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domingo, 8 de dezembro de 2019

O SERROTE DE SÃO JOSÉ

(Clerisvaldo B. Chagas. 24.11.2009)

Quem conheceu Santana do Ipanema décadas atrás, lembra perfeitamente da Rua Benedito Melo, também chamada Rua Nova. Ali uma das travessas até a Rua Antonio Tavares, era chamada “Beco de Seu Felisdoro”. Felisdoro tinha uma bodega em uma das esquinas; na outra, trabalhava Antonio Dantas numa oficina de marceneiro. Felisdoro ─ já nos referimos a ele em outra crônica ─ alto, parecendo um grego também no porte, foi o candidato que só teve o voto dele numa eleição. A esposa “Bila” votou no melhor incentivado pelo próprio marido. Contrastando em tudo com o pacato Felisdoro, Antonio Dantas, vizinho de beco, era baixinho, olhos azuis, cara dura e gostava de bebida. Fabricava caixões de defunto. Dali saíram muitas histórias engraçadas sobre enterros, velórios e entrega de caixões antes do amanhecer.
Como marceneiros gostam de falar sobre coisas referentes à marcenaria, foi ali que ouvi a ingenuidade de dois casos. Entre as ferramentas daquela arte, existe a enxó, um dos principais objetos usados pelos carpinteiros. A enxó chama atenção porque é um instrumento curvo de cabo pequeno e que trabalha em ângulos difíceis. Vendo-me admirando a enxó, um dos marceneiros me disse que era o instrumento do cão. E explicou: um camarada trabalhava com a enxó. O cão chegou perto e começou a tentar o homem: “cuidado para não cortar a venta! Cuidado para não corta a venta!” O homem foi ficando impaciente com aquela conversa até que falou abusado: “Você não está vendo que não se pode cortar a venta com isso? A não ser que faça assim”. E virando o gume da enxó para cima, arrancou o nariz. Fiquei imaginando a força da tentação. E ouvindo o roc-roc do serrote, perguntei se aquele instrumento também era do demônio. O marceneiro falou que o pai de Jesus possuía um serrote muito bom, afiadíssimo. Acontece que sempre aparecia um cidadão para tomar emprestada a ferramenta. Cansado de interromper o seu trabalho e receber o instrumento de volta sempre com problemas, o futuro santo resolveu cortar o mal pela raiz. Deu um jeito na dentição do serrote colocando um dente para um lado, um dente para o outro e assim sucessivamente. O cidadão nunca mais pediu o serrote emprestado. José, entretanto, ao experimentar a nova ferramenta teve uma ótima surpresa. Estava melhor de que antes. E foi assim por acaso que o Carpinteiro inventou um serrote muito mais eficiente. Portanto, a ferramenta não era do cão tal a enxó, e sim de São José.
Com esses casos e lendas também aprendemos bem. Quando a madeira é torta pode não dar para cumeeira, mas é excelente para bodoque. O anzol é torto para pegar o peixe. E, na sabedoria popular “Deus escreve certo por linhas tortas”. Um colega dizia que “quem nasce para cangalha não dá para sela”. E se os da sela não tivessem os da cangalha, quem levaria o peso? Assim, aprendemos que tudo que existe no Planeta serve para alguma coisa. Deus fez o mundo perfeito em todos os seus detalhes; pode faltar apenas a compreensão dos terráqueos. Em diversas ocasiões da vida não podemos ser linheiros QUANDO O CERTO É TORTO.


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O MEL DE PEDRO ALEIJADO

Por (Clerisvaldo B. Chagas. 2.12.2009)

São inúmeros os casos (hoje chamados folclóricos) acontecidos no interior. Um deles é o de Pedro Aleijado, personagem musical de Santana do Ipanema. Morador da Rua Prof. Enéas de Araújo, Pedro sempre teve habilidade com o pandeiro nos áureos tempos das farras, décadas 50-1960. Assíduo convidado pelos principais farristas da região, também tocou pandeiro para muita gente famosa que passou por essas terras. Pedro recebeu vários apelidos como “Pedro Aleijado”, “Mão de Aço” e “Deixe-Que-Eu-Chuto” (este porque puxa uma perna). Sempre alegre cheio de brincadeiras, Pedro ainda enfrenta um bom gole de Rum. Pelas tardes, o homem coloca uma cadeira na calçada e fica jogando lorotas com quem passa pela estreiteza da rua. Ali é uma fonte de pesquisa sobre as personalidades das noitadas santanenses. Para sobreviver, “Mão de Aço” botou na cabeça, vender mel de abelha pelas cidades circunvizinhas. Certa feita um cidadão, querendo fazer um remédio à base de mel, foi à casa de Pedro. Saiu um garoto e perguntou o que desejava o visitante. Depois o menino falou que o pai estava ocupado lá no quintal, fazendo mel de abelha. Essa passagem contribuiu para que o homem perdesse quase toda clientela automaticamente. É por isso que uma pessoa habilidosa gosta de dizer que faz tudo, menos mel de abelha. Logo quem conhece o caso rebate:"Mas Pedro Aleijado faz”.
Nós alagoanos geralmente não temos opções nas eleições para governador. Quem não faz parte dos “mesmos”, fica com pequenas possibilidades de se eleger. O eleitor fica indeciso, porque sabe que em Alagoas existe um círculo de viciados que não conseguem fazer com que esse estado saia do atraso fruto deles mesmo. Quem espera por uma candidatura nova, um líder jovem, idealista, vibrante, comprometido com a ética e com o povo, vai aguardar muito na poltrona fofa. O eleitor esclarecido, diante da sede de poder de tantos homens perigosos, fica frustrado por não poder contribuir com mudanças verdadeiras. Se não é uma oligarquia é um cartel permanente que resseca as gorduras de Alagoas, deixando o estado a mostrar os ossos para o restante do Brasil. Somos os párias; os filhos que não tem direito; o alagoano garroteado que muitas vezes se envergonha da terra em que nasceu. Quando se aproximam as eleições, o leitor não tem mais ânimo. Ânimo mesmo só para colocar para fora o que estão; para contrair novo desânimo com os que entram. Diz certo setor religioso que Alagoas foi escolhida para ser o lixeiro do Nordeste. Apesar de ser tão bela, carrega um saco permanente para guardar o negativo. Estou quase acreditando nisso. Mesmo assim vamos driblando, sobrevivendo, analisando e desanimando cada vez mais. Continuamos ricos em homens farinhas de Araripina ou semelhantes ao MEL DE PEDRO ALEIJADO.


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O CARRO DE ZÉ LIMEIRA

(Clerisvaldo B. Chagas. 15.12.2009)

NAS décadas 1950-1960, brincávamos muito com os carros de ladeira. Pegávamos os carros de pau, levávamos para o alto e descíamos as colinas que davam para o rio Ipanema. Aquele fabricado pelo maleiro Zé Limeira, filho da professora Adelcina Limeira, era o mais bonito de todos. Dava um trabalho medonho empurrar os brinquedos até o topo, mas quando descíamos montados era somente pura emoção.
O funcionamento do hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, é uma das sete grandes lutas do santanense. A juventude não sabe das seis gigantescas batalhas que travamos pelas conquistas de valiosas prioridades. Claro que houve outras lutas, porém, nenhuma como as seis que estão abaixo. A briga pela energia de Paulo Afonso ─ depois que o motor alemão que abastecia Santana quebrou ─ foi a maior de todas. Quatro anos no escuro justificava todo movimento da sociedade organizada. Foi assim que surgiu como instrumento de guerra, a primeira rádio do município. Funcionando na clandestinidade, a Rádio Candeeiro (como referência ao escuro reinante) teve papel de destaque no ânimo da juventude sequiosa de desenvolvimento. Essa foi a briga mais bonita e participativa de Santana. Outra luta importante foi pela conquista da água encanada do rio São Francisco, através da adutora de Belo Monte, cidade ribeirinha de Alagoas. Entre os seis embates anteriores está o do hospital Dr. Arsênio Moreira, situado no Bairro Camoxinga. Nesta meia dúzia não poderia faltar a construção da ponte Gen. Batista Tubino sobre o intermitente rio Ipanema, o que motivou os futuros bairros da margem direita. Ainda com a sociedade organizada lutando como podia, tivemos também a conquista do asfalto Palmeira dos Índios/Santana, através da BR-316. E finalmente a última das seis grandes lutas foi pelo terminal rodoviário que acabou sendo implantado no Bairro Monumento, vizinho a Associação Atlética Banco do Brasil. Esta foi a única que chegou fora de época, ocasião em que o transporte alternativo superou os ônibus tradicionais.
Trava-se agora a sétima batalha que é pelo hospital geral que já tem o nome do primeiro médico da terra, Clodolfo Rodrigues. Construído no governo municipal Marcos Davi, o prédio é formidável e leva um tempo enorme para conhecê-lo por dentro. Verdadeiro labirinto. Situado entre as localidades Conjunto Marinho e Cajaranas, é a atração turística no sopé da serra Aguda. Não acreditamos que haja falta de interesse das autoridades. O que falta é participação social como algumas das outras lutas citadas. Dessa vez o povo se acomodou como se não tivesse mais entusiasmo para continuar lutando. Os políticos, então, resolveram movimentar essa causa mostrando trabalho no rádio e em outros meios de comunicações. Mesmo assim, acreditamos que no próximo ano, mesmo sendo ano eleitoreiro, estará funcionando o hospital Dr. Clodolfo Rodrigues que até agora tem sido apenas um elefante branco. O problema, segundo o que estamos ouvindo, é colocar o carro na cabeça e levá-lo até o topo da ladeira. Daí, ladeira abaixo todo santo ajuda. Caso realmente os políticos cumpram o que estão assegurando, teremos orgulho de ver funcionando O CARRO DE ZÉ LIMEIRA.


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LAMPIÃO VIRGULINO FERREIRA DA SILVA SE REUNE PELA ULTIMA VEZ COM A FAMILIA EM JUAZEIRO-CE, NO DIA 4 DE MARÇO DE 1926:

Por Biafra Rocha Ribeiro


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CASA DE DONA GUILHERMINA MÃE DE PEDRO E DURVAL.

Por Biafra Rocha Ribeiro


Casa de dona Guilhermina, mãe de Pedro e Durval. A casa ficava localizada no pé da serra onde fica a grota do Angico, onde Lampião, Maria e mais 9 guerreiros pereciam na madrugada de 28 de julho de 1938.


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UMA NOTÍCIA QUE EU JAMAIS GOSTARIA DE DAR.


Por Geraldo Junior

Comunico a todos o falecimento da minha querida amiga Mabel Nogueira.

Estou sem palavras para descrever a tristeza que estou sentindo nesse momento. Um aperto no peito indescritível. Mais uma grande perca inestimável que sofro esse ano.

Por outro lado quero te agradecer por cada momento que vivenciamos, por cada experiência e conhecimento que trocamos. Pelos belíssimos e importantes trabalhos que fizemos recentemente em prol da história de Nazaré do Pico e da história do cangaço. Na noite anterior ao acontecido conversamos até altas horas da noite e eu nem sabia que aquela seria a última vez que conversaríamos durante essa vida. Fizemos planos e projetos, sem saber que eles ficariam no meio do caminho devido essa infeliz fatalidade.

Minha amiga querida por mais palavras que aqui eu consiga escrever, serão poucas para te agradecer pela sua amizade, pelo seu carinho, por tudo que fez por mim e pela história cangaceira.

Descanse em paz minha querida e que Deus a receba em sua infinita bondade. Tenho certeza absoluta que um dia iremos nos encontrar. Meu carinho por você e consideração serão eternos.

Obrigado por tudo. Você será para sempre lembrada.

Descanse em paz.

Aos familiares expresso os meus mais sinceros sentimentos e que Deus em sua infinita bondade conforte o coração de todos.


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NOTA DE PESAR!


Por Relembrando Mossoró

O Relembrando Mossoró toma conhecimento do falecimento do senhor Tony Costa Xavier, como todos conhecia ele na cidade trabalhava com ar condicionado. Ele era natural de Paraú-RN, mais morava em Mossoró a muitos anos. O mesmo teve um infarto fulminante hoje. 

Seu corpo está sendo velado na Rua do Colégio Rei Emanoel, bairro Alto do Sumaré e será sepultado amanhã no Cemitério Novo Tempo, em Mossoró. Nossa solidariedade aos familiares e amigos.


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