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domingo, 1 de dezembro de 2019

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:

frapelima@bol.com.br

Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.

http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

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SUA FOTO É PRECIOSA

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.224
CAIXA D'GUA NO SÍTIO. (FOTO: JEAN SOUZA).

1.    Sua foto pode ser com máquina fotográfica, celular e outros meios. Comum ou diferente, chamada artística.
2.    Você pode separar as melhores, fazer um álbum para exibir às visitas, expor na casa de amigos, nas praças ou em repartições públicas. Dê nome a cada uma delas. Coloque data de captura. (Às vezes dá prêmio).
3.    Ao publicar na Internet, não deixe sua foto sem mãe nem pai. Cada foto tem sua história. Resuma a história da foto, identificando-a. Um prédio, uma praça ao fundo, pode fazer muita diferença para quem pesquisa e vai precisar daquele detalhe esquecido por você.
4.    Procure fotografar com nitidez. De oito as dez e as dezesseis, são horas melhores para fotografar natureza.
5.    Caso você seja profissional faça sua galeria, coloque preço e advertência sobre direitos autorais.
6.    Em minha opinião, ao ser publicada uma foto, deixe que o mundo a use sem problemas, solicitando apenas colocar o crédito. Faça o mesmo com as fotos alheias. Se você canta em público, diga sempre quem é o compositor da música que você vai cantar. Assim deve ser o uso da foto de outrem.
7.     Qualquer tipo de fotografia pode ser aproveitado por um pesquisador para ilustrar os seus trabalhos, até mesmo a sua própria imagem.
8.    Por fim, um exemplo em nossa ilustração de hoje. Foto do site “Sertão na Hora”, sobre a colocação de caixa d’água no sítio Olho d’Água do Amaro, em Santana do Ipanema. Veja a nitidez, calcule a hora em que ela foi tirada, repare nos arredores da figura central. Autor: Jean Souza. Pode-se dizer: bela foto. Não interessa se o tema lhe agrada ou não.
Esperamos ter contribuído com alguma coisa.


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CRIMES TERRÍVEIS DE LAMPIÃO


Por Sálvio Siqueira

Os trabalhos literários, a maioria, daqueles escritores com responsabilidade nos trazem as vítimas, os criminosos e seus crimes.

Porém, havia ‘aqueles’ crimes que o pernambucano fazia questão de que se espalhasse a notícia.

Quando sabia, ou desconfiava, que alguém, algum morador de determinada região, falava com os volantes noticiando da sua passagem, cometia, normalmente, um crime bárbaro para ‘servir’ de exemplo. Com isso uma das suas maiores ‘armas’ era usada e com perfeição, o medo.

Muito das pessoas que sabem de ouvir falar de um causo, um conto, uma bem feitoria feita pelo chefe cangaceiro filho de Vila Bela, na verdade não tem o devido aprofundamento de como agia, por que agia e qual a finalidade de seu agir.

Um dos fatos que levaram as ‘estórias’, fantasias do “Rei dos cangaceiros” adiante, foi, infelizmente, a poesia de cordel, além do imaginário popular.

Nosso amigo, Geraldo Júnior, que a muita pesquisa sobre o tema, resolveu colher, coletar as informações de alguns crimes praticados por Lampião, narrados e descritos por renomados pesquisados e coloca-los em vídeos numa sequência em capítulos que, para mim, passam a ser documentários pela firmeza, fundamento e registros dos fatos.

Sempre esperei, e acredito que muitos que como eu estudo o tema também esperaram, um trabalho com essa determinação.

No vídeo de parte 1 veremos vários crimes, horríveis, cometidos por Lampião e sua caterva.

São narrados e contados os crimes sobre as vítimas:

Ana ou Joana do Facão e seu esposo – Pesquisador e escritor Rubens Antonio.

A morte do tenente Geminiano – Pesquisador e escritor Luiz Ruben F. A. Bonfim

O Martírio de Manoel Salinas – Moacir Assunção – Jornalista e escritor. Adendo: O pesquisador e jornalista não o apresenta totalmente, pois, antes de desferir o tiro fatal em seu filho mais velho e depois o de misericórdia no próprio Salinas, Lampião mandava amarrar um dos outros filhos ao pai. Depois disparava a pistola atirando na cabeça do filho que caia, levando o pai ao chão. E assim foram dois filhos que foram assassinados. Um, que foi mando destelhar o casa de farinha, consegue saltar por trás da casa e numa tremenda correria retorna a Jeremoabo afim de pedir socorro. Sé que, o ‘socorro’ quando chega é tarde demais.

A morte de Olímpio Jurubeba – Mabel Cristina Nogueira Sousa
A morte da família do jovem Medidon - Sandro Leite Cavalcanti



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SANTANA: REVELAÇÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
                                                          Crônica: 2.223
    
       Temos inúmeras revelações para Santana do Ipanema, sobre Geografia, Sociologia e História da zona rural. Isso é coisa, porém, para mais adiante. Inclusive, uma revelação bombástica na Geografia do município e sertaneja, verdadeiro furo jornalístico. Mas, vamos a de hoje. O riacho João Gomes tem, grosso modo, entre nove e doze quilômetros. Escorre dentro do município na zona rural. Seu curso superior passa pelas faldas sul da serra Aguda onde se pretende erguer a estátua sacra mais alta do mundo e margeia uma reserva particular de caatinga.  O curso médio passa próximo a uma segunda reserva particular e corta a AL-130. Pertinho, será adaptado um matadouro de pequeno porte para o abate de bovinos. Ao cortar a AL penetra na terceira reserva que pertence ao governo. No curso inferior será construída a prometida gigantesca barragem.
Serra Aguda abrigará a maior estátua sacra do mundo (Foto: B. Chagas).
Mas por que o riacho se chama João Gomes, a muitas e muitas gerações? Será que se refere a antigo morador das suas margens? Nunca se ouviu dizer que alguém saiba o motivo. Pois bem, vamos à revelação. João Gomes se refere a uma planta conhecida no sertão como “beldroega” (Família das Portulacaceae). Planta usada como alimento juntamente com o “bredo” durante a Semana Santa, do litoral ao sertão. Segundo a medicina popular serve para problemas urinários, intestinais, gástricos, regeneração da pele, fadiga, coceiras, pruridos, eczemas, calos, edemas, ferimentos e cortes e infecções urinárias; ainda é diurético, depurativo e emoliente.
Estar aí, portanto, desvendado o mistério do riacho João Gomes: riacho das beldroegas; riacho onde prolifera em suas margens e leito seco, a planta medicinal e comestível joão gomes.
Quanto ao modo de consumir a erva, o interessado deve procurar em outras fontes.
O riacho João Gomes nasce no sítio Tingui, passa por vários outros sítios e desemboca no rio Ipanema, pela margem direita no também sítio Barra (foz) do João Gomes.
Pesquisar é descobrir, leitura é conhecimento.


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BACAMARTES E ESTAMPIDOS

*Rangel Alves da Costa

“Faça o negócio bem feito. Num quero saber que ficou nem um tiquinho de veneno naquela jararaca. Deixe o coisa ruim estirado pra comida de urubu. E vá logo. Vou cuspir e antes do cuspe secar quero que me chegue com a notícia”. Sentença dada pelo coronel Queró da Biribeira. Sentença dada, a pena seria a morte do coronel desafeto, inimigo escolhido para não mais viver.
Tocaia feita. A mata silenciava amedrontada, talvez tremesse ante a presença do jagunço escondido por dentro do tudo de mato. Cigarro de palha descendo num canto da boca, saliva de cachaça e olhos cegos de brutalidade, ou de covardia. Chapéu seboso descendo na testa, já na altura dos olhos, uma sisudez de velório. Na mão arma faminta e sedenta de sangue. Com a arma levantada, fazia mira pra curva da estrada. Por ali o coronel Jerome Limoeiro logo passaria.
Arma em mira. Dedo no gatilho e ávido por açoitar. Aquela mão e aqueles dedos já haviam derrubado mais de vinte, ou mais. Matar mais um tanto fazia. Jagunço cujo único serviço na vida era servir à maldade, ceifando vidas a mando do coronelismo. E certamente não pensaria duas vezes pra matar seu atual patrão, o coronel Queró, bastando que se bandeasse pro outro lado e sua morte fosse igualmente encomendada. Basta matar, e pronto. Assim os dias nas entranhas do impiedoso sertão.
Ouviu o barulhar das patas de um cavalo. O coronel chegava, o tiro seria certeiro, a morte certa. Apertou o olho para divisar melhor, aprumou o bacamarte na exta direção, e esperou só um instante. Assim que divisou o cavaleiro, disse a si mesmo: É agora! Esperou o cavalo se aproximar mais, passar bem em frente aonde se mantinha escondido, para o tiro ser mais certeiro, a morte e o baque do corpo caindo ao chão. O cavalo foi se aproximando, mais e mais, mas quando já quase na sua mira, o jagunço quase grita de espanto.


Ouviu um tiro e viu o coronel, aquele mesmo que seria sua vítima, soltando um urro medonho e tombando do cavalo, já acertado por um disparo. Sem acreditar no que via, até espantado com o acontecido, o jagunço não entendia o que tinha acontecido. O disparo não havia sido feito por ele, aquele tiro não havia saído de sua arma, como poderia ter acontecido aquilo? Indagou dentro de si. Mas do outro lado viu quando um tufo de mato se mexeu e as sombras de alguém fugindo em disparada. Então compreendeu: outro jagunço já havia se adiantado e matado o coronel Jerome.
Mas quem havia mandado matar o homem, foi que também se perguntou. Mas nem precisava saber. Nada disso adiantava saber. Naqueles sertões a vida valia nada mais que uma bala, que uma munição, que um apertar gatilho, que uma mira e um açoite de bala. Naqueles sertões, a vida e a morte viviam traiçoeiramente de braços dados. Naquele mesma estrada, e coisa que não era de muita distância, nada mais dez pessoas já haviam sido vítimas de tocaias, emboscadas, de morte medonha. E tudo a mando. Coronel mandando matar coronel, coronel mandando derrubar qualquer que se fizesse mal visto.
Um mundo de bacamartes e estampidos, de espingardas e balas de fogo, de clavinote e chumbos vorazes, de jagunços sanguinários e feições embrutecidas pelo ódio. As folhagens sendo cortadas pelo açoite das balas, os troncos marcados pelos chumbos perdidos, um eterno fumaceiro pela cuspida de fogo dos canos das armas. Estradas marcadas pelo sangue jorrado, chão endurecido pelo sangue repisado. Cruzes, marcas de medo, epitáfios sem nada a dizer, apenas que morreu de morte matada, de tocaia, de emboscada.
No breve instante do silenciar dos bacamartes, os ecos fantasmagóricos dos estampidos. Nos horizontes, a festa das carnicentas, das agourentas, dos bicos querendo sugar a vermelhidão da morte. Terra de homens, de homens valentes. Mas também de covardes, de assassinos, de carcarás e urubus.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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ARLINDO ROCHA

Uma entrevista com o matador do cangaceiro Sabino Gomes

Por:José Tavares de Araújo Neto
Retrato artístico de Arlindo Rocha
Acervo Denis Carvalho

Arlindo Rocha, (nascido em 23 de março de 1883 e falecido em 07 de outubro de 1956), na condição de delegado da cidade de Salgueiro, Pernambuco, tinha sob sua guarda o indivíduo conhecido por Antonio Padre, suspeito de ter cometido um crime na região. Inocentado, Antonio Padre roga um emprego ao delegado, que o leva para trabalhar em uma de suas fazendas de nome Barrocas, onde reside com sua família. Nessa relação próxima à família, nasce em Antonio Padre uma forte paixão por uma das filhas de patrão, que chega a propor que a jovem fuja com ele. Ao ter conhecimento da intenção do seu empregado, Arlindo o expulsa imediatamente de sua propriedade.

Injuriado pela humilhação a que foi submetido, Antonio Padre declara guerra ao seu ex-patrão, e vai em busca de proteção junto ao coiteiro Francisco Pereira de Lucena, o temível e poderoso Chico Chicote, proprietário da fazenda Guaribas, no município Brejo dos Santos (hoje Brejo Santo), localizado no cariri cearense, na divisa com Pernambuco e Paraíba.

Antonio Padre, vez por outra, enviava bilhetes extorsivos e recado ameaçadores dizendo que além de roubar a filha, iria “partir a MELANCIA, aterrar as BARROCAS e derrubar as CAEIRAS”, referências as três propriedades de Arlindo Rocha. Diante dessas ameaças, Arlindo Rocha forma um grupo armado, com pessoas de sua extrema confiança, constituído por parentes e agregados, pois sabia da alta periculosidade do seu antigo empregado, agora um afamado bandoleiro do bando do famigerado Lampião.

Em meados de 1924, Arlindo articula uma bem-sucedida emboscada contra o subgrupo de Antonio Padre, ocorrendo uma forte troca de tiros, no episódio que ficou conhecido como o “Fogo de Pilões”, que resultou nas mortes de Antonio Padre e Gavião. Em 26 de novembro de 1926, já promovido tenente, Arlindo Rocha participa da sangrenta Batalha de Serra Grande, considerada a mais importante vitória de Lampião sob as forças volantes.

Nesta batalha, que havia dito que os cangaceiros iriam comer bala, foi acertado por disparo na boca que quase lhe destruiu a mandíbula, que lhe trouxe problemas de mastigação e cicatriz pelo resto da vida, sendo então chamado pelos cangaceiros pelo apelido pejorativo de “Queixo de prata”. Em fevereiro de 1927, Arlindo comanda uma as das volantes no histórico cerco a Fazenda de Chico Chicote, evento que ficou conhecido como o “Fogo de Guaribas”, no qual é morto o temível fazendeiro e coiteiro cearense.

Em 13 de março de 1928, três forças volantes, comandadas pelos tenentes Arlindo e Eurico Rocha e o bravo sargento nazareno Manoel Neto, intensificam o cerco ao bando de Lampião no cariri cearense, precisamente no município de Macapá, atual Jati, na fazenda Jati, do fazendeiro Antonio Teixeira Leite, o celebre coiteiro Antonio da Piçarra. Já era tarde da noite, sob forte chuva, o céu entrecortado por raios e trovões, que um dos soldados da volante de Arlindo Rocha deflagrou um tiro certeiro no vulto de uma pessoa que atravessava um passadiço, pondo fim a vida do célebre Sabino Gomes, o mais importante cangaceiro do bando de Lampião, que, em entrevista em Juazeiro/CE, já o havia apontado como seu potencial sucessor.
 Capitão Arlindo Rocha e seu filho Edmar
Cortesia de Otavio Cardoso

Após a malfadada tentativa de Lampião de atacar a cidade de Mossoró, no oeste potiguar, ocorrida em 13 de junho de 1927, os governos do Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Pernambuco, uniram esforços no intento de eliminar definitivamente o cangaço dos seus territórios. A bem-sucedida “Campanha de 1927”, comandada pelo oficial cearense major Moisés de Figueiredo, em solo cearense, mas que também contava com contingentes policiais militares advindos do Rio Grande do Norte e da Paraíba, promoveu baixas, forçou deserções e fugas de cangaceiros rumo ao Estado Pernambuco. Em 21 de agosto de 1928, Lampião e seu bando, reduzido a apenas seis componentes (Ele; Ezequiel, seu irmão; Virgínio, seu cunhado; Luiz Pedro; Mariano e Mergulhão), em fuga, atravessam o Rio São Francisco e vão se homiziar na Bahia.

Em 20 de outubro de 1929, o Jornal Pequeno, de Recife/PE, veiculou uma entrevista concedida pelo tenente Arlindo Rocha, que reveste-se de importante documento para se entender melhor o mundo do cangaço.

Segue abaixo a transcrição integral da entrevista:

O tenente Arlindo Rocha, anteontem chamado ao Recife, é atualmente o comandante da forças pernambucanas no sertão.

Vimo-lo ontem, à noite, na chefatura, conferenciando demoradamente com o dr. Eurico de Sousa Leão. As indicações que se prestava, no mapa todo assinalado da Repartição Central da Polícia, e o justo renome que usufrui aquele policial em todo o sertão nordestino, levaram-nos a procurá-lo no intuito de conseguirmos um testemunho seguro da situação do cangaceirismo, afora o prazer natural de ouvir um homem que, anos a fio, dia e noite, tem batido cerrados e caatingas numa luta de vida e morte contra os mais ferozes bandoleiros. O tenente Arlindo Rocha é um homem moreno, alto e magro, muito tímido e que não fala nunca; tem que ser provocado então. Na face esquerda ostenta uma cicatriz profunda: uma bala de rifle em pleno rosto, às duas e meia da tarde, no dia 26 de novembro de 1926, no combate de Serra Grande.

 Arlindo no centro, sentados Theophanes Torres e 
Eurico de Souza Leão.
S. José do Belmonte, 1928.

Onde foi esse combate? Perguntamos logo, com nossa curiosidade despertada!

_ Serra Grande fica perto de Custódia. Comandava as forças o bravo tenente Hygino José Belarmino. Foi o início da campanha do atual governo estando no poder o saudoso Júlio de Melo contra Lampião. Este tinha, ao tempo, sob seu comando 125 homens. Estavam todos entrincheirados no alto da serra. A brigada começou as 8 da manhã e terminou as 6 horas da tarde. Nós tínhamos duas metralhadoras que Antonio Ferreira, irmão de Lampião, procurou cercar três vezes e gritava: _ Hoje tomo uma costureira dessa.

E tomou?

_ Não. Parece que tomou foi uma bala, pois morreu três dias depois do tiroteio. Os bandidos fugiram e desde então começou a debandada. O grupo fragmentou-se em quadrilhas que operavam em zonas diferentes. Ferido, nesta luta, acrescentou o tenente Arlindo, só escapei devido a meu irmão que me amparou. Os cangaceiros me alvejaram a pouco passos de distância, no momento em que eu chamava por Manoel Neto, ocupado em botar uma retaguarda.

Mas foi esse, tenente, o seu primeiro encontro com Lampião?

O tenente Arlindo riu e respondeu, a voz pausada:
_ Não. Eu já tinha brigado há tempos. Desde em que era subdelegado em Salgueiro, quando fui atacado e procurei tomar desforra. Mas isso no tempo em que, no sertão, cada qual se defendia por si mesmo. Eu e meus parentes demos uma brigada em Pilões. Brigada boa, aquela. Morreram de Lampião dois cangaceiros dispostos: Gavião e Antonio Padre. De lá p´ra cá tem sido essa marcha. Mas, de verdade, só melhorou a coisa com os drs. Estácio de Coimbra e Eurico de Sousa Leão. Foram eles quem me ajudaram, fizeram minha carreira militar; e é pór isso também que venho combatendo satisfeito sempre.

_ O sr. pode alto e bom som, disse o tenente Arlindo Rocha, que o sertão do Pernambuco está livre de cangaceiros. Pode acrescentar mais: os crimes de sangue e os assaltos a fortuna alheia se acabaram de vez.

E Lampião, tenente?
_ Lampião é, agora apenas, uma lembrança dos outros tempos. Dos tempos em que fora o rei do cangaço, dominando de Vila Bela a Salgueiro, do Ceará às margens do São Francisco. Avalie que eu mesmo, de uma feita, ao sair de Vila Bela com 12 homens, fui atacado na estrada pelos cangaceiros. Eram 26. Foi uma emboscada que me deu trabalho. Agora, no atual governo, jamais se viu Lampião procurar as forças para lutar.

Sempre na emboscada?

_ Nunca. É a fuga pela caatinga. O trabalho dos contingentes é todo para alcançá-lo e dar-lhe combate. Agora devemos argumentar com deficiência de comunicações, de aviso, de transporte e de víveres, etc. Entra-se pela caatinga adentro cinco, dez dias, um mês inteiro sem descanso. A comida é fruta e garapa de açúcar. E a cama é de pedra – um pedaço de jurema ou angico como travesseiro.

Mas onde anda Lampião? Inventam tantas coisas, às vezes ...

_ Bem sei, dr. Mas há muita mentira. O sr. argumente pelo pelos fatos da capital. Dá-se um conflito ali na esquina e na outra rua os mortos e feridos já estão triplicados. Basta notar o seguinte: seis meses atrás, Lampião com seis homens, pretendeu atravessar Pernambuco com direção ao Ceará. Não o pode fazer. Perseguimos o reduzido grupo um mês em Alagoas com o concurso esforçado e leal das forças daquele Estado. Encurralado, o bandido fez uma coisa que sempre se arreceara:

Atravessou o São Francisco, rumo à Bahia. As nossas fronteiras, de acordo com o plano traçado pelo dr. Chefe de Polícia, se acham inteiramente resguardadas de um impossível retorno dos bandoleiros. O próprio Lampião, por onde passa, diz que em nosso Estado não poderia mais viver. Na Bahia mesmo, a perseguição lhe foi terrível. Nossas forças como as daquele Estado, lhe moveram uma guerra tenaz. Na última corrida que lhe demos fomos pelo alto sertão baiano botá-lo a uma distância de mais de 100 léguas além de Juazeiro.

_ Quando Estive em Juazeiro da Bahia, contou-nos o tenente Arlindo, o prefeito perguntou-me porque sendo eu um homem doente e Lampião já em completa fuga, não mandava eu os meus homens em perseguição do bandoleiro e me arriscava aos percalços da caatinga. Respondi-lhe: É um entusiasmo que tenho pelo meu governo; quero ajudá-lo, assim de perto, cumprindo o meu dever. Lampião só tem cinco cangaceiros, segundo corre pelos sertões baianos, o seu objetivo é alcançar Goiás. E diz que não se entregou às nossas forças porque não tinha certeza se o trataríamos bem.
 

 Arlindo Rocha (esq.) e sua volante

Sabe quais os cangaceiros que vão com ele?
_ Sei. Ezequiel Ferreira, seu irmão; Virgínio Fortunato, seu cunhado; Mariano; Menino Oliveira e Luiz Pedro do Retiro.

E o famigerado Sabino?
_ Afirmam que morreu em Piçarra, no Ceará, num combate com minhas forças. O choque foi a meia noite. Debaixo de muita chuva e muita trovoada. Era um velho inimigo meu, o terrível Sabino. Lembro-me que num tiroteio ele gritava pra mim: “Arlindo das Barrocas, já te arranquei um queixo, quero levar o resto”.

Mas não levou, tenente ...
_ Não. Nem se cumpriram as promessas de Lampião, que me mandava dizer nos seus tempos folgados:

_ ”Quando passar na tua casa só deixo o chão molhado.”


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*AMIGOS DA HISTORIOGRAFIA VERÍDICA DO CANGAÇO!!


Por Ana Cecília Correia Lima

Gostaria de falar aos amigos, como eterna aprendiz pois o conhecimento científico é infinito, para todos os que estudam seriamente nesse relevante GRUPO. AQUI há espaço para a postarmos sobre CIÊNCIA DA HISTÓRIA DO BRASIL GERAL: principalmente das guerras e conflitos armados da HISTÓRIA DO BRASIL.

AQUI nesse Grupo sempre tantos de nós ensinam como aprendem em especial o complexo fenômeno do Banditismo Rural com ênfase muitas vezes no “CANGAÇO LAMPIÔNICO”.

Todos os que estudam HISTÓRIA sabemos do problema grave de perdermos as “fontes primárias de informação” (geralmente por falecimento ou por paradeiro desconhecido) e da grande dificuldade em se fazer “pesquisa de campo” aqui no BRASIL, um país que se preocupa muito pouco em financiar conhecimento científico.

FOTO: Bando de Lampião 1936 colorizada por Rubens Antonio.



No caso da ciência da HISTÓRIA do Cangaço Lampiônico alguns pesquisadores tiveram acesso às essas “fontes primárias” e fizeram “pesquisa de campo” praticamente financiando do próprio bolso sua paixão pelo conhecimento. Historiadores do Nordeste tiveram o acesso facilitado mas existiram algumas exceções como os historiadores paulistas Mestres José Sabino Bassetti e Antonio Amaury Correa de Araújo que eu me lembre no momento.

Devemos lembrar que nosso conhecimento de HISTÓRIA em relação ao OCIDENTE é microscópico: quando o Brasil foi descoberto pelos portugueses (ou invadidos segundo outros) era cerca de 1.500, século XVI. Aqui só existiam indígenas autóctones sem linguagem escrita. Todo conhecimento empírico dos nativos brasileiros era por tradição oral. (Esse conhecimento nativo do BRASIL ainda não havia adquirido MÉTODOS PARA VALIDAÇÃO o que começa a ocorrer somente na França e CHAMADO DE MÉTODO CIENTÍFICO-PARA EVITAR O MÁXIMO DE ERROS- com o matemático René Descartes (1.596-1.650) no Renascimento: séculos XVI ao XVII).

Estou sentindo necessidade de escrever isso pois tenho visto textos nesse honroso Grupo e em outros postagens essas por AUTORES NEÓFITOS OU NÃO E/OU ESTUDANTES APRESSADOS QUE AINDA NÃO ADQUIRIRAM O MÉTODO CIENTÍFICO PARA EVITAR ERROS QUE NÃO SE COMETIAM NEM NA FRANÇA DE 1.500 QUANDO O BRASIL FOI DESCOBERTO! E ESTAMOS NO SÉCULO XXI PELO MENOS COMO NUMERAL.

Vamos dar exemplos concretos: “Copia e Cola” de textos de livros consagrados sem a devida referência; fotos roubadas de historiadores sem terem o devido crédito. E coisas do tipo.

ORA: “HISTÓRIA É DIFERENTE DE APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE TRECHOS DE OBRAS DE LIVROS ESCRITOS E CONSAGRADOS”; “HISTÓRIA NÃO É FICÇÃO OU ROMANCE”; “HISTÓRIA É CIÊNCIA E CIÊNCIA TEM PARÂMETROS LÓGICOS E ÉTICOS INQUEBRANTÁVEIS”.

AMIGOS: PROPONHO A TODOS HISTORIADORES/CIENTISTAS REAIS QUE UNAMOS ESFORÇOS, DEIXEM VAIDADES DE LADO, E CORRIJAM QUEM ESTÁ DEIXANDO A HISTORIOGRAFIA DO CANGAÇO UM CAOS. Estamos, em alguns casos, parecendo post de delírios compartilhados.

CONTÉM COMIGO!!!!


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CRISTINA CANGACEIRA


Por Moustafá Veras

Era natural de Propriá no Estado de Sergipe. Foi companheira do cangaceiro Português. Após o ter traído com o cangaceiro Gitirana, o qual fazia parte do grupo de Corisco, a mesma pediu refúgio no bando do Diabo Loiro, porém o mesmo negou, pois segundo ele, seria mais um ponto de discórdia. 

No dia 20 de julho de 1938, com a promessa de que seria levada para a casa dos pais em Propriá, ela sai acompanhada de Luiz Pedro, Vila Nova, CANDEEIRO e Juriti. Ela foi morta a facadas, e até hoje não se sabe ao certo quem foi o seu algoz.


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DONA JOANA, IRMÃ DOS CANGACEIROS QUINA-QUINA E PONTO FINO.


Por Rangel Alves da Costa

Na tarde deste sábado, na Comunidade Quilombola Serra da Guia, encontrei e proseei com Dona Joana, já acima dos 108 anos, irmã de cangaceiros nascidos na região da Guia. Lúcida, alegre e ainda de boa memória, Dona Joana (que hoje mora na região de Santa Brígida), com sua eterna flor no coração, sequer lembra seus irmãos desatinados naquele mundo cangaceiro.


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