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sábado, 6 de julho de 2019

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
franpelima@bol.com.br
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
E-mail:  

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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QUEM TINHA MAIS CORAGEM NO QUE SE REFERE À TRAIÇÃO, O CANGACEIRO CONQUISTADOR, OU A CANGACEIRA CONQUISTADA?

Por José Mendes Pereira

Muito difícil de uma explicação, porque o risco que corria o pau, corria o machado, mas, se analisarmos bem direitinho, a cangaceira conquistada era mais corajosa do que o cangaceiro conquistador.

No mundo cangaceiro do Nordeste Brasileiro os pesquisadores e escritores registraram algumas traições de cangaceiras, e até hoje, não se sabe o porquê de suas traições, vez que elas sabiam que no livro de código criado pelo proprietário da “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia”, o rei do cangaço e respeitado capitão Lampião, a mulher, de forma alguma, podia trair o seu companheiro, enquanto estivesse fazendo parte da sua empresa. Se desrespeitasse o código da empresa, seria severamente punida, e a punição, nada mais era ser assassinada pelo seu companheiro, ou pelos seus colegas que pertenciam à empresa.

Tenho notícias de algumas traições de cangaceiras e findaram sendo mortas pelos seus companheiros. Uma delas foi a Lili.

Segundo o escritor Alcino Alves Costa - http://cariricangaco.blogspot.com.br/2012/01/existia-amor-no-cangaco-por-alcino.html - após ser companheira de Lavandeira e de Mané Moreno, a caboclinha do Juá, lá na vastidão do Raso da Catarina, se acamaradou com o temido cangaceiro Moita Braba. Mesmo assim, sabendo que seu companheiro era portador de uma periculosidade extremada, Lili não temeu em coabitar com o cangaceiro Pó-Corante. Eis que um dia ao retornar de mais uma razia, ao chegar ao coito, Moita Braba encontrou a sua Lili nos braços de Pó-Corante. O desalmado cangaceiro não pestanejou, puxou sua arma e disparou vários tiros em sua infeliz e traidora companheira, matando-a instantaneamente.

Àquela vida vivida e sofrida pelas mulheres dentro dos serrados e sem liberdade fez com que algumas delas deixassem de amar os seus companheiros, e tentaram amenizar esta solidão nos braços de outros homens, assim fez a cangaceira Lídia que se apaixonou pelo cangaceiro Bem-te-vi, e vez por outra os dois escapuliam em direção às matas, pra viveram um romance amoroso, até que um cangaceiro de alcunha Coqueiro descobriu e não quis calar, revelando ao seu companheiro Zé Baiano, e sem perdão, ele a assassinou no coito a pauladas.

Um outro caso registrado foi o amor vivido pela cangaceira Cristina que era companheira do cangaceiro Português. Esta o traiu com o cangaceiro Gitirana, mas foi castigada, foi assassinada a facadas por Luiz Pedro, Candeeiro e Vila Nova.

Afirmam os historiadores que Maria de Pancada era a que mais traía o seu companheiro Pancada. Era fogosa ao estremo, e viu, gostou, já estava preparada para um novo acasalamento. Não temia um tico o seu companheiro que vivia mal-humorado. Ela não estava nem aí. Também existem informações que a dona Dulce Menezes também teria traído o seu companheiro Criança, mais isso aconteceu quando não estavam mais no cangaço.


E Maria Bonita traía o seu companheiro o rei Lampião?

Existem histórias fundidas por pessoas que não têm nenhum compromisso com a verdade, afirmando que Maria Bonita tinha caso amoroso com o cangaceiro Luiz Pedro, mas todos os remanescentes de Lampião quando eram entrevistados pelos pesquisadores, escritores, repórteres e jornalistas sobre esta possível traição, as respostas eram sempre as mesmas que: em nenhum momento Maria Bonita traiu Lampião com o cangaceiro Luiz Pedro, e muito menos com nenhum deles. E ainda respondiam que todos os cangaceiros respeitavam muito Maria Bonita. Quando falavam diretamente com ela a chamavam de dona Maria, e quando se referiam a ela, chamavam-na de dona Maria do Capitão. 

Não precisa mais duvidar de quem com ela conviveu. Todos poderiam até mentirem e criarem conversas não existentes, já que ela não mais existia. Mas não! Eles respondiam só afirmando o respeito que  toda cangaceirada tinha com Maria Bonita.  

Durante muitos anos eu trabalhei na Escola Estadual José Martins de Vasconcelos aqui em Mossoró, com o pastor Antonio Teixeira, e que sempre ele me dizia: “O homem quando sai da casa de uma "adúltera", e se ele cheirar o colarinho da sua camisa, tem cheiro de defunto, de velório”. Não todos, mas em alguns casos, têm! É o caso destas mulheres que mesmo sabendo que a coisa poderia se tornar em mortes, defuntos, mesmo assim, elas traíram os seus companheiros. 

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SILA...

Por Geraldo Júnior

Um flagrante de Sila "Cila" (Esquerda), antiga integrante do bando de Lampião, tomando uma "gasosa" com uma amiga. Baseado no formato e na qualidade da imagem, acredito que a fotografia tenha sido registrada na década de setenta passada.

Cortesia: Gilaene de Sousa Rodrigues (In memoriam), filha do casal cangaceiro Sila e Zé Sereno.

http://cangacologia.blogspot.com/2019/07/sila.html

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O OUTRO LADO DO SER

*Rangel Alves da Costa

No ser humano há o ser e o outro lado do ser. O que se mostra e o que se mantem escondido, o que é visível e o que sempre está oculto. E assim não apenas para os demais, pois acontecendo da pessoa para consigo mesma. Daí ser muito perigoso encontrar uma face quando se desejaria encontrar a outra.
É que o ser humano tem vida dupla. Você tem vida dupla. Há outro ser dentro de você. Sempre mostra uma face, mas há outra feição que se mantém escondida. Por mais que procure ser apenas o que se mostra, não pode fugir da outra pessoa que está no seu âmago, no seu íntimo. Quer dizer, você é frente e verso de um mesmo espelho, e com os dois lados reluzindo igualmente. Só que um lado só você pode sentir, avistar, conhecer.
Não se chateie porque assim também acontece comigo e com todo ser humano existente sobre a terra. Eu tenho vida dupla, ela tem vida dupla, todo mundo tem vida dupla. E por isso mesmo que você tem vida dupla. Mas não se aborreça porque explicarei o por quê. Mas antes disso deixe-me recordar uma frase: “Quem olha dentro de si mesmo acaba enxergando a outra metade que lhe completa. Quem se mostra com a outra metade, acaba revelando apenas uma parte do todo”.
As pessoas possuem determinadas características que acabam determinando como são conhecidas. Umas são vistas como singelas, meigas, bondosas, pacientes, brincalhonas, alegres, persistentes, cativantes, e assim por diante. Outras são vistas como arrogantes, presunçosas, egoístas, invejosas, ciumentas, falsas, brutas, insuportáveis, além de outras invirtudes. Há ainda outras que são reconhecidas pelo temperamento difícil, pela repentina mudança de comportamento ou pelas incertezas nas atitudes.
Tais aspectos, contudo, nem sempre representam a essencialidade da pessoa, pois dependem da própria visão que o terceiro tem sobre o outro. E por mais fidedigna que seja, ainda assim não representará a realidade. Esta, a pessoa em si com suas características positivas e negativas, só é conhecida e revelada pelo próprio sujeito. O resto será apenas suposições. Contudo, a verdade que nem a própria pessoa se revela por inteiro, se deixa conhecer completamente.


Talvez aí esteja um dos maiores mistérios do ser humano: o seu caráter dúbio. Aquele que se mostra e aquele que se esconde, aquele que se revela e aquele que se guarda em segredo, aquele que deseja ser caracterizado por alguns aspectos e aquele que tudo faz para que ninguém conheça o seu outro lado. Mas qual seria esse outro lado, essa outra face desconhecida?
Vamos ao exemplo. Ninguém encomenda uma biografia para que o biografado seja revelado em toda sua inteireza. Alguns aspectos pessoais devem ser ocultados, determinadas qualidades não podem ser publicadas de jeito nenhum. Por isso mesmo que tantos artistas brigam na justiça para que os biógrafos não esmiúcem retalhos passados, controvérsias de personalidade e vícios da fama. Contudo, se a biografia serve como glorificação ou endeusamento, então não haverá problema algum. Então resta uma pergunta: E a outra feição deve permanecer oculta?
E é essa outra feição existente em cada um que o torna um ser de vida dupla. Não apenas pelo que não deseja que seja conhecido, mas também pelo que tudo faz para não revelar. E assim porque todo mundo tem dentro de si um arquivo confidencial, cujas chaves estão nos sentimentos e que nem a própria pessoa tem sempre acesso. Há segredos na alma, há desejos íntimos, há escondidos que nenhuma outra pessoa sequer imagina que possam existir.
Vamos novamente aos exemplos. Saudades, desgostos, sensações, vontades, ódios, prazeres, revoltas, renúncias, desejos e tudo o mais que permanece guardado no íntimo da pessoa. Quem conhece as características externas dessa pessoa nem supõe quanta vivacidade há no seu interior, no outro lado que não é conhecido nem revelado. Acontece sempre com o sorriso. O sorriso pode ser apenas uma máscara encobrindo um turbilhão de dolorosos sentimentos.
Então fique sabendo que você sempre é e sempre estará dividido. Você é dois. Você perante os outros e você dentro de si mesmo. E o lado mais verdadeiro você também já sabe qual é.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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PAVILHÃO DO MUSEU DO SERTÃO SOBRE AS ATIVIDADES PROFISSIONAIS

Por Benedito Vasconcelos Mendes - (Continuação)

JANGADEIRO

Além do cangaceiro, do jagunço e do vaqueiro, na Civilização da Seca, um outro tipo humano que se destacava pela habilidade e coragem era o jangadeiro. Em 1941, os jangadeiros Jacaré (Manoel Olímpio Meira, 1903-1942), Tatá (Raimundo Correia Lima), Mané Preto (Manoel Pereira da Silva) e Mestre Jerônimo (Jerônimo André de Souza) navegaram em uma tosca e frágil jangada de seis paus roliços de piúba, de Fortaleza ao Rio de Janeiro, para se encontrar com o então Presidente da República, Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) e denunciar os problemas que os pescadores cearenses estavam passando. Viajaram quase três mil quilômetros, do Porto do Mucuripe à Baía de Guanabara, durante 61 dias, na famosa jangada São Pedro, sem nenhum instrumento de orientação e segurança, pois não levavam bússola, cartas náuticas, rádio, GPS ou qualquer outro equipamento de comunicação e navegação. Eles se orientavam em alto mar, somente pelo brilho das estrelas, durante a noite, enfrentando o perigo dos temporais, das calmarias e dos tubarões. A jangada não possui abrigo contra chuva, sol, vento ou frio. Move-se pela força dos ventos na vela triangular, feita de tecido de algodão. O Rio de Janeiro ficou em festa no dia 15 de novembro de 1941, para receber e homenagear a coragem e a perícia dos quatro destemidos jangadeiros, os quais foram recebidos pelo Presidente Vargas, pela imprensa e pelo povo. A saga dos pescadores cearenses ficou conhecida como “Jornada da Jangada São Pedro”.

Um outro jangadeiro que se notabilizou pela sua coragem e liderança foi o grande abolicionista Dragão do Mar (Francisco José do Nascimento, 1839-1914). Dragão do Mar nasceu na Vila de Canoa Quebrada, município de Aracati-CE. Em 1881, ele liderou os jangadeiros do Porto do Mucuripe, em Fortaleza, para não mais embarcar escravos por aquele Porto. Naquela época, o Porto do Mucuripe era muito precário e os navios não conseguiam ancorar na praia, soltando suas âncoras ao largo, que exigia que os passageiros e as cargas fossem transportados até o navio por jangadas. Um outro fato importante foi a proibição do tráfico de escravo em 1850, pela Lei Eusébio de Sousa. As fazendas de café e de cana-de-açúcar de São Paulo e do Rio de Janeiro, não podendo mais mportar escravos da África, vinham comprar negros escravos no Ceará, para levá-los para o Sudeste brasileiro. Em 1881, esta decisão dos jangadeiros cearenses (greve para não embarcar escravos) contribuiu para fortificar o movimento abolicionista, pois a libertação dos escravos no Estado do Ceará ocorreu no dia primeiro de janeiro de 1883, na vila do Acarape, atual município de Redenção, cinco anos antes da abolição dos escravos no Brasil. Isto fez com que o Ceará ganhasse o cognome de Terra da Luz, dado pelo abolicionista José do Patrocínio.

Enviado pelo autor.

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A MULHER DE LUIZ PEDRO


>Ela nasceu em Paulo Afonso, Bahia e foi a segunda mulher de Luíz Pedro, o homem de confiança de Lampião. Nenê, como era chamada, recebeu o nome de Elenor. Mas o pesquisador Renato Luiz Bandeira, apresenta outra versão e conta que apenas duas ou três coisas se sabe dela, nem mesmo o seu nome de batismo e que seu pai, tinha o apelido de Bundinha.

Outros estudiosos do Cangaço trazem mais detalhes: certo dia, os cangaceiros bateram na porta de sua casa pedindo dinheiro ao seu pai, um coronel, mas na ocasião estava desprevenido. Os cangaceiros não pensaram duas vezes: levaram Nenê como “garantia” ou sequestro. A moça não parava de chorar, mas tanto, que um dos componentes do bando disse que ia matá-la para não ouvir mais o seu choro. Foi quando Luíz Pedro   interferiu e a protegeu. Ficou com ela. Formaram um casal até que a morte os separou. Nenê foi primeiro. Morreu num tiroteio em Itabaiana, em 1937.

Era parda, cabelo escorrido, estatura média e simpática. Foi uma das cangaceiras mais próximas a Maria Bonita. Ferida várias vezes e no bando era conhecida como Nenê Ouro, por ostentar   medalhões pesados de ouro. Presentes de Luiz Pedro. Teve uma filha, Maria Matos que foi colocada na Roda dos Expostos, na Casa de Misericórdia de Salvador, mas morreu pouco tempo depois de pneumonia.

A história de Nenê é uma entre tantas dessas cangaceiras que povoam o mundo feminino do Cangaço. Infelizmente, poucas informações foram registradas como era o costume da época. Essas mulheres com suas histórias verdadeiras ou não, deixaram suas marcas nas caatingas do Nordeste e todas foram Marias Bonitas.


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TAILÂNDIA BOMBARDEIA O PAÍS COM SEMENTES DE ÁRVORES PARA COMBATER O DESMATAMENTO


Atualmente, o desmatamento se tornou um grande problema para a natureza de todo o planeta. Tentar recuperar tudo o que danificamos nas últimas décadas não será uma tarefa simples para a humanidade.

A Tailândia parece ter encontrado uma maneira muito eficaz de continuar a luta contra o desmatamento. Em comparação com outros métodos, isso é simples, rápido e eficaz.

Nos últimos meses, o país asiático usou alguns aviões militares para bombardear suas florestas, mas neste caso não foi um bombardeio destrutivo. Eles usaram bombas de sementes, que foram criadas para tentar recuperar as áreas desmatadas.
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MARIA BONITA

Por Juliana Linhares - Da Universa
Benjamin Abrahão

Maria Bonita tornou-se cangaceira porque quis. Era infeliz no casamento - com um sapateiro - e largou tudo para acompanhar Lampião, à época, já uma celebridade internacional, o bandido mais procurado do Brasil, com direito a reportagem no "The New York Times". 

A primeira mulher a entrar no cangaço não foi raptada e estuprada ainda criança, como acontecia com a maioria das mulheres do bando. Porém, como elas, foi obrigada a dar a única filha que teve. 

Veja mais em:

https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/24/maria-bonita-joias-tortura-e-sem-sexo-as-sextas-diz-biografa-do-cangaco.htm?cmpid=copiaecola.


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CERTIDÃO DE ÓBITO DO NAZARENO ODILON NOGUEIRA DE SOUZA "ODILON FLOR".

Por Geraldo Antônio De Souza Júnior 


Odilon Flor, para quem não conhece, foi um dos primeiros inimigos de Lampião e um dos mais respeitados pelo Rei do Cangaço, que sempre que podia, evitava os confrontos diretos contra sua Força Volante. Inclusive reconhecendo publicamente a valentia e destemor desse bravo combatente.


Odilon Flor (Odilon Nogueira de Souza) nasceu no estado de Pernambuco no dia 12 de janeiro de 1903 e faleceu na cidade de Itabuna no estado da Bahia no dia 07 de novembro de 1950, aos 47 anos de idade em decorrência de um câncer na garganta.

Levando em consideração os serviços prestados e os esforços que desempenhou em sua luta na persiga e repressão aos grupos cangaceiros sertão a fora, foi injustiçado pela Força Pública Policial da Bahia, sendo reformado simplesmente como 2º Sargento daquele estado.

Após a morte de seu irmão Idelfonso de Souza Ferraz “Idelfonso Flor” ocorrida no dia 14 de novembro de 1925 durante um combate contra Lampião e seu bando na localidade Chique-Chique nas proximidades da então cidade de Vila Bela (Atual Serra Talhada/PE), Odilon Flor passou a ter uma dívida de sangue com o cangaceiro-chefe, passando a partir de então a perseguir implacavelmente os bandos cangaceiros e em especial o liderado por Lampião.


O valor negado pela Força Pública Policial do estado baiano a Odilon Flor é atualmente compensado e reconhecido por quem estuda e pesquisa a sério o fenômeno cangaço. É inegável a importância de Odilon Flor ao que se refere ao combate ao cangaceirismo/banditismo nos sertões do Nordeste. Foi sem dúvida alguma um dos maiores perseguidores de Lampião e sua gente.


Um homem de extrema coragem que escreveu com glórias e honras o seu nome nas páginas da história cangaceira. Sua luta não foi em vão. Seu nome ecoará através das gerações e terá sempre o merecido reconhecimento por quem se interessa, com responsabilidade, pelo assunto.


Contemplem... Pois afinal não é todos os dias que temos a oportunidade de ver um documento como esse.


Cortesia: Odilon Nogueira



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A PRISÃO DO CANGACEIRO "BEZOURO" DO BANDO DE LAMPIÃO.


BEZOURO ESTÁ NO XADREZ – Orphão de pae e mãe – Novato no grupo.

S. SALVADOR, 23 (Succursal). 

- Está preso no xadrez da delegacia auxiliar, um Cabra de Lampeão, há dias agarrado pelas forças volantes.

... Nosso repórter lá esteve e falou ao bandido. É um moço robusto de 22 anos de idade, estatura mediana e de cor morena, possuindo vasta cabelleira.
Crivamol-o, então com uma série de perguntas: 

- Pode nos contar a sua história?

- Pois não, meu senhor. Eu me chamo José Soares e nasci em Bebedouro (Bahia). Distrito de Cajueiro, neste estado, Sou orphão de pae. Minha mãe chama-se Baldoina Soares. Em novembro passado, um grupo de Cabras do capitão Virgolino passou por minha terra, chefiado por “Balão” e “Moreno” e me convidou a tomar o “mescla”. 

- O que é mescla?

- É a farda que elles fornecem a todos os que entram no grupo. Apresentei algumas desculpas e recusei o convite.
Pensei logo em minha pobre mãe. Os bandidos, depois de roubarem muito no arraial, foram embora e eu fiquei. Mas depois... 

- Elles voltaram... 

- Foi, “doutor”. Cinco dias não eram decorridos, quando “Balão”, “Moreno” e “Creança” voltaram a minha residência e me disseram que a minha presença no grupo era indispensável. Mesmo porque, em caso contrário, eu poderia denuncial-os à policia. Ameaçaram-me de morte e tive de acompanhar os três bandidos, no dia 3 de novembro.

- O bandido apoia a fronte pela mão esquerda, fita depois o repórter e prossegue:

- “Balão”, quando chegamos no acampamento, próximo a Várzea da Ema, reuniu os seus companheiros e declarou que eu precisava ter um nome de guerra. “Creança” propoz que eu fosse appellidado por “Cabelludo”, porque tenho muito cabello na cabeça. 

Moreno era de opinião que eu passasse a me chamar “Novato”, porque era o mais novo do grupo. Houve discussão e até punhaes desembainhados. 

Afinal, “Balão” disse que era autoridade e mandava que todos me conhecessem por “Bezouro” allegando que eu tinha a fala muito Gross...

- Você tomou parte em algum combate?

- Tomei somente no que se verificou no dia 4 deste mez, quando o nosso grupo se dirigia para Curaçá. Fomos surprehendidos pela polícia. 

Os soldados estavam na moita e a gente não viu. Quando menos esperávamos, os tiros partiram. “Balão” gritou: - “Home é home”. 

- Que significa isso?

É o sinal para a turma abandonar os animaes e se entrincheirar. Fazemos isto e respondemos ao fogo. Mas, “doutor”, nunca vi tanta bala! Não nego não. Tive medo.

- Houve mortos e feridos?

- Não senhor. Nem signal desangue. O nosso grupo fugiu e eu fiquei escondido num cipoal.

No dia seguinte, resolvi entregar-me á policia, em Geremoabo. Eu não queria ser bandido...

- E entregou-se?

- Não cheguei a fazer isso, porque o sargento commandante do destacamento de Geremoabo mandou me prender perto da Várzea da Ema. 

- Que aconteceu depois disso?

- Elle me entregou a dois soldados, que me trouxeram para aqui.

Tenho gostado muito da capital. Que coisa bonita! Nunca vi assim!

Por onde anda Lampião?

- Ninguém sabe. Nunca se encontrou com o nosso grupo. “Balão” e “Moreno” sabem onde elle vive, mas não nos dizem.


OS COMPONENTES DO FAMIGERADO GRUPO.


Prosseguindo nas suas narrativas, o bandido prestou-nos ainda, as seguintes informações:

O grupo se compõe das seguintes pessoas: “Balão”, “Sereno”, “Creança”, “Bezouro, “Mergulhão”, “Bom de Vera”, “Marinheiro”, “Ponto-Fino”, “Cajazeira”, “Santa Cruz”, “Cuidado” e “Colchette”. 

Durante as horas de descanso, os bandidos jogam baralho e quando chegam em qualquer logar gastam contos de réis. Pagam as despezas e na hora de saírem vão tomar “os “cobres” outra vez. 

Fonte: Jornal "Diário da Noite". 

Obs: O texto foi transcrito obedecendo a ortografia empregada na época. 

Transcrição: Geraldo Antônio de Souza Júnior 


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