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sexta-feira, 26 de julho de 2019

LIVROS É COM O PROFESSOR PEREIRA LÁ EM CAJAZEIRAS


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LAMPIÃO NO CEARÁ

A volta, na volta, do “Rei do Cangaço”
A dura situação do bando de Lampião em terras cearenses, após o fracassado ataque a Mossoró.

Por Sálvio Siqueira*


Era a boca da noite do dia 13 de junho de 1927. Lampião, na estação ferroviária da cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte, já estava sabendo de que perdera dois de seus melhores homens no confronto, além de estar ferido Moderno, seu cunhado, As de Ouro e outro, com o abdome aberto pelo projétil de um dos homens da resistência, se contorcia e soltava gemidos involuntários devido a enorme dor. Esse último com um ferimento gravíssimo. O cangaceiro Sabino, seu “tenente” na época, reportara para o mesmo a perda e a impossibilidade de levar o plano adiante. Recebe ordens de reagrupar o bando para deixarem a cidade…

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O pesquisador Sálvio Siqueira realizando suas pesquisas sobre o cangaço nordestino.

As sombras da noite os engolira de repente. Tomaram, sob as ordens do chefe maior, um itinerário diferente daquele usado quando da vinda para a cidade do sal. Todos com caras de poucos amigos, sem pilhérias nem brincadeiras de tipo algum. Naquele ocaso do dia, o silêncio estava a consumir cada um deles. O silêncio só era quebrado pelos gemidos do cangaceiro agonizante e o soar das alpercatas “Xô-boi” levantando a poeira em solo potiguar.
 
A sua frente aparece um muro de varas e estacas, uma enorme e longa cerca, mas, não podiam parar, transpõem com rapidez e seguem em busca de um lugar para “lamberem suas feridas” físicas e morais, todas em carne viva. Não sabem ao certo por onde estão. Despontam em uma casa solitária. Pedem à mulher que abriu a parte superior da porta água e sal, para lavarem os ferimentos. 

A mulher, dona Maria Liberata, que tinha um sitiozinho nos arredores da cidade, estava a morrer de medo envolto pelos cangaceiros. Seu medo era tanto que, não sabendo onde esconder sua filha, a fez entrar embaixo d’um monte de cascas de feijão que havia no recanto da parede da sala. A pilha de cascas não era tanta e ao socar-se embaixo dela, os pés da adolescente ficam de fora. Lampião percebe o medo da filha e a agonia da mãe, então tenta tranquilizar as duas, dizendo só querer água e sal, depois diz para a senhora que pode mandar sair de debaixo das cascas quem lá estivesse que suas vidas estavam garantidas.

(...)

Clique no link abaixo e siga lendo. É uma maravilha.


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NO MONUMENTO NATURAL GROTA DO ANGICO

22° Missa do Cangaço acontece nesteDomingo 


Foto Kiko Monteiro (Lampião Aceso)

No próximo dia 28 de julho será realizada a 22ª Missa do Cangaço, celebração que acontece no Monumento Natural Grota do Angico (Mona) − unidade de conservação gerida pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano (Sedurbs/SE) e administrada pela Superintendência do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SERHMA), na divisa dos municípios de Poço Redondo e Canindé de São Francisco, Sertão do Estado.

O evento que tem início às 8h, marca o 81º aniversário da morte de Virgulino Ferreira da Silva, popularmente conhecido como Lampião, que foi executado na grota ao lado de sua esposa, Maria Bonita, e [parte] de seu bando, depois de emboscada policial. A missa é organizada pela neta de Lampião, Vera Ferreira, e integrantes da [Sociedade do Cangaço], com apoio do Governo do Estado por meio da SERHMA.

De acordo com o Superintendente Especial de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Ailton Rocha, o Estado apoia de forma logística a celebração. “Para receber as pessoas na celebração o Departamento Estadual de Infraestrutura Rodoviária de Sergipe, DER, já melhorou as estradas de acesso ao local do evento. Além disso recepcionamos a população que vem por terra, para isso melhoramos e identificamos as trilhas de acesso à Grota, além de há 12 anos fazermos a preservação ambiental da área com a gestão da Unidade de Conservação da Natureza”, explica.
Foto: Kiko Monteiro (Lampião Aceso)

Grota do Angico

O Monumento Natural (MONA) Grota do Angico que fica no Alto Sertão Sergipano, em Poço Redondo, é uma unidade de conservação estadual criada através do Decreto 24.922 de 21 de dezembro de 2007, a região abriga 2.221 hectares remanescentes florestais da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro e quase em sua totalidade nordestino. O local, além de deter de elementos culturais importantes para o Estado, mantém a integridade dos ecossistemas naturais da Caatinga, sendo campo de desenvolvimento de pesquisa científica, educação ambiental e ecoturismo.

Segundo o último relatório do Ministério do Meio Ambiente, a Reserva Monumento Natural Grota do Angico, abriga 25 espécies de mamíferos; 150 de aves; 45 de répteis e anfíbios; e 180 de vegetais. A reserva criada pelo Governo do Estado, é administrado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (Sedurbs), por meio da Superintendência Especial de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, (Serhma).

“O Monumento Natural da Grota do Angico é uma unidade de conservação criada e mantida pelo governo do Estado, que tem uma importância fundamental para a preservação da nossa Caatinga e da fauna também daquela região, ou seja, da biodiversidade. As ações de conservação empenhadas ali mostram o compromisso do Governo com o meio ambiente e com a nossa caatinga, disponibilizando estrutura e área de reserva para a sociedade, para os que fazem estudos pesquisa e, também, para os amantes do ecoturismo”, explica o Superintendente, Ailton Rocha.

Fonte Agencia Sergipana de Notícias


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ANTIGO CATIVEIRO DE FERAS.

Texto: Verneck Abrantes de Sousa

A CADEIA VELHA DE POMBAL/PARAÍBA.

A cidade de Pombal localiza-se no alto sertão da Paraíba, foi o primeiro núcleo populacional do interior sertanejo. Foi ela quem deu origem a outros núcleos habitacionais da região. Na velha cidade, entre outros marcos históricos, destaca-se a Velha Cadeia, que mantêm ainda suas linhas arquitetônicas, denunciando em nosso tempo, a introdução de um marco da era imperial no alto sertão paraibano.

Desativada como presídio, a Velha Cadeia deveria ser o Museu do Cangaceiro, o que bem caracterizaria sua história, mas o projeto não foi adiante. Alicerçada no ano de 1848, famosa porque concentrava presos perigosos do Estado e cangaceiros da década de 20 e 30 do século passado, a Velha Cadeia não abriga mais presos, mas uma instituição denominada de Casa da Cultura, necessitando de mais zelo e maior identificação com sua história. Em suas celas de parede largas e piso de tijolos rústicos passaram muitos criminosos que marcaram época, a exemplo: Donária dos Anjos, que durante a seca de 1877, segundo a própria, “para não morrer de fome”, matou uma criança e comeu sua carne.

O bandido “Rio Preto”, que se dizia, tinha um pacto com o diabo: “era curado de bala e faca, no seu corpo os punhais entortariam as pontas e as balas passariam de raspão”. Ferido à bala por vingança, “Rio Preto” morreu dentro da velha cadeia. Outro preso famoso foi Chico Pereira, que após a morte de seu pai se fez um dos grandes chefes do cangaço no sertão da Paraíba. Os fanáticos Pretos da “Irmandade dos Espíritos da Luz”, chefiados por Gabriel Cândido de Carvalho, depois da prática de crimes, também tiveram sua participação na história da velha cadeia.

Mas entre muitos acontecimentos, um se destaca pela audácia: Jesuíno Brilhante, cangaceiro inteligente, com certa instrução educacional, foi protagonista da história, que se deu da seguinte forma: Lucas, irmão de Jesuíno, cometeu um crime em Catolé do Rocha, foi preso e remetido, havia tempo, para cadeia de Pombal, onde estavam mais de 50 presos da cidade e de outras vizinhanças. Como o julgamento estava demorando, Jesuíno tomou a decisão de libertar o irmão. Às duas horas da manhã de 19 de fevereiro de 1874, numa quinta feira, chovendo bastante, não havendo ronda noturna, Jesuíno Brilhante, seu irmão João Alves Filho, o cunhado Joaquim Monteiro e outros, perfazendo um total de oito cangaceiros, todos montados a cavalos, atacaram de surpresa a Velha Cadeia, que na época era guarnecida por um cabo, onze soldados da Guarda Nacional e um da Polícia. Despertando-os a tiros, dizendo em voz alta os nomes dos primeiros atacantes, destacados como os mais importantes do bando, dando viva a Nossa Senhora, os oitos cangaceiros conseguiram dominar todos os soldados. Enquanto isso, os presos acendiam velas e lamparinas para iluminar as celas.

Os cangaceiros se apoderaram das armas e munições, distribuiriam com presos que, aos poucos, iam ganhando liberdade e ajudando no ataque. Arrebentaram cadeados, fechaduras, dobradiças, grades e saleiras com pedras, machados e outros instrumentos. Foi um verdadeiro levante, na maior algazarra. Depois se retiraram gritando pelas ruas, quando já se tinham evadido 42 presos de justiça, ficando 12 que não quiseram fugir. Os fugitivos tomaram rumos diversos, não constando nos autos a captura de um só criminoso. Nunca tantos presos deveram tanto, a tão poucos bandoleiros.

Hoje, a Cadeia Velha, que resiste à passagem do tempo, é um marco da era imperial encravada no sertão da Paraíba, uma relíquia da memória pombalense, que faz parte do centro histórico da nossa querida cidade. Então, quando estiver em Pombal, visite a Cadeia Velha – A Casa da Cultura – os seus passos serão os de muitos que ali passaram e fizeram história, infelizmente, de muitos crimes.



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MANDACARU

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.151.

   “O mandacaru (Cereus jamacaru), também conhecido como cardeiro, jamacaru e babão, planta da família das cactáceae, gênero cactos. Arbustiva, xerófita, nativa do Brasil, disseminada no semiárido do Nordeste. Mandacaru vem do tupi mãdaka’ru ou iamanaka’ru, que significa “espinhos agrupados danosos”. Suas raízes são responsáveis pela captação da água no lençol freático”.
IMAGEM DIVULGAÇÃO

“O caule ou tronco colunar serve de eixo de sustentação e sua parte central, o miolo, contém vasos condutores da água e outras substâncias vitais à planta. Lateralmente ao caule, saem peças articuladas facetadas cuja morfologia lembra um grande castiçal com várias ramificações. A parte externa seja do tronco ou das brotações laterais, é protegida por uma grossa cutícula que impede a excessiva perda de água por transpiração. As flores desta espécie de cacto são brancas, muito bonitas e medem aproximadamente doze cm de comprimento. Desabrocham à noite e murcham ao nascer do sol. Alimentam as abelhas, especialmente aarapuã. Seus frutos têm uma cor violeta forte, um formato elipsoide, alcança quinze centímetros de comprimento e doze centímetros de diâmetro, em média. A polpa é branca com sementes pretas minúsculas, que servem de alimento para diversas aves típicas da caatinga”. (Wikipédia)
Símbolo do Nordeste, o mandacaru está por todos os lugares, em fotografias, pinturas, propagandas, casas comerciais, marcas de produtos e em grande parte da literatura sertaneja. Além de alimentar o gado, ainda faz parte da medicina do campo como o mandacaru de sete quinas, indicado para problemas de próstata. Seu porte e beleza chamam atenção e serve de cenário para fotos, vídeos e filmes da região.
O sertão nordestino continua produzindo o belo.


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LIVRO QUE CONTA A HISTÓRIA DA ÚLTIMA CANGACEIRA DO BANDO DE LAMPIÃO.

O livro "Dulce - A boneca cangaceira de Deus" é uma biografia de Dulce Menezes dos Santos antiga integrante do bando de Lampião, sobrevivente de Angico e a última cangaceira, ainda viva. 
Na reportagem da TV Alterosa (Minas Gerais) constante nesse vídeo o autor do livro, Sebastião Pereira Ruas "Tião Ruas", fala um pouco sobre a sua obra e faz a apresentação para o grande público. 

Quem desejar adquirir o livro é só entrar em contato através dos telefones:

(19) 98872-6588 (Martha A. Menezes) - Whatsapp 

(33) 98718-8242 (Sebastião Pereira Ruas) - Whatsapp

Geraldo Antônio de Souza Júnior 



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DISCOS DE LUIZ GONZAGA SÃO RELANÇADOS EM FORMATO DIGITAL


Ao lado do filho Gonzaguinha, o Velho Lua canta Asa Branca, hino nordestino que completou 70 anos em 2017 (Foto: Reprodução)

Canções que só haviam sido tocadas na vitrola, em vinil, estão disponíveis para serem baixadas ou ouvidas em streaming.

É só chegar junho para o forró reinar quase que absoluto na maioria das festas e aparelhos de som do Nordeste. Hoje o que se chama de forró vai muito além dos ritmos tradicionais como o baião, a quadrilha ou o xaxado e já alcança versões mais contemporâneas como o forró universitário e o eletrônico.

No entanto, quem não abre mão do dois pra lá e dois pra cá e gosta mesmo de dançar agarradinho ao som de um bom pé de serra ganhou, no início deste mês, a oportunidade de reviver, em formato digital, a obra de Luiz Gonzaga (1912-1989), o maior nome da música nordestina.

Isso porque a Sony Music Brasil, detentora dos títulos originais do Rei do Baião, relançou parte da discografia do artista. Agora, canções que só haviam sido tocadas na vitrola, em vinil, estão disponíveis para serem baixadas ou ouvidas em streaming.

Tesouros

Gonzagão é o quarto tesouro do catálogo da gravadora a ganhar lugar nas plataformas digitais. Antes dele, a discografia do Planet Hemp, Bezerra da Silva e Jackson do Pandeiro já havia sido relançada no formato.

No total, foram disponibilizados 15 álbuns do Velho Lua, lançados originalmente entre 1970 e 1988. Neles, há duetos de Gonzagão com Alceu Valença, Geraldo Azevedo, além de participações de Sivuca, Dominguinhos e Altamiro Carrilho. 


Uma boa pedida para quem quer sentir o clima das festas juninas do interior é escutar o disco Luiz Gonzaga & Fagner (1984), onde sucessos como São João na Roça, Baião e Boiadeiro ganham releituras que pegam fogo, e que, em 1988, se completam com as versões de Vem Morena, ABC do Sertão e Xamego, registradas na continuação da parceria, em Gonzagão & Fagner 2 - ABC do Sertão. 

Com o filho Gonzaguinha, o Rei do Baião divide Asa Branca, música que em março deste ano completou 70 anos. Marca registrada de Gonzaga, Asa Branca canta a saudade do amor perdido com o exílio forçado devido à seca. A força da canção pôde ser vista em 2009, quando a Revista Rolling Stone Brasil publicou uma lista com as 100 maiores músicas da história do país. Um honroso 4º lugar, ficando atrás de clássicos como Carinhoso, Águas de Março e Construção.

Polêmica

Na última semana, Asa Branca esteve no centro de uma polêmica, devido a uma versão pornográfica feita pelo funkeiro paulista MC Yuri. A música Festa Junina da Putaria colocou sobre a melodia do clássico nordestino uma letra de cunho sexual, que revoltou a família de Gonzagão.

Em postagem feita no Facebook, o filho de Gonzaguinha, Daniel Gonzaga, criticou a versão. “Achei mais uma fuleiragem de garagem do que um hit.... Nem engraçado achei. Deem atenção não que passa. Se ficar falando nisso... volta. Ajudem o ostracismo a fazer seu trabalho”, escreveu. Nas redes sociais, muitas foram as pessoas que consideraram a versão do MC um desrespeito à obra do Rei do Baião e digna de processo judicial.

Asa Branca foi composta por Luiz Gonzaga ao lado do médico Humberto Teixeira (1915-1979) e passou dois anos para ser concretizada. Essa é só uma das muitas faixas compostas em parceria com Teixeira, que inclusive é homenageado por Gonzagão na música Doutor do Baião, presente no disco De Fiá Pavi (1987).

O clima de homenagem também dá a tônica do disco O Canto Jovem de Luiz Gonzaga (1971), uma homenagem aos grandes nomes da cena musical brasileira, a quem Gonzaga então comemorava fazer companhia na lista de atrações dos grandes shows e festivais do país.


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O INVENTOR DO SERTÃO – LUIZ GONZAGA


  Gonzagão em 1947

Xote, Maracatu e Baião. Mais que a tríade que deu luz ao Nordeste, Gonzagão desenhou uma cultura, como mostra novo livro de Bené Fonteles.

Rei do Baião? Mais. Luiz Gonzaga foi além de todos os seus pares ao criar a estética de um povo que não tinha voz.
         
Do Estadão – 18/12/2010
José Nêumanne

Saiba que lá pelos anos 60 do século passado a Música Popular Brasileira, dita MPB, vivia à mercê da guerra da turma do tamborim contra a patota da guitarra elétrica. Então, o pernambucano Luiz Gonzaga (homônimo do santo) do Nascimento (sobrenome inventado para comemorar a proximidade do aniversário dele com o Natal) foi despejado para o ostracismo total. Aí, emergiu das sombras a ruidosa figura do roqueiro capixaba Carlos Imperial e propagou a boa nova: “Os Beatles gravaram Asa Branca.” Era mentira. Mas o “gordo da Corte” havia proferido uma sacada genial: o mulato da Chapada do Araripe não era um compositor e cantor à altura de John Lennon e Paul McCartney. Mas, como os fabulosos garotos de Liverpool, ele tinha fundado uma estética, inaugurado uma cultura. Os quatro cavaleiros do Império Britânico foram muito além do universo dos rouxinóis e viraram o Ocidente de pernas para o ar. E o sanfoneiro do Exu inventou a cultura regional nordestina.

Para esta constatação chama a atenção um livro que reúne ensaios em prosa, fotos e xilogravuras encomendados, reunidos e coletados pelo artista plástico, poeta, compositor e curador de exposições paraense Bené Fonteles: O Rei e o Baião. No luxuoso e belíssimo volume editado pela Fundação Athos Bulcão, de Brasília, e financiado pelo Ministério da Cultura, não faltam excelentes textos de autores do naipe do compositor e cantor baiano Gilberto Gil, da professora cearense Elba Braga Ramalho, do poeta baiano Antônio Risério. Mas o que há de mais notável é a parte visual, a cargo do fotógrafo Gustavo Moura e dos xilogravadores João Pedro do Juazeiro, José Lourenço e Francorli & Carmem.

Todos eles contribuíram para uma visão multidisciplinar completa do Rei do Baião, que, morto há 21 anos, ainda é venerado como o símbolo vivo da diáspora nordestina. Seu cetro se explica de certa forma pela frase-síntese do maior folclorista brasileiro, o potiguar Luís da Câmara Cascudo: “O sertão é ele”. Mas isto é só o ponto de partida.

A entronização de Lua se deve ao fato de ele ter incorporado a cultura rural sertaneja à indústria cultural urbana. Por isso, dele só se aproxima em importância na história de nosso cancioneiro a geração de sambistas cariocas dos anos 30, aos quais se juntou o mineiro Ary Barroso. Como os precursores do maior espetáculo do mundo – o desfile das escolas de samba do Rio -, Gonzagão inspirou as festas de São João: ao criar o primeiro trio com sanfona, zabumba e triângulo, ele instaurou a música regional nordestina, introduziu ao mercado a atividade de instrumentista e intérprete oriundo do sertão e interferiu na indústria cultural com nova modalidade.

Quem folheia o livro compreenderá, pela visão do conjunto da obra, que Gonzaga não virou rei pelas canções que compôs. Aliás, o uso deste verbo é controverso, pois, na verdade, mais do que compor ele adaptou temas ouvidos nas brenhas de origem ou atravessou em parcerias com autores interessados em obter seu aval de sucesso garantido. Mas, sim, por mercê da sintonia mágica com seus dois talentosos parceiros iniciais, o advogado cearense Humberto Teixeira e o folclorista pernambucano Zé Dantas, e da indumentária típica que inventou para se apresentar: gibão de vaqueiro e chapéu de cangaceiro. E mais ainda pela intuição genial que demonstrou ao transformar a fortuna melódica do cancioneiro dos cafundós sertanejos em gêneros musicais e ritmos de dança que, só por causa dele, encantam e mobilizam o público, além de produzir sucesso e fortuna para compositores e intérpretes no rádio, depois na televisão e nos salões de festa. Jackson do Pandeiro, Marinês, Antônio Barros e Cecéu, Genival Lacerda, Flávio José, Santanna Cantador e outros grandes autores e cantores não teriam exercido seu talento nem viveriam dos frutos dele se o filho de Januário não houvesse tirado dos baixos de sua sanfona o baião, o forró, o arrasta-pé.

O livro deixa isso claro. Pena que tenham sido omitidas informações sobre os autores de textos, xilogravuras e fotos. O leitor merecia saber quem constatou que Luiz Gonzaga foi o semideus que criou o Nordeste Musical Brasileiro.

JOSÉ NÊUMANNE É ESCRITOR, EDITORIALISTA DO JORNAL DA TARDE E CURADOR LITERÁRIO DO INSTITUTO DO IMAGINÁRIO DO POVO BRASILEIRO

BENÉ FONTELES
O REI E O BAIÃO
Fundação Athos Bulcão
Preço: indefinido
                                       
Trilha sonora e dádiva no exílio 

Do Estadão – 18/12/2010

Juca Ferreira – ESPECIAL PARA O ESTADO

Luiz Gonzaga, através da sua música, deu origem a uma das mais significativas representações da cultura brasileira. Sua música e o baião, sua mais expressiva criação, revolucionaram o imaginário do povo brasileiro. Um universo ímpar de significações que alargou as fronteiras da nossa identidade nacional, incluindo o povo nordestino no imaginário do Brasil.

Há quem diga que o Nordeste, tal qual o compreendemos, foi uma invenção de Seu Lua. A grandeza de sua obra fez dele um dos representantes mais ilustres da cultura brasileira, pelo que dela ele soube traduzir e o que a ela soube, com sua genialidade, acrescentar.

Ainda jovem, tornou-se um símbolo do País inteiro. Entre meados das décadas de 1940 e 1950, o baião foi o estilo musical mais tocado no Brasil. O baião é, reconhecidamente, tanto quanto o samba, uma expressão brasileira, por excelência. Em qualquer parte deste planeta. E Luiz Gonzaga, o maior ídolo da música popular brasileira. Desde então, nunca mais deixou de ser ouvido, tocado e composto.

Referência e nostalgia. Quando eu me encontrava exilado, tinha em Luiz Gonzaga a referência mais viva e contagiante do Brasil. Confesso que ouvir suas canções era um sentimento perturbador, me descolava da vida na Suécia onde eu havia encontrado acolhida, era feliz e razoavelmente integrado. Lembranças da minha infância, saudades do que havia deixado para traz, dor do exílio e banzo. Frequentemente choramingava solitário de nostalgia.

Luiz Gonzaga foi uma dádiva para nossa formação cultural em momento de grande expansão urbana. Gonzaga surgiu para o Brasil no Rio de Janeiro num momento privilegiado. A indústria do disco e a rede radiofônica já tinham a maturidade tecnológica e cultural, para entender um talento como o seu, capaz de unir o país de ponta a ponta, com alto nível de elaboração.

Luiz urbanizou sua tradição, predominantemente rural e interiorana. Como todo grande artista, foi capaz de traduzir o seu mundo, universalizando-o; capaz de absorver em seu processo criativo toda a vivência cultural dos nordestinos e torná-las objeto de admiração e de afeto para milhões de brasileiros.

O Brasil é um país tão extenso e tão diverso que precisa ser o tempo todo apresentado a si mesmo. Foi isso o que Seu Luiz fez, apresentou ao Brasil um Nordeste que o Brasil desconhecia. Um mundo cheio de novidades, dores e belezas. Poucos terão cantado tão bem quanto ele e seus parceiros os dramas do povo nordestino; mas, acima de tudo, foi a alegria de viver do nordestino que ele mais intensamente nos revelou. Muitos brasileiros aprenderam a amar e respeitar o Nordeste depois de serem cativados pela rara beleza da voz confiante de Gonzagão, e pelo seu sorriso, exprimindo uma inabalável alegria de viver.

Gonzaga surgiu como representante típico da massa cabocla do sertão. Destinado a plantar no coração da metrópole as sonoridades, os versos e a memória coletiva de um povo que nunca sonhava em ir para a cidade, e só o fazia quando o seu mundo começava a se acabar, pelo latifúndio, pela seca e falta de oportunidade. Como o presidente Lula. Outro ilustre brasileiro oriundo dessa tragédia nordestina.

JUCA FERREIRA É MINISTRO DE ESTADO DA CULTURA

Fontes:
1) Jornal O Estado de S. Paulo – Caderno 2 – 18/12/2010
2) IMS – Acervo de José Ramos Tinhorão  e Humberto Franceschi

Músicas:
1) O Xote das Meninas de Luiz Gonzaga e Zé Dantas
Com Luiz Gonzaga – 05/02/1953 – RCA Vitor – Álbum 801108

2) Pau de Arara de Guio de Morais
Com Luiz Gonzaga – 1952 – RCA Vitor – Álbum 800936

3) Baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Com Luiz Gonzaga – 1949 – RCA Vitor – Álbum 800605

4) Baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Com Quatro Azes e um Coring – 1946 – RCA Vitor – Álbum 13251
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PERSONALIDADES NEGRAS – LUIZ GONZAGA



Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em Exu, sertão de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912. Segundo filho de Ana Batista de Jesus e oitavo de Januário José dos Santos. Foi um dos principais representantes da música popular brasileira, devido as suas obras que valorizavam os ritmos nordestinos, levando o baião, o xote e o xaxado para todo o país.

O Rei do Baião, como ficou conhecido no Brasil, retratava em suas canções a pobreza e as injustiças no Sertão Nordestino. Em 1920, com apenas 8 anos, Gonzaga foi convidado para substituir um sanfoneiro em uma festa tradicional, e partir desse episódio recebeu diversos convites para tocar em eventos da época.

Em 1929, em consequência de um namoro proibido, Luiz foge para cidade de Crato/CE, e em 1930 vai para Fortaleza/CE, servir ao exército. A partir de 1939, já na cidade do Rio de Janeiro, Gonzaga passa a dedicar-se à música e começa a tocar nos mangues, no cais, em bares, nas ruas e nos cabarés da Lapa. Começou a participar de programas de calouros, inicialmente sem êxitos, até que, no programa de Ary Barroso, na Rádio Nacional, apresentou uma música sua, “Vira e mexe”, e ficou em primeiro lugar. A partir de então, começou a participar de vários programas radiofônicos, inclusive gravando discos como sanfoneiro para outros artistas, até ser convidado para gravar como solista, em 1941. Daí em diante, o talento do Rei do Baião começa a ser reconhecido.

Continuou fazendo programas de rádio e gravando solos de sanfona. A partir de 1943, Luiz Gonzaga passa a utilizar os trajes típicos de cangaceiro, posteriormente irá os substituir pelo de vaqueiro, para as suas apresentações. Nesse mesmo ano, suas músicas passaram a ser letradas por Miguel Lima; a parceria deu certo e várias canções fizeram sucesso: “Dança, Mariquinha” e “Cortando Pano”, “Penerô Xerém” e “Dezessete e Setecentos”, agora gravadas pelo sanfoneiro e, também cantor, Luiz Gonzaga. No mesmo ano, tornou-se parceiro do cearense Humberto Teixeira, com quem sedimentou o ritmo do baião, com músicas que tematizavam a cultura e os costumes nordestinos. Seus sucessos eram quase anuais: “Baião” e “Meu Pé de Serra” (1946), “Asa Branca” (1947), “Juazeiro” e “Mangaratiba” (1948) e “Paraíba” e “Baião de Dois” (1950).

No ano de 1947, já casado com Helena das Neves e tendo assumido a paternidade de Gonzaguinha, conhece Zé Dantas, que passou a ser seu parceiro, assumindo o posto deixado por Teixeira, que se afastara da música devido à vida política. Juntos compuseram outros clássicos (“O xote das meninas”, “Vem Morena”, “A volta da Asa Branca”, “Riacho do Navio” etc.) e Luiz Gonzaga se firmou como o Rei do Baião.

Nos anos 1960, o sucesso da Bossa Nova, do rock e do Ieieiê ofuscaram o brilho de Lua (apelido dado por Paulo Gracindo). Porém, dada sua genialidade, era admirado por inúmeros artistas, incluindo os da nova geração, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Raul Seixas, para quem, Luiz Gonzaga, era o personagem mais “elvispresliano” da música brasileira.

Além de nunca ter parado de compor Entre as décadas de 1970 e 1980, regravações, homenagens e parcerias foram estabelecidas com as/os novas/os cantoras/es, formando um espécie de séquito ao redor de Gonzagão: Fagner, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Dominguinhos, seu grande discípulo.

Nessa época também se reaproximou de seu filho, Gonzaguinha, saindo numa bem sucedida turnê pelo país, o que concedeu novo fôlego à sua carreira devido a músicas como “Vida de viajante” e “Pense n’eu”. Em 1984, recebeu o primeiro disco de ouro com “Danado de Bom”. Por esta época apresentou-se duas vezes na Europa; e começaram a surgir as biografias sobre o homem simples e inventivo, que gravou 56 discos e compôs mais de 500 canções.

O Rei do Baião morreu, em Recife, em 2 de agosto de 1989. Se vivo, completaria 103 anos. Devido a sua genialidade musical da canção Asa Branca, que se tornou Hino do Nordeste Brasileiro, Luiz Gonzaga foi o artista que mais vendeu discos no Brasil de 1946 a 1955. Seu legado é homenageado até hoje. Em 2012, Gonzaga foi tema do carnaval da Unidos da Tijuca, fazendo com que a escola ganhasse o título deste respectivo ano. A história do rei do baião também é contada no filme “Gonzaga, de pai para filho”, de Patrícia Andrade.


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O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ: PRIMEIRA TEORIA ACERCA DA INVASÃO


Por Honório Medeiros


TEORIA: O ataque à Mossoró resultou da ganância do Coronel Isaías Arruda e Lampião, no que foram secundados por Massilon

(PRIMEIRA PARTE) 

Esta é a versão, digamos assim, “oficial”, encontrada em quase todos os textos acerca do cangaço.

Em Raul Fernandes, por exemplo, em seu clássico “A MARCHA DE LAMPIÃO” (2ª edição; Editora Universitária – UFRN; 1981; Natal), lê-se:

A notória fama de riqueza de Mossoró aguçava a cobiça dos bandidos. A falta de força policial os estimulava. Criminosos e aventureiros se movimentavam. Das ribeiras do Moxotó, do Navio e do Pajeú afluentes da grande bacia do rio São Francisco, e dos arredores das vilas de Nazaré e Flores, na hinterlândia de Pernambuco, Lampião formou o bando.

(...)

Os mais esclarecidos entraram na empreitada desejosos de fugir com o produto dos roubos para o Sul do País, ou qualquer lugar onde pudessem viver impunes.


Essa teoria não se sustenta. Não foi assim que aconteceu, muito embora seja inegável que a ganância foi um dos combustíveis que acionou todos os envolvidos.

O que se quer dizer é que o primeiro passo do projeto da invasão, a “causa causarum”, não pode ser atribuída a Lampião, tampouco ao Coronel Isaías Arruda.

E é fácil inferir essa conclusão, meramente interpretando os textos “canônicos” acerca do tema.

Sérgio Dantas por exemplo, em outro clássico da literatura do cangaço, “LAMPIÃO E O RIO GRANDO DO NORTE” (1ª edição; Cartgraf – Gráfica Editora; 2005; Natal), ao ressaltar a resistência do Rei do Cangaço ao assédio do Coronel Isaías Arruda, para realizar a empreitada do ataque a Mossoró, cita uma fonte inquetionável:

O cangaceiro Jararaca, testemunha da conversa (entre Isaías e o cangaceiro) lembrou com fidelidade, dias mais tarde, a resistência de Lampião ao assédio ferino do Coronel Arruda:

“Lampião nunca tencionara penetrar nesse Estado porque não tinha aqui nenhum inimigo e se por acaso, para evitar qualquer encontro com forças de outros Estados, tivesse que passar por qualquer ponto do Rio Grande do Norte, o faria sem roubar ou ofender qualquer pessoa, desde que não o perseguissem”.

Um pouco mais adiante o mesmo escritor, nas notas ao Capítulo do qual se extraiu o texto acima transcrito, lembra outro depoimento:

Uma segunda referência encontra-se em Lucena (1989, p. 99), onde o cangaceiro Manoel Francisco de Lucena Sobrinho, o “Ferrugem”, também em entrevista, afirma textualmente: “Lampião não queria atacar Mossoró, alegando que não conhecia o Rio Grande do Norte”.

Esses depoimentos são suficientes para inutilizar a teoria da qual Raul Fernandes foi um dos mais importantes porta-voz. Não é verdade que em decorrência da riqueza de Mossoró Lampião tenha formado um bando para a atacar.

Teria sido então o ataque a Mossoró uma idéia nascida no cérebro do Coronel Isaías Arruda?

Coronel Isaías Arruda

Sérgio Dantas crê que sim. Em sua obra já citada, na parte denominada “O PARTO DE UM PLANO MACABRO”, encontramos o seguinte:

Arruda tinha interesse em Mossoró, cidade rica, centro comercial de incontestável notoriedade no cenário sertanejo. De forma inicialmente sutil começou a sondar o cangaceiro. Lembrava-lhe a todo instante o êxito obtido por Massilon em dias passados.

(...)

Arruda mostrava-se indiferente aos argumentos do zanaga(Lampião). Mantinha-se particularmente interessado na pilhagem de Mossoró. A cidade potiguar – reafirmava o Coronel – tinha fama de prosperidade.

Mas é muito pouco provável que tenha sido do Coronel Isaías Arruda a concepção da idéia do ataque a Mossoró. Assim como não foi dele a concepção da idéia do ataque a Apodi, realizado dias antes, sob o comando de Massilon, com um propósito eminentemente político, como há de se ver mais adiante.

CONTINUA. 


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