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sábado, 24 de agosto de 2019

FAMÍIA DE LAMPIÃO FOI AMPARADA PELO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA NO JUAZEIRO DO NORTE.

Por José Mendes Pereira
 
Em Março de 1926 Lampião reúne-se pela última vez com a sua família, em Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará. Identificação dos familiares na foto.  Em pé e da esquerda para a direita: Zé Paulo, primo;Venâncio Ferreira, tio; Sebastião Paulo, primo; Ezequiel, irmão; João Ferreira, irmão;
Pedro Queiroz, cunhado (casado com Maria Mocinha, que está à sua frente, sentada);
Francisco Paulo, primo; Virgínio Fortunato da Silva, cunhado (casado com Angélica). Sentados:   Antônio, irmão; Anália, irmã; Joaninha, cunhada (casada com João Ferreira); Maria Mocinha, ou Maria Queiroz ,irmã; Angélica, irmã e Lampião. Dos nove irmãos da família Ferreira, dois estão ausentes nesta foto: Levino, que morrera no ano anterior, 1925, no sítio Tenório, Flores do Pajeú/PE, em combate contra as volantes paraibanas dos sargentos Zé Guedes e Cícero Oliveira. E Virtuosa, que sinceramente não sei dizer se simplesmente não quis aparecer na foto ou já era falecida. Élise Jasmin afirma no seu CANGACEIROS, que esta foto foi feita por Lauro Cabral de Oliveira, que dividiu então com Pedro Maia, a fama de fazer as fotos de Lampião, bando e familiares em Juazeiro, Março de 1926.

Diz o piauiense da capital Teresina Dr. Leandro Cardoso Fernandes (fonte no final desta página) que além de médico cardiologista é também cordelista, escritor e pesquisador do cangaço, que muita gente não sabe que a família Ferreira do perverso e sanguinário Lampião residiu na cidade do  Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, entre os anos de 1923 até 1927, apoiada pelo famoso religioso cratense padre Cícero Romão Batista que era radicado lá. 

Algumas pessoas dizem que Lampião foi culpado pelas divergências surgidas entre o seu primeiro inimigo que foi o senhor José Saturnino, mas nunca foi tão fácil julgar Lampião, porque a gente não tem a real certeza quem começou primeiro o ódio entre as duas famílias Ferreira e Saturnino.

Ainda diz o escritor Leandro Cardoso que na segunda década do século XX, por duas vezes, a família Ferreira foi obrigada a se mudar de onde residia para outras terras estranhas, devido às provocações e perseguições feitas contra ela pelo seu vizinho o José Saturnino.

A primeira saída da sua terra natal que era Sítio Passagem das Pedras município de Vila Bela que nos dias de hoje é Serra Talhada em Pernambuco, em obediência a uma solicitação feita pelo coronel Cornélio Soares (também lá de Vila Bela) mudaram-se para a Vila de Nazaré do Pico, também no Estado de Pernambuco. Mas parece que a família Ferreira estando longe do seu inimigo, mesmo assim, ele continuava tirando-lhe a tranquilidade, e desta vez, a família Ferreira foi obrigada a abandonar Pernambuco o seu querido berço para residir em terras desconhecidas em relação à moradia, firmando residência na cidade de Mata Grande em Alagoas. Neste Estado a família Ferreira perdeu por completo a paz, e lá, o inferno começou, porque primeiro faleceu dona Maria Sulena da Purificação a mãe dos Ferreiras, de ataque cardíaco. Ela sentindo o desrespeito do seu vizinho com o seu marido José Ferreira da Silva, o seu coração não aguentando, veio a falecer. Mas não ficou só nisso. Dias depois, José Ferreira o pai dos Ferreiras foi assassinado pelas armas do tenente José Lucena Maranhão.

No ano de 1922, o célebre cangaceiro Sinhô Pereira resolveu abandonar o cangaço, e sendo comandante de um grupo de cangaceiros, inclusive um deles era Virgolino Ferreira da Silva que já era alcunhado de Lampião, e já assumido como cangaceiro, recebeu das mãos do seu patrão a chefia do bando de facínoras, porque o Sinhô Pereira estava tentando deixar o cangaço por motivo de saúde, quando sentia fortes dores na coluna,  e estava com a intenção de fugir para o Estado de Goiás. Foi a partir daí que a família Ferreira que não tinha mais condições de voltar as suas origens, vez que os pais já tinham falecidos, procurou abrigo em Juazeiro do Norte, e é aceito pelo padre Cícero Romão Batista.

João Ferreira que era irmão de Lampião e que foi o único que não entrou para o cangaço, mas afirmam alguns escritores que ele não entrou porque o irmão Lampião não deixou, mas ele tentou algumas vezes para acompanhar os irmãos Lampião, Antonio e Levino. E sempre que ele peitava Lampião para participar do cangaço, ele dizia: “Vá cuidar dos nossos irmãos”, isto é, as irmães e principamente o Ezequiel que ainda era muito jovem. E a partir daí, o João Ferreira juntamente com as irmãs conquistaram a amizade do padre Cícero e se firmaram em Juazeiro do Norte de 1923 a 1927, com as irmãs, cunhados, primos (os Paulos) e sobrinhos.

Quando Lampião foi ao Juazeiro do Norte segundo informam os estudisos sobre cangaço, que ele foi convidado pelo Padre Cícero para receber armamentos, munição e fardamentos para combater a Coluna Prestes, mas há uma certa dúvida, inclusive eu já li, mas não disponho da fonte no momento, sobre esta possível entrega de armas feita ao cangaceiro Lampião pelo Padre Cícero, que ele não estava nem satisfeito com a chegada do fanínora e seu bando, e teria dito em tom de repúdio: “Agora vem este homem novamente para cá!”.  Não sei se procede. Sabemos que a ideia de armar Lampião e seu bando surgiu do deputado Floro Bartolomeu, que faleceu em março no dia 8, dois dias após a chegada de Lampião e seu respeitado grupo de marginais no Juazeiro do Norte.

Na edição do jornal “A Ordem”, que pertencia ao Partido Republicano Sobralense, com data de  6 de janeiro de 1927, você pode comprovar clicando no link no final desta página, há um relato sobre o episódio que diz o seguinte:

“O Padre Cícero falou longamente por ocasião de suas bênçãos sobre Lampião, descrevendo os seus crimes e concitando as populações sertanejas a reagirem contra o perigoso bandido. Aproveitou a ocasião para explicar os motivos pelos quais Lampião já esteve em Juazeiro, protestando contra as acusações que lhe fazem os seus inimigos, afirmando ser ele protetor de Lampião”.

A fonte desta informação é do site Diário do Nordeste que você o encontrará no final desta página. http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/regiao/visita-de-lampiao-a-padre-cicero-e-a-patente-da-discordia-1.1955221


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A MORTE DE LAMPIÃO DISSECADA POR FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO


Em 'Apagando o Lampião', o historiador traz dados novos sobre quem teria matado o mais famoso cangaceiro.

Por Diogo Guedes


Em alguns de seus campos, a história pode se parecer bastante com uma investigação. Desde 1970, o historiador Frederico Pernambucano de Mello tentava arranjar meios de averiguar uma informação que tinha chegado até ele – a de que Antônio Honorato da Silva, o Honoratinho, não era o verdadeiro responsável por matar o cangaceiro Lampião durnante um tiroteio em 1938. O autor do disparo fatal, segundo testemunhas, teria sido um outro guarda-costa do aspirante Francisco Ferreira da Silva, que teria ficado oculto. Então, a partir de 1978, Frederico começou a tentar entrevistar um companheiro dele, Sebastião Vieira Sandes, o Santo, que se recusava a falar sobre o assunto.

Quando visitava Alagoas, o historiador deixava sempre um recado, com esperança de uma resposta. O máximo que recebeu, através de um parente de Sandes, foi uma recusa educada e uma garantia de que, se um dia o ex-soldado aceitasse falar sobre o assunto, o procuraria. Esse dia só veio 25 anos depois, quando Frederico já quase não alimentava expectativas. A paciência, ainda mais na história, é muita vezes recompensadora, e a conversa com Sandes gerou uma das principais revelações do novo livro do autor, Apagando o Lampião: Vida e Morte do Rei do Cangaço (Global), que vai ser apresentado na próxima segunda (26), com uma palestra, às 15h, e o lançamento do livro, às 17h, na Academia Pernambucana de Letras.

Uma das principais autoridades no cangaço no Brasil, Frederico é autor de títulos como Guerreiros do Sol e A Estética do Cangaço. Em Apagando o Lampião, o foco é na morte do principal líder do banditismo no Nordeste, que, na prática, começou a decretar o fim definitivo do cangaço na região. Mais do que analisar e narrar o assassinato de Virgulino Ferreira da Silva, o historiador traz novas hipóteses e dados, defendendo que foi outro o autor do disparo fatal que vitimou o companheiro de Maria Bonita.

Quando recebeu uma ligação de São Paulo, em 2003, com um homem com voz grossa dizendo que se chamava Sebastião Vieira Sandes, Frederico tinha a certeza que se tratava de um trote feito por um amigo que conhecia a sua busca. Não era. “Ele dizia que tinha um aneurisma inoperável, que ia para Alagoas se despedir de parte da sua família e que estava finalmente disponível para falar. Fui encontrá-lo e gravei com ele de 8 a 12 de dezembro”, conta o autor.

Na conversa, Sandes confirmou que, quando tinha 22 anos, foi o responsável por desferir o tiro que matou Lampião. Não assumiu a responsabilidade por ordem de seu superior, que sabia dos amigos poderosos do cangaceiro e do risco de vinganças e não queria um rapaz novo na mira de assassinos. O temor era real: Honoratinho, que assumiu o feito e chegou a dar entrevistas anos depois sobre o assunto, terminou assassinado em 1968 quando saía de casa.

Se a conversa com Sandes aconteceu em 2003, porque o livro só é publicado agora? Frederico explica: “Sou um historiador muito cauteloso. Tiro até o relógio para trabalhar, porque não gosto da pressão do tempo. Tento investigar tudo. Para o historiador, como para a polícia, a confissão não é tudo. Esperei para escrever porque fui atrás de outros elementos – só concluí o livro quando pude escrevê-lo com toda segurança”, afirma o autor.

Um dos elementos foi uma perícia balística. Segundo o relato de Honoratinho, o tiro que matou Lampião teria vindo de baixo para cima. No testemunho de Sandes, colhido por Frederico, o disparo havia sido feito no sentido oposto, descendente. Para comparar as versões, o historiador mandou as fotos do punhal do cangaceiro, que foi atingido pelo tiro, para o perito Eduardo Makoto Sato, da Polícia Federal. “Ele aplicou o escaner digital que eles têm e chegou à conclusão que o tiro foi dado em sentido descendente entre 30 e 38 graus de inclinação”, revela. A avaliação ajudava a comprovar o relato de Sandes.

Outros elementos também foram investigados, ajudando Frederico a formar sua convicção de que a narrativa do guarda-costa mais novo. O historiador conta que, desde a publicação do livro, surgiram alguns textos que discordam da sua conclusão. “Mas não houve uma confrontação direta dos dados, porque o estudo é muito denso”, pondera. “O trabalho do historiador não difere muito do de um delegado de polícia: se há algo incoerente, você não avança. Avancei porque não havia. Se alguém quiser impugnar mais adiante, será preciso apresentar também fatos.”

INÍCIO E FIM

Apagando o Lampião também traz outros avanços relevantes para quem estuda o cangaço. Frederico aborda, por exemplo, o fato que teria levado Lampião a abraçar o banditismo, também alvo de controvérsia. “Em 1970, eu gravei em Serra Talhada com o indivíduo que era declarado por Lampião como seu maior inimigo, José Saturnino. Eu tive que me cercar de pessoas conhecidas dele, porque ele já havia mandado muitos pesquisadores voltarem. Ele me revelou que foi a partir do seu primeiro conflito com Lampião e os irmãos que a aventura de Virgulino com o cangaço começou. O irmão saiu baleado nas nádegas do encontro. Outros pesquisadores apontam outros fatos inaugurais que levaram Lampião para esse caminho, mas as versões não coincidem com o relato de Saturnino”, indica.

O livro também revela ainda mais sobre a relação de Lampião com o estado e os poderosos. “A razão, secreta até hoje, para a ida de Lampião para a Bahia, atravessando o São Francisco, foi um acordo feito com a polícia pernambucana através de um primo legítimo seu”, aponta Frederico. Chefe de polícia local, Eurico de Souza Leão mandou pelo parente do cangaceiro o recado para que ele se rendesse ou atravessasse a fronteira e não voltasse. Após uma derrota mais grave em Mossoró, Lampião resolveu ganhar uma sobrevida no banditismo partindo para Bahia em 1928, levando todo dinheiro e ouro que acumulou ao longo de anos.

Outro dado que o livro – também recheado da poesia popular e da cantoria, fonte importante sobre os eventos do período – atesta é o plano de Virgulino de partir para Minas Gerais. O projeto, não realizado, havia surgido de um convite de Farnese Dias Maciel, irmão do então governador do estado, que queria que o cangaceiro combatesse a família Borges, sua inimiga. “Ao morrer, ele morre sonhando com Minas Gerais”, conta Frederico.

Leia Também


SERVIÇOS

Lançamento de Apagando o Lampião, de Frederico Pernambucano de Mello - Segunda (26), às 15h, na Academia Pernambucana de Letras (Av. Rui Barbosa, 1596, Graças). Preço do livro: R$ 60.

https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2019/08/24/a-morte-de-lampiao-dissecada-por-frederico-pernambucano-de-mello--386439.php?fbclid=IwAR12wqA2vDhtbMWVj17LmfGM3kVyk0VfUyGil2YhTJ1pf6JmuR7sfAmU8Bs

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DIÁRIO DE PERNAMBUCO DE 22 DE ABRIL DE 1937 A CABEÇA DO CANGACEIRO NO JORNAL

por Paulo Goethe

A violência praticada nos tempos de banditismo deu um novo sentido ao manejo das armas brancas para os criadores de galinhas, porcos, bodes e bois no Sertão. Ao invés de bicho, gente. A bibliografia do cangaço está cheia de relatos de pessoas – moradoras do Nordeste mais profundo – que foram marcadas a ferro quente, tiveram olhos, línguas, orelhas e pedaços de pele arrancados a canivete, chicoteadas até o desfalecimento ou cruelmente castradas. Em caso de sentença de morte, a vítima era “sangrada”.

A guerra declarada descambou para as cabeças cortadas, troféus macabros das volantes que acabariam nas páginas dos jornais. Uma destas cabeças, a do cangaceiro Santa Cruz, figurou no Diário de Pernambuco de 22 de abril de 1937.



Em uma primeira página onde a manchete destacava as comemorações aos precursores da independência do Brasil (os inconfidentes mineiros), com direito à programação dos teatros recifenses e ao avanço da ciência – conferência mundial de rádio e a chegada do navio hidrográfico Jaceguay – Santa Cruz encarava o leitor com seus olhos abertos à custa de palitos. Sua cabeça sobre seus apetrechos lembrava que para além do litoral a realidade era outra.

O fim de Santa Cruz havia ocorrido no dia 14 de abril, no lugar de nome Araras, em Sergipe, à margem do Rio São Francisco, quando o grupo que integrava, liderado pelo cangaceiro José Moreno e formado por quatro homens e uma mulher, foi emboscado pela volante de 15 homens comandada pelo tenente José Rufino, cujo nome de batismo era José Osório de Farias, que antes de pegar em armas era um simples sanfoneiro das bandas do Pajeú pernambucano.

Santa Cruz teria sido abatido por um tiro de fuzil disparado pelo próprio José Rufino, que dizia na época já ter matado mais de dez cangaceiros. O corpo de Santa Cruz foi deixado no lugar e a cabeça levada para a cidade alagoana de Piranhas, onde teria sido fotografada.

De acordo com o texto na capa do Diario, o representante do jornal na cidade conseguiu a imagem que foi entregue na redação, no Recife, por um comerciante que estava de passagem em Piranhas, uma das muitas testemunhas do troféu macabro apresentado pela força policial em praça pública.

O Diario teceu elogios à coragem de José Rufino, “um homem que infunde respeito e medo aos asseclas de Lampião e ao próprio bandido, que o respeita e o teme”.

 Zé Rufino

Em 25 de maio de 1940, ele foi o responsável pela morte de Corisco, na Bahia. Era o fim oficial do cangaço. Com mais de 20 mortes no currículo, José Rufino tornou-se coronel da Polícia Militar baiana e virou fazendeiro em Jeremoabo (BA).



Pesquei no Diário de Pernambuco

Adendo: A foto da cabeça em questão está identificada por escrito na mesma como sendo do cabra Zepelim.


Todavia ambas as identificações (Jornal e foto) estão equivocadas. Em matéria anterior nós trouxemos a verdadeira identidade do cangaceiro sem corpo. Seria "Pavão".


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O CANGAÇO EM BREJO DOS SANTOS NO REGIME MONÁRQUICO - PARTE II POR:MUNGANGA CULTURAL

Por Manoel Severo

Com o passar do tempo, contínuas desavenças puseram fim à aliança de João Calangro e com os Quirinos. Um cronista da época, citado pelo escritor Abelardo Fernando Montenegro e que se escondia sob o pseudônimo de Azéglio, assim se referiu aos dois grupos hostis: "Os dois bandos transitavam pelas fraldas da Serra do Araripe. Emboscavam-se reciprocamente. Cada um dos beligerantes se esforçava por aumentar as suas hostes, o que não era difícil, pois até os soldados de linha dos destacamentos de Jardim, Missão Velha e Milagres desertavam e se reuniam aos bandidos".

João Calangro, de estatura baixa, vermelho, sardento e de cabelos cor de fogo, intitulava-se General Brigadeiro João de Sousa Calangro. Jactava-se de haver praticado 32 assassinatos e de não ser por nenhum deles processado. Remontam àquela época os sucessivos tiroteios travados entre os dois bandos rivais nas feiras de Brejo e Porteiras, onde os cangaceiros se fartavam de cachaça e arruaçavam livremente.

Conta-se que, certa vez, ouvia João Calangro um grande tiroteio em Brejo dos Santos. Dirigia-se para lá imediatamente. O seu grupo lutava com o de Quirino. No lugar Regato, a 2 quilômetros da rua, escutando gemidos que partiam de uma moita à margem do caminho, verificava que se achavam baleados dois bandidos inimigos. Acabava de matá-los.

Em outra ocasião, depois de um combate contra os Quirinos, em Porteiras, repreendia João Calangro a um dos seus cabras, por ter aplicado um pontapé no cadáver de um adversário. " Não faça isto, ele era um cangaceiro honrado". Um tiro acidental porém havia de determinar o fim daquele estado de coisas. Num dos primeiros dias de feira do ano de 1878, Calangros e Quirinos se defrontaram no antigo "Comércio" de Brejo Santo, na Rua Velha. No decorrer do tiroteio, o velho águas-belense Inácio Gonçalves Bezerra, mais conhecido como Inacinho, foi morto por um tiro do grupo de João Calangro, que, na realidade, não lhe foi dirigido. Pai extremoso, Inacinho procurava os filhos na área perigosa. Estes, em número de cinco, imediatamente após o crime, partiram em perseguição aos Calangros, abatendo um dos bandidos no lugar Canafístula, a três quilômetros do povoado. No dia seguinte, retomaram a trilha dos bandoleiros com o auxílio de um índio domesticado, exímio rastejador.

Aspecto atual do antigo "Comércio" ou "Rua Velha".
O primeiro logradouro de Brejo Santo hoje chama-se Rua Cel. Ferraz.
Aspecto atual da antiga "Rua Velha", sentido norte-sul.
Aspecto atual da antiga "Rua da Velha", sentido sul-norte.
Aspecto atual do antigo "Comércio" ou "Rua Velha".
O primeiro logradouro de Brejo Santo hoje chama-se Rua Cel. Ferraz.

Calangro, como de costume, dispersara o grupo para embaraçar seus perseguidores. Contudo, não evitou que mais dois sicários do seu séquito fossem derrubados de uma árvore, na serra de Canabrava, quando devassavam uma colmeia. Logo depois do episódio de Canabrava, o coronel João Gomes da Silva foi ao lugar Piçarra, informado que fora da presença de Calangro naquele sítio. Não o encontrou porém. No dia seguinte, recebeu um recado do famoso bandido, aconselhando-o a ficar em casa e deixar a perseguição a cargo dos seus cabras. De sua tocaia, Calangro deixou João Gomes passar em paz, reservando a carga do seu trabuco para os indivíduos de sua laia.

Após esses acontecimentos, que tiveram grande repercussão na própria Capital, o Presidente da Província, Dr. José Júlio Albuquerque de Barros (primeiro e único Barão de Sobral. Foi Presidente das Províncias do Ceará - 08.03.1878 a 02.07.1880 -  e do Rio Grande do Sul - 16.07.1883 a 19.09.1885), resolveu agir decisivamente contra aqueles grupos de malfeitores. No dia 02 de outubro de 1878, a povoação de Brejo dos Santos transformara-se em verdadeira praça de armas. Nos diversos pontos das comarcas de Jardim e Barbalha, postavam-se piquetes. Cerca de 500 homens moviam-se às ordens do coronel Canuto José de Aguiar, comandante do corpo policial, que, durante a administração de Alencar, desempenhara, a contento, idêntica comissão.

Canuto dispunha as forças da seguinte maneira: um pelotão de homens escolhidos, a fim de evitar as mortíferas guerrilhas de Calangro e sequazes, seguia no enlaço do grupo principal, enquanto escoltas a cavalo tomavam-lhe a dianteira. Além disso, distribuíam-se piquetes pelas aguadas. As forças, enfim, movimentavam-se continuamente.Reza a tradição que na cauda do grupo de Calangro marchava um cabra munido de ramagem, com o fim de apagar a pista dos companheiros. Os bandidos iludiam as sentinelas  das aguadas com o bater dos chocalhos nas horas mortas da noite.

A esse tempo, Gato Brabo, comandante de grupo auxiliar do grupo de João Calangro, via-se cercado na Serra do Braga. Conseguia escapar. Prendia-no, porém, no termo de Sousa, da Paraíba. Ia ele no meio de uma carga, em vestido de mulher e embrulhado numa coberta. Dirigia-se para o termo de Teixeira, palco de seus primeiros crimes, e onde tinha o nome de Avelino, quando, na verdade, se chamava Antônio e nascera no termo de Milagres. A enérgica repressão ao banditismo restabelecia paulatinamente a ordem pública. Grande número de bandidos caia nas malhas da polícia, enquanto uns tombavam na luta e outros fugiam.

João Calangro, perseguido, abandonava Brejo dos Santos. Subia a Serra do Araripe. Antes, porém, a fim de desorientar os perseguidores, amarrava as alpercatas aos pés com as pontas voltadas para os calcanhares. Descia a Serra pelo lado de Barbalha e asilava-se no sítio Silvério, na residência do padre Manuel Antônio Martins de Jesus, proprietário do mesmo e amigo do famoso bandoleiro, além de ser sacerdote desabusado, que vivia em mancebia e tinha vasta prole.

O sacerdote que faleceu aos 76 anos, em Juazeiro do Norte, no dia 27 de janeiro de 1911, ocultou o bandido, arrumou um pilão numa rede, mandou o sacristão tanger o sino da capela e anunciou a morte de João Calangro. Enquanto se efetuava o enterro, o cangaceiro fugia para o Piauí, de onde não se tinha mais notícia dele. A tranquilidade voltou ao seio da população de Brejo dos Santos. Entretanto, por volta de 1887, novos grupos de cangaceiros começaram a surgir nos antigos domínios de João Calangro. Nessa época, Viriatos e Brilhantes reviviam as lutas dos grupos de bandoleiros ocorridas durante a grande seca de 1877.

Os Brilhantes eram chefiados por Miguel Raposo de Souza Plácido, valente e perverso bandoleiro da província da Paraíba. Residia no Poço, onde foi morto. Certo dia do ano de 1890, Miguel Plácido recebeu a visita de João Marreca e mais três cabras de Antônio Quelé, os quais, segundo afirmavam, dirigiam-se ao Crato. Miguel matou um suíno de cuja carne os cangaceiros almoçaram fartamente e encheram os bornais. Horas depois das despedidas, Miguel Plácido saiu para dar água a um cavalo. Caiu varado de balas antes de atingir o roçado. Seu cadáver, que foi objeto da curiosidade popular, foi sepultado no cemitério em Brejo dos Santos.

Ao mesmo tempo que resistiam às duras provas de três calamidades (peste, seca e banditismo), os fundadores do antigo distrito de Brejo dos Santos mantiveram o ritmo de trabalho criador que se transmitiria às gerações futuras. Depois do quatriênio de fome (1877-1880) durante o qual o próprio Vigário foi auxiliado financeiramente por um bloco de cidadãos generosos, transmudou-se a paisagem da gleba. O povoado, que se desenvolveu em torno da antiga capela, começou a ser acrescido de novos edifícios. E naquelas terras de transição entre a serra e o sertão, novas fazendas de gado surgiram, os rebanhos se multiplicaram e a lavoura firmou-se no primeiro plano de atividades daquela gente laboriosa. 



O Brejo Santo daqueles tempos está fielmente retratado pela pena brilhante do Pe. Belarmino José de Souza, que ali esteve em 1884 secretariando D. Joaquim José Vieira (foi bispo do Ceará de 24 de fevereiro de 1884 a 16 de setembro de 1912), cuja visita pastoral constituiu o maior acontecimento da época. “Chegamos nesta Freguesia na manhã de 29 de julho. Ali encontramos uma população pobre, mas prendada dos melhores predicados, convicta e animada para as nobres conquistas do trabalho de que vive na confiança de seus perseverantes esforços. Não obstante batida pelo bando de sicários que no triênio da seca devastaram àquele e outros lugares, do que ainda encontramos vestígio, a população do Brejo é bastante valorosa e resignada na história que conta de seus infortúnios. A casa que nos deram, em falta de outra, para hospedagem, foi a que serviu de trincheira de um dos grupos facinorosos, que sustentaram um tiroteio com outro grupo, não menos insolente e cruel, que disputava a posse do lugar! Foi realmente uma época de terror, a do triênio da seca, principalmente no sertão do Cariri, flagelado pelos grupos sanguinários, que nada respeitavam, nem honra, nem propriedade, nem a vida de ninguém.

Ali vimos as portas da referida casa crivadas de balas, e com admiração S. Excia. Rvma. teve que lamentar o fato, e condenar o estado bárbaro de nossos centros nas épocas de sua anormalidade. Pois bem; esta circunstância inspira-me a dizer que o lugar da desordem e do crime, foi convertido em lugar de ordem e de paz; e que a terra profanada pelo pé do malvado cearense foi santificada pela presença do Apóstolo da Igreja! Do mesmo lugar donde partiram balas, partiram bênçãos! Ali estivemos dois dias, prestando S. Excia. Rvma. os serviços de sua consoladora visita. Crismando cerca de 500 pessoas, dirigiu do púlpito algumas palavras, chamando a atenção dos povos para o mau estado da Matriz. Sendo nova a Freguesia, e lutando com adversidades de todo gênero, o respectivo vigário Francisco Lopes Abath fez muito em conservar-se no seu posto e manter as coisas contra a invasão dos bandidos. Durante nossa estada no Brejo foi grande a concorrência dos fiéis. Os confessionários sempre foram frequentados pela maioria do povo durante os trabalhos da visita. Concluindo, dirijo um voto de louvor ao Sr. João Clímaco de Araújo Lima, pelos bons serviços que nos prestou, e bem assim a outros dignos amigos e fervorosos católicos da religiosa Paróquia.”

A casa aludida é situada na Rua Velha, que pertenceu depois a Antônio de Zuza Gabriel, vulgo Medalha. Os grupos referidos pelo cronista eram o de João Calangro e dos Quirinos. Aquela época, exercia as funções de sacristão Antônio Simplício do Nascimento, natural de Goianinha (atual distrito de Jamacaru, em Missão Velha), foi ele o primeiro sacristão de Brejo Santo. 
Além desses episódios, nada mais foi preservado pela tradição escrita e oral sobre o cangaceirismo em Brejo dos Santos durante o Regime Monárquico.

Bruno Yacub Sampaio Cabral-Pesquisador

22 de Junho de 2019
Fonte:amunganga.blogspot.com
Imagem:Glauber Arbos


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A ISSO CHAMO CARIRI CANGAÇO !


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IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE POÇO REDONDO: NOS PASSOS DE SUA HISTÓRIA

*Rangel Alves da Costa

No último dia 15 de agosto aconteceu a celebração maior da religiosidade de Poço Redondo, no Alto Sertão Sergipano: Festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição. Ante a igreja e seus arredores repletos à espera da procissão, eis que me pus a imaginar quantos daqueles fiéis conheciam ao menos um pouco da história daquele sagrado templo. Comprometi-me, então, a tecer algumas considerações.
Igreja Matriz significa o templo mãe, o templo primeiro, o local escolhido para que os habitantes de uma comunidade ou povoação pudessem expressar sua fé perante um sagrado altar. Certamente que a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo não foi a primeira igreja nascida na povoação.
Antes de sua construção, e no mesmo local de onde agora se mostra bela e imponente, em outra localidade mais acima já havia surgido, em meio à comunidade primeira do Poço de Cima, a Capela de Santo Antônio, ainda nas últimas quadras do século XIX. Contudo, tal capela, pequena e modesta, surgiu por aspirações familiares, para os cultos e ofícios de uma comunidade profundamente católica. E mais antiga ainda é a Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Curralinho, vez que em 1874, quando da passagem de Antônio Conselheiro e seus seguidores pela região, os alicerces daquele templo já estavam fincados.


Quando, após o florescimento das muitas fazendas que circundavam a região conhecida como Poço de Baixo e a formação de uma pequena comunidade nas beiradas do Riacho Jacaré, então o centro vivo daquela povoação sertaneja passou a ser a comunidade de Poço Redondo, assim denominado porque ao lado de um “poço redondo” onde costumeiramente os criadores levavam seus magros rebanhos para enganar a sede em épocas de seca grande.
Assim, ante essa comunidade surgida, também a necessidade de um templo católico onde houvesse a junção de todos os ofícios e cultos religiosos. Desse modo foi que surgiu a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, homenageando a padroeira escolhida da recém-surgida povoação, ainda que logo ao lado, no Poço de Cima, o padroeiro continuasse sendo Santo Antônio, como acontece até os dias atuais.
A denominação de matriz somente surgiu após a emancipação política local, em 1953, e a presença de outros templos católicos nas povoações do município. Passando a ser matriz, a igreja mãe das demais igrejas, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo tornou-se símbolo maior da crença, da fé e da religiosidade poço-redondense. A denominação de paróquia (subdivisão da Diocese de Propriá, abrangendo as diversas comunidades religiosas e igrejas na circunscrição de Poço Redondo) surgiu apenas em 15 de julho de 1979. Até essa data, a matriz e as demais igrejas estavam vinculadas a Porto da Folha.
Sua feição, contudo, já foi muito diferente da que atualmente se apresenta. Nasceu na simplicidade, surgiu como quatro paredes nuas com portas laterais e à frente, e um singelo altar. O único luxo que se tinha era a imensidão de fé em cada coração que ali adentrava. Desde então, seu percurso foi de progresso - mas também de retrocesso (principalmente quando se viu desprotegida e sem telhado).
Nos tempos mais antigos, e quando ainda pertencente à Paróquia de Porto da Folha, apenas duas missas eram celebradas, uma em data escolhida pela comunidade e a outra na celebração da padroeira, no mês de agosto, daí ter surgido a famosa e cada vez mais ofuscada Festa de Agosto. Para a celebração das missas, o sacerdote geralmente chegava à povoação montado em burro e após uma longe e cansativa viagem.
Fato interessante ocorreu em 1929, quando o bando do cangaceiro maior, o famoso Virgulino Lampião, assistiu missa celebrada pelo Padre Artur Passos. Uma cena que em muito atiça a imaginação: a cangaceirama em plena devoção, orando ajoelhada, enquanto o velho sacerdote discorria sobre os pecados do mundo. Lampião, fervoroso católico, devoto do Padim Ciço e da Senhora Mãe, recebendo a hóstia sangrada e todo paramentado de embornal, cartucheira, punhal e arma cuspideira de fogo.


Mas os fatos, lendas e curiosidades, são muito maiores, e que certamente não cabem na estreiteza de um escrito qualquer como este. Muitos foram os sacerdotes que já pregaram perante o seu altar: Padre João, Padre León Gregório, Frei Teodoro, Padre Fabiano, Padre Mário, Padre Valdinã e muitos outros. A partir de suas posrtas as Santas Missões, as presenças sagradas de Frei Damião e Dom José Brandão.
A partir de suas portas e ecoando pelo mundo-sertão, as vozes beatas, as vozes da fé, os cantos e as ladainhas. Vozes ainda presentes como a de Marizete e Geovanete, e ecos já saudosos como os de Mazé de Iracema e Maria José de Zé Preto. Um mundo sertanejo e sua igreja, aquele mundo de Mãeta, de Bebela, de Dona Lídia, um mundo de tanta crença e tanta fé que se perpetua no próprio tempo.
Mas eis, ali no centro do mundo chamado Poço Redondo, a bela matriz de braços abertos. Lá dentro, mas com mãos estendidas por todos os sertões, uma Senhora Mãe Sertaneja a dizer: Abençoados sejam os filhos meus!

Escritor
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UM HOMEM DE CORAGEM AO EXTREMO

Por José Mendes Pereira
Capitão Lampião

Não estou querendo enaltecer o velho bandido capitão Lampião, mas se analisarmos bem direitinho e cuidadosamente para não menosprezar os demais cangaceiros, que no mundo do crime foram feras humanas, no meu entender, Lampião foi o homem mais corajoso de todos os tempos, que viveu dentro da caatinga do Nordeste do Brasil.

Antonio Ferreira da Silva irmão do capitão Lampião

Até o ano de 1925 o capitão Lampião estava protegido pelos dois manos Antonio Ferreira da Silva e Livino Ferreira da Silva, que estavam ao seu lado, lutando pela mesma causa que era respeito aos Ferreiras, ou por interesses próprios. 

Livino Ferreira está por trás de Lampião. Lampião ainda não era cego do olho

Mas neste mesmo ano Lampião perdeu em combate o Livino Ferreira e ele ficou cego do olho direito. Mesmo assim, enfrentou o cangaço sem pensamento de desistir daquela maldita vida. Agora na caatinga só tinha o mano Antonio Ferreira para protegê-lo dos arrufos de qualquer um cangaceiro, que possivelmente, poderia surgir uma briga contra ele, porque o capitão mantinha ordem dentro do seu grupo. E isso era possível uma revolta por ter  repreendido fortemente algum deles ,diante de toda cabroeira.

A igreja ao centro é a São Vicente de Paula em Mossoró e que ela serviu de apoio para os combatentes se protegeram contra os estilaços de balas pelo grupo de Lampião em 1927.

Mas por infelicidade do capitão Lampião no início do ano de 1927, meses antes da tentativa de assaltarem a cidade de  Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, sem ser perseguido por volantes, e sim, um triste acidente, o Antonio Ferreira da Silva foi morto por uma arma que disparou contra si quando ele, Luiz Pedro e mais outros cangaceiros jogavam cartas em grupos. 

O cangaceiro Luiz Pedro amigo de Lampião desde a velha guarda

Após a morte do mano mais velho Lampião admitiu Ezequiel Ferreira da Silva o mais novo irmão. Este iria participar do movimento sem leis em sua Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia. Mas em 1931 Ezequiel Ferreira foi morto por uma volante policial do governo.

Lampião e seu irmão Ezequiel Ferreira
Agora o capitão Lampião não tinha mais irmão que pudesse colocá-lo no cangaço. Somente o João Ferreira dos Santos que não participou do movimento desastroso do seu irmão, mas muito antes, segundo alguns escritores e pesquisadores afirmam que ele tentou entrar na empresa e o capitão Lampião não aceitou, mandou que ele fosse cuidar das suas irmãs solteiras.

Mas o que me faz dizer que Lampião foi um dos cangaceiros mais corajoso do cangaço é que após o ano de 1931 ele ficou sozinho no meio daquelas feras, totalmente desprotegido de irmãos e de parentes. No cangaço a Maria Bonita era apenas a sua companheira de cama e não carregava em seu corpo o seu sangue.

Imagina você leitor, se caso acontecesse uma guerra de cangaceiros contra o capitão Lampião, já que mesmo sem parentes ali, qual seria a sua reação? Se atirasse num, seria alvo fácil para os demais, porque no seu comando (não no grupo) existiam irmãos como: 


Maria Bonita e Sabonete

O cangaceiro Sabonete era irmão do cangaceiro Borboleta e que era uma espécie de secretário da rainha do cangaço Maria Bonita. O Borboleta é aquele que foi se entregar ao capitão Aníbal Vicente Ferreira, comandante das Forças de Operação na Bahia juntamente com Juriti e sua companheira Maria..


Capitão Aníbal Ferreira

O capitão Aníbal Vicente Ferreira deu documento de soltura aos três, mas me parece que ainda foram presos por um curto período e por má sorte o cangaceiro Juriti foi morto numa fogueira pelo tenente Deluz. 


O cangaceiro Velocidade

O cangaceiro Velocidade era irmão do cangaceiro Atividade. Velocidade é aquele que quando se entregou à polícia disse às autoridades que Corisco não se entregava porque a sua companheira Dadá não deixava. Ele quis dizer que Corisco era mandado por Dadá e já li, não sei se procede, que quando Corisco estava bêbado a sua esposa Dadá era uma verdadeira suçuarana contra ele.

O cangaceiro Cirilo de Engrácias. - Quando fizeram esta foto o Cirilo já estava morto e degolado. Mas colocaram a cabeça sobre o corpo para fins da foto.

O cangaceiro Cirilo de Engrácias era irmão do cangaceiro Antonio de Engrácias, e que me parece que Antonio de Engrácias fez uma covardia com Lampião, e ele não querendo resolver o problema pediu ao Cirilo que resolvesse. Mas o Cirilo não quis conversar com o irmão e foi ao seu encontro e o matou. Não tenho o autor desta informação, mas eu já li por aí na estrada dos nossos estudos cangaceiros.


Os cangaceiros Mané Moreno, Zé Baiano e Zé Sereno

O Zé Sereno, Mané Morero e Zé Baiano eram sobrinhos de Cirilo e do Antonio de Engrácias, os três eram primos entre si, sendo que o Zé Sereno era primo carnal do cangaceiro Zé Baiano. Mas existiram outros que eram irmãos e que me parece que eram lá da cidade de Poço Redondo no Estado de Sergipe., mas não disponho no momento dos seus nomes. Quem quiser saber os seus nomes verdadeiros procurem no livro "Lampião Além da Versão Mentiras e Mistéios de Angico" do escritor e pesquisador do cangaço Alcino Alves Costa.  

Cangaceiro era faca de dois gumes. Além destes que citei mais outros poderiam se revoltarem contra o capitão e assassiná-lo por ódio ou até mesmo para roubarem as suas riquezas. 

O que escrevi não tem nenhum valor para a literatura lampiônica, são apenas as minhas inquietações como dizia o escritor Alcino Alves Costa. 

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