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quinta-feira, 19 de abril de 2012

AGRADECIMENTO A SANTO EXPEDITO

Por: Lusa Vilar

Eu conheci a força do Santo Expedito através da minha tia Dolores Piancó (in memoriam), foi ela quem me contou pela primeira vez que Ele era o santo das causas urgentes e inadiáveis. Eu sempre fui devota de São Judas Tadeu, que é o santo das causas impossíveis, inclusive eu achava que o as urgentes e inadiáveis também seriam alcançadas se fossem rogadas ao São Judas Tadeu.
Tia Dolores (in memoriam)

Estávamos no ano de 1998, negociávamos com uma construtora a compra do nosso apartamento, e nesse mesmo ano a minha tia estava conosco, pois pretendia fazer uma cirurgia de catarata. Ela era uma pessoa muito simples, nascida e criada na zona rural, e só teve oportunidade de conhecer a capital depois do meu casamento. Uma certa tarde, eu a levei para conhecer o imóvel que estava em negociação, ela ficou apaixonada  pela minha pretensa moradia. Ao percorrer as áreas comuns do prédio ela ficou muito admirada com o tamanho do playground, do salão de festas, do salão de jogos, etc. De repente ela confessou a sua maior preocupação:

- Minha filha, você não vai dar conta dessa imensidão, como você vai conseguir manter isso tudo limpo e muito arrumado, pois conheço sua exigência. Naquele momento eu ficara sem entender muito bem do que ela falava.

Depois me dei conta que ela imaginava que, comprando o apartamento, aquelas áreas comuns faziam parte do meu imóvel e, portanto, eu teria que limpar aquilo tudo. Foi quando lhe expliquei o que era um condomínio e que a minha obrigação seria apenas de limpar o interior do meu apartamento, e ela logo compreendeu que suas preocupações não faziam mais sentido.

Voltamos para casa muito felizes e com a certeza de que, se fechássemos o negócio, realizaríamos uma excelente compra. Mas à noite, quando meu marido retornou do trabalho, nos trouxe uma
notícia desagradável: A construtora não aceitaria o Fundo de Garantia (FGTS) como entrada na compra do imóvel que posteriormente seria pago através de financiamento da Caixa Econômica Federal. Diante daquela exigência, não teríamos condições para realizar a tão desejada compra do apartamento escolhido.

A tristeza foi inevitável, minha tia não escondia a sua aflição e, a cada momento, ela dizia:

- Minha filha, não se dê por vencida, Deus sabe que você merece ser feliz, eu vou lhe mostrar que o dono da construtora vai voltar atrás e vai chamar seu marido para fechar o negócio. Eu vou fazer uma promessa, quero apenas que você me garanta que, caso tudo dê certo, você vai cumpri-la. Mas não me revelava o que havia prometendo em troca do fechamento da compra daquele imóvel.
Dois dias depois a construtora chamou meu marido e lhe disse que resolvera receber, como entrada do imóvel, o nosso FGTS.

Eu não posso esquecer a alegria que minha tia dolores teve ao receber aquela maravilhosa notícia. Foi quando ela me revelou a sua promessa: Eu teria que escolher um local na minha
casa nova para colocar a imagem de Santo Expedito, pois tinha sido a Ele, o Santo das causas urgentes e inadiáveis, que ela havia pedido e, em agradecimento pela sua intercessão, eu teria que cumprir o prometido.

E foi assim que o Santo, do qual minha Tia Dolores era devota, veio fazer parte da minha vida e tem, ainda hoje, um lugar especial na entrada da minha suite.

Hoje, dia 19 de abril, dia dedicado ao Santo Expedito, eu venho humildemente agradecer a graça alcançada pela minha tia Dolores,  e dedicar esta oração em  favor de todos aqueles que necessitem alcançar a realização de suas causas, sejam elas de qualquer natureza, contanto que sejam justas e que tragam para essas pessoas a mesma alegria e  felicidade que trouxe para minha família pela aquisição da nossa morada há 14 anos atrás.


Oração a Santo Expedito

Conheça a História de Santo Expedito

Extraído do blog: "Raízes" da Lusa Vilar. 
Lusa é prima legítima do escritor e pesquisador do cangaço
João de Sousa Lima 

A EXPULSÃO DOS JUDEUS DE PORTUGAL

Aguarela representando a expulsão dos Judeus de Portugal

«Andem estes mal baptizados tão cheios de temor desta fera [a Inquisição] que pela rua vão voltando os olhos [para ver] se os arrebata, e com os corações incertos, como a folha da árvore movediça, caminham, e se param atónitos.»
Samuel Usque, Consolação às Tribulações de Israel, Diálogo III, Cap. 30, 1533.
Com o advento do Cristianismo, leis discriminatórias contra os judeus começaram a ser aprovadas – primeiro, pelos romanos, e depois pelos bárbaros Visigodos que invadiram a península em 409 d.C.. Entre outras coisas, foram proibidos os casamentos mistos entre judeus e cristãos e até mesmo instituída uma conversão forçada ao cristianismo (a qual não parece ter surtido grande efeito, visto que outras conversões em massa foram realizadas ao longo da História).
Em 711 d.C., tropas mouras invadem a Península Ibérica e derrotam os visigodos. Os mouros foram encarados como libertadores pelos judeus, uma visão até certo ponto correta, visto que cristãos e judeus eram incluídos pelos muçulmanos no grupo dos “Povos do Livro” (Bíblia, Torá etc). Os indivíduos que professavam tais crenças podiam continuar a praticá-las sob domínio islâmico, desde que pagassem uma taxa (a jizya) aos governantes e respeitassem as leis islâmicas.
Da Reconquista ao sequestro dos inocentes
Com a Reconquista da Península Ibérica pelos cristãos, os judeus passaram a temer novamente pela sua sorte. Todavia, pelo menos em Portugal até meados do século XV, eles gozaram de relativa liberdade, embora tivessem de pagar impostos escorchantes. Obtiveram mesmo grande destaque na vida pública portuguesa, como diplomatas, conselheiros reais, administradores, médicos, matemáticos, astrônomos, comerciantes e banqueiros (embora a maior parte da população judaica fosse composta de pessoas com profissões bem mais modestas, a saber, alfaiates, sapateiros, tecelões, pastores e pequenos comerciantes). Tal projeção começou a gerar descontentamento entre o povo, que sentia estar “a cristandade submetida à jurisdição judaica” (conforme queixou-se um frade em carta a Dom Afonso V). Tal clima de insatisfação generalizou-se e os judeus começaram a ser vítimas de perseguições e violência por parte de populares.
A situação na Espanha a partir de meados do século XIV já prenunciava o destino que esperava os judeus portugueses. Em Toledo, em 1355, 12 mil judeus morreram vítimas de perseguição religiosa; o número atingiu 50 mil em Palma de Mallorca, em 1391. Com o início das operações da Inquisição, ou “Santa Inquisição”, em 1478, o temor se espalhou entre os judeus da Espanha. Temendo pela própria sorte, milhares se converteram ao catolicismo, enquanto outro tanto buscou refúgio em Portugal. O volume de refugiados aumentou dramaticamente quando em 1492 foi decretada a expulsão dos judeus da Espanha.
Esse grande contingente de milhares de judeus (93 mil segundo as contas do contemporâneo Andrés Bernaldez) fugitivos sem bens e dinheiro acirrou os ânimos dos portugueses.
, atravessaram a fronteira em busca de abrigo, mediante o e a licença de trânsito por oito meses atribuída pelo rei D. João II.
Além da ira popular, os imigrantes tiveram de lidar com a esperteza de Dom João II, que vislumbrou uma oportunidade de lucrar com a desgraça alheia: o rei instituiu a cobrança de dois escudos (Outros pesquisadores afirmam que era um tributo de 8 cruzados)  por cada imigrante, para que pudessem permanecer em Portugal por oito meses.
Como ao fim do prazo de permanência os judeus não conseguiram sair de Portugal (não havia navios suficientes para transporta-los – ou assim foi dito), o rei ordenou que fossem vendidos como escravos. As crianças entre dois e dez anos foram tiradas de seus pais, batizadas e levadas para colonizar as ilhas de São Tomé e Príncipe, , onde a maioria não resistiu às condições do clima.
Fac-símile do Pentateuco hebraico, o primeiro livro imprenso em Portugal, no século XV
Apesar disso ainda vivem naquelas ilhas descendentes destes judeus, os quais, como prova de extrema resistência cultural, ainda conservam alguns costumes judaicos.
Da Expulsão ao Pogrom de Lisboa
Com a ascensão de Dom Manuel I ao trono português, em n1495, os castelhanos escravizados foram libertados. Todavia, o casamento anunciado do rei com a princesa Isabel da Espanha colocou os judeus novamente em clima de tensão. Isto porque o contrato de casamento incluía uma cláusula que exigia a expulsão dos hereges (mouros e judeus) do território português, tal como os reis espanhóis haviam feito em 1492. O rei Manual I tentou fazer com que a princesa reconsiderasse (já que precisava dos capitais e do conhecimento técnico dos judeus para o seu projeto de desenvolvimento de Portugal), mas foi tudo em vão. Em 5 de dezembro de 1496, Dom Manuel assinou o decreto de expulsão dos hereges, concedendo-lhes prazo até 31 de outubro de 1497 para que deixassem o país. Aos judeus, o rei permitiu que optassem pela conversão ou desterro, esperando assim que muitos se batizassem, ainda que apenas pro forma.
Os judeus, no entanto, não se deixaram convencer e a grande maioria optou por abandonar o país. O rei, ao ver cair por terra sua estratégia, mandou fechar todos os portos de Portugal – menos o porto de Lisboa - para impedir a fuga.
Uma vez que os Judeus constituíam uma parte importante da elite económica, cultural e científica do país, o rei queria evitar a sua fuga e concentrou no porto de Lisboa cerca de 20 mil judeus, esperando transporte para abandonar o território português.
Em abril de 1497, o rei manda sequestrar as crianças judias menores de 14 anos, para serem criadas por famílias cristãs, o que foi feito com grande violência. Em outubro de 1497, os que ainda resistiam à conversão foram arrastados à pia batismal pelo povo incitado por clérigos fanáticos e com a complacência das forças da ordem.
Foi desses batismos em massa e à força que surgiram os marranos, ou cripto-judeus, que praticavam o judaísmo em segredo embora publicamente professassem a fé católica.
Os “cristãos novos” nunca foram realmente bem aceitos pela população “cristã velha”, que desconfiava da sinceridade da fé dos conversos. Essa desconfiança evoluiu para a violência explícita em 1506, quando ocorreu o Progom de Lisboa. A peste grassava na cidade desde janeiro, fazendo dezenas de vítimas por dia. Em abril, mais uma vez insuflados por clérigos fanáticos, que culpavam os “cristãos novos” pela calamidade, o populacho investiu contra eles, matando mais de dois mil deles, entre homens, mulheres e crianças.
A nova diáspora
Para os judeus portugueses, o Pogrom de Lisboa foi a gota d’água final. Iniciava-se nova diáspora judaica, tendo alguns rumado para o norte da Europa, onde fundaram comunidades nos Países Baixos e Alemanha. Outros se dirigiram para o sul da França, e até mesmo para a Inglaterra. Alguns judeus preferiram retornar ao Orientem Médio, tendo sido bem recebidos pelos turcos otomanos.
 Expulsão dos judeus de Espanha em 1492,xilogravura, posteriormente colorida, de Michaly Von Zichy, 1880, AKG Imagens/Latins Tock – Fonte - http://www2.uol.com.br/historiaviva
Os judeus portugueses também chegaram com os holandeses na Capitania luso-brasileria de Nova Lusitânia, Pernambuco, e consecutivamente a toda região setentrional do Nordeste brasileiro, outrora conquistado aos portugueses pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, entre os anos de 1630 a 1654, onde fundaram no Recife, capital da Nova Holanda, a primeira sinagoga das Américas, a Sinagoga Kahal Zur Israel, sob a direção do grande Hakham Issac Aboab da Fonseca, que foi autor dos primeiros textos literários e religiosos escritos em língua hebraica nas Américas. Com a reconquista portuguesa do Nordeste setentrional do Brasil, e a proibição de praticar o judaismo, a comunidade dispersou-se, sendo que alguns voltaram para Amsterdã, outros migraram para outras colonias holandesas nas Américas do Sul, Central e do Norte e uma parcela permaneceu, refugiando-se nos sertões, interior do Nordeste Brasileiro onde se converteram em cripto-judeus.
Em Nova Iorque, que foi colonia holandesa com o nome de Nova Amsterdão, chegaram do Recife um grupo de 23 judeus em Setembro de 1654, onde fundaram a primeira comunidade judaica dessa cidade.
Embora a presença judaica no continente americano date de um século e meio antes da conquista da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais ao Nordeste brasileiro, os judeus convertidos (cristão-novos) fizeram parte da expedição portuguesa que, sob o comando do capitão Cabral, “descobriu” o Brasil em 22 de abril de 1500.
Mesmo depois da abolição do Tribunal do Santo Ofício, em 1821, o cripto-judaísmo continuou a ser praticado em Portugal, em especial na Beira Interior e Trás-os-Montes. Em Belmonte, só terminaria já depois do 25 de Abril.
Fonte 

Extraído do blog: "Tok de História" do historiógrafo e pesquisador do cangaço
Rostand Medeiros

19 de Abril - Dia do Índio

foto - dia do índio

História do Dia do Índio, comemoração, 19 de Abril, criação da data, cultura indígena
Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio. Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto lei número 5.540. Mas por que foi escolhido o 19 de abril?
Origem da data 
Para entendermos a data, devemos voltar para 1940. Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano.
Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste contimente foram convidados para participarem das reuniões e decisões.
Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.
No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio.
Comemorações e importância da data
Neste dia do ano ocorrem vários eventos dedicados à valorização da cultura indígena. Nas escolas, os alunos costumam fazer pesquisas sobre a cultura indígena, os museus fazem exposições e os minicípios organizam festas comemorativas.
Deve ser também um dia de reflexão sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais. 
Devemos lembrar também, que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500. Desde esta data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas. Este processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais, muitos povos indígenas estão perdendo suas terras.
Fonte:

"Mãe Terra, Mother Earth" - Marcos Mairton.

Aderbal Nogueira

Meu amigo.
Como você publica coisas que às vezes não são ligadas ao Cangaço, queria lhe pedir um favor.
Tenho um amigo que é poeta e cantor nas horas em que não está nos tribunais fazendo seu nobre trabalho de homem da lei.
Acabei de concluir um vídeo-clip com uma música de sua autoria que é bem bacana. Caso o amigo ache interessante, favor divulgar em sua página na rede, ok?.
É uma música que fala sobre a natureza, intitulada "Mãe Terra, Mother Earth" - Marcos Mairton.
Além de juiz federal, ele é cordelista. Aqui fala um pouco dele.

Tem 2 blogs, que seguem abaixo:

Clique nos links abaixo: 


Desde já obrigado e aguarde novidades.
Aderbal Nogueira

Uma produção da Laser Vídeo
Enviado pelo cineasta e pesquisador do cangaço:
Aderbal Nogueira

Contos do além-cangaço

 
Jorge Amado e o fantasma de Corisco
Capítulo do livro da escritora Zélia Gattai (esposa de Jorge) - A casa do Rio Vermelho
Zélia e Jorge em foto de Carlos Namba
Pescado in Veja acervo digital
Sabedor da amizade e do carinho de Jorge por Dadá, tempos depois do enterro de Corisco um cidadão telefonou: queria, em nome de Dadá, falar com Jorge Amado um assunto da maior importância. Sendo em nome de Dadá, Jorge marcou entrevista com o cavalheiro. Ele apareceu, a vigarice estampada no rosto:

— Seu Jorge Amado — foi dizendo —, tenho uma proposta a lhe fazer, empreitada que pode nos dar muito dinheiro.

Jorge não mostrou curiosidade pela proposta, perguntou-lhe:

— Como vai Dadá? Esteve com ela?

— Não é bem isso — confessou o cara. — Andei entrevistando Dadá...

Não foi preciso ouvir mais nada, Jorge entendeu tudo, foi levantando. O sujeito estava ansioso para explicar a que vinha.

— Veja bem, seu Jorge — insistiu —, tenho um belo material, material precioso das entrevistas com Dadá e das pesquisas que fiz sobre o bando de Lampião, de Corisco, o amor de Dadá. Pode dar um livro e tanto.

— Já está escrevendo o livro? — perguntou Jorge

— Bem, a minha participação no livro será apenas de pesquisador, essa é a minha especialidade. Pensei que o senhor poderia, com a prática que tem, escrevê-lo em três tempos. Nós dois o assinaríamos. Que tal?

Vendo Jorge calado, cara de poucos amigos, ele ainda ousou:

— A gente pode até dar uma coisinha à Dadá, o que acha? Jorge já não achava mais nada, perdera a paciência. Levantou-se, despediu-se:

— A sua proposta não me interessa. Me desculpe, tenho o que fazer. — Chamou Aurélio, pediu que acompanhasse o cidadão até a porta.

Dias depois, o "pesquisador" voltou à carga, uma, duas, três vezes, tentando, por telefone, convencer o escritor a ser seu sócio no livro. Cansados dos repetidos telefonemas, resolvemos não atender mais, deixamos que a secretária eletrônica gravasse as mensagens. Uma delas, creio que a última, porque depois ele desistiu, foi tarde da noite. Uma voz de além-túmulo dizia:

Jooorge Amaaado, hóóó Jooorge Amaaado! Quem fala aqui é a alma de Corisco... ouviu bem? Coooriiiscooo... Faça o livro de Dadáaaa, Jorge Amado! Faça o livro de Dadáaaa... ouviu bem? Hó! Jorge Amado... senão eu vou aí com Lampião te puxar os pés...
Créditos: Felipe Gitirana, Comunidade do Orkut Lampião, Grande Rei do Cangaço

Os restos mortais dos cangaceiros que estão enterrados em Mossoró

Por: José Mendes Pereira

José Leite de Santana, o famoso Jararaca, que foi covardemente executado em Mossoró, cinco dias depois do ataque de Lampião e seu bando em Mossoró. A tentativa de assalto à cidade potiguar aconteceu na tarde do dia 13 de Junho de 1927. Lampião saiu da cidade sem levar nenhum objeto e nem dinheiro.

Túmulo do cangaceiro Jararaca

O outro cangaceiro que repousa em Mossoró é o Colchete, que parece não ter sido identificado a sua naturalidade. Sobre este não se tem o local certo de sua cova, pois ninguém soube indicar o verdadeiro local que guarda os restos mortais do cangaceiro no Cemitério São Sebastião em Mossoró.


O terceiro cangaceiro sepultado em Mossoró é o Antonio Luiz Tavares, sendo que ele faleceu no ano de 1981, morte natural.

Após a tentativa de assalto a maior cidade potiguar, o cangaceiro foi capturado na cidade do Apodi, no Estado do Rio Grande  Norte, pela polícia do Ceará.

Segundo o historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros com a sua prisão, foi levado para Natal, dando início ao cumprimento de sua pena, mas posteriormente foi transferido para Mossoró, onde cumpriu uma pena de dez anos. 

Túmulo do cangaceiro Asa Branca em Mossoró - Professor Francisco Borges - Jardim de Piranhas

Mesmo sendo paraibano, após cumprir a sua pena, o cangaceiro Asa Branca não quis mais voltar à sua terra natal, terminando os seus últimos dias de vida na cidade mossoroense.

O escritor e poeta David de Medeiros Leite, em seu livro: "Ombudsman Mossoroense", página 71, afirma que o cangaceiro Asa Branca havia trabalhado na Fazenda Barrinha, em ´Mossoró, propriedade do

Chico Duarte

latifundiário Chico Duarte, pai De Manoel Duarte, o homem que assassinou o cangaceiro Colchete e baleou Jararaca.

O pouco que faltava de Christiano Câmara....

Christiano Câmara, dona Douvina e Manoel Severo
Caros companheiros de jornada, hoje, por gentileza de
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWDmL63Prc1ZvH5XqREtQXvzbDUhL60VycpEqm3DP0C29_64ng3JY5mRFHnrR-Erq84fUrj3WPDKmWK3R_3TW1vroJNJgjjRYltHd54Ttr1xYzeGnOPS5hgKRE3KUb1jKeDXJBAJa33Q/s1600/Caldas+200810+%2848%29.JPG
Paulo Gastão e Aderbal Nogueira
 Aderbal Nogueira e sua Laser Vídeo, trazemos na postagem abaixo, a segunda parte da grande Conferência sobre "A História na Música", proferida por
Christiano Câmara, dona Douvina e Manoel Severo
 Christiano Câmara em nosso último encontro Cariri Cangaço-GECC.
Grande Abraço
Manoel Severo

 

O LINCE NA VARANDA (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa


O LINCE NA VARANDA

Poucas pessoas sabem o que é um lince. Ouvia muito falar em seu nome, porém o desconhecia totalmente, até o dia que o encontrei ali na minha varanda.
Não sei se tenho andado bem. Sinto-me angustiado, com insônia, solitário demais. Desde que abri a porta da gaiola e mandei o passarinho ir embora que não tenho mais ninguém para conversar.
Mais de cem anos assim, talvez. E lembro bem que a última vez que abri a boca para um rápido diálogo foi com um último pingo de chuva que caía. Quando ele ia responder simplesmente evaporou.
Por isso talvez tenha sido muito bom que o lince chegasse logo ao amanhecer para me visitar. Digo esse lince e não um lince porque de certa forma eu já o estava esperando. Qualquer coisa mais cedo ou mais tarde chegaria ali na minha varanda.
Juro que esperava a visita de um centauro, de um pégaso, de um cavalo marinho, de um ser mitológico. Outro dia li que os seres mitológicos gostam de povoar a vida de quem um dia se achou semideus. E já fui mais que isso, pois um dia pensei ser o verdadeiro Deus.
Talvez por ter pensado assim, tão desastradamente pensado assim, é que agora tenho de me contentar com a solidão dos impotentes e com qualquer visita. E ainda bem que o lince chegou sem alarde, sem bater à porta, sem tocar campainha, apenas entrou e sentou bem diante de minha rede na varanda.
Mas que belo animal é esse gato de uma espécie mais rara, um tanto maior, mais forte e misterioso dos que os felídeos normais. É de cor cinza-amarelada, com pintas marrons que vão se espalhando pelo seu corpo ágil e peludo. Para o tamanho, sua cauda é curta e possui orelhas pontiagudas.
Contudo, o mais belo, instigante e misterioso no lince da minha varanda é o seu olhar penetrante. Nunca vi nada igual. Olhos grandes, negros, puxados, de brilho surpreendentemente vivo, como se a retina fosse espelhada ou um lago cristalino ali fizesse moradia.
Naquele momento não, mas depois compreendi que falta à maioria dos seres humanos, principalmente em mim, algumas das características essenciais possuídas pelo lince. No momento não, pois estava apenas contente demais com a visita, mas agora tudo daria para ser como aquele que dizem ser felídeo.
Juro que é pessoa, que é ser humano, que sabe tudo, entende tudo, é inegavelmente mais inteligente, arguto e perspicaz que o simples mortal. E não bastasse isso, aquele olhar do lince que consegue enxergar muito além do que tudo que está à sua frente.
Só agora sei, e só infelizmente agora sei, o porquê ele é tido como aquele – pois juro que é ser humano – que enxerga através das paredes, que vê muito além da realidade presente, que tem conhecimento imediato da frágil folha que o vento do outono levou.
Só agora sei por que os povos antigos prediziam o futuro através dos olhos do lince. E não somente isto, pois ficavam diante do seu portal cristalino e assim podiam alcançar os lugares mais distantes e até outros mundos. O lince só não deixava que fossem até o paraíso. E isso hoje eu seu por que.
Por incrível que possa parecer, o nosso sábio e cordial diálogo cordial ocorreu no mais puro silêncio. Ali sentado na varanda, apenas me olhava, apertava mais os olhos, fazia-os mais brilhantes ou mais escurecidos, sorria com o olhar, falou-me tudo, tudo sobre a vida e a morte através daquele inesquecível olhar.
E me fez lembrar coisas importantes que as pessoas insistem em premeditadamente esquecer. E disse-me que os nossos olhos não brilham pelo que veem, mas sim pelo que o coração enxerga; os nossos olhos são os espelhos que queremos ter na moldura que queremos ser; os nossos olhos possuem palavras que acabamos não querendo ouvir. E por isso mesmo tanto enxergar, tanto ver, tanto sentir e nada aprender.
E o mais importante: Somos todos cegos. E assim continuaremos até que a luz nos nossos espíritos alcance o nosso olhar. E este reflita o que somos pelo modo como vemos a vida, o mundo, a nós mesmos.

Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Da janela adiante (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

Da janela adiante

Quando te vi
pela última vez
meu amor
estavas viajando
na brisa da tarde
passando defronte
à minha janela

me fiz passarinho
mas meu voo
é curto demais
para te alcançar
então voltei
à janela a esperar
a brisa suave
da tarde seguinte

não sei mais
o que ouve meu amor
mas nem brisa nem vento
nem tarde nem luz
apenas a chuva caindo
e tudo triste adiante
tão frio e molhado
que não sei mais
se dos meus olhos
ou se da tempestade
que se tornou a vida

sem você na tarde
sem você na brisa
sem você no meu olhar.



Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

ROMANCEIRO POTIGUAR, de DEÍFILO GURGEL – UM LIVRO IMPORTANTE

Entre outras pérolas, livro póstumo de Deífilo Gurgel reúne mais de 300 romances cantados e declamados por vários mestres, como Dona Militana.

Entre outras pérolas, livro póstumo de Deífilo Gurgel reúne mais de 300 romances cantados e declamados por vários mestres, como Dona Militana. Foto Alex Régis – Tuna do Norte
A Coleção Cultura Potiguar, que reúne os mais diversos temas da literatura norte-rio-grandense, da Secretaria Extraordinária de Cultura do RN e Fundação José Augusto (Secultrn/FJA) terá mais uma obra entre seus títulos. Dessa vez, uma das mais ilustres: O Romanceiro Potiguar, que será lançado na próxima quarta-feira (18), no Palácio Potengi – Pinacoteca do Estado, a partir das 19h. O livro será adquirido ao preço de R$ 40. O Romanceiro Potiguar é uma obra inédita do folclorista e pesquisador Deífilo Gurgel – falecido em fevereiro deste ano – fruto de uma pesquisa realizada entre as décadas de 1980 e 1990 e que reúne um dos mais ricos apanhados da oralidade dos romanceiros, tanto de origem Ibérica quanto brasileira. O livro conta com ilustrações do presidente do Conselho Estadual de Cultura, Iaperi Araújo.
De acordo com Alexandre Gurgel, que em algumas viagens ao longo dos dez anos de pesquisa acompanhou o pai, Deífilo Gurgel conversou com muitas pessoas para a elaboração d´O Romanceiro Potiguar, como por exemplo, seu Atanásio, detentor deste saber popular e pai de outra conhecida romanceira, Dona Militana, que também figura na pesquisa, dentre muitos outros. Com esse feito, andando de norte a sul pelo Estado, Deífilo Gurgel conseguiu compilar romances que fazem parte do cancioneiro popular, desde as origens Ibéricas (da Espanha e Portugal), passando pelos romances Religiosos, do Cangaço, da Caatinga e da Pecuária. “Ele viajou o Estado inteiro e conseguiu reunir uma obra que preserva pelo menos cinco origens de Romances. E o mais importante desse trabalho é que ele conseguiu colher versões inéditas de alguns romances”, informa o filho.
Para a secretária Extraordinária de Cultura, Isaura Rosado, O Romanceiro Potiguar dignifica o plano editorial do Governo do Estado conduzido pela Secultrn/FJA. “Deífilo pesquisou em sítios, vilas, povoados, nos espaços mais distantes do RN, seu trabalho é reconhecido para além do solo potiguar. Pensando em cultura de tradição, a assessoria de Deífilo sempre foi imprescindível. Digo isso para atestar minha admiração enquanto gestora, ao pesquisador, amigo, estudioso da cultura popular. Digo isso para expressar o quanto nos orgulhamos de Deífilo e o quanto as gerações que nos sucederem serão gratas a ele pelo registro e proteção às nossas raízes”, disse ela em apresentação da obra.
O poeta e membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Paulo de Tarso Correia de Melo, é quem faz a abertura do Romanceiro Potiguar, a convite do próprio Deífilo Gurgel e em determinado trecho, revela o apuro e dedicação deste que, certamente, foi um dos maiores estudiosos da cultura popular no RN e no Brasil: “O milagre é o mesmo de seus outros livros de pesquisa folclórica. A documentação precisa e conscienciosa de sempre. O relacionamento exato de fontes, lugares e datas da situação de pesquisa. Desta vez quero realçar o registro de saborosíssimos epílogos prosificados e por vezes prosificações completas de romances registrados acuradamente”.
O trabalho e pesquisa de Deífilo Gurgel foi realizado de maneira solitária, já que não conseguiu bolsistas ou outros interessados na pequisa. E assim, aos 70 anos, Deífilo Gurgel de dispôs a “cansativas”, porém “gratificantes” viagens pelo Rio Grande do Norte “à cata das últimas pepitas desse fabuloso tesouro, representadas pelas quase trezentas versões de romances, que coletamos nas mais diversas regiões do nosso Estado, dos romanceiros peninsular e brasileiro”, escreve o próprio pesquisador em seu livro, agora póstumo.
Deífilo Gurgel e a romanceira Dona Militana
Deífilo Gurgel e a romanceira Dona Militana
O livro é constituído das seguintes divisões: Romances Ibéricos e Romances Brasileiros, que se subdividem-se da seguinte forma: Romances Palacianos, acontecidos entre a nobreza europeia; Romances Religiosos ou Sacros, que falam da vida de Jesus e de episódios ocorridos na vida de santos do catolicismo; Romances Plebeus, da gente do povo; Romances da Pecuária, que contam a vida de bois legendários: Boi Espácio, Boi Misterioso, Boi Surubim; Romances do Cangaço, relatos da vida e da morte de valentões sertanejos, desde épocas remotas: “Zé do Vale”, “O Cabeleira” e vários outros; Romances Burlescos, encenados outrora em teatrinhos mambembes e circos de cavalinhos. Ao todo são 330 versões de romances ibéricos e brasileiros.
Assessoria de Imprensa Secult-RN/FJA

Extraído do blog: "Tok de História" do historiógrafo Rostand Medeiros