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sábado, 5 de setembro de 2020

A MORTE DE MANOEL CIPRIANO

Por José Bezerra Lima Irmão

NO DIA EM QUE IA RETORNAR AO PAJEÚ, 15 DE AGOSTO DE 1922, LAMPIâO FOI PROCURAR UM HOMEM CHAMADO MANOEL CIPRIANO, QUE TINHA SIDO QUEM INFORMOU À POLÍCIA ONDE ESTAVA SEU PAI, JOSE FERREIRA, E QUE ERA, PORTANTO, UM DOS RESPONSÁVEIS POR SUA MORTE. ENCONTROU-O NA FAZENDA LOGRADOURO, QUANDO ELE ESTAVA CHEGANDO EM CASA, VINDO DA FEIRA DE ÁGUA BRANCA, EM COMPANHIA DO SEU VIZINHO CHICO DE ELVIRA. 


LAMPIÃO PERGUNTOU OS NOMES. AO IDENTIFICAR MANOEL CIPRIANO, MANDOU QUE O HOMEM DESMONTASSE E ENTREGASSE O DINHEIRO QUE TIVESSE. CIPRIANO, PERCEBENDO QUE IA MORRER, PASSOU A PEDIR MISERICÓRDIA, IMPLORANDO QUE NÃO O MATASSE, POIS PRECISAVA CUIDAR DOS FILHOS. LAMPIÃO ROSNOU BAIXO, ESCANDINDO AS SÍLABAS:

- Entao foi voçe quem diche pra puliça onde meu pai tava, num foi? E fez isso pra quê, num foi pra qui a puliça matasse ele? Apois agora voçe mi paga, seu fi da peste!
DITADA A SENTENÇA, RECUOU UM POUCO E DEU TRÉS TIROS NO HOMEM. ANTONIO E LEVINO TAMBEM ATIRARAM.

LIQUÍDADO CIPRIANO, LAMPIÃO VOLTOU-SE PRA CHICO DE ELVIRA.

SENTIU ENTÃO UM CHEIRO HORRÍVEL, E NÃO ERA CHEIRO DE PÓLVORA E NEM DE SANGUE. O CANGACEIRO MEIA NOITE FOI QUEM DESCOBRIU A ORIGEM, E AVISOU A LAMPIAO:
- Nego véio, o home ta todo cagado.

LAMPIAO SISUDO DISSE A CHICO DE ELVIRA:

- Vá simbora desgraçado, vá logo, vá correno, antes que eu mande limpá o seu rabo com cansanção".

VIRGULINO SEGUIU DALI PARA CASA DE MANOEL CIPRIANO E SAQUEOU-A. UM FILHO DO INDITOSO HOMEM ESTAVA EM CASA, MAS NAO FOI MOLESTADO:

(FONTE, PESQUISADOR E ESCRITOR JOSÉ BEZERRA LIMA IRMÃO. "LAMPIAO A RAPOSA DAS DAS CAATINGAS", PAG. 114).

O livro Lampião a Raposa das Caatingas o você encontrará com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br


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ZÉ PINHEIRO: CELERADOS DO CANGAÇO QUE NÃO FIZERAM FAMA



Antes da era Lampiônica, poucos cangaceiros que conflagram a região do Cariri nordestino tornaram-se famosos ou conhecidos a exemplo de Amônio Silvino, mas tem àqueles celerados que não ganharam biografias, e que são citados apenas “an passant” porque participaram de eventos históricos, como a Revolta do Juazeiro. É o caso de Zé Pinheiro, uma lenda do cangaço no Cariri.

Por volta de 1914, Juazeiro do Norte estava no olho do furacão numa revolta liderada pelo deputado Floro Bartolomeu para derrubar o governo do Ceará. No seu furor revolucionário, Floro Bartolomeu, com suposto apoio do governo central marchou para sitiar Fortaleza.


Médico, garimpeiro e braço político do Padre Cícero, o Doutor Floro abandona terno e gravata; veste-se como cangaceiro, adota chapéu de couro quebrado na frente, conduz os revoltosos de forma inflamada, ao contrário do discurso infantil do Padre Cícero na saída dos “cruzados” do Juazeiro para Fortaleza, que dizia:

-“Vão. Não bebam cachaça, para não fazerem besteiras... Não atirem à toa... Quando chegarem em qualquer cidade, não entrem logo, deem tempo para que as famílias se retirem... Deixem fugir também os soldados que não queiram lutar, quem correr, deixem correr, porque não é covardia procurar salvar a própria vida... Quem se entregar tem que ser respeitado, não matem quem estiver baleado... Não roubem, respeitem o que é alheio, tirem só o de que precisarem para matar a fome”...

Inútil discurso pacifista. Ao contrário das recomendações feitas pelo Padre Cícero para respeitar feridos e famílias, a jagunçada invadia, saqueava e incendiava fazendas, vilas e cidades.


Lodo de saída, no Crato, os revoltosos resgataram da prisão o cangaceiro Zé Pinheiro, que simplesmente apodrecia no cárcere. O escritor José Bezerra Lima Neto, em “Capítulos da História do Nordeste,” 2020, o descreve como um celerado de “barba fechada, cabeleira suja e cheia de piolhos”. O cangaceiro fazia jus à fama que tinha e, ao ser colocado em liberdade, apresentou seu cartão de visita:

- “Me dê um rifle, sinão eu tomo de um de voceis!

Além de valente, Zé Pinheiro não dispensava arroubos ou bravatas.

- E, se me daná, troco tiro inté cum Nosso Senhor!”, emendou.

Ali mesmo, Bartolomeu colocou à disposição de Zé Pinheiro um rifle, duas cartucheiras, muita munição e a chefia de um subgrupo de cangaceiros na “Guerra Santa” conduzida por ele, e abençoada pelo “Padim Ciço”.

Consta que Zé Pinheiro foi um dos cangaceiros mais ferozes do seu tempo. Após a revolta do Juazeiro, não se sabe por qual razão, matou o delegado local, Quintino Feitosa. Foi mais além: “cortou os beiços do morto e colocou numa garrafa de cachaça”.

- “Ao beber aquela cachaça, tinha a sensação de estar devorando o inimigo”, propagava.

Terminou sua trajetória no cangaço no estado de Alagoas, onde foi contratado por uma senhora para cortar uma das orelhas da amante do marido.

Zé Pinheiro foi além. Cortou as duas.

Foi morto numa emboscada preparada por cangaceiros rivais. Segundo relatos, acabou esfolado vivo; sua pele foi retirada a faca, seu corpo esquartejado e, a exemplo do cangaceiro Juriti, que surgiu no cangaço muito depois, ardeu numa fogueira.

Fonte: “Capítulos da História do Nordeste”, 2020, de José Bezerra Lima Neto
Imagem. Floro Bartolomeu, arquivo histórico do Juazeiro do Norte
Artesanato nordestino

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ZÉ DO PAPEL


Por Archimedes Marques

Em meados de outubro de 1930 quando o bando de Lampião entrou na cidade de Aquidabã, em Sergipe, o ínfimo contingente policial fugiu às pressas deixando as pessoas totalmente desprotegidas e nas garras dos cangaceiros. Aquele era o retrato da força policial sergipana do governador Eronildes de Carvalho, filho de Antônio Caixeiro, sem dúvidas, dos maiores coiteiros que o famigerado Lampião teve na sua vida bandida por cerca de 20 anos no nordeste brasileiro.

Jose Custódio de Oliveira, o Zé do Papel, em virtude de ser uma pessoa aparentemente de classe privilegiada, de classe média para rica, um pecuarista e proprietário da Fazenda Pai Joaquim, fora abordado por Lampião e dentro da sua residência na cidade de Aquidabã, além de certa quantidade de dinheiro, fora encontrado dez balas de fuzil em uma cômoda, sendo daí interpelado para contar onde estava a arma, pois pela lógica, havendo munição haveria a consequente arma, oportunidade em que o trêmulo cidadão afirmou ter emprestado o mosquetão para o juiz de direito daquela comarca, Dr. Juarez Figueiredo.

Tal fato, provavelmente incutiu na mente de Lampião que a arma fora passada ao juiz, justamente para que ele se defendesse do seu bando, daí, enraivecido com o fato, o chefe do cangaço, irracional e impiedosamente arrastou Zé do Papel ruas acima e em frente a um armazém próximo da praça principal da cidade decepou à golpe de faca a sua orelha, depois do bando ter praticado saques no comércio local e tantos outros crimes de torturas contra pessoas amedrontadas, dentre os quais o assassinato de um débil mental de nome Souza de Manoel do Norte, mais conhecido por Abestalhado, que se fez de corajoso na sua insanidade sacando um pequeno canivete com o qual cortava fumo de corda para fazer seu cigarro de palha e com tal arma teria desafiado os cangaceiros. Diante do fato, o sanguinário Zé Baiano partiu em verdadeira fúria contra o pobre do doido ceifando a sua vida a golpes do seu longo e afilhadismo punhal de 70 centímetros, em luta totalmente desigual de um ínfimo canivete em mãos de um doente mental contra um longo punhal em mãos de um feroz e impiedoso cangaceiro. Não satisfeito com o bárbaro assassinato, Zé Baiano abriu a barriga da pobre vítima para retirar gordura e untar as suas armas de fogo. Tal pratica era useira e vezeira quando os cangaceiros eliminavam as suas vítimas e queriam impressionar a população para serem mais respeitados ainda do que já eram.


Consta que Zé do Papel na agonia de sentir o sangue escorrendo pescoço abaixo ainda foi obrigado a beber um litro de cachaça que ao mesmo tempo era usada para estancar o seu ferimento e aliviar a sua dor. Em meio a esse místico de humilhação, crueldade, sangue e cachaça o endiabrado cangaceiro Zé Baiano pegou o roceiro Eduardo Melo e após espancá-lo com o coice do seu fuzil, também cortou a sua orelha seguindo o exemplo do seu chefe. Zé do Papel ainda viveu por muito tempo e viu o cangaço se acabar e seu carrasco morrer, entretanto, o Eduardo Melo não teve a mesma sorte e faleceu cerca de um mês depois da perversidade sofrida.

Assim, Aquidabã viveu o maior dia de terror da sua história. Assim Aquidabã fora vítima das atrocidades dos cangaceiros e para sempre pelos seus sucessores moradores aquele dia será lembrado. Assim, Aquidabã fora vítima também do próprio Estado que deveria ser o protetor do povo, mas que estava ausente. Ausente pela covardia dos seus policiais que fugiram mato adentro sem esboçarem reação alguma. Ausente pela pouca ou nenhuma vontade política de verdadeiramente se combater o cangaço nas nossas terras.

De tudo isso, por incrível que pareça, a Justiça de Aquidabã, sequer abriu Processo Criminal contra Lampião e seu bando. Teria o juiz Juarez Figueiredo, o mesmo que estava com o fuzil emprestado de Zé do Papel, responsável indireto pela decepação da sua orelha se acovardado para não providenciar qualquer procedimento judicial contra Lampião?...Por outro lado, em igual modo de impunidade falando, dizem – e a história de certo modo comprova – que a polícia de Sergipe era uma polícia de “faz de conta”: Fazia de conta que caçava Lampião, e, Lampião por sua vez, fazia de conta que era caçado.

Archimedes Marques
Delegado de Policia Civil no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe - archimedes-marques@bol.com.br
Fotos:
1 - Jose Custódio de Oliveira o Zé do Papel;
2 - O cangaceiro Zé Baiano.

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CHOVEU BALA NA IGREJA PRISÃO E MORTE.

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É HOJE... ÀS 20 HORAS: NEM PENSE EM PERDER... VAI LÁ, SE INSCREVE E ATIVA AS NOTIFICAÇÕES...

Por Manoel Severo
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Música neste vídeo
Música
Artista
Dr. Raiz
Álbum
Dr. Raiz (feat. Geraldo Junior, Dudé Casado)
Licenciado para o YouTube 

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CANGAÇO E EU - LUIZ RUBEN - PARTE 1

Vídeo do Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=7b79yTAzAmA&feature=youtu.be&fbclid=IwAR3rwX_5q3HlyZpzT1GwsikfYYl_cnsTX1dT2-cvleJDUBn1F5B-c79UPRI


Cangaço e eu - Luiz Ruben - parte 1 Visita ao acervo do pesquisador Luiz ruben, uma referencia no estudo do cangaço no Brasil. Link desse vídeo: https://youtu.be/7b79yTAzAmA

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LAMPIÃO E O CASAMENTO DE LICOR


Por Beto Rueda

O casamento de Licor era assunto palpitante e preocupante para os habitantes do pequeno povoado de Nazaré, nas imediações de Floresta, Pernambuco.

Maria Licor Ferreira de Lima era prima legítima de Lampião, cujas mães eram irmãs. Diziam a boca pequena que Virgolino nutria por ela um sentimento.

A barbearia de Manoel Flor era o ponto de encontro para escutar as últimas notícias e novidades: o assunto principal era se o Rei dos Cangaceiros viria ou não para o festejo.

Sabedor do evento, mesmo sem ser convidado, chegou Lampião no dia marcado para sua realização, a 31 de julho de 1923. Ao sol ardente e faiscante do meio dia penetraram inesperadamente na povoação, dezesseis cangaceiros na ativa, sob o seu comando.

Além de seus irmãos Antônio e Livino, tinha Meia Noite, Juriti e seu irmão Batista, Manuel Tubiba, Chá Preto, o corneteiro Firmo, Caixa de Fósforo, Piloto... antes, arredadas duas léguas para trás, deixara estrategicamente Lampião, perto da serra do Pico, na fazenda Enforcado, de seu amigo Pedro de Engrácia, um grupo tático de reserva: oito cangaceiros sob o mando de Antônio Rosa.

Postadas sentinelas em cada esquina da rua, espalharam-se os demais pelas casas, indo logo beber e jogar truco nas vendas de João Ferreira e Enoque de Sá Menezes. Surpreendida, assustou-se a população. De logo correram boatos que Lampião tinha vindo para ajustar contas, tirar forra de questões passadas...

O povo todo sabia que não era coisa do gosto de Lampião aquele casamento de sua prima com Enoque, suspeito de informante a polícia dos movimentos do seu grupo. O destacamento policial local, de seis praças sob o comando do cabo João Cabecinha, cujo quartel era a casa-da-rua cedida por seu dono, Gomes, havia sido retirado pelo delegado de Floresta.

Cerca das duas da tarde pela estrada, vindo de Vila Bela, chegara com seis horas de viagem para realizar a cerimônia, o vigário da freguezia, padre José Kehrle, ou somente padre José, mais por simplificação do falar do que pela dificuldade da pronúncia do sobrenome alemão.

Confiando no apoio e no respeito que o vigário imprimia com sua presença na terra, Alfredo Ferreira de Lima, irmão da noiva, sentindo o ambiente tenso reinante no vilarejo, foi conversar com Lampião, fazendo-lhe ver que não ficava bem, num dia de festa como aquele, a sua vinda com o bando assim solto, acintosamente armado, desde que chegaram.

Naquele tempo, além da volante que perseguia os bandos de cangaceiros, também os Nazarenos viviam travando combates com Lampião e seu grupo. Com muita insistência do padre, Lampião e seu grupo resolvem a certa hora, deixar o lugar, mas como uma forma de vingar-se, arrebatou a sanfona da festa e advertiu:

- Hoje, aqui, não se dança. Com a concertina do cantador na mão, levou também a alegria da festa, pois as pessoas foram privadas de um baile e tanto.

Na manhã seguinte, Lampião convoca todo o grupo e decide voltar para a cidade. Ao entrarem em Nazaré, sendo questionados pelas pessoas do porquê de terem voltado, Lampião disse:

-Vim agora e não há quem me bote pra fora.

Mesmo sem saber, Lampião havia se livrado de duas emboscadas. Uma, no momento do casamento, em que os Nazarenos, ferrenhos perseguidores dos cangaceiros, planejavam assassiná-los, no momento em que estivessem dançando no baile, coisa que não aconteceu, pois Lampião, além de não ficar para o baile, também impediu que acontecesse a dança. Outra emboscada, que foi preparada pelos Nazarenos David Jurubeba, Pedro Gomes, e pelos irmãos Euclides, Manoel e Odilon Flor, também foi frustrada. Os Nazarenos haviam armado uma emboscada em um lugar que os cangaceiros iriam passar, mas chegaram atrasados e Lampião e seu bando já haviam passado.

Coisa interessante aconteceu depois, quando Lampião estava rumando para a capela de Nossa Senhora da Saúde. Um alvoroço de pessoas, na direção da estrada, denunciou a aproximação de uma volante. Os cangaceiros, vendo que a polícia chegava para guerrear, se entrincheiraram nas casas da cidade e arrocharam tiros contra os perseguidores. Enquanto ele e os cangaceiros travavam a luta contra a polícia, debochavam demais de seus oponentes e o interessante é que, como se nada estivesse acontecendo, enquanto atiravam, os bandidos comiam dos pratos preparados para a festa do casamento, bebiam cerveja, tocavam sanfona e cantavam “Mulher Rendeira”. Imagina só que cena cômica...

No meio do combate entre a volante e os cangaceiros, os Nazarenos que tinham ido esperar a passagem do bando num local, ouvindo os tiros, perceberam que haviam chegado atrasados e foram, na tentativa de ajudarem a polícia. Chegaram logo atrás da volante e começaram a atirar contra os cangaceiros, mas essa ideia não foi muito boa pois a polícia, sem saber de quem se tratava, começou a atirar contra os Nazarenos também.

Com muito custo, conseguiram avisar que se tratava de reforços e centraram os tiros contra os inimigos em comum, mas, como bom estrategista que era, Lampião, tendo decorridas duas horas de combate, decide bater em retirada. O grupo de cangaceiros, juntamente com seu líder, nada sofreu. Hoje, na história do cangaço, muita gente ainda guarda lembranças do dia do casamento inesquecível de Licor.

REFERÊNCIAS:
MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado. Petrópolis: Vozes, 1985.
ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: as mulheres e o cangaço. 2.ed. São Paulo: Traço Editora, 2012.

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LAMPIÃO DECIDE COMPRAR SEUS PRIMEIROS RIFLES

Por José João Sousa
Foto da praça grande de Serra Talhada

No dia 05 de setembro de 1898 , Virgulino foi batizado na Igreja de São Francisco, um vilarejo do mesmo nome, hoje, um distrito de Serra Talhada com o nome de Vila Pajeú. Lampião foi batizado com o nome de VIRGULINO LOPES DE OLIVEIRA, conforme consta no livro de registro do batismo, que ainda hoje se encontra na paróquia da cidade de Floresta. Na época, a paróquia de Floresta atendia a freguesia da Vila de São Francisco. Diz o livro que, Virgulino Lopes de Oliveira, nasceu no dia 04 de julho de 1898, na Fazenda Passagens das Pedras, no município de Vila Bela, registraram como pais, José Ferreira da Silva e D. Maria Lopes Ferreira. Mediante o nome do pai, o menino ficou conhecido na ribeira, como Virgulino Ferreira. A ligação do nome ficou tão forte que, quando o menino ficou maior, registrou-se no Cartório Civil, com o nome de Virgulino Ferreira da Silva.

O PROCESSO CONTRA LAMPIÃO

Os desentendimentos entre Virgulino e José Saturnino já vinha ocorrendo desde o ano de 1914, causados por furtos de animais e a questão dos chocalhos. No inicio de dezembro de 1916, José Saturnino mandou brocar e cercar uma porção de terra da fazenda Maniçoba. Virgulino e os irmãos tentaram impedir, exigindo que os trabalhadores abandonassem a destoca da roça. Virgulino Ferreira não conseguiu afastar totalmente os homens do trabalho, porque Zé Saturnino, junto com Zé Caboclo e mais alguns trabalhadores, tomaram as providências e, à base de muita bala, os Ferreiras correram. Naquele mesmo dia, em horas logo após, Zé Saturnino e Zé Caboclo botaram um corte nos Ferreiras e se encontraram na aba da Serra da Ingazeira. Trocaram tiros, desaforos de uma parte e de outra. Naquele tiroteio, Antônio Ferreira saiu gravemente ferido. Quando Antônio Ferreira ficou bom, deu parte do ocorrido na delegacia de Vila Bela. Por esse acontecimento, Zé Saturnino e Zé Caboclo foram presos e tiraram juntos três meses de cadeias. E, por causa do coronelismo de patente, Lampião foi processado, ainda com o nome de Virgulino Lopes de Oliveira, no Primeiro Cartório da Comarca de Serra Talhada. Virgulino foi intimado pelo Juiz da cidade, a comparecer ao fórum para prestar depoimento, ele apresentou-se no fórum e o Juiz mandou que o mesmo procurasse um advogado para fazer a defesa. Virgulino andou a cidade inteira à procura de um advogado que quisesse defender seu processo, mas não houve ninguém, que aceitasse a causa.

Virgulino ficou aborrecido e decidiu, dizendo: “Eles estão brincando comigo. Espere lá que vocês vão ver”! Desceu a praça grande, entrou na casa do comerciante Pedro Martins, comprou cinco rifles e mil balas. Distribuiu as armas e balas entre Antônio Ferreira, Livino Ferreira, Ezequiel Ferreira e João Gameleira. Disse Virgulino: Agora, arranjei cinco advogados e mil testemunhas para defender minha causa.

OBS: Dizem que, para Ezequiel que era ainda uma criança foi comprado um rifle calibre 22.

Fonte: Lampião e Zé Saturnino - 16 anos de luta
De: José Alves Sobrinho

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REPRISANDO TARDE FRIA

 Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.379

Para a sensibilidade de Goretti Brandão e todos os artistas plásticos.

                               Autor e esposa em lançamento de livro.(Foto: Ene Chagas).

A tarde está muita fria e eu revi toda a música nostalgia de Cauby Peixoto. Em Santana do Ipanema, o sapateiro Gerson fora jogador do Ipanema, engordara e cantava mavioso quando a saudade batia. Muito sério, parecia traumatizado e somente pouquíssimas pessoas tinham o privilégio de ouvir sua belíssima voz nas chamadas  venetas, como a sua esposa Lindinalva.

Tarde Fria, não. Era um sapateiro analfabeto, boêmio e carismático. Girava em torno dos trinta anos de idade, morava do outro lado do rio Ipanema e gostava de colocar palavras difíceis onde não cabia, em frases triviais. Caminhava se balançando como  boneco de molas, gostava de um terno branco e amava cantar a canção Tarde Fria, daí seu apelido.

“Tarde fria,

sozinho espero,

só você que não vem,

Eu quero...


Tarde fria,

sinto frio na alma.

Só você que não vem

me acalma...”.

Por isso ou por aquilo, a polícia correu atrás do sapateiro com seu terno branco. O boêmio disparou em direção ao rio Ipanema que estava cheio. Pega aqui, pega acolá, o artífice conseguiu alcançar as pedras do Poço dos Homens, mergulhou nas águas barrentas,  revoltas e saiu na margem oposta. Do lado de cá, a polícia admirada viu o sapateiro sair do poço, espanar a água feito gato e cachorro, se recompor na sua elegância branca igual à tarde, caminhar no molejo do boneco de molas e abrir a garganta:

“Tarde Fria,

sozinho, espero...”.

Foi um “frisson’ em Santana do Ipanema ao saber como o sapateiro cantor escapara dos homens da lei. Teve gente que foi ouvir o nosso Cauby Peixoto em sua própria residência:

“E o vento, sopra frio,

gelando...

E eu, sem você,

até quando?

Vem o vento,

a tarde é fria,

estou só...

e minha alma vazia”.

*Pesquise Cauby e se apaixone com a melodia.



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MULHERES QUE PARTICIPARAM DO CANGAÇO

Por José Mendes Pereira

Estas mulheres viveram o terror nas caatingas do Nordeste Brasileiro, mas na minha opinião, entraram para o cangaço por expontânea vontade. Moça jovem quando se apaixona não importa o que virá´pela frente. Nada a contrariar o que os escritores e pesquisadores já disseram. É apenas a minha humilde opinião.

A suçuarana Dadá acusou o seu companheiro Corisco de ter sido ele o responsável pela sua entrada no cangaço, e disse mais ainda que, posteriormente foi que se apaixonou por ele. Ela já estava apaixonada desde que o viu. Rapaz metido a galã e ela não resistiu aos seus encantos, muito embora sujo, imundo, fedorento, mas mesmo assim, o quis para ser seu companheiro.

A Sila fez o mesmo, disse que o cangaceiro Zé Sereno a obrigou participar do desastroso movimento social dos cangaceiros, levando-a à força para o mundo do crime. Mas ela deveria ter fugido quando ele a peseguiu, e isso ela não fez. Tempo teve, pois ela mesma disse que ao meio dia foi deixar almoço para os cangaceiros no seu coito. Já que o Zé Sereno estava a perseguindo por que continuou no meio deles? E ao anoitecer, dançou com o facínora quase a noite toda, e ela com certeza, já sabia a sua intenção, que era levá-la consigo. Durante a festa, por que a Sila não fugiu de lá e foi se refugiar em uma casa qualquer de parentes, amigas ou aderentes? O certo é que ela já estava decidida: acompanhar o Zé Sereno para onde fosse. 

Dona Dulce Menezes que eu muito a respeito, também reclama disso, de ter perdido a sua juventude no meio daqueles perversos homens, por que foi raptada pelo cangaceiro Criança, e a  levou para o mundo do cangaço.  

Opinar com respeito não quer dizer que está duvidando do que já foi escrito. E não prejudica a quem pesquisou e continua pesquisando nas caatingas e nos serrados. Afinal, os escritores e pesquisadores não inventaram nada, apenas registraram o que os seus depoentes disseram. 

Não tem nenhum valor para a literatura lampiônica.

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