecer ao meu amigo Pedro Paulo Fernandes (TV Cultura) que proporcionou a minha participação no aludido programa (Panorama - TV Cultura) que é apresentado pela simpática e competente Jornalista Andresa Boni e a produtora Tatiana Bertoni Celestino que muito se empenhou para o sucesso do programa e a toda a equipe de produção do Programa Panorama.

Ao Professor e Jornalista Artur Aymoré, autor do livro "O outro olho de Lampião", deixo o meu agradecimento, respeito e admiração pelo trabalho desenvolvido sobre o cangaço e por toda sua trajetória perante o jornalismo nacional.

Meus sinceros agradecimentos.

Geraldo Antônio De Souza Júnior

Escritor e Jornalista Artur Aymoré (Direita), Jornalista e Apresentadora Andresa Boni 
(TV Cultura) e Geraldo Antônio de Souza Júnior (Pesquisador). 


Durante a gravação do Programa Panorama.






























Com o amigo "cangaceirologo" Pedro Paulo Fernandes (TV Cultura)

Com o amigo "cangaceirologo" Pedro Paulo Fernandes (TV Cultura)

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Direita), Tatiana Bertoni Celestino e Pedro Paulo Fernandes, ambos da TV Cultura.  

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Direita), Tatiana Bertoni Celestino e Pedro Paulo Fernandes, ambos da TV Cultura.  

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Direita), Tatiana Bertoni Celestino e Pedro Paulo Fernandes, ambos da TV Cultura.  

Com o estimado amigo Pedro Paulo Fernandes encerro essa matéria. Grato.

https://cangacologia.blogspot.com/2018/07/missao-cumprida.html

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GARRAS DA NOITE

*Rangel Alves da Costa

No alto da montanha, o grito, o uivo, o brado em meio à noturna escuridão. No alto da noite, o mesmo grito, o mesmo uivo, o mesmo brado na noturna e soturna escuridão. Lobos e homens vivem seus instantes, seus dramas, suas angústias, suas saudades suas aflições.
E assim por que a noite do lobo é também a noite do homem. Não de todo lobo. Não de todo homem. No animal ou na pessoa há de existir todo um contexto propício para se reconhecer dentro da noite do lobo. E na noite do lobo sempre a solidão, a angústia, o sofrimento, a saudade, a mais triste desolação.
Os lobos são animais noturnos. Até se torna fácil imaginá-los por cima dos montes, com a cabeça voltada pra lua, seus dentes afiados sobressaindo e os uivos, os longos e tristes uivos sendo ecoados. Mas por que os lobos uivam tanto e sempre procuram lugares bem altos, geralmente rochedos e montanhas, para expressar sua solidão? Não seriam de tristeza, aflição, angústia, desespero, dor do abandono, os uivos dos lobos?
Dizem que os lobos uivam para espantar as dores, angústias e aflições aprisionadas dentro do peito, para se fazer ecoar nas sombras da noite, para gritar seus lamentos nas montanhas enluaradas. Mas dizem também que os gemidos altos e estridentes nada mais são do que o mais angustiante e doloroso brado de um coração que não mais tem por quem clamar.
Mas outros, talvez pretendendo negar o poder sentimental dos lobos, dizem apenas que o uivo é o meio através do qual eles mantêm contato entre si. Contudo, não negam que esses sons, muitas vezes assustadores aos ouvidos humanos, são emitidos para manifestar os mais diversos sentimentos. Daí reconhecerem que os lobos possuem outras motivações nos seus lamentos. Ressentem-se das saudades e relembranças, mas a principal delas é mesmo a necessidade de gritar contra as agruras do mundo.
O uivo gritante dos lobos contra as asperezas da realidade ecoa com feições de revolta, de indignação, de enraivecimento, repulsa, ira, enojamento, fúria, insurreição, insurgência; enfim, tudo aquilo que possa se resumir numa única sentença moral: Não aceitar a realidade como ela está sendo, impiedosamente, imposta. Então o lobo faz de seu grito um brado dizendo não, uma forma de negar o seu contentamento com a realidade.


Diante do que foi dito acerca dos lobos selvagens e seus uivos, urge perguntar: Por que tantas pessoas sobem nas montanhas, em noites do mais cortante entristecimento? Por que parece se ouvir gritos, ruídos, lamentos, chamados aflitos, verdadeiros uivos de lobos solitários? Por que parece que faces se voltam pra lua e corpos de braços abertos querem encontrar significados para suas noites, seus instantes de solidão, suas vidas solitárias?
Não possuem caninos afiados, não assustam, não são apavorantes como os lobisomens nem selvagens quanto os lobos, mas verdadeiras matilhas vagam pelos ares da noite procurando aquilo que não conseguiram encontrar durante o dia. O dia inteiro na esperança de uma lembrança ao anoitecer, um telefonema, um encontro marcado, um toque na porta e nada.
Ora, pessoas tão normais, tão alegres, fagueiras, parecendo sempre felizes e contentes e basta se aproximar o anoitecer e vão se transformando totalmente. Mas também todo mundo sabe que as angústias, as dores da solidão e outros sentimentos não andam tão visíveis assim pelos rostos.
Talvez seja por isso que todas as feições exteriores de determinadas pessoas, inclusive suas roupas, seus pertences e seus luxos nada mais são do que falsas couraças encobrindo ou tentando esconder verdadeiros lobos que não veem a hora da noite chegar, a lua descer suas cores de abandono, para subirem nas suas montanhas para os uivos de sempre.
Talvez nem fechem bem as portas atrás de si para se transformarem em lobos. Ali à frente, logo ao primeiro olhar, na montanha mais alta do quarto, da sala ou da varanda, estará sempre a lua repousando sobre a fotografia, sobre a carta esquecida em cima da escrivaninha, sobre os restos de um amor que nunca foi esquecido. E então vão surgindo os uivos, os tristes uivos de lobos tão solitários.
E as matilhas vão vivendo os seus dilemas, buscando suas explicações, como se aqueles uivos molhados de uísque, cheios de fumo dos cigarros, molhados pelos lenços que se espalham ao redor, fossem trazer respostas.
Nunca trazem porque as montanhas sempre estarão no mesmo lugar à espera de seus lobos e estes animais indomáveis parecem não querer conhecer outras paisagens que transformem seus gritos em leves cantos nem passear pelos trigais que tão belamente brilham ao anoitecer.
Noites assim, de lobos e homens, de uivos e gritos. Enquanto a lua brilha ou se esconde por trás das nuvens, as vastidões distantes e os quartos fechados ouvem e sentem suas presenças. Quase um lancinante miado agourento de gato em cima do telhado, mas apenas o lobo na sua noturna dor.

Escritor
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A FERRO E FOGO 80 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO E MARIA BONITA

por Fernando Maia - Repórter

Um Nordeste miserável, assolado por secas intermitentes, abandonado pelo poder público e entregue ao jugo dos coronéis da política foi cenário fácil para o surgimento do cangaço, movimento de banditismo que teve seu auge nas décadas de 20 e 30 do século passado, sob o comando de Lampião, que entrou para a clandestinidade empurrado por uma desavença familiar. Uma rixa com seu amigo de infância e desafeto a partir da adolescência, Zé Saturnino, em Serra Talhada (PE), desencadeou um dos mais sangrentos capítulos da história brasileira.

Com o agravamento da rivalidade, a família de Virgulino deixou suas terras e se mudou para Alagoas. Mas a perseguição não acabou. Por influência política, Zé Saturnino acionou seus contatos em Alagoas. Zé Lucena, chefe de Polícia foi até a moradia dos Ferreira e acabou matando o pai de Virgulino. O episódio foi o estopim para Lampião entrar no cangaço em busca de vingança, pelo grupo do Sinhô Pereira que, dois anos depois, deixou a vida de cangaceiro e entregou a chefia do bando ao filho de José Ferreira, que assumiu as rédeas da organização belicosa.

A versão mais plausível para a morte do Rei do Cangaço, numa Grota em Angico, no Município de Poço Redondo (SE), em 28 de julho de 1938, aponta que o coiteiro Pedro de Cândido, que morava abaixo de Piranhas (AL), foi comprar mantimentos a um comerciante chamado Joca Bernardes. Entre as mercadorias adquiridas, pegou oito quilos de queijo. A expressiva quantidade levantou a suspeita de Joca. Ele sugeriu ao sargento Aniceto que interrogasse Pedro de Cândido, que ele forneceria o paradeiro do cangaceiro mais procurado do País. Os métodos de intimidação (ameaça de morte e tortura) usados no interrogatório surtiram efeito. Pedro revelou a localização do Rei do Cangaço.



De imediato, o sargento Aniceto passou um telegrama para o tenente João Bezerra, usando a expressão "tem boi no pasto". O tenente entendeu o recado e rapidamente organizou uma volante que saiu sob o seu comando de Delmiro Gouveia (AL) de caminhão. Três volantes, com 50 policiais, atuaram na chamada batalha de Angicos. As de Aniceto e João Bezerra e a comandada pelo soldado Ferreira. Dos 35 cangaceiros que estavam no local, 11 foram mortos e decapitados; e 24 conseguiram fugir.

Herói/bandido

Além dos 80 anos de morte, completa Lampião 120 de nascimento. Há divergências sobre a data, mas a mais provável é 4 de junho de 1898, indicada no batistério da Diocese de Floresta (PE). As ações de Lampião pela Caatinga são repletas de controvérsias. Para uns, o bandoleiro era herói, um justiceiro social que buscou uma sociedade mais equânime, igualitária; para seus desafetos e algozes, não passou de um assassino frio, calculista e impiedoso. Independentemente dessa querela, é fato que o homem que saqueou o Nordeste devolve hoje com juros tudo aquilo que surrupiou de suas vítimas.

 Seu legado pelos sertões do Nordeste, em particular, Pernambuco, Bahia e Alagoas é impressionante. O turismo, a gastronomia, as artes, incluindo a música, a dança, o teatro, a literatura, vários museus e trilhas por onde passou são a prova da influência viva de Lampião, Maria Bonita e sua entourage. A reportagem refez a trajetória de Virgulino pelos sete estados nordestinos onde atuou com desenvoltura - Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia - para mostrar como as gerações pós-cangaço aproveitaram esse legado.

 

Publicado originalmente no Site do Jornal Diário do Nordeste

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80 ANOS DEPOIS O CANGAÇO NA LITERATURA ESPECIAL



Muitas teorias foram descritas sobre o que ocorreu naquele 28 de julho de 1938. Nós do Cangaço na Literatura orgulhosamente apresentamos nosso ponto de vista. Compartilhem e valorizem nossa cultura!. Agradecemos ao Gutemberg Barros por emprestar a voz ao Lampião; ao José Roberto por resgatar o traço clássico da literatura em seus desenhos e ao Leonardo que nem sabia que a Xilo que encomendei seria para este trabalho.

Abraço a todos, Robério Santos



Vasculhe o canal de Robério Santos

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QUADRAGÉSIMO VÍDEO CANGAÇO - CANDEEIRO


Por Aderbal Nogueira

QUADRAGÉSIMO VÍDEO CANGAÇO - véspera da morte de Lampião é hoje dia 27 de julho. Segundo Candeeiro e Vinte e Cinco, Lampião disse aos homens que queria sair por uns tempos do nordeste, ele sabia que o cerco tava se fechando e da mesma forma que anos antes cruzou o São Francisco para fugir das fortes perseguições, aquela era a hora de atuar em novas terras; coisa de estrategista nato que ele era.


https://www.youtube.com/watch?v=GyPt7mkOGEg&feature=share

Publicado em 28 de fev de 2011

Um dos últimos cangaceiros vivos, que estava presente no dia da morte de Lampião.

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A MAIS VERDADEIRA E COMPLETA HISTÓRIA DO CASTELINHO DA RUA APA


Postado por Oscar Mendes Filho - no dia 30 de maio de 2018

Depois da lenda do Rougarou na última semana…

Existem muitos lugares na cidade de São Paulo que merecem ser mencionados quando se trata de locais assombrados e essa certamente não é a primeira matéria sobre o já famoso Castelo da Rua Apa. 

Mas por que então escrever sobre ele? 

Porque o texto a seguir é fruto das pesquisas que realizei para criar o livro Sombras do Castelo, que retrata um causo que me foi contado por meu tio, hoje já falecido, que dizia ser verdadeiro. 

Realizei a pesquisa para poder entender o que aconteceu no local e, assim, retratar com maior riqueza de detalhes essa história que me foi contada. 

Capa – Sombras do Castelo

Vamos então entender um pouco do que ocorreu no castelo.  

A História do Crime:

No dia 23 de julho de 1988 faleceu Maria Cândida Cunha Bueno a dona Baby, última pessoa a falar abertamente sobre o fatídico acontecimento ocorrido na Rua Apa nº 236, esquina com a Avenida São João, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, local onde ainda hoje está localizado o famoso Castelo da Rua Apa.

http://www.fiamfaam.br/momento/?pg=leitura&id=351&cat=1

Dias antes de sua partida ainda era possível vê-la, mesmo já com 97 anos, homenageando a memória do seu namorado, Álvaro, que para a polícia foi o autor do crime ocorrido naquele local, em 12 de maio de 1937, batizado pela imprensa como “O Crime do Castelinho da Rua Apa”.  

Mas a primeira pessoa a tomar ciência do crime foi Elza Lengfelder, cozinheira da rica família dona do castelinho, que morava em um anexo da residência junto com seu marido Rodolpho e outra empregada, de nome Maria Aparecida Martins (que não se encontravam no local na fatídica noite). Elza, ao ouvir tiros no interior da grandiosa residência, saiu às ruas para chamar um policial. Este, ao entrar no castelinho, viu os corpos dos irmãos Álvaro e Armando, e da mãe, Maria Cândida estendidos entre o escritório e a sala.  


Por serem pessoas muito importantes na cidade, no dia seguinte o caso ganhava as manchetes dos jornais, já sob o título pelo qual ainda hoje é conhecido.  

Mas quem eram essas pessoas cuja morte atraiu tanto a atenção da imprensa?  

Maria Cândida dos Reis (a primeira à esquerda), o pai (ao volante do automóvel), Armando (sem camisa, sentado no estribo do carro) e, ao lado dele, Álvaro (com trajes de banho e encostado no pára-lama).

Álvaro de 45 anos, era advogado e esportista e vivia cercado sempre de belas mulheres, o que hoje costumamos chamar de “playboy”. Já com um perfil mais discreto o irmão, Armando César dos Reis, também advogado, tinha 43 anos.  

Maria Cândida Guimarães dos Reis, então com 73 anos, era uma senhora dedicada à prática religiosa e viúva do médico Virgílio César dos Reis, que faleceu em 1934, três anos antes do crime, ao contrário do que se publica por aí.  

Após uma viagem feita à Europa, Álvaro estava empolgado com alguns novos e arriscados projetos, com os quais o irmão Armando não concordava e o assunto provocara o desentendimento entre eles, que segundo a polícia, culminou com o famoso crime. 

O curioso é que nenhum dos irmãos morava no castelinho, ali funcionava apenas o escritório de advocacia da família e, na noite do crime, Álvaro estava na casa de sua namorada, dona Baby. Ele fora até o local após receber um telefonema informando que havia um problema que tinha que ser solucionado urgentemente. O autor desse telefonema permanece um mistério até hoje.


Ali Álvaro encontraria a morte. Perto dos corpos, dispostos paralelamente, inclusive com Armando de olhos abertos, foi encontrada uma pistola alemã Mauser, calibre 9mm, registrada em nome de Álvaro, o que só veio a reforçar a hipótese da polícia.

Havia, entretanto, circunstâncias que atrapalhavam a tese das autoridades: Álvaro fora morto com dois tiros, fato bastante incomum em casos de suicídio, e mais, o calibre das balas encontradas nos corpos eram diferentes, sendo que a segunda arma, uma Magnum Parabellum, jamais foi encontrada.  

Com as investigações posteriores foram descobertas promissórias assinadas por Álvaro que o deixariam em situação financeira bastante delicada, mais um fato que levou a polícia, após um ano, a dar por concluído o caso, apontando-o definitivamente como o autor dos disparos.  

Descobriu-se, ainda posteriormente, que tais promissórias haviam sido adulteradas pelos credores, que lhes teriam acrescentado um zero para aumentar-lhes o valor, mas misteriosamente esses “sócios” de Álvaro jamais foram identificados.  

Os institutos que periciavam o caso tinham grandes divergências quanto às conclusões apresentadas, ainda quando se deu o arquivamento do caso, de forma que o que realmente aconteceu naquela noite no Castelinho da Rua Apa permanece como sendo um mistério até hoje.  


No intuito de preservar a imagem de Álvaro, amigos encarregaram-se de apresentar uma versão mais amena para os fatos: a de que ele apenas empunhara a arma, talvez, sem mesmo pretender usá-la contra Armando e que a mãe, apavorada, ao tentar separar os filhos, fizera-o acionar o gatilho, provocando também sua própria morte. Diante do acontecido Álvaro não teria cogitado outra alternativa, senão o suicídio.   

Para dona Baby, nenhuma das duas hipóteses eram verdadeiras. Ela tinha certeza de que Armando era o verdadeiro vilão da história e morreu defendendo a inocência do seu amado Álvaro.

O castelinho começou a ser construído por arquitetos franceses em 1912 a pedido do Sr. Virgílio e ficou pronto em 1917 sendo um presente do marido à esposa, Sra. Maria Cândida.
  
Até a data do terrível acontecimento a vida no local era normal, no entanto, após o ocorrido, várias pessoas passaram a relatar que ele apresentava fenômenos inexplicáveis. 

Um ano após o crime e o caso ser dado por encerrado foi realizado um leilão de todos os móveis da casa e a construção ficou para o Departamento do Patrimônio da União até 1951, quando a Receita Federal o ocupou, visto que na época parentes colaterais, como sobrinhos e primos, não tinham direito de receber heranças. 

Chegando à década de oitenta o castelinho ficou abandonado, transformando-se em um depósito de sucatas e ferro velho. Jornais de 1988 anunciavam o abandono do local e o filme “Fogo e Paixão” com Fernanda Montenegro, foi o último “momento de glória” da edificação. 

Maria Eulina dos Reis, na época uma moradora de rua e sonhadora, dizia: “Um dia esse castelinho vai ser meu” e vendo todo aquele prédio sendo destruído pelo tempo e esquecido pelas autoridades, começou a lutar pelo imóvel. 


No ano de 1990 ela decidiu entrar com processo de tombamento e pedido de restauração e em 1997 conseguiu o que tanto sonhava. O prédio continuava pertencendo à União, mas foi cedido a ela para que utilizasse o espaço, concretizando o seu sonho de ajudar moradores de rua continuar lutando para a reforma do seu tão sonhado castelo. Apenas em 2004 o castelinho foi tombado, mas pelas péssimas condições em que ele estava, foi comprado um imóvel ao lado do castelinho para que Maria Eulina pudesse dar vida ao seu projeto: o “Clube de Mães do Brasil”, que conta com a ajuda de empresas voluntárias.  

Maria Cândida dos Reis (a primeira à esquerda), o pai (ao volante do automóvel), Armando (sem camisa, sentado no estribo do carro) e, ao lado dele, Álvaro (com trajes de banho e encostado no pára-lama).

Desde o fatídico episódio todos os que se atreveram a passar a noite no castelinho relataram ter presenciado fenômenos assustadores. 
  
Presença Paranormal: 

O comediante Ankito (considerado um dos cinco maiores nomes das chanchadas) morou no castelinho em 1944 e relatou que era comum à noite ouvir pessoas andando nas escadas, as portas e janelas se abrirem e ao amanhecer encontrar as torneiras abertas. Ainda assim era um apaixonado pelo local e dizia não sentir medo diante de tais fenômenos. Logo após sua mudança outra família morou no castelinho por cerca de vinte anos, e também relatava a vizinhos o fato de escutarem passos e muitos barulhos misteriosos, sem que esses fenômenos os impedissem de permanecer no local. 

Maria Eulina (Fundadora do Clube de Mães do Brasil) também relatou ter presenciado eventos sobrenaturais, como a presença de um rapaz dentro do castelinho, além de sentir que o lugar possui uma energia negativa, que inclusive a impede de conseguir interessados em restaurá-lo.

Maria Eulina estranhamente não fala mais sobre o assunto hoje em dia.
Essa dificuldade em que se consiga restaurar a edificação poderia ser obra dos atormentados espíritos que insistem em permanecer no local? Difícil dizer.

José Mojica Marins (o famoso Zé do Caixão) ao filmar nas dependências do castelinho sofreu um princípio de acidente, o que levou os bombeiros a derrubarem todo o assoalho do andar superior da construção. 
  
Teria o temível Zé do Caixão sido vítima dos espíritos que ali se encontram? 

Pessoas que, durante a madrugada, atravessam defronte ao castelinho relatam ouvir choros e sons como os de correntes sendo arrastadas vindos do interior da construção. 
  
Até que ponto esses relatos podem ser verdadeiros?  

O relato que deu origem ao meu livro, Sombras do Castelo, nunca foi mencionado anteriormente em reportagens, provavelmente por seu protagonista já ser falecido e, quando vivo, não possuir qualquer vínculo com o local e morar em uma distante cidade no interior do Estado.

Se o Castelinho da Rua Apa já lhe imprime sensações ruins, acredite: ao conhecer o relato contido no livro seu temor aumentará ainda mais.

Há quem diga que o ato tresloucado de Álvaro tenha sido consequência de tormentos impostos por criaturas malignas que por ali permeiam, principalmente em virtude de o castelinho se encontrar em uma encruzilhada. Sim, há a possibilidade de Álvaro ter matado sua mãe e seu irmão, e em seguida se suicidado, devido à entidades obsessoras.

Mas seria mesmo Álvaro o autor das mortes? Se não foi ele, quem foi?

Seriam todos esses fenômenos relatados recentemente obra dos espíritos da família que ainda hoje permanecem ali encarcerados? Estariam eles ainda em busca da solução para o crime que lhes arrancou a vida?

Ainda hoje ninguém sabe, ou ao menos não deseja dizer, o que aconteceu na noite de 12 de maio de 1937 e a versão oficial aponta como sendo Álvaro o autor das mortes, ainda que diante de muitos fatos que colocam em xeque essa versão.

De qualquer forma o castelinho ainda resiste, entregue aos seus fantasmas e às suas lembranças, guardando em seu interior os mistérios que fazem dele um dos lugares mais assombrados da cidade de São Paulo. 

Arquivo do Horror, toda quarta-feira, às 20h, no BDI.
@oscarmendesf / Site oficial do autor
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