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quarta-feira, 5 de julho de 2017

PROGRAMAÇÃO


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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SOBRE O AMOR

*Rangel Alves da Costa


Inegavelmente que o amor é um dos mais belos sentimentos existentes no âmago do ser humano. O simples ato de amar já torna a pessoa mais meiga, branda, terna, ornada de contentamento e felicidade. Enquanto sentimento íntimo, o amor humaniza o ser, torna-o compreensivo e compartilhador; enquanto sentimento amoroso, a outro devotado de coração, torna a pessoa esperançosa e tomada de possibilidades boas na vida.
Desse modo, jamais há que se negar a importância do amor na vida de uma pessoa. Somente através deste sentimento afetuoso, somente por meio da sensação de revelar-se através de uma luz no coração, somente na certeza da felicidade existente, a pessoa se torna capaz de enfrentar os desafios e não se deixar abater por míseros problemas tão impeditivos de realizações.
Para muitos o amor é tudo; para outros o amor é a maior expressão que possa existir num ser; para outros, o ato de amar significa acobertar-se do bem contra todo mal e negatividade. Seja como for, verdade é que o amor, ou a busca de sua verdade, é o desejo mais almejado entre os racionais. Viver sem amor, muitos dizem, é conviver com a escuridão e o sofrimento.
Contudo, a primazia do amor não lhe afasta das críticas, das considerações negativas, das muitas inconveniências originadas em seu nome. Já que o amor é tudo, dizem, então seria também tudo aquilo que em seu nome é praticado. Daí ser o gume afiado de muitos males. E certamente muito se pratica com a pecha amorosa e mais tarde é revelado como graves problemas a ser resolvidos.
Pois o amor, segundo também afirmam, é sentimento envolto de tamanha força que tem o dom de cegar, de tirar completamente a razão da pessoa, de deixá-la à mercê das ilusões e das fantasias, até mesmo as mais absurdas. Em tal estágio, agindo assim perante o indivíduo, eis que o amor acaba se transformando numa verdadeira armadilha, num abismo por onde se caminha sem saber.
Não que se revele no amor uma infinidade de tragédias, mas não se pode deixar de reconhecer algumas reconhecidas inconveniências, ou mesmo absurdos praticados e vivenciados em seu nome. Ora, todos sabem que o amor desmedido, afetando a mente a ponto de fragilizá-la, é arma perigosa demais para ser carregada ou manejada. As consequências, pois, do amor doentio, são as mais devastadoras possíveis.
Até que se poderia afirmar que não se pode ter como amor a expressão doentia em seu nome. Não se deve esquecer, contudo, que tudo nasce exatamente da doce e maravilhosa inocência desse sentimento maior. É a forma como ele vai se exteriorizando, ganhando força e se apoderando do ser que poderá transformá-lo numa arma fria e cruel. E até mortal.
Não são poucas as notícias dando conta das atrocidades cometidas tendo o amor - ou a paixão desenfreada, como estágio amoroso irracional - como elemento ou força propulsora de desvarios e aberrações. O noticiário sensacionalista diz que alguém matou por amor; a manchete estampa que a paixão provocou mais uma tragédia; as delegacias estão repletas dando conta de ocorrências envolvendo ciúmes.
As loucuras por amor são muitas. Quando os limites do desejo são ultrapassados e no outro lado está a paixão doentia, então é situação de difícil retorno. A cegueira passional é tamanha que absurdos são cometidos em nome do desnorteado amor. O beijo na boca vermelha pode se transformar na vermelhidão agressiva ou na humilhação escravista, de feridas e dilaceramentos. E depois, quando perguntado pela loucura cometida, ainda dizer que foi por amor demais.
Mas não só de sangue vive tal inversão amorosa. Ora, mesmo em situações rotineiras, sem violências ou agressões, o amor é causador de males reconhecidamente profundos. O fato de ser abandonado por alguém que tanta ama se constitui num exemplo clássico de indescritível sofrimento. Até mesmo as brigas corriqueiras e as separações rotineiras acabam se tornando em instantes tortuosos. Sem falar na saudade, na tristeza da recordação, na dor da espera, na crueldade do pensamento martelando o nome e a feição.
Talvez seja pelo dom de açular intensamente os extremos, ou o amor amado e correspondido e também o amor doloroso e violento, é que tal sentimento se torna único e tão instigante. Contudo, mesmo que mais tarde desande e se revele em obsessão doentia, a verdade é que nasce sublime e esperançoso. E porque surge assim, tão doce e encantador, que toda pessoa quer amar.
Querer amar, eis o sonho maior. Encontrar um amor, eis uma possível realidade. Daí em diante é que os campos floridos se estendem em meios a pedras e espinhos. Felizes aqueles que conseguem vencer os desafios e seguir cada vez mais distantes. E ainda de braços dados. E mais felizes ainda quando os passos, mesmo sem caminhar, não saem de pertinho do outro.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com 

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A MORTE DO CANGACEIRO “VASSOURA”


Lampião, naquele tempo, antes de tomar chegada em algum local, estudava-o em todos os seus ângulos. Essa preocupação do “Rei do Cangaço” tinha bastante lógica, pois, de qualquer uma das trilhas ou estradas existentes, poderia surgir uma tropa para dar-lhe combate. Sabedor dos acessos ao local ordenava para parte dos seus homens fazerem piquetes e prenderem quem quer passassem. Nessa atitude tomada pelo chefe, notamos a preocupação de Virgolino em ‘segurar’ alguém que os visse, para que o mesmo não fosse levar a informação até seus perseguidores.


Era o mês de Santana de 1925, já no decorrer do seu 4º dia quando, estando entre os municípios de São Serafim, hoje Calumbi, e Triunfo, ambas em solo pernambucano, acampado na serra dos Caititus, sob a proteção de dois fazendeiros, major Luca Donato e o major Ernesto, o primeiro dono da fazenda Carro Quebrado e o outro da fazenda Saco dos Bois, Lampião resolve enviar dois de seus famosos bilhetes de extorsão para dois distintos moradores da região.

Naquela época, esses protetores de Lampião eram pessoas influentes e de grandes posses naquela ribeira.

“(...) Os dois (majores Luca Donato e Ernesto), além de senhores de engenhos eram representantes políticos no Município de Triunfo. Nas terras do major Ernesto morava 60 famílias trabalhando para ele, entre Calumbi e Triunfo (...).” (“A Maior Batalha de Lampião” – LIMA, Lourinaldo Teles Pereira. 1ª Edição. Paulo Afonso, BA, 2017)



Quando estava acoitado nessa serra, Serra dos Caititus, Lampião se valia de uma construção natural em uma das grandes rochas que lá existem, uma caverna na pedra, a qual fora denominada, pelas pessoas da redondeza, de ‘Casa de Pedra’. São de grande valor esses locais com esconderijos naturais, já existindo, não havia necessidades de se modificar nada, não mexiam em nada, portanto, não deixavam sinais da sua passagem. Escondiam-se bem e estavam protegidos.


Pois bem, os bilhetes foram escritos dentro da ‘Casa de Pedra’ e enviados para os senhores que moravam em locais diferentes, mesmo que tinham seus acessos por uma única estrada. Um morava no sítio Saco dos Bois, Matias Moreira, e o outro no sítio Melancia, que era o senhor José Calu. Tanto um, como o outro, negaram-se a enviarem as quantias ‘solicitadas’ pelo cangaceiro mor do Vale do Pajeú das Flores.

O segundo deu o silêncio como resposta, já o primeiro, envia um recado um tanto desaforado para o solicitante:

“- Diga a ele ( Lampião), que se ele quiser dinheiro, vá trabalhar como eu trabalho! Eu não tenho dinheiro para bandido não!” (Ob. Ct.)

A par da situação, das respostas negativas dos dois, Lampião resolve levantar acampamento e ir fazer-lhes uma visita pessoalmente. O senhor Matias, do sítio Saco dos Bois, não estando em sua moradia naquele momento, escapa do ‘castigo’ e o “Rei do Cangaço” segue de estrada afora, rumando para o sítio Melancia onde morava José Calu.


O Sítio Melancia situava-se próximo à cidade pernambucana de Flores. Então, Virgolino manda que uma parte de seus homens fizesse um piquete na estrada e que não deixassem passar ninguém. Nem quem iria em direção à cidade nem quem dela viesse. Cercando a casa, adentra-a com seus ‘cabras’ encontrando o dono, José Calu, dentro dela. Aí as coisas começam a ficar ‘escuras’ para o lado da vida de Calu. Na fase de interrogatório, no cacete brabo mesmo, José responde que não havia enviado o que fora pedido por não possuir a quantia. Nesse momento, Lampião manda que seus homens dispam as calças do roceiro, amarrem seu saco escrotal com uma tira de couro e o penduram num ‘brabo’ que havia no meio da sala.

Havia, naquela época, um boato de que José Calu mantinha relações sexuais com sua filha, Maria Barbosa, e Lampião saiu da casa dele dizendo a quem encontrasse pelo caminho, que só fizera aquilo, mandar amarrar ele dependurado pelo ‘saco’, por esse motivo. Apesar de ter sido um grande mentiroso em sua longa vida reinando o cangaço, parece que esse detalhe sobre Calu e sua filha tem lá suas verdades. Não que Virgolino tenha ido exclusivamente dar uma lição em um pai que abusava sexualmente da filha, mas por ele não ter lhe enviado o que pedira. José Calu era pai de três filhos, dois homens e uma mulher.


Um dos homens, Manoel Barbosa do Nascimento era pai de dona Maria Vanusa Barbosa de Brito, a qual tem o seguinte diálogo com o pesquisador/historiador Lourinaldo Teles Pereira Lima, Louro Teles:

“- Dona Maria Vanusa, existe um boato que Calu abusava da filha! É verdade?” (pergunta Teles)

A neta de José Calu responde:

“- É, realmente havia essa história!”

O pesquisador torna a perguntar:

“- É verdade que Lampião pegou José Calu para dar-lhe uma lição porque ele tinha feito mal a própria filha?”

“- Não! Ele queria apenas dinheiro.” (respondeu dona Vanusa)

No momento em que Lampião e sua caterva aplicavam o castigo em José Calu, sua filha, Maria Barbosa, conhecida por todos da região como Maria Calu, encontrava-se presente. Lampião percebe que a menina estava usando um par de brincos de ouro. O “Rei do Cangaço” quer os brincos, porém, a menina não os entrega, então ele arranca-os na marra, com força, fazendo um estrago enorme nas orelhas da inocente.

A entrevistada, Maria Vanusa, cita que sua tia, Maria Calu, ficou com as orelhas rasgadas pelo resto da vida. O avô materno de dona Maria Vanusa Barbosa de Brito, Manoel Barbosa, era cangaceiro e fazia parte da horda sangrenta de Lampião naquele momento. Sendo um dos sobreviventes do cangaço, relatou como as coisas ocorreram. Aqui pra nós, achamos que foi Manoel Barbosa que disse para Lampião que José Calu, era possuidor de dinheiro. Sabedor de que ele não possuía grana, tinha a certeza que seria aplicado o castigo nele. Isso tudo pelo boato que todos comentavam sobre o abuso sexual.


Em várias obras sobre o tema, encontramos os relatos de que José Calu veio a falecer devido aquele castigo aplicado por Lampião, quando da sua ida ao Juazeiro do Norte, CE, fazer uma visita à ‘Padim Ciço’, no entanto, sua neta, Maria Vanusa, afirma que seu avô, só veio a óbito muito tempo depois, de complicações ocorridas totalmente diferentes as que estão escritas em tais obras.

Após deixar Calu dependurado pelo saco, Lampião toma o rumo das Roças Velhas onde estava a sua espera sua ‘mulher’, a alagoana Maria Ana da Conceição. Ao chegar no sítio Tenório, Lampião acampa e envia um mensageiro dar uma olhada onde mora sua amada, afim de evitar encontros desagradáveis com alguma volante.


Havia um casebre de taipa, casa erguida com varas e barro, e é nessa casa que o “Rei do cangaço” arma a sua rede. A cabroeira se entretém com jogos de cartas, contando suas aventuras ou mesmo dando um cochilo na sombra de alguma árvore frondosa que tinha próximo ao terreiro.

Vinda das bandas da cidade de Princesa Isabel, PB, uma volante, comandada pelos sargentos Cícero de Oliveira e José Guedes, estavam nos rastros da cabroeira. Seguindo sinais e informações, chegam ao sítio Melancia, sabem e veem o que fizeram os cangaceiros naquela casa. Os moradores fornecem-lhes as informações de qual rumo haviam tomado à caterva. A volante entra de mata adentro em busca dos sinais que os levariam ao bando de cangaceiros.


Chegando a determinado local, por ser uma volante paraibana, não atinam no sentido correto que foram informados. O sargento José Guedes oferece então pagamento em dinheiro para um rapaz morador da região, Pedro Ferreira de Sousa, conhecido pela alcunha de Pedro Benedito, que encontram no sítio Saco do Romão, para que esse os guie até onde estão acampados os cangaceiros. O rapaz se prontifica em guia-los, porém, dispensa o pagamento em dinheiro e diz para o comandante que quer apenas uma arma e munição para brigar junto à tropa contra o bando de Lampião. O Sargento ordena para que lhe deem um rifle e um bornal de bala. De posse do material bélico, Pedro Benedito se põe no caminho, servindo de guia para a coluna.

O rapaz/guia coloca a tropa em cima do bando de cangaceiros no sítio Tenório. Os comandantes dividem a volante em duas, uma parte fica sob as ordens do sargento José Guedes e, a outra parte, segue comandada pelo sargento Cícero de Oliveira. O plano seria a primeira guarnição, com o comandante Cícero, iria atacar de frente e a outra se colocaria na retaguarda, por trás do casebre, colocando os cabras de Lampião entre dois fogos. Um imprevisto ocorre infelizmente, o sargento Cícero é atingido no frontal, testa, e tomba sem vida. Mesmo assim, o sargento Guedes consegue tomar a casa dos cangaceiros. Porém, esses o fazem ficar alojado dentro do casebre sem ter chance alguma de sair com seus homens. Esse tiroteio teve seu início já à tardinha e prolonga-se por toda noite.


A coisa fica feia para o lado da Força, que sofre uma baixa a cada instante. Pedro Benedito, o rapaz /guia, tendo gasto toda sua munição contra os cangaceiros, resolve então sair de estrada afora a fim de encontrar ajuda para o sargento José Guedes. Teve sorte, talvez o sargento José Guedes, mais do que o rapaz, pois logo se encontra com a volante comandada pelo tenente Higino José Belarmio. Faz um breve relatório deixando o comandante a par da situação. O tenente ordena para aqueles que estivessem portando rifles, que repartissem sua munição com aquele rapaz. Fazendo uma ‘vaquinha’, entregam, mais ou menos, cem cartuchos para aquele valente destemido que não tinha medo de Lampião com seus cangaceiros. Pedro Benedito torna a servir de guia para uma volante na trilha da guerra contra os bandidos que assolavam a região do Pajeú das Flores.


Ao chegarem junto ao casebre onde a tropa paraibana, ou o que restou dela, comandada pelo sargento José Guedes, os homens comandados pelo tenente Higino Belarmino abrem fogo nos cangaceiros que estavam em volta da casa. O tiroteio fica intenso. A espoleta cortando, o fumaceiro cobrindo e os gritos dos homens que si digladiam, assola no pé da serra.

Os nordestinos, desde muito tempo atrás, têm o costume de brigarem, lutarem, soltando pilhérias, gritando palavrões ou cantando alguma toada, com dois intuídos previstos: um seria não esmorecer e dar coragem aos companheiros e, o outro, é com certeza uma tentativa de desmoralizar seus adversários. Naquele ferrenho embate, o cangaceiro “Vassoura”, Livino Ferreira, irmão de Lampião, em determinado momento encontrando-se debaixo de um umbuzeiro e, perto desse passava uma cerca de faxina, essa cerca é montada com sua madeira em pé, varas, mourões e estacas são colocadas em uma vala previamente aberta, xingava os adversários e, de quando em vez, subia na cerca para proferir esses palavrões.

O jovem Pedro Benedito, por estar próximo ao local onde se encontrava “Vassoura”, escutava com maior clareza o que ele dizia. Não se fazendo de rogado, Pedro começa a retrucar os palavrões ditos pelo cangaceiro.

“(...) No meio aos tiros Livino Ferreira ficou próximo onde estava Pedro Ferreira de Sousa:

- Prepara pra morrer sangrado, macaco safado!

- Chega pra levar tiro, ladrão de bode safado! Respondeu Pedro.

- Tu tá pegado é com Livino Ferreira, corno safado! 

- É Ferreira com Ferreira. Você aqui tá é pegado com Pedro Ferreira de Sousa!

Livino retrucou:

- Traz tua mãe, corno!

- Traz tua irmã que é mais nova! (diz Pedro) (...).” (Ob. Ct.)

Pedro Benedito, Pedro Ferreira de Souza, foi um dos personagens que fora entrevistado pelo autor da obra citada. Referindo ainda sobre essa brigada, cita que, em determinado momento, um chega perto da cerca e dele se arrastando, nesse instante, “Vassoura”, que sempre subia na cerca para atirar ou gritar palavrões, se mostra um alvo completo. O soldado cobriu-o pela mira do fuzil e, apertando com cuidado o gatilho da arma possante, faz fogo. O projeto passa por entre as estacas, numa brecha, da cerca e penetra na axila do cangaceiro, adentrando seu tórax que, ao receber o impacto da bala, despenca de onde estava e dana-se numa moita de macambiras ficando calado e quieto.


Nesse momento, nessa baixa sofrida pelos cangaceiros, os cabras ficam malucos. O fogo torna-se mais acirrado e a coisa endurece, tanto para a Força como para o bando de Lampião. Uma equipe é formada e, protegida pelos demais, que estão dando cobertura com fogo contínuo, vão até a moita de macambira e retiram o ferido de dentro dela. Esses homens já sabem o que farão com o companheiro ferido. Levam ele por entre a mata cerrada da caatinga para um local determinado. O irmão do ferido, o chefe Lampião, se incumbe de tentar desorientar os homens da volante, fazendo com que o presigam, deixando a trilha do ferido sem ser seguida, na tentativa de salva-lo.

Lampião manda trazerem uma senhora chamada Espericiosa Teles para cuidar do ferimento, porém, essa nada pode fazer. O tiro fora fatal.

Há 92 anos, em cinco de julho de 1925, tombava sem vida um dos cangaceiros mais valentes, malvado e traiçoeiro que o Pajeú tinha gerado em suas entranhas, Livino Ferreira da Silva, cangaceiro que tinha a alcunha de “Vassoura”, irmão do terror do sertão, Virgolino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião... Nas quebradas do Pajeú das Flores.

Algumas obras literárias trazem em suas entrelinhas que o corpo de Livino Ferreira é enterrado em determinado local e depois arrancado e transferido para outro lugar. Seus ossos teriam sido colocados na mesma catacumba, feita sob encomenda de Lampião para seu primo José Paulo que fora assassinado covardemente pelo sargento Clementino Quelé, num cemitério no sítio Santana, próximo ao povoado de Caiçarinha da Penha, no município de Serra Talhada, PE.

Fonte “A Maior Batalha de Lampião” – LIMA, Lourinaldo Teles Pereira. 2017
"De Virgolino a Lampião" - Vera Ferreira e Antônio Amaury
Fotos Ob. Ct.
João De Sousa Lima

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RECORDANDO: I CIRCUITO DE MÚSICA ANTIGA, SETEMBRO DE 1985 (UFA! HÁ QUANTO TEMPO!!!).


Série de concertos-espetáculos envolvendo canto coral, música instrumental, poesia e dança, de 13 a 19 de setembro de 1985, nos vários auditórios do Campus I da UFPB, culminando com apresentações no Teatro Santa Roza em João pessoa, na Catedral de Campina Grande (27/09/1985) e no Teatro Deodoro em Maceió (28/09/1985). Protagonizado pelo Coral Universitário da Paraíba “Gazzi de Sá” (reduzido para atender as especificidades do repertório renascentista), Grupo Anima (oportunamente postarei sobre esse grupo) e Ballet Espaço, contou com a direção geral de Sandra Albano, minha regência e direção musical, e coreografia da saudosa Rosa Cagliani. No ano seguinte, o espetáculo foi apresentado integralmente em Fortaleza (25/07/1986), e parte dele seguiu com o Coral Universitário em turnê por Maceió, Aracaju, São Paulo e Porto Alegre (setembro/1986). As imagens mostram a apresentação no Auditório do CT, o programa das apresentações em Campina Grande e em Maceió, e uma matéria de jornal local. Pena não ter mais fotos deste espetáculo, totalmente inédito na época...





GRUPO ANIMA (Flautas Doces)

CORAL UNIVERSITÁRIO DA PARAÍBA

Sopranos: Edna do Nascimento, Fabiana Feitosa, Fabiola Medeiros, Lindalva Bandin, Lucia Helena Luna, Ruth Ferreira

Contraltos: Fatima DominguesJaira Lucena, Leonor Maia, Soraia Bandeira

Tenores: Dema CamazzoElton Veloso, Marcos Carvalho

Baixos: Maurício Carneiro, Roberto Oliveira, Tião Cordeiro Braga

Regente: Eli-Eri Moura

BALLET ESPAÇO

Ana Cristina S. Silva, Guilherme SchulzeMadeleine De Vasconcelos BragaMauricio Germano, Ricardo Jorge G. Pereira, Rosa Cagliani.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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INVASÃO E RESISTÊNCIA - OS 90 ANOS DA DERROTA DE LAMPIÃO NO CONFRONTO COM O POVO DE MOSSORÓ – “PERFIS DOS CANGACEIROS” – “d”- MASSILON LEITE E ISAÍAS ARRUDA - PARTE XV

Por Honório de Medeiros Pesquisador e advogado

Passados noventa anos da invasão de Mossoró pelo bando de Lampião, ainda não foi suficientemente escrita a história de dois personagens secundários que participaram direta e ativamente do episódio; refiro-me a Isaías Arruda e Massilon. 

Isaías Arruda de Figueiredo

Há outros, que o tempo se encarrega, lentamente, de jogar no esquecimento. Não, entretanto, com a dimensão do ex-chefe Político do Cariri, Delegado e Prefeito de Missão Velha, e o ex-cangaceiro cuja família deitou raízes sólidas no chão sertanejo da aba da Serra de Luiz Gomes, no Sítio Japão.

O cangaceiro Massilon - http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2011/05/isaias-arruda-e-massilon.html

Isaías é uma figura maior, historicamente falando. Pertence ao ciclo áureo dos barões feudais nordestinos que usavam o título de Coronel. Sua vida, os episódios por ele vividos no Cariri, tudo quanto acontecido nas primeiras décadas do século XX nesse Sertão dos coronéis, do cangaço, do misticismo, está sendo contado muito devagar, no mesmo ritmo dos seus mistérios e segredos, aguardando o somatório dos talentos passados, presentes e futuros de homens contadores de estórias e histórias, repentistas, cordelistas, declamadores, ratos-de-biblioteca, fuçadores de papel, escrevinhadores agalardoados ou não, enfim, dessa imensa fauna que constrói, aos poucos e sempre, o espírito de uma época.

Massilon poi sua vez, historicamente é uma figura menor. Até por que sua vida no cangaço foi muito curta. Um nonada. Algo da qual ele se afastou logo, queixando-se da sorte, indo à busca dos "eldorados" do Norte. Foi, pois tinha encontro marcado com a morte. Tivesse ficado, sendo filho de sua época e averso, por fim, ao cangaço que abraçara cavalgando as circunstâncias, teria, talvez, morrido cedo e da mesma forma, violentamente: era de praxe acontecer com tantos e tantos por aqueles dias. 

Lampião e seu bando em Limoeiro do Norte em 1927

Mesmo assim deixou sua marca. Gravou seu nome na nossa história de forma definitiva. Não há como se falar em Lampião, Mossoró. 1927, sem que seu nome seja trazido à baila. Sempre é, aliás, embora não com a devida importância. Importância esta que aparece tão logo alguém se faz a seguinte pergunta: teria havido Mossoró sem Massilon?

Com o fracasso do ataque a Mossoró, Massilon foi embora para o Piauí no início de 1928 e dele nunca mais a história ouviu falar. 

Continuaremos amanhã com o título:
"LITERATURA DA RESISTÊNCIA"

Fonte: Jornal De Fato
Revista: Contexto Especial
Nº: 8
Páginas: 48
Ano: 6
Cidade: Mossoró-RN
Editor: José de Paiva Rebouças
E-mail: josedepaivareboucas@gmail.com
Ilustrado por: José Mendes Pereira

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PARA QUEM TEM MAIS DE 65 ANOS

Por Ivone Boechat
 http://jornalgospelnews.com.br/colunistas/ivone-boechat-2/


1 - Tome posse da maturidade. A longevidade é uma bênção! Comemore! Ser maduro é um privilégio; é a última etapa da sua vida e se você acha que não soube viver as outras, não perca tempo, viva muito bem esta. Não fique falando toda hora: “estou velho”. Velho é coisa enguiçada. Idade não é pretexto para ninguém ficar velho. Engane a você mesmo sobre a sua idade, porque os psicólogos dizem que se vive de acordo com a idade declarada!

2 - Perdoe a você antes de perdoar os outros. Se você falhou, pediu perdão? Deus já o perdoou e não se lembra mais. Mas você fica remoendo o passado... Não se importe com o julgamento dos outros. Só há dois times no Universo: o do Salvador e o do acusador.  Neste último você sabe quem é goleiro. Continue no time do Salvador.

3 - Viva com inteligência todo o seu  tempo. Viva a sua vida, não a do seu marido, dos filhos, dos netos, dos parentes, dos vizinhos... Nem viva só pra eles, viva pra você também. Isto se chama amor próprio, aquilo que você sacrificou sempre! Nunca viva em função dos outros. Faça o seu projeto de vida!

4 - Coma muito menos; durma o suficiente; não fique o dia inteiro, dormindo, dando desculpa de velhice. Tenha disciplina. Fale com muita sabedoria. Discipline sua voz: nem metálica, nem baixinha; seja agradável!

5 - Poupe seus familiares e amigos das memórias do passado. Valorize o que foi bom.   Experiências caóticas, traumas, fobias, neuroses, devem ser tratadas com o psicoterapeuta. Não transforme poltrona em divã, ouvido em descarga.

6 - Não aborreça ninguém com o relatório das suas viagens. Elas são interessantes só pra quem viaja. Ninguém aguenta ouvir os relatórios e ver fotografias horas e horas. Comente apenas o destino e a duração da viagem, se alguém perguntar. Aprenda a fazer uma síntese de tudo, a não ser que seus amigos peçam mais detalhes. Se alguém perguntar mais alguma coisa, seja breve.

7 - Escolha bons médicos. Não se automedique. Não há nada mais irritante do que um idoso metido a receitar remédio pra tudo o que o outro sente. Faça uma faxina na sua farmácia doméstica.

8 - Não arrisque cirurgias plásticas rejuvenescedoras. Elas têm prazo curto de duração. A chance de você ficar mais feio é altíssima e a de ficar mais jovem é fugaz. Faça exercícios faciais. Socorra os músculos da sua face. Tome no mínimo oito copos de água por dia e o sol da manhã é indispensável. O crime não compensa, mas o creme compensa!

9 - Use seu dinheiro com critério. Gaste em coisas importantes e evite economizar tanto com você. Tudo o que se economizar com você será para quem? No dia em que você morrer, vai ser uma feira de Caruaru na sua casa. Vão carregar tudo. Não darão valor a nada daquilo que você valorizou tanto: enfeites, penduricalhos, livros antigos, roupas usadas, bijuterias cafonas, ouro velho... prataria preta, troféus encardidos, placas de homenagens. Por que não doar as roupas, abrir um brechó ou vender todas as suas bugigangas, apurar um bom dinheiro e viajar?

10 - A maturidade não lhe dá o direito de ser mal educado. Nada de encher o prato na casa dos outros ou no self-service (com os outros pagando); falar de boca cheia, ou palitar os dentes na mesa de refeições (insuportável).
  
11 - Só masque chiclete sem testemunhas. Não corra o risco de acharem que você já está ruminando ou falando sozinho.

12 - Aposentadoria não significa ociosidade. Você deve arranjar alguma ocupação interessante e que lhe dê prazer. Trabalhar traz muitas vantagens para a saúde mental, além do dinheiro extra para gastar, também com você.

13 - Cuidado com a nostalgia e o otimismo. Pessoas amargas e tristes são chatíssimas, as alegres demais, também. Elogie os amigos, não fique exigindo explicações de tudo. Amigo é amigo.

14 - Leia. Ainda há tempo para gostar de aprender. A maturidade pode lhe trazer sabedoria. Coloque-se no grupo sempre pronto para aprender. Não se apresente em lugar nenhum dizendo: sou muito experiente!

15 - Não acredite nas pessoas que dizem que não tem nada demais o idoso usar roupas de jovens, cuidado. Vista-se bem, mas com discrição. Cuidado com a maquiagem, se for pesada, você vai ficar horrível.

16 - Seja avó do seus netos, não a mãe nem a babá. Por isso nem pense em educá-los ou comprometer todo o seu tempo com as tarefas chatas de ir buscar na escola, levar a festinhas, natação, inglês, vôlei... Só nas emergências. Cuidado com aquela disponibilidade que torna os outros irresponsáveis.

17 - Se alguém perguntar como vão seus netos, não precisa contar tuuuuuuuudo! Evite discorrer sobre a beleza rara e a inteligência excepcional deles. Cuidado com a idolatria de neto e o abandono dos filhos casados...

18 - Não seja uma sogra chata. Nunca peça relatório de nada. Seu filho tem a família dele. Você agora é parente! Nunca, nunca, nunca mesmo, visite seus filhos sem que seja convidado. Se o filho ligar pra você, não diga: ah! lembrou finalmente da sua mãe? É melhor dizer: Deus o abençoe meu filho.

19 - Cuidado em atender ao telefone: se a pessoa perguntar como você vai e você responder  “estou levando a vida como Deus quer”; “a vida é dura”; “estou preparando a partida”; “estou vencendo a dureza”; você vai ver que as ligações dos amigos e dos parentes vão rarear, cada vez mais.

20 - A maturidade é o auge da vida, porque você tem idade, juízo, experiência, tempo e capacidade para se relacionar melhor com as pessoas. Então delete do seu computador mental o vírus da inveja, do orgulho, da vaidade, promiscuidades, cobranças, coisas pequenas e frustrantes para tomar posse de tudo o que você sempre sonhou: a felicidade.

Enviado pela professor Ivone Boechat. – Ivone Boechat é Professora e Consultora em Educação, de Niterói/RJ. Tem 16 livros publicados. Promove palestras, cursos e treinamento em todo o território nacional e no exterior.

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FESTA DO ROSÁRIO DE POMBAL/PB. ANO: 1976


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LAMPIÃO - GAROTO PROPAGANDA DO JORNAL "O GLOBO".


A exemplo da empresa alemã Bayer (Medicamentos) o Jornal "O GLOBO" através do astuto Benjamin Abrahão, utilizou a imagem do cangaceiro para divulgar e alavancar a venda de seus produtos.

Lampião era e ainda é um personagem que desperta curiosidade e interesse por parte das pessoas e se tornou através dos anos uma marca, poderosa diga-se de passagem, de vendas de produtos. Sabedor desse potencial de Lampião, Benjamin Abrahão se utilizou da imagem do homem mais procurado do Nordeste e provavelmente do Brasil naquela época, para faturar em cima da imagem tão amplamente divulgada pelos mais variados meios de comunicação da época.

Embora o Jornal "O GLOBO" que Lampião aparece segurando na imagem abaixo seja do dia 10 de setembro de 1935, essa fotografia seguramente foi registrada por Benjamin Abrahão, antigo Secretário do Padre Cicero, no ano de 1936, ocasião em que Benjamin Abrahão fotografou e filmouLampião e seu bando.

No início do ano de 1937 Benjamin Abrahão novamente esteve comLampião e realizou novos registros do dia a dia do bando cangaceiro, deixando para a posteridade as mais nítidas e impressionantes fotografias da era lampiônica.

Pena que a grande maioria das fotografias e filmagens realizadas por Benjamin Abrahão foram apreendidas pelo órgão de censura do governo da época e destruídas, restando apenas pequena parcela do acervo que foi produzido a tantas penas pelo, como diria Frederico Pernambucano de Melo, "Pedro Malasartes" (Benjamin Abrahão).

A fotografia abaixo foi gentilmente cedida pelo amigo/confrade Voltaseca Volta (Grupo Lampião, Cangaço e Nordeste).

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

https://www.facebook.com/HistoriasdoCangaco/photos/a.435268929895318.1073741828.435240783231466/1290564924365710/?type=3&theater

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SONETO: O CAVALEIRO ERRANTE.

Por Medeiros Braga

SONETO: O CAVALEIRO ERRANTE

Sonhei que era um cavaleiro errante,
Um Dom Quixote pelo mundo afora!
Vencer tiranos, libertando outrora
Os oprimidos do poder reinante!

De lança, espada e de corcel possante
Defendi servos a partir da aurora,
Donzelas protegi na exata hora
Em que rondava a seu redor, gigante.

Mas, descobri depois, era só sonho!
Eu não passava como heroi medonho
De uma bolha que por si desmancha!...

De que fui desse sonho que permeia
Nada mais que um simples grão de areia
Frente a Dom Quixote de La Mancha!



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso



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