A adquiri no blog do escritor e pesquisador do cangaço Clerisvaldo B. Chagas.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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Por José Mendes Pereira
A história que segue é uma das muitas que aconteceram em Mossoró, e que esta, jamais foi escrita. Os personagens da história eu não usarei os seus verdadeiros nomes, dando-lhes nomes criados.
Cristino Souto era um homem ainda novo, e residiu por muitos anos em frente à linha de trem, no Alto da Conceição. Possuía um barracão, como era chamado nos velhos tempos, sendo este, localizado entre a casa de uma irmã, a Cacilda, e do outro lado, morava o viúvo Fragoso, o seu honrado pai.
Cristino só comprava mercadorias com datas marcadas para pagar, mas não vendia fiado nem ao seu próprio pai. Quem compra fiado e vende a dinheiro, com certeza, acumulará riquezas. E assim o Cristino tornou-se um dos maiores comerciantes de cereais do bairro.
Mas o Cristino a tempo que vinha notando que alguém estava lhe roubado. A única pessoa que lhe dava uma mãozinha era o Geraldo, filho da irmã, a Cacilda, um jovem de vinte e poucos anos. Desconfiado, resolveu acusá-lo pelos desaparecimentos de algumas mercadorias, inclusive maços de cigarros: “Eldorado”, “Continental”, etc.
Antes, já havia participado ao pai, que o Geraldo estava carregando algumas de suas mercadorias. O pai que toda a vizinhança o tinha como honestíssimo, achava que o Cristino não deveria acusar o seu neto, para não enodoar a sua generosa família, aconselhando-o que o deixasse lá, e não participasse a ninguém que isto estava se passando em seu barracão, principalmente, tendo como acusado, o seu próprio sobrinho. Mas o Cristino não obedeceu ao pai, e dias depois, levou o assunto aos fofoqueiros e ao próprio Geraldo sobre a sua desonestidade.
Assim que falou sobre a sua desonestidade o Geraldo caiu em pranto, dizendo-lhe que jamais havia tirado algo do seu comércio. Mas Cristino manteve firme a acusação. Se não entrava outra pessoa em seu barracão, a não serem eles dois, e ele como dono, não iria roubar a si mesmo, então o Geraldo andava furtando as suas mercadorias.
Sabendo que toda vizinhança já era conhecedora desta acusação, Geraldo resolveu arquitetar um suicídio, na tentativa de pressionar o seu tio a voltar atrás, e com isso, ele, talvez, iria informar aos seus vizinhos e fregueses que, o que dissera contra ele, tinha sido uma simples brincadeira.
Em sua casa, Geraldo guardava uma porção de pesos, que antes era usada em uma balança "romana" pelo tio. Mas com o lançamento de balanças modernas, Cristino adquiriu uma Filizola, e resolveu aposentar a "romana", guardando-a juntamente com os pesos na casa do Geraldo.
Nesse dia, Geraldo esperou que a mãe saísse para o trabalho, e assim que ela se dirigiu à Fitema (fábrica de tecelagem onde a Cacilda trabalhava em Mossoró), ele deu início ao seu plano. Juntou de dez a doze pesos de cinco quilos, inquiriu uns aos outros com arame, formando um total de cinquenta ou sessenta quilos.
Em sua casa, um brabo, ou um gato, como é conhecido pelos construtores (linha que sustenta a mão, a qual recebe a terça de uma casa), Geraldo, com todo esforço, através de um carretel, suspendeu o grupo de pesos, agasalhando-o sobre o gato, sendo que este estava amarrado por uma corda, e a outra ponta seria a que iria laçar o seu pescoço. Empurrado os pesos, claro que eles desceriam, e era nesse momento que Geraldo subiria com a corda laçada ao pescoço, e com cuidado, assim que o grupo de pesos descesse, ele seguraria no brabo, evitando um suicídio de verdade.
E pôs-se a organizar o suicídio. Mas no momento em que o suicida arrumava a corda, ele bateu no grupo de pesos, despencando de uma só vez. O pior, foi que o Geraldo estava sobre uma cadeira, sustentando com um dos pés o laço que seria colocado ao pescoço, e no momento da inesperada descida dos pesos, a corda laçou um dos pés, arremessando-o para cima, deixando-o de cabeça para baixo.
Como ele não havia calculado o tamanho da corda que seria necessário para a armadilha, com o impulso dos pesos, levou a sua perna de vez, montando-a sobre o gato, partindo o osso ao meio, deixando-a em forma de cabo de estilingue, repuxada pelo seu próprio peso, e do outro lado do gato, os pesos da balança. Sentindo terríveis dores, o suicida iniciou desesperados gritos, para que a turma dos piedosos fossem salvá-lo. Mas no momento, o único que se encontrava no barracão, era o difamador, e ouvindo a gritaria de alguém, que ele não sabia quem lá estava, com muito esforço, quebrou a porta da frente para socorrer o homem que gritava.
Assim que ele entrou e viu o Geraldo dependurado por uma das pernas, em vez de tentar logo resolver aquele problema, ficou zombando do miserável, dizendo-lhe que nunca tinha visto um sujeito que queria se suicidar, amarrando a corda na perna, em vez de colocá-la no pescoço. Geraldo gritava, pedindo-lhe que cortasse logo a corda, pois havia quebrado a sua perna.
Depois de tanto zombar do sobrinho, Cristino olhou para cima e viu as pontas de ossos da perna do Geraldo, e o sangue banhando todo o seu corpo. Vendo-os, aperreou-se, e arrastou pela faca que estava na cintura, e com uma mão, segurava a corda do lado do acidentado, e com a outra, cortava a corda. Mas como ele não teve força para segurar o peso do miserável, assim que a corda se rompeu, Geraldo desceu, batendo a cabeça ao chão, e o corpo despencou sobre a cabeça, deixando-o desacordado.
Foi Geraldo conduzido ao Hospital de Caridade. Dias depois, Geraldo chegou em casa, faltando lhe uma das penas. O médico que o assistiu, foi o Dr. Duarte Filho, não teve como preservá-la, pois os nervos, carnes e veias ficaram expostas e irreparáveis.
O mais interessante! Para reforçar a suspeita do Cristino, assim que o Geraldo foi demitido, os roubos no seu barracão deixaram de acontecer.
Mas meses depois, sem a presença de Geraldo no barracão, Cristino sentiu que continuava sendo roubado. Sem comentar a ninguém, procurou dois policiais, e os levou para permanecerem algumas noites no barracão, até que prendessem o larápio. Já faziam cinco dias que os policiais dormiam dentro do barracão, mas ninguém sabia que lá dentro dois policiais se escondiam.
Nessa noite, lá pela madrugada, sentiram que alguém estava destelhando a casa. Silenciosamente, os policiais esperaram pelo suposto larápio. E lentamente, o ladrão foi retirando as telhas, e em seguida veio descendo, começando pelas pernas, depois o corpo, e logo desceu, caindo cuidadosamente. Encheu um saco de mercadorias, amarrou a corda que já estava prontinha no caibro para este fim, pôs-se a subi-lo. Impaciente, os soldados partiram para cima, e logo o algemaram com as mãos para trás, deitando-o ao chão com as costas para cima. Confiante que haviam pegado o ladrão, um foi até a casa do Cristino e comunicou-lhe que o esperto já estava algemado.
Cristino, ansioso para ver a cara do esperto, foi às presas para conduzi-lo até a Delegacia de Furtos e Roubos. Quando o levaram para fora do barracão, diante das luzes das ruas, Cristino ficou passado de vergonha. O ladrão era o seu próprio pai, que morando parede com parede, vez por outra, roubava o filho entrando por cima do teto.
O filho ao ver o pai naquele erro familiar, exclamou:
- Que vergonha, papai! Que vergonha! Tenho ouvido falar que geralmente filho rouba pai, chegando até quebrá-lo, mas pai roubar filho, eu nunca ouvi falar.
Com o passar dos tempos, Geraldo inconformado com a injusta acusação do tio, responsabilizando-o pelos furtos que aconteceram no seu barracão, e também arrependido pelo que havia arquitetado, a tentativa de suicídio, perdendo uma das pernas, pouco se alimentava, e lentamente foi atrofiando, atrofiando, chegando a falecer em sua própria residência.
O Fragoso, pai do Cristino e avô do Geraldo, desconfiado no meio da vizinhança, resolveu desaparecer do bairro, e não levou muitos meses para ser encontrado morto, já nas terras da cidade de Areia Branca. Segundo autópsia, a causa da morte, fora suicídio.
O Cristino Souto ficou todo desnorteado com a decepção que passara pelo pai. Envergonhado, dedicou-se ao álcool. Vivia bêbado dentro do seu barracão. Não cumpria mais com os seus compromissos, e o barracão foi fracassando, fracassando, chegando fechar as suas portas.
Cristino Souto morreu de cirrose hepática, de tanto beber, causada pelo desgosto.
Minha Fantásticas Histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.
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Por José Di Rosa Maria
Por José Mendes Pereira
Por Genê Di Paual Oficial
29 anos sem Jerônimo Dix-huit Rosado Maia, completados hoje. Faz falta, faz muita falta. Por sua obra, por sua luta, por sua dedicação, por seu amor por Mossoró. O 18º filho do velho Jerônimo Rosado partiu nesta data, em 1996, quando cumpria o décimo mês do último ano de sua terceira gestão à frente da Prefeitura de Mossoró, aos 84 anos.
Poderia ter vivido mais, merecia ter vivido mais, mas quis a vida que ele saísse dela em pleno exercício do mandato, no cargo de prefeito, a que ele se entregou de corpo e alma para fazer o melhor por sua terra. E fez. Não há exagero, guardadas ou não todas as proporções, em afirmar que Dix-huit Rosado foi o maior prefeito que esta cidade já teve.
Basta observar, como recorte de exemplo, a sua luta, quando exercia a presidência do Inda (Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário, em 1966), pela construção, instalação e federalização da Escola Superior de Agronomia de Mossoró (ESAM). Hoje, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), não existiria não fosse o Velho Alcaide, como gostava de ser chamado.
De fato, Dix-huit saiu para voltar forte. Filiado à União Democrática Nacional (UDN), elegeu-se, no pleito de janeiro de 1947, deputado à Assembleia Constituinte do RN na legenda da coligação constituída pela UDN e o Partido Social Progressista (PSP). Em 1950, desligando-se da UDN, elegeu-se deputado federal pela legenda da Aliança Democrática, formada pelo Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Republicano (PR). Ele participou da Conferência Internacional do Trabalho, realizada em Genebra, na Suíça. Foi reeleito em outubro de 1954, dessa vez na legenda do PSD.
Em 1958, elegeu-se senador pela coligação UDN/PR. Desligando-se da UDN, permaneceu certo tempo sem legenda, passando, em 1963, a integrar a representação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Senado. Após o movimento político-militar de 31 de março de 1964, com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime militar. Em dezembro de 1966, deixou o Senado para assumir, em janeiro do ano seguinte, a presidência do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário.
Em 1972, elegeu-se prefeito de Mossoró pela Arena. Foi eleito para o segundo mandato de prefeito em 1982. Ingressou no Partido Democrático Trabalhista (PDT) e em outubro de 1992 elegeu-se pela terceira vez prefeito de Mossoró. A sua obra político-administrativa estava consolidada.
A sua memória está eternizada no Teatro Municipal de Mossoró, mas, Dix-huit Rosado é merecedor de todos os aplausos, de todas as plateias, de todos os dias.
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Transcrito por: Urano Andrade
É o que menos se poderia acreditar, mas aconteceu. Quatro ex-cangaceiros que assolavam o sertão, espalhando o terror por toda parte foram soltos e enviados para Ilhéus e Itabuna, para trabalharem (honestamente, já se vê) nos campos do Sul...
Manoel Raymundo Correia, Sebastião Valentim dos Reis, Pedro Vieira da Silva
(Alecrim), e Horácio Teixeira Junior (Bananeira) chegaram já a
Ilhéus. Os dois primeiros eram bandoleiros de um Virgilino, bandido de Ituassu,
e os dois últimos do celebérrimo Virgolino Ferreira, o Lampião, condenado a morrer de velho...
Dois desses bandoleiros foram enviados a Itabuna, ficando os outros em Ilhéus
sob a vigilância da polícia...
Ora, essa “bôa gente” estava aqui na Penitenciária há cerca de um anno, tendo
agora essa liberdade “devido ao bol procedimento que tiveram naquele presidio,
e atendendo a outras circinstancias que militam em seu favor...”
Quaes serão estas circunstancias favoráveis aos presos, e como teria sido essa
rápida regeneração que durou só um anno, depois de ninguém sabe quantos crimes?
Um criminoso comum pode, por um só crime, levar 30 annos na Penitenciaria; uns
bandoleiros que foram o terror do sertão, de cujos crimes, ninguém sabe o
numero certo se arrependem assim depressa, no espaço de um anno, e são postos
em liberdade, embora vigiada!
Bandoleiros habituados a correr no matto denso trabalhando “vigiados” nas
mattas do Sul!...
É curioso, mas parece também perigoso... E ninguém é capaz de atinar com a
razão dessa concessão aos bandoleiros.
https://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Alecrim
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