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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

LIVRO LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS

Autor José Bezerra Lima Irmão

Adquira-o com o professor Pereira através deste e-mail:

franpelima@bol.com.br

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ANIVERSARIANTE DO DIA!


Por Assis Nascimento

Hoje, 07 de agosto quem também aniversaria é meu querido amigo Soutinho!
São 94 anos vividos, dedicados ao trabalho.

Tenho por ele grande admiração e apreço, pois ele faz parte da vida da nossa família, há quatro gerações.

Te desejamos amigo velho; Saúde e paz!


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NÃO TENHO SEGURANÇA DE INFORMAR QUE FORAM DE LAMPIÃO



O espaço é de fácil acesso, Fica numa praça por trás da Igreja Matriz, Atenção se for pra lá num dia de sábado pela manhã por que tem a feira, algumas ruas poderão estar interditadas, se nunca tiver ido a Triunfo, peça informações às pessoas antes de sair. O Museu é pequeno, no…

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Data da experiência: junho de 2016
Já esteve em Cangaço e Triunfo Museu da Cidade? Compartilhe sua experiência!


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LAMPIÃO ESTEVE EM MORRO DO CHAPÉU.

Por Adelso Mota

Ainda resiste essa casa na Vila do Ventura Morro do Chapéu. Lampião esteve em Morro do Chapéu e não chegou a ir na sede, mas cercaniou os povoados da próspera Vila do Ventura e do Fedegoso. 

O Ventura tinha muito dinheiro, ouro e diamante. Era rico e lá o Cel Horácio de Matos tinha uma casa comercial que ainda está lá. 


A casa segundo meu amigo Bel, da bonita era um armarinho que vendia de tudo, botões agulhas, linhas, tesouras. Agora dá para compreender porque Lampião se deslocou do Brejão da Caatinga para Morro do Chapéu. 

Ele tinha a intenção de se encontrar com o Cel Horácio de Matos mesmo.


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TERROR EM MOSSORÓ: HÁ 93 ANOS, LAMPIÃO ERA SURPREENDIDO EM UM DE SEUS TERRÍVEIS ATAQUES

Por Xico Sá

Em 13 de junho de 1927, o rei do sertão não imaginava o que o esperava no pequeno município, em Rio Grande do Norte

Uma festa de arromba promovida pelo Humaytá Futebol Clube fazia ferver a sociedade de Mossoró naquela noite do 12 de junho de 1927, véspera do dia de Santo Antônio. Foi quando começou a correr a notícia de que Virgulino Ferreira, o temido cangaceiro Lampião, se aproximava da cidade.
Horas antes, ele e seu bando tinham atacado a vizinha vila de São Sebastião (atual município de Governador Dix-Sept Rosado). Em poucos momentos, todo o rigor daquele baile – que exigia branco para os cavalheiros e azul e branco para as damas – amarfanhou-se e perdeu graça, abalando o momento de glamour ostentado pela elite do sertão.
Mossoró era uma das mais prósperas cidades do Rio Grande do Norte. O coronel Rodolfo Fernandes, o prefeito, já havia alertado, nos últimos dias, sobre o perigo do ataque do rei do cangaço ao município. A maioria dos habitantes, no entanto, parecia não acreditar. Tudo estava tão tranquilo que, no mesmo 12 de junho, Mossoró parecia mais preocupada com o clássico entre os times de futebol do Ipiranga e Humaytá do que com a possível chegada de Lampião às suas cercanias.
A partida de futebol transcorreu dentro da mais absoluta rotina. Já o baile, por mais que alguns participantes e os diretores do clube tentassem abafar as notícias vindas da vila de São Sebastião, foi tomado pelo alvoroço e pelo medo. “O apito da locomotiva da rede ferroviária suplantava o pânico dos mossoroenses”, narra o jornalista Lauro da Escóssia, testemunha do acontecimento, no livro Memórias de um Jornalista de Província.
“Os trens começavam a se movimentar, conduzindo famílias e quantos quisessem fugir de Mossoró.” Segundo ele, durante toda a noite e na manhã seguinte, a ferrovia permaneceu ininterruptamente agitada.
Na vila de São Sebastião, conforme as notícias que desmancharam o baile do clube Humaytá, Lampião havia incendiado um vagão de trem cheio de algodão e depredado a estação ferroviária. Havia também arrasado a sede do telégrafo, uma modernidade sempre combatida pelo chamado rei do cangaço, na tentativa de impedir que o seu paradeiro fosse sendo informado e ajudasse a polícia a persegui-lo.
Crédito: Wikimedia Commons

Até as primeiras horas da manhã do dia 13, muita gente havia deixado suas casas em Mossoró, que à época tinha cerca de 20 mil habitantes. O temor ao famoso cangaceiro não era brincadeira. Duas mulheres em pleno serviço de parto, conta Escóssia, foram retiradas em macas para a cidade de Areia Branca, a quilômetros dali.
Mas o esvaziamento não era só fruto do pânico. A estratégia da prefeitura – que havia conseguido ajuda oficial em armas e munição, mas não em combatentes – era manter na cidade apenas os habitantes que estivessem armados. Quanto mais vazio o lugar, na avaliação do coronel Rodolfo Fernandes, maior a chance de repelir o bando de cangaceiros.
A estratégia
Fazia tempo que Lampião planejava encarar o desafio de invadir Mossoró. Seria a maior tentativa de rapinagem do bando, como conta o historiador Frederico Pernambucano de Mello no seu livro Guerreiros do Sol, no qual defende a tese de que o cangaço era um meio de vida. Pouco antes de chegar à cidade, Lampião enviou um bilhete chantageando a prefeitura.
Nele, pedia a quantia de 400 contos de réis para não atacar o município, um valor pelo menos dez vezes superior ao que costumava exigir em ocasiões semelhantes. Na tarde de 13 de junho, feriado de Santo Antônio, ele e o bando já se encontravam nos arredores do município potiguar.
Sem resposta ao primeiro comunicado, Lampião, já impaciente, bufando de raiva, manda um segundo aviso. Os termos do bilhete, que consta nos arquivos do jornal O Mossoroense (um dos mais antigos do país), eram muito diretos e recheados de erros de português: “Cel. Rodopho, estando eu aqui pretendo é drº (dinheiro). Já foi um a viso, ai pª (para) o Sinhoris, si por acauso rezolver mi a mandar, será a importança que aqui nos pedi. Eu envito (evito) de Entrada ahi porem não vindo esta Emportança eu entrarei, ate ahi penço qui adeus querer eu entro e vai aver muito estrago, por isto si vir o drº (dinheiro) eu não entro ahi, mas nos resposte logo”. Ele assinava “Cap. Lampião”.
O coronel Rodolfo Fernandes e seus homens disseram não a Virgulino, para surpresa do mais temido cangaceiro de todos os tempos. A cidade tinha o dinheiro, informou o prefeito. Mas Lampião teria que entrar para apanhá-lo. Às 16 horas daquele dia 13, caía uma chuvinha fina e havia uma neblina de nada sobre Mossoró. Foi quando os primeiros estampidos de bala ecoaram.
Sangue e areia
Lampião tinha 53 cangaceiros no seu bando. Não imaginava, porém, que iria enfrentar pelo menos 150 homens armados na defesa da cidade. O repórter Lauro da Escóssia estava lá, vendo tudo de perto. “Durante toda a noite, a detonação de armas em profusão. Parecia uma noite de São João bem festejada”, escreveu em O Mossoroense. Mas as mulheres rezavam para outro santo junino, o Antônio festejado naquele dia.
Resistência ao bando de Lampião / Crédito: Wikimedia Commons

No ataque, Lampião perdeu importantes cabras de seu bando. Colchete teve parte do crânio esfacelado por balas. E Jararaca, depois de capturado, foi praticamente enterrado vivo. Em menos de uma hora após o início da luta, o capitão do sertão – outra das alcunhas dadas ao célebre cangaceiro – sentiu que dominar a cidade seria praticamente impossível.
Ordenou então a retirada da tropa, para evitar a perda de mais homens e não manchar ainda mais sua reputação. “A partir desse momento a estrela do bando lentamente passaria a brilhar cada vez menos”, escreveu o historiador Pernambucano de Mello.
O mito do Lampião invencível caíra por terra, o que reanimou a força policial, que passou a enfrentar o rei do cangaço com menos temor. Era o começo do declínio da carreira de Virgulino. Por causa do desastre no Rio Grande do Norte, as deserções no grupo foram consideráveis.
Mossoró, cidade conhecida por marcas pioneiras (como quando foi o primeiro município brasileiro a admitir o voto feminino, em 1934), passaria também à história por esse acontecimento que assombrou todo o Nordeste. Até hoje, os filhos daquela terra se orgulham do feito de braveza ao contar que seus antepassados “botaram Lampião para correr”. Os inimigos do cangaceiro, entretanto, ainda teriam que esperar mais 11 anos pela morte do capitão, assassinado somente em 1938, na chacina da gruta de Angicos, em Sergipe.

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Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil, de Frederico Pernambucano de Mello (2011) - https://amzn.to/2YQNZ3Y
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O CASARÃO DA FAZENDA PATOS, PARAÍBA



Sérgio A. Dantas

O silêncio do velho casarão e do seu entorno impressionam. Tudo parece morto. Porém, de histórias, continua cheio. Muitas existem ali. Umas reais, outras de pura fantasia. Casos interessantes que envolvem os nomes de Lampião, Marcolino Diniz, Sabino Gomes e do valente Meia-Noite.

O tempo levou tudo - inclusive a grandiosidade da fazenda e de sua 'casa grande'. Conheci-o assim como está na foto há 15 anos passados. Ainda tinha a maior parte das portas e das janelas.

Hoje, infelizmente, só restam praticamente ruínas. Há uns três anos novamente passei passei por ali rumo ao Saco dos Caçulas, ali pertinho. Quase tudo no chão; de fazer dó. Mais um pedaço de História que vai perecendo...e logo desaparecerá...


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SERÁ HOJE PELA PLATAFORMA https://www.youtube.com/wztch


SEMANA DA CULTURA NORDESTINA... Será amanhã nossa participação, sob a batuta da Vitória Azevedo e Sérgio. Pra assistir é só acessar o https://www.youtube.com/watch?v=-01MfW1Wg0I



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SANTO FORTE

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.362

 Para a capital o asfalto nas ruas é rotina, mas no interior, cada rua, cada avenida, cada estrada, é uma tremenda vitória de incalculável benefício. Chegou finalmente o asfalto, através do Pró-Estrada ao sofrido bairro São Vicente, entrada de Santana do Ipanema para quem vem da capital. Formado em terreno acidentado, tem como rua principal, uma via estreita e cheias de quebra-molas, de trânsito nada agradável. Tanto é que, recentemente foi instalado naquela região, um hotel de alto luxo que depois teve que abrir estrada nova para o acesso, deixando de lado as condições da rua estreita e incômoda do Bairro São Vicente. Primeiro formado por pessoas humildes, o bairro recebeu residências avançadas da classe média, em ruas paralela e também acidentadas.
Ali são referências o Abrigo de Idosos São Vicente, o Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, ambos na entrada da rua principal e antiga. Mais à frente, porém, o hotel moderníssimo, puxou muito mais residências para aquela área e, conjuntos habitacionais surgiram em todo seu entorno fortalecendo o desenvolvimento daquela região, conhecida como saída para o povoado São Félix. Assim esse bairro, além de ganhar novas estradas e entradas, ligou-se nessa expansão ao bairro vizinho Lagoa do Junco dos antigos quebradores de pedras. Todo o complexo da Justiça está localizado entre os dois bairros; uma igreja nova e calçamento na parte baixa dos casarios.
A lembrança, portanto, de asfaltar o São Vicente, torna a região muito mais valorizada e atraente para se morar e se investir. Aliás, sem puxa-saquismo (não precisamos disso) a gestão municipal continua a dinâmica deixada pelo prefeito Isnaldo Bulhões, como a melhor administração das últimas eras em Santana do Ipanema. Santana hoje é uma cidade moderna, bonita como uma pequena capital. Continuando assim, seremos comparados a uma Garanhuns na beleza artificial e no progresso mais rápido que veio para ficar.
Cada novo passeio pela cidade, mais orgulho da administração e dos ornamentos adquiridos.
Por que ignorar o óbvio? Parabéns São Vicente, você é um SANTO FORTE.

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JERÔNIMO ROSADO – O PARAIBANO QUE MUDOU MOSSORÓ


Por Rostand Medeiros

Jerônimo Ribeiro Rosado, o dono da farmácia que levava seu nome, nasceu em Pombal-PB, aos 8 de dezembro de 1861, era filho de Jerônimo Ribeiro Rosado e Vicência Maria da Conceição Rosado. Formou-se em Farmácia no Rio de Janeiro, onde atuava como fiscal da iluminação pública. Voltou ao seu Estado natal em 1889, quando abriu a primeira botica em Catolé do Rocha e desposou Maria Rosado Maia, a Sinhazinha.

Jerônimo Rosado

O casal teve três filhos: Jerônimo Rosado Filho, médico, farmacêutico e poeta, morto aos 30 anos; Laurentino Rosado Maia, que morreu 15 dias depois do nascimento, e Tércio Rosado Maia, farmacêutico, odontólogo, advogado, poeta, pioneiro do cooperativismo brasileiro, comerciante de livros usados, professor universitário.

Na página de anúncios do periódico natalense A República, de, 21 de março de 1901, vemos uma propaganda da farmácia que Jerônimo Rosado possuía em Mossoró.

Sinhazinha partiu em 1892, pouco depois do último parto, vítima de tuberculose. No leito de morte, conforme relata mestre Luís da Câmara Cascudo, pediu “que o marido a fizesse sepultar no Catolé do Rocha, na terra onde nascera”. E casasse com sua irmã Isaura, para que seus filhos não tivessem madrasta.

Nesta nota do jornal carioca Gazeta de Notícias, de 19 de janeiro de 1887, vemos o jovem Jerônimo como estudante no Rio de Janeiro.

Reivindicações atendidas: o corpo de Maria Amélia foi sepultado o viúvo, de 32, casou-se com a cunhada, de 17 anos, em 1893. A noiva se mudou para Mossoró, onde o marido residia e para onde transferiu os negócios em 1890, a convite do médico e líder político Francisco Pinheiro de Almeida Castro, patrocinador da drogaria.

Em Mossoró, a principal cidade do interior potiguar, Jerônimo abriu sua farmácia e, em 40 anos, gerou 21 filhos. Foi uma figura central na construção histórica e política do chamado eufemisticamente como “País de Mossoró”.

Do segundo enlace advieram 18 rebentos, nem todos chamados “Jerônimo” e nem todos numerados. Diferentemente do que reza a lenda, nem todos receberam nomes franceses. Do terceiro até o décimo, a inspiração para os nomes era o latim. A partir do 11º, e só com a exceção do 12º filho, todos levaram nomes inspirados nos numerais franceses. Foram ao todo 12 homens e nove mulheres. A maioria recebendo Jerônimo ou Isaura como primeiro nome.

Izaura Rosado (com z)
Laurentino Rosado Maia (homônimo do segundo)
Isaura Sexta Rosado de Sá
Jerônima Rosado, que tem como apelido o nome de “Sétima”
Maria Rosado Maia, que tem como apelido “Oitava”
Isauro Rosado Maia, que tem por apelido “Nono”
Vicência Rosado Maia, que como apelido o nome de “Décima”
Laurentina Rosado, que tem como apelido o nome de “Onzième”
Laurentino Rosado Maia, que tem como apelido “Duodécimo”
Isaura Rosado, que tem como apelido o nome de “Trezième”
Isaura Rosado, que tem como apelido o nome de “Quatorzième”
Jerônimo Rosado Maia, que tem como apelido o nome de “Quinzième”
Isaura Rosado Maia, que tem como apelido o nome de “Seize”
Jerônimo Rosado Maia, que tem como apelido “Dix-sept”
Jerônimo Dix-huit Rosado Maia
Jerônimo Rosado Maia, que tem como apelido o nome “Dix-neuf”
Jerônimo Vingt Rosado Maia
Jerônimo Vingt-un Rosado Maia.

Entre outras notícias publicadas pelo jornal carioca Gazeta de Notícias, de 3 de novembro de 1925, vemos o relato da morte de um dos filhos de Jerônimo Rosado

Numeração

Ninguém sabe ao certo o que levou o patriarca a numerar os filhos. Talvez influência dos tratados farmacêuticos da época, todos escritos nas duas línguas, ou algum tipo extremo de obsessão pela ordem. O que se sabe é que o velho Jerônimo Rosado era fanático pela educação dos filhos e dos netos. Tão fanático que, certa vez, quando um de seus netos decidiu que não iria mais estudar, ele não pensou duas vezes. Mandou fazer uma engraxateira para o menino, deu-lhe um macacão de engraxate e ordenou que começasse a trabalhar. Sugeriu, até, que ele nem precisava sair de casa, já que a família era grande e ali mesmo ele teria uma boa clientela. Logo, logo o menino voltou para a escola.

O velho Rosado ensinou os filhos, ainda, a serem solidários. Se houvesse apenas uma fruta para comer, ela era dividida igualmente entre todos. Estimulava as crianças a conversar com estranhos, levando-as consigo, sempre, a encontros ou jantares. Não fazia distinção de sexo: meninos e meninas deviam acompanhar o pai. Tratava todos da mesma maneira. Queria vê-los trabalhando e estudando. Em razão disso, fundou a primeira escola exclusivamente feminina de Mossoró: o Externato Mossoroense.

Tese

Em sua tese de doutorado sobre a família Rosado, o professor José Lacerda Alves Felipe defende a ideia de que essa forma de educar adotada por Jerônimo Rosado tinha como objetivo formar o núcleo de uma oligarquia. Nela, cada filho teria uma função econômica. Felipe trata Jerônimo Rosado como o “herói civilizador” de Mossoró. Uma espécie de grande criador, de instituições sociais, elementos culturais, mitos. O objetivo não declarado era sempre, ele diz, conquistar o poder político.




Cada vez que um filho se aproximava da maturidade, o velho Rosado o chamava para uma conversa em particular, em que tentava convencê-lo a entrar para a política. Os Rosado desmentem isso. Alguns mossoroenses afirmam, contudo, que essa foi uma das revelações feitas por Dix-Huit em seu leito de morte. Verdade ou mito? O que se sabe é que, apenas 18 anos depois da morte do patriarca, um Rosado abraçou, de fato, a carreira política. Em 1948, Dix-Sept Rosado Maia, em uma campanha na qual pela primeira vez se usaram trios elétricos, foi eleito prefeito de Mossoró.

O Mito Rosado

Dix-Sept governou a cidade durante quatro anos. Tornou-se, depois, governador do estado, mas morreu, em um acidente aéreo, seis meses depois da posse. Virou um mito. No País de Mossoró, há uma estátua de Dix-Sept, em bronze e tamanho real, na principal praça da cidade. Sob ela, podemos ler: “Nele se conjugaram idealismo e ação, espírito público e solidariedade humana, capacidade de resistência e destino de comando […]”. Logo abaixo, em letras enormes, a assinatura: “Homenagem do povo”. A estátua foi construída pelo irmão Vingt, que, em 1954, o sucedeu na prefeitura de Mossoró.

O 17º filho foi, de fato, a raiz política dos Rosado. Irmãos, sobrinhos e netos o sucederam como prefeitos da cidade, vereadores, deputados e até senadores. Entre eles, destacam-se Dix-Huit e Vingt Rosado. Depois de algum tempo, os dois irmãos romperam. Diz-se em Mossoró que a briga entre eles não passou de uma jogada política para conservar, em definitivo, os Rosado no poder. Desde então, Rosado é oposição de Rosado. Não importa o vencedor: a família sempre leva. O sobrenome Rosado batiza, hoje, muitas ruas, praças e até estabelecimentos comerciais de Mossoró.

Nota do jornal carioca Gazeta de Notícias, 1 de julho de 1922, mostrando a atuação política de Jerônimo Rosado

A cultura, porém, ficou nas mãos do 21º, Vingt-un, a quem coube realizar os sonhos educacionais do pai. Desde cedo, ele se empenhou para contar a história de Mossoró, registrar tudo que levasse o nome de sua terra natal e gerar e publicar a produção intelectual dos mossoroenses. Foi por isso que nos anos 1960 ele idealizou e fundou a Escola Superior de Agronomia de Mossoró (ESAM), onde organizou encontros e seminários e fez amizade com grandes intelectuais. Vingt-un Rosado foi uma espécie benigna de fanático.

A biografia completa do pombalense Jeronimo Rosado foi escrita pelo historiador Luiz da Câmara Cascudo, no livro “Jerônimo Rosado: uma ação brasileira na província de Mossoró(1861-1930)”.

Fonte de fotos – Autor do Blog Tok de História

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DIÁRIO DE PERNAMBUCO DE 22 DE ABRIL DE 1937 A CABEÇA DO CANGACEIRO NO JORNAL

por Paulo Goethe

A violência praticada nos tempos de banditismo deu um novo sentido ao manejo das armas brancas para os criadores de galinhas, porcos, bodes e bois no Sertão. Ao invés de bicho, gente. A bibliografia do cangaço está cheia de relatos de pessoas – moradoras do Nordeste mais profundo – que foram marcadas a ferro quente, tiveram olhos, línguas, orelhas e pedaços de pele arrancados a canivete, chicoteadas até o desfalecimento ou cruelmente castradas. Em caso de sentença de morte, a vítima era “sangrada”.

A guerra declarada descambou para as cabeças cortadas, troféus macabros das volantes que acabariam nas páginas dos jornais. Uma destas cabeças, a do cangaceiro Santa Cruz, figurou no Diário de Pernambuco de 22 de abril de 1937.



Em uma primeira página onde a manchete destacava as comemorações aos precursores da independência do Brasil (os inconfidentes mineiros), com direito à programação dos teatros recifenses e ao avanço da ciência – conferência mundial de rádio e a chegada do navio hidrográfico Jaceguay – Santa Cruz encarava o leitor com seus olhos abertos à custa de palitos. Sua cabeça sobre seus apetrechos lembrava que para além do litoral a realidade era outra.

O fim de Santa Cruz havia ocorrido no dia 14 de abril, no lugar de nome Araras, em Sergipe, à margem do Rio São Francisco, quando o grupo que integrava, liderado pelo cangaceiro José Moreno e formado por quatro homens e uma mulher, foi emboscado pela volante de 15 homens comandada pelo tenente José Rufino, cujo nome de batismo era José Osório de Farias, que antes de pegar em armas era um simples sanfoneiro das bandas do Pajeú pernambucano.

Santa Cruz teria sido abatido por um tiro de fuzil disparado pelo próprio José Rufino, que dizia na época já ter matado mais de dez cangaceiros. O corpo de Santa Cruz foi deixado no lugar e a cabeça levada para a cidade alagoana de Piranhas, onde teria sido fotografada.

De acordo com o texto na capa do Diario, o representante do jornal na cidade conseguiu a imagem que foi entregue na redação, no Recife, por um comerciante que estava de passagem em Piranhas, uma das muitas testemunhas do troféu macabro apresentado pela força policial em praça pública.

O Diario teceu elogios à coragem de José Rufino, “um homem que infunde respeito e medo aos asseclas de Lampião e ao próprio bandido, que o respeita e o teme”.

 Zé Rufino

Em 25 de maio de 1940, ele foi o responsável pela morte de Corisco, na Bahia. Era o fim oficial do cangaço. Com mais de 20 mortes no currículo, José Rufino tornou-se coronel da Polícia Militar baiana e virou fazendeiro em Jeremoabo (BA).


Pesquei no Diário de Pernambuco

Adendo: A foto da cabeça em questão está identificada por escrito na mesma como sendo do cabra Zepelim.


Todavia ambas as identificações (Jornal e foto) estão equivocadas. Em matéria anterior nós trouxemos a verdadeira identidade do cangaceiro sem corpo. Seria "Pavão".



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