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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

CANGACEIROS DE LAMPIÃO

Foto do acervo do Moustafá Veras

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EM MINHA OPINIÃO...

Por Geraldo Junior

... a chamada primeira fase do cangaço lampiônico foi a mais importante em termos de combates e lutas envolvendo cangaceiros e Forças civis e militares. Após Lampião entrar na Bahia, acompanhado de outros cinco cangaceiros em agosto de 1928, os combates foram gradativamente diminuindo, embora a violência tenha sido intensificada. Um dos fatores que contribuiu para a diminuição dos confrontos foi a entrada das mulheres no cangaço, fato que aconteceu a a partir do ano de 1930 quando Maria Bonita e Mariquinha resolveram acompanhar seus companheiros, respectivamente Lampião e Ângelo Roque "Labareda".

Tendo em vista a segurança do bando e das mulheres os cangaceiros modificaram seus modos de atuação, passando a utilizar a extorsão e os pequenos assaltos como principais formas de obtenção de dinheiro, ouro e outros bens materiais. Passou a utilizar os famosos bilhetes para conseguir o que queria, pois seu nome e sua fama em determinadas situações, resolviam as questões sem o derramamento de sangue e o gasto de munições.

Na realidade na segunda fase, Lampião trocou o campo de batalha pela comodidade e tranquilidade nos coitos seguros entre os estados da Bahia e Sergipe. Uma tranquilidade e acomodação que fez com que a segurança do bando fosse relaxada, ocasionando a sua morte no dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, em Sergipe.


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LAMPIÃO

Do acervo do Sálvio Siqueira

A exploração dos atos das personagens do cangaço pela comercialização de produtos de várias espécies era comum.

No ano de 1933 com o "rei dos cangaceiros" ainda em vida, era anunciado esse tipo de comercial abaixo sobre um tônico purgativo em uma das páginas da revista "Boa Nova".

O conteúdo do comercial foi o que nos chamou atenção. Nele, o marketing da época compara as ações do cangaceiro e seu bando com a ação da prisão de ventre em nosso organismo.

Segundo o script, a solução encontrada para combater Lampião eram as forças públicas e quanto ao combate a prisão de ventre as "pílulas de vida do dr. ross".

Fonte

"Gerreiros do Sol" - MELLO. Frederico Pernambucano de. 5° Ediçao revista e atualizada. Pg 419. 2011.


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NO CENTENÁRIO DA CASA DE JUVENAL GALENO, A POSSE DO POETA BRÁULIO BESSA

Por Manoel Severo

Uma manhã marcada pela emoção e grande significado para a literatura cearense aconteceu dentro dos festejos do centenário da Casa Juvenal Galeno, um dos mais tradicionais endereços da literatura brasileira. A solenidade da manha deste dia 12 de setembro, marcou a posse como Sócio Honorário do prestigiado Sodalício, do poeta cearense, nascido na cidade de Alto Santo e de reconhecimento nacional,Bráulio Bessa.

Ingrid Rebouças, Manoel Severo e Bráulio Bessa

A solenidade que contou com a mestre de cerimônias Fátima Lemos; presidente da Academia de Letras Maria Ester; teve à frente a presidente da Academia de Letras Juvenal Galeno - ALJUG , escritora Linda Lemos, o presidente da ALMECE, escritor Nicodemos Napoleão, o presidente do Instituto dos Advogados, João de Lemos, o mantenedor do Memorial Luiz Gonzaga, Marcelo Leal,o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, que na oportunidade representava também a Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço, Dr Galeno e Dr . Rodrigo Rebouças, diretor do SESC.

Mesa Solene na ALJUG

As boas vindas aos convidados ficou a cargo da Orquestra de Realejos da Associação dos Aposentados Fazendários Estaduais do Ceará - Aafec e pelos cantores líricos Álvarus Moreno e Auzeneide Cândido, da ACLA. Em suas palavras de acolhimento,  a presidente Linda Lemos ressaltou a importância das celebrações do centenário da Casa de Juvenal Galeno como também do aniversário de seis anos da ALJUG e as homenagens ao poeta Bráulio Besssa, novel da Arcádia, e ao dr. Rodrigo Rebouças, diretor do SESC; parceiro na edição do prestigiado jornal Galenus. 

Bráulio Bessa e os agradecimentos...
Manoel Severo e Bráulio Bessa

Depois de ser saudado pelo conterrâneo Alto-santense, escritor Nicodemos Napoleão, um emocionado Bráulio Bessa falou da importância de receber o título de sócio honorário da ALJUG e do reconhecimento a seu trabalho: "Estou mesmo feliz e grato por esse momento e por  tudo que está acontecendo em minha vida, na verdade nunca imaginei ser famoso, ir para a televisão, enfim, meu sonho era escrever um livro..." ressalta o festejado poeta cearense.

 Manoel Severo e Bráulio Bessa
 Fátima Lemos, João de Lemos e Manoel Severo
Ingrid Rebouças e Marcelo Leal

Para o Curador do Cariri Cangaço e representante da Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço, Manoel Severo: "Não se tem dúvidas do extraordinário talento de Bráulio, sua poesia fala aos nossos corações e está ganhando o Brasil a cada dia, levando a alma nordestina a todo o território nacional, trata-se de um verdadeiro embaixador de nosso sertão. Linda Lemos e todos da ALJUG estão de parabéns por esta justa condecoração".

Presidente Linda Lemos
 Paulo Tadeu
Ingrid Rebouças, Linda Lemos e Fátima Lemos
Ingrid Rebouças, Manoel Severo e Osia Carvalho

Já o presidente da ACLA, escritor Paulo Roberto Neves, também presente à solenidade confirma: " Ícone da poesia popular Bráulio Bessa , enobrece ainda mais a CONFRARIA CULTURAL CEARENSE com sua posse na Academia de Letras Juvenal Galeno - ALJUG com Linda Lemos; consolidando o reconhecimento iniciado como Acadêmico Correspondente da Almece ainda em 2008. como bem lembrou Nicodemos Napoleão em sua saudação. Avante CULTURA BRASILEIRA com autenticidade nordestina e sertaneja, com muito orgulho !!!"

 Mesa Solene
Auditório da ALJUG
 Maria José Esmeraldo e Bráulio Bessa
 Nice Arruda e Bráulio Bessa

A solenidade contou com expressivo número de acadêmicos da ALJUG como confrades e confreiras de várias outras instituições literárias, como Dr Antonio Galeno, as escritoras; Nice Arruda, Maria José Esmeraldo Rolim, Osia Carvalho, Ofelia Gomes de Matos; Paulo Tadeu, Luiz Edson, Pio Barbosa, Rejane Costa Barros, Auriberto Vidal Cavalcante, dentre outros.

Centenário da Casa de Juvenal Galeno
Posse do poeta Bráulio Bessa
12 de Setembro de 2019
Fortaleza, Ceará.


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AMERICANIZANDO O SERTÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.180
 
Recebo o convite da prefeitura de Santana do Ipanema, para as comemorações alusivas à Semana da Pátria. Agradeço com atraso ao evento que também contaria com a entrega de 7 novos veículos à frota municipal; entrega de 30 cadeiras de rodas, no Centro de Reabilitação e 50 entregas de próteses odontológicas. Estando aqui em Maceió, almejo total êxito a administração Isnaldo Bulhões.

SANTANA DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS).
Notícias da própria cidade dão conta da instalação de mais uma gigantesca rede comercial, com uma unidade na terra. Trata-se das Lojas Americanas, a maior loja da América Latina, fundada em 1929 pelos americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger.
Contemplada com outras gigantes do comércio varejista Santana agora dispõe de todas as lojas de marcas famosas e que atuam na capital do estado. Assim, o seu comércio (segundo de Alagoas – só perde para Arapiraca, no interior) consolida-se de vez em expansão, solidez e beleza. Não sendo cidade industrial, Santana mostra vocação para os negócios e prestação de serviço desde os áureos tempos de vila. Atualmente a “Rainha e Capital do Sertão”, moderniza seu comércio, tornando-o mais atraente ainda, levando-o para os bairros com cordão umbilical. É servida por mais de trinta cidades diariamente, através do transporte alternativo, inclusive de estados vizinhos como Sergipe e Pernambuco. Instalar lojas e serviços em Santana é servir ao sertão inteiro.
Graças às suas escolas de todos os níveis, a “Rainha” virou grande polo estudantil já consolidado, polo jurídico, bancário, comercial... A “Capital do Sertão” avulta-se mesmo tendo apenas cerca de cinquenta mil habitantes. Situada no Médio Sertão, possui situação geográfica privilegiada, polarizando Alto Sertão, Sertão do São Francisco, Médio Sertão e o Sertão de Altitude. Seu movimento diário é impressionante, notadamente no primeiro horário. Mesmo assim, apesar de contar com cerca de seis quilômetros de comércio quase contínuos, ainda necessita de muitos produtos que só se encontram na antiga “Capital do Fumo”.
De qualquer maneira, parabéns para a terra de Senhora Santa Ana.
Boa sorte para as Lojas Americanas.


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O QUE É UMA CASA VELHA?

*Rangel Alves da Costa

Sim, pergunto novamente: o que é uma casa velha? Alguém sabe verdadeiramente me dizer o que é o que significa uma casa velha? Creio que será prudente pensar e repensar antes de responder. A resposta, contudo, requer que algumas considerações.
Ao contrário do que muitos imaginam, uma casa velha não é apenas uma casa carcomida pelo tempo, desfigurada no telhado e nas paredes, com o barro despencando, com portas e janelas aos farrapos, caindo aos pedaços.
Não é a casa antiga, de portas fechadas ou sem portas, de janelas esburacadas ou sem janelas, com frestas abertas ao vento e folhagens, com silêncios e mistérios em suas entranhas. Não é aquela sem voz, sem passos, sem vestígios de moradores.
Uma casa velha não é escombro nem aquela abandonada por não ter mais serventia. A casa velha nem sempre é aquela que no passado era de moderna engenharia, mas que o tempo foi apenas deteriorando sua existência. E tanto assim que as pessoas apenas defronte a ela.
Uma casa velha não possui somente aquela feição de barraco envelhecido de beira de estrada ou aquela antiga moradia que agora dá lugar somente ao pó, às folhagens secas, aos visitantes da mata.
Uma casa velha não é somente aquela que o bater à porta não terá resposta de lá de dentro, também não é aquela que parece somente enfeiar a paisagem, principalmente se houver uma nova construção ao redor.
Uma casa velha não é aquele onde seu bisavô morava ou seu avô já encontrou precisando ser reformada. Não é aquela onde a pessoa entra com medo que a parede despenque, que caia alguma ripa, ou que a cumeeira só resta em pedaços.
Nada disso ou condiz com o que verdadeiramente seja uma casa velha. Até que se possa imaginar tratar-se apenas de uma casa marcada pelo tempo, retorcida pela idade ou desfigurada pela própria existência e dos seus em suas transformações.
Mas antes da resposta mais uma indagação: um ser humano é ou não uma casa? Uma pessoa jovem habita num corpo novo, numa casa nova. E aquela pessoa já envelhecida, onde habitará o seu corpo?


Ou várias indagações num mesmo sentido. As portas e as janelas de uma casa podem estar num ser humano? As paredes, as dependências, as coberturas e as entranhas de uma casa, podem também ser avistadas numa pessoa?
Onde mora aquele corpo de longa caminhada, de cansaço do tempo, de muito viver para contar? Onde está assentada a força, ou que lhe resta, daquele que tanto se esmerou não apenas para continuar em pé, mas para caminhar com dignidade?
Logicamente que numa casa velha. E essa pessoa deverá ser vista apenas como um velho habitando numa casa velha, ou alguém que deve ser visto, olhado e considerado, segundo seus passos até chegar à idade que chegou?
Ora, cada ser envelhecido possui seu percurso de vida, seus feitos e realizações, sua importância familiar e social. Em cada velho há um livro precioso que deve ser admirado e valorizado por todos.
Em cada velho há um repositório de infinitas lições. Somente a idade para tornar o ser humano como guardião de sua própria história e das passadas gerações. E então, a partir de tais considerações, será que já dá para imaginar o que seja uma casa velha?
Ainda assim mais direi. Uma casa velha guarda na sua feição - ainda que já desgastada demais ou prestes a desabar - um mundo de histórias e vidas. Numa casa velha, cada pedaço de barro, cada grão de areia, cada resto de qualquer coisa, pode ser ainda juntado como memória de tudo.
Naquela casa velha os pais criaram seus filhos, as gerações foram formadas, as portas e janelas estiveram abertas às alegrias e também às aflições. Passos ali chegando, saindo, desaparecendo de vez. Casa que envelhece mais ainda pelas tristezas dos adeuses e despedidas.
Olhar para uma casa velha é necessariamente avistar muito além de sua situação de momento, pois a visão deve estar acompanhada de outras imagens: o passado, a história, as vidas que por ali existiram!
Enxergar uma casa velha adiante é igualmente sentir a presença de um tempo onde o fogão de lenha preparava o alimento familiar, quando o café batido em pilão aromatizava todos os espaços, quando a senhora saía à porta para gritar pela criançada.
Um tamborete rente à porta, uma moringa d’água no umbral da janela. Um cavalo descansando ao redor, um menino brincando de ponta de vaca. Tudo ali naquela casa velha. Basta que surjam tais recordações para aflorar a certeza da importância de uma casa velha.
Sim, pode estar envelhecida demais, mas jamais apagada do que representou no passado. Uma casa velha é isso: um retrato de vida e de histórias, o fiel testemunho do que ali aconteceu e do quanto saiu pela porta para seguir adiante. E ser, talvez, o que você é.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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POR ONDE ANDA O VOCALISTA DA BANDA THE REBELS (PRINI LOREZ)?


Por onde anda o ex-vocalista da banda paulista The Rebels que no início dos anos 60, conhecido em carreira solo como Galli Jr, o paulistano José Gagliari Jr. 

Ele se tornou Prini Lorez quando a RGE o contratou em 1964 para gravar este seu primeiro LP, só de covers do internacional Trini Lopez. 

Destaque para a participação das Teenage Singers, grupo vocal do qual fazia parte a jovem Rita Lee, em sua primeira gravação em disco. Prini Lorez é citado por Erasmo na letra de "Festa de Arromba" e é um dos ícones da Jovem Guarda, fenômeno do qual fez parte desde sua estreia em 1965.


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LUIZ GONZAGA FERRAZ O MASSACRE DE SÃO JOSÉ DO BELMONTE

Por Sousa Neto
'Sinhô' em foto de Antonio Amaury
Ouvindo amiudadas vezes as gravações feitas pelo amigo Amaury Correa de Araújo com Sinhô Pereira e Cajueiro no final dos anos sessenta sobre esse episódio tão marcante na historia daquela cidade, fui algumas vezes averiguar “in loco” e extrair por mim mesmo determinadas conclusões.

É certo que os homens ricos do inicio do século passado, na ausência de estruturas financeiras formais com suficiente segurança, tinham que guardar o seu dinheiro e objetos de valor em suas próprias residências, despertando assim o interesse de todos os ripários.

Por essa época grupos de cangaceiros e salteadores infestavam os sertões nordestino roubando, assaltando, extorquindo e muitas vezes até sequestrando. A ausência do estado e o diminuto contingente de agentes da lei favoreciam essas ações.
Luiz Gonzaga Gomes Ferraz havia se destacado na região do Pajeú como próspero comerciante. Era alheio a guerra travada entre as influentes famílias Pereira e Carvalho por questões políticas naquela e em outras províncias da região. Até comentavam o interesse de Gonzaga de ingressar na política por anseio de algumas outras famílias amigas, mas Gonzaga Ferraz era mesmo um grande empreendedor.

Em março de 1922 o principal protetor de Sebastião Pereira e Luiz Padre, “major” Zé Inácio do Barro devido à austera perseguição do Governador do Ceará Justiniano de Serpa, seguiu os mesmos passos de Luiz Padre rumo ao estado de Goiás onde se homiziaram. Ficara ainda Sebastião Pereira (Sinhô Pereira) com os mesmos planos já frustrado uma vez.

Sem o auxilio do major Zé Inácio e do coronel Antônio Pereira em declínio financeiro, mantenedores do bando, Sinhô Pereira se obriga a pedir ajuda a outros parentes mais abastados, fazendeiros amigos e comerciantes afortunados. Manter um grupo armado naqueles tempos não era tarefa das mais fáceis.

No mês de maio daquele mesmo ano um comboio conduzindo mercadorias para Luiz Gonzaga foi interceptado pelo bando de Sinhô que saqueou todos os artigos. Sinhô Pereira já era avesso a Gonzaga por esse lhe negar ajuda financeira por varias vezes, inclusive recebeu certo dia como resposta da esposa de Gonzaga Dona Martina, “que se quisesse dinheiro, que fosse trabalhar como o seu esposo”.

Havia, entretanto um destacamento do Ceará sob o comando do Tenente Peregrino Montenegro, homem versado pelas barbáries cometidas em busca de arrancar qualquer informação a cerca do major Zé Inácio e seus asseclas, ultrapassando inclusive as fronteiras de seu estado para saciar o seu desejo e alcançar os seus intentos.

Nas cercanias do vilarejo de Belmonte havia a fazenda Cristóvão, pertencente a Crispim Pereira de Araújo, conhecido como Yoio Maroto, casado no seu primeiro matrimônio com Maria Océlia Pereira, irmã de Luiz Padre. Ao ficar viúvo casa-se com a prima da primeira esposa por nome Francisca Pereira Neves e por ocasião do falecimento de Francisca, casa-se pela terceira vez com a cunhada de nome Generosa.
Ioiô Maroto era amigo e duas vezes compadre de Gonzaga
aonde o respeito era recíproco.
(Acervo Heitor Feitosa Macedo)

Por ocasião da passagem do tenente Montenegro a vila de Belmonte ficou sabendo por Gonzaga Ferraz das tropelias do bando de Sinhô Pereira naquela região e da amizade e parentesco entre o chefe cangaceiro e Yoio Maroto e rumou sem demora a fazenda Cristóvão. Ao chegar, ao finalzinho da tarde o perverso oficial já mostra a que veio e começa o seu interrogatório, como de costume a base de boas chicotadas nos criados da fazenda que acudiam pelo nome de Zé Maniçoba e Zé Preto. Foi uma noite de terror para a honrada família que ouviam palavrões dos mais alarmantes por parte da soldadesca embriagada que humilharam Yoio Maroto por algumas vezes. O ex- cangaceiro Cajueiro disse a Dr. Amaury que a sua mãe só não morreu por um milagre de Deus.

Logo de manhã cedo sem as informações almejadas a volante cearense tratou de sair da fazenda Cristóvão e talvez pela falta de caráter que lhe era peculiar, Montenegro afirmou que estava ali por informação e solicitação de Luiz Gonzaga. Para alguns uma justificativa herética e totalmente sem crédito.

O fato é que dali por diante a semente da desavença foi cultivada, Luiz Gonzaga jurando inocência e Yoio Maroto fingindo acreditar.

Sedento de vingança sempre triste e acabrunhado Yoio Maroto mandou avisar a Sinhô Pereira o ultraje sofrido juntamente com a família. Sinhô já decidido a seguir para Goiás pede então a Lampião que resolvesse essa questão de Belmonte. Sinhô Pereira tinha enorme gratidão e apreço a Yoio, que além de ser seu primo era casado com Maria, irmã de Luiz Padre.

Luiz Gonzaga Gomes Ferraz avisado de um possível ataque por parte de cangaceiros parentes de seu compadre contratou um efetivo armado para lhe garantir proteção. Semanas após resolveu deixar Belmonte retirando-se para a Bahia e depois Sergipe buscando se estabelecer quando foi convencido a voltar ao Pernambuco com todas as garantias, inclusive do governo do estado. Esse fato provocou ainda mais a ira de Yoio Maroto que começou a ponderar ser Belmonte pequeno demais para os dois, vez por outra murmurava: aqui ou um ou outro!
Luiz Gonzaga Lopes Gomes Ferraz
(Acervo Valdir Nogueira)

Entra em cena Antônio Maroto, irmão de Yoio que para conseguir um empréstimo de três contos de reis, convenceu Gonzaga a não acreditar na boataria de uma possível vingança por parte de Yoio e que se empenharia no sentido de convencer o seu irmão de sua inocência. O avisa da saída de Sinhô Pereira do sertão nordestino o que deixa Gonzaga exultante, e em uma demonstração de placidez despensa a sua guarda pessoal recolhendo as armas e munições. Acreditou que tudo havia acabado. Mero engodo. Ainda alertado pelos habitantes de Belmonte para não dar crédito a Antônio Maroto, alguns amigos diziam: “Gonzaga em cangaceiro não se pode confiar, Yoio está preparando o bote"!

É certo que todos tinham razão. Yoio Maroto ia pouco a pouco arregimentando homens para o ataque. Entre outros contou com Tiburtino Inácio (Gavião), filho do major Zé Inácio do Barro que tinha uma irmã casada com um primo de Yoio. Depois Cícero Costa e mais alguns familiares.

Em recente entrevista que fiz com o Sr. Vilar Araújo, filho de Luiz Padre no estado de Tocantins, esse afirmou que José Terto (Cajueiro) já se encontrava na região central do país há mais de dois anos ao lado de seu pai, quando da chegada de Sinhô Pereira lhe ordenando a voltar ao sertão nordestino comandar essa ação. Vilar conta que o seu tio Quinzão (Cajueiro) quando tomava umas doses de aguardente, sempre narrava esse episódio.

É certo que a mãe de Cajueiro D. Antônia Pereira da Silva foi ultrajada pela força volante de Peregrino Montenegro como ele mesmo narra. O que me causou mais curiosidade foi o fato do cangaceiro tão distante ser enviado para comandar uma ação já designada a outro.
Questionei com o senhor Vilar essa motivação de Sinhô Pereira e Luiz Padre. A resposta veio sem pestanejar: “Tio Chico (Sinhô Pereira) acreditava que Lampião pudesse não atender ao seu pedido”.
Cajueiro chega e se integra ao pequeno grupo liderado por Lampião e principia os preparativos para o ataque.

Yoio Maroto escolheu o dia ideal para o ataque. Belmonte estava em festa, outubro era o mês dos festejos celebrados ao Sagrado Coração de Jesus. Dia 19 de outubro o “noitário” ou patrono da festa era justamente Luiz Gonzaga Gomes Ferraz e o ataque teria que ser no dia seguinte logo cedo, pois com certeza Gonzaga estaria em casa.
Lápide do antigo túmulo de Luiz Gonzaga Ferraz 
exposta na casa de Cultura de S. J. do Belmonte
Foto: Sousa Neto

Ao romper o dia 20 de outubro o casarão de Gonzaga estava completamente cercado. O povoado é acordado ao som de machadadas, pernadas e várias outras formas de conseguir arrebentarem as portas da residência. As pancadas pouco a pouco iam despertando os vizinhos e outros moradores que logo perceberam se tratar de um violento ataque a residência do homem mais prestigiado daquele vilarejo.

Segundo o cangaceiro Cajueiro na aludida entrevista, disse ser ele o primeiro a penetrar no interior da residência após escalar o muro do quintal. Ficou dando apoio enquanto os seus companheiros arrombavam um portão que dava para a rua dos fundos. Outro grupo tentava o arrombamento da porta da frente. Foi justamente nesse momento que Cajueiro assistiu a morte de Baliza, um dos que tentavam despedaçar o portão. A morte de Baliza ainda não está de tudo esclarecida, há mais razões para esse assassinato e em breves dias irei explanar. Isso é outra história.

Alguns moradores já acordados vieram em socorro de Gonzaga e assim começa o tiroteio.

Gonzaga que ao ouvir as pancadas e perceber que o bando sinistro havia penetrado na residência subiu a escadaria por um dos quartos que dava para o sótão da casa. Ainda segundo Cajueiro uma senhora apavorada pergunta quem é o chefe, ele responde: “nóis num tem chefe”, nesse momento um cangaceiro tenta contra uma jovem que parte em sua direção e lhe agarra dizendo: valha-me senhor pelo amor de Deus! Cajueiro manobra o rifle e diz: Agora você escolhe, ou solta à moça ou me mata ou morre. Então o seu companheiro a soltou e essa foi em direção a sua mãe que se encontrava na cozinha. Cajueiro então pergunta: - Cadê o “major” tá ai? Ela respondeu “tá ai dentro sim senhor”. Ato continuo Cajueiro tranca a família em um quarto e chama o cangaceiro Livino para nas palavras dele “dar uma busca na casa”.

Cajueiro dando boas risadas, confessa ao Dr. Amaury que Gonzaga havia caído do sótão e estava escondido atrás da porta.

Estive recentemente observando o sótão da casa de Gonzaga e pude perceber que a parte que compreende a sala de estar, bem como todos os quartos do lado esquerdo do grande corredor estavam forrados. O lado direito da casa, o sótão estava em construção. O detalhe é que a parte acima dos quartos por onde tinha a escada de acesso, eram de tábuas fornidas e pregadas de cima para baixo, ambiente propicio para armazenar objetos, alimentos etc. A parte da sala de estar era toda forrada de madeira fina, toda ela pregada com pregos de baixo para cima, apenas para adornar ainda mais o bonito recinto.

Luiz Gonzaga aterrorizado tentando se ocultar naquele ambiente escuro, caminhou para o mais distante possível da escada e foi para a parte da sala de estar. Penso haver ele esquecido que aquele adorno não suportaria o seu peso. Foi ai que o assoalho cedeu, ele caiu e tentou se abrigar atrás da porta, mas a casa já estava infestada de bandidos que pensavam apenas em passar a mão nos objetos de valor.

Ainda segundo Cajueiro Livino Ferreira foi quem fez o serviço, matou o “major” Gonzaga. Morreram nesse episódio o cangaceiro José Dedé “o Baliza”, Antônio da Cachoeira (sofreu um ataque cardíaco fulminante) e o soldado Heleno Tavares hoje homenageado com o nome da rua que combateu o bando nefasto. Saíram feridos do bando de Lampião, Yoio Maroto com um tiro no braço, o valente Zé Bizarria e Cícero Costa.
Essa é uma das primeiras imagens de Lampião. 
O Rei do Cangaço está sentado, é o segundo da esq. para a direita

Anos depois foi aberto um inquérito para apurar essa ocorrência e em 07 de outubro de 1929 todos os 42 implicados foram condenados.

Yoio Maroto refugiou-se no Barro, debaixo da proteção de Justino Alves Feitosa que dias depois lhe deu carta de recomendação endereçada ao Coronel Leandro da Barra, homem influente na região dos Inhamuns que o acolheu. Yoio passou a viver usando o nome fictício de Coronel Antônio Alves. Com muito esforço e trabalho adquiriu a fazenda Malhada Vermelha aonde veio a falecer em 19 de maio de 1953.

Fontes Pesquisadas:
 ARAÚJO, Vilar (Entrevista em julho 2013)
 FERRAZ, Marilourdes – O Canto do Acauã
 MOURA, Valdir José Nogueira (HISTORIADOR E ESCRITOR)
 CORRÊA, Antônio Amaury – LAMPIÃO Segredos e Confidências do Tempo do Cangaço.
 REVISTA - A Província – O universo pelo Regional – Fevereiro de 1998


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