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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

QUEIMADAS: PM PRESTA HOMENAGEM A SOLDADOS MORTOS EM 1929 PELO BANDO DE LAMPIÃO


A Polícia Militar em parceria com a prefeitura de Queimadas realizou, nesta segunda-feira (22), uma solenidade cívico militar para render homenagem a sete policiais militares executados no ano de 1929, pelo bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, popularmente conhecido como Lampião. O evento aconteceu na praça onde fica a Cadeia Pública, local da chacina.


No ato, o Comandante Geral da PM, Coronel Alfredo Castro, e o Prefeito Tarcísio de Oliveira reinauguraram o Destacamento da PM, batizado com o nome de um dos mártires, Aristides Gabriel de Souza. Após a solenidade, que contou com discursos, resumo histórico e desfile de tropa, a multidão acompanhou as autoridades em cortejo até o Cemitério Municipal, onde, no túmulo dos heróis, havia sido afixada uma placa em memória deles e foram depositadas corbelhas, em seguida foi executado o toque de silêncio e feitas orações.


“Um dever que estava em minha consciência, resgatar a História de Queimadas. Sinto-me gratificado”, definiu o Coronel Souza Neto, cidadão queimadense e idealizador da homenagem, ao falar de seu sentimento. Em suas palavras, o Coronel Castro enalteceu a importância de homenagear os heróis e agradeceu o reconhecimento da sociedade ao sacrifício deles: Aristides Gabriel de Souza, Olímpio B. de Oliveira, José Antonio Nascimento, Inácio Oliveira, Antonio José da Silva, Pedro Antonio da Silva e Justino Nonato da Silva.


O fato – Na tarde do dia 22 de dezembro de 1922 a cidade de Queimadas foi palco de uma tragédia de grandes proporções. Seguindo sua trajetória errante nos sertões, o bandido Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, à frente de um numeroso grupo de cangaceiros, invadiu a sede do município para perpetrar uma das maiores barbaridades de sua história recheada de crimes sanguinários. Continuar lendo…

Fotos: Cidicleiton Souza (Zé Bim

http://ferrazeopovo.blogspot.com.br/2014/12/queimadas-pm-presta-homenagem-soldados.html

NOMES DOS SETE SOLDADOS ASSASSINADOS POR LAMPIÃO

http://noticiasdesantaluz.com.br/queimadas-pm-presta-homenagem-a-soldados-mortos-em-1929-pelo-bando-de-lampiao/

Material indicado pelo pesquisador do cangaço Antonio José de Oliveira - Serrinha - Bahia

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PROCESSO CONTRA LAMPIÃO

Por Danilo Signs

Pessoal, essa é uma das folhas digitalizadas do único processo que foi instaurado contra Lampião no Estado de Sergipe, na Cidade de Nossa Senhora das Dores/SE pelo crime de homicídio. 


(Tenho todo o processo que é composto por 60 páginas totalmente digitalizados em PDF).

Quem se interessar mande o e-mail que envio!

Fonte: Facebook
Página: Danilo Signs

Blogdomendesemendes - O amigo Danilo Signs esqueceu de colocar o e-mail para futuros contatos.

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LAMPIÃO E O MARKETING DO MEDO

Por Pedro Carlos

Virgulino Ferreira, o Lampião, havia alcançado o ápice da sua saga sanguinolenta pelo interior do Nordeste pelos idos de 1927. Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Ceará conheciam a sua fama de bandoleiro. Homem frio e bandido contumaz, o Capitão Lampião, foi convencido por Massilon de invadir a "meca" nordestina da época, Mossoró, terra de comércio forte, com lojas sortidas, grandes armazéns de mercadorias, prensas de algodão, fábricas, cinemas, mansões senhoriais, caminhões e automóveis. Mossoró, apesar de ser a maior cidade a ser atacada até então pelo bando, não pôs medo aos facínoras, embora Lampião tivesse ficado reticente a princípio.

O cangaceiro não tinha motivos para invadir o Rio Grande do Norte. Aqui nunca havia sido molestado nem havia qualquer tipo de perseguição contra ele e os seus. Por várias vezes, ele havia de dizer aos seus comandados que só entraria no Estado em necessidade de viagem e isso mesmo sem precisar mexer com ninguém. A realidade foi outra. Lampião usou o marketing do medo para a sua mais ousada aventura: invadir Mossoró.

Massilon Leite, que tinha o seu próprio grupo de cangaceiros, juntou-se a Lampião pelas bandas do Ceará. Sabino Leite, outro cangaceiro destemido, também fazia parte do bando que queria saquear Mossoró. A ânsia era tanta, que contam os historiadores Raul Fernandes (autor do livro A Marcha de Lampião) e Raimundo Nonato (autor do livro Lampião em Mossoró) 400 quilômetros foram percorridos em apenas quatro dias e meio. De Luiz Gomes - primeiro município a ser invadido - até Mossoró, deixou-se  um rastro de destruição, mortes e medo. Chegava à cidade tudo aquilo que Lampião mais soube fazer: amedrontar todos os que ouvissem o seu nome.

Em Luiz Gomes, Virgulino e seus seguidores fizeram dois reféns: a mulher do coronel José Lopes da Costa, Maria José, de 63 anos, e Joaquim Moreira, outro ancião. De lá até chegar a Mossoró, Lampião ainda destruiu boa parte de Apodi, tocando fogo em várias lojas e atacando residências. Foi até a comunidade do Gavião (hoje Umarizal) e ainda invadiu Itaú.

Antes de chegar à zona urbana, ele ainda cometeria atrocidades na comunidade de São Sebastião (município de Governador Dix-sept Rosado hoje), há cerca de 40 quilômetros do centro de Mossoró. Virgulino Ferreira chegara à noite com um único intuito: alastrar o medo e a incerteza diante da sua chegada. O local era estratégico.

O coronel Antônio Gurgel, feito refém quando viajava à comunidade de Pedra de Abelha (hoje município de Felipe Guerra) para ir apanhar a sua esposa, acompanhou tudo aquilo e registrou no seu diário, publicado pelo jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Segundo ele, no dia 12 de junho de 1927, por volta da meia-noite, os homens de Lampião chegaram a São Sebastião: "Quando chegamos a S. Sebastião era quase meia-noite. O grupo dirigiu-se à Estação da Estrada de Ferro, onde inutilizaram tudo que lhes caiu nas mãos. Arrebentaram as portas dos armazéns vizinhos, incendiaram dois automóveis ali encontrados; finalmente o grupo passou pela Vila, onde felizmente não cometeu desatino algum".

Mas a realidade seria diferente no dia seguinte, 13 de junho de 1927, ainda de acordo com o diário. "Às 5h30 o grupo levantou acampamento, rumo de Mossoró. Então, à luz do dia, pude ver, horrorizado, aquele bando de demônios entregues aos maiores desatinos, quebrando portas, espaldeirando quem encontravam, exigindo dinheiro, roubando tudo, numa fúria diabólica. A palavra de ordem era matar e roubar!".

O ataque era um aviso para Mossoró, ali perto. O bando iria entrar na cidade para fazer o mesmo. Tomaria a cidade, saquearia o comércio, limparia os cofres do Banco do Brasil. As notícias a respeito da prosperidade de Mossoró ganhavam as ruas e praças de todo o Nordeste. E não havia um homem de Lampião sequer que não pensasse em enriquecer às custas dos mossoroenses.

A ganância era tanta, que o comedimento inicial de capitão Virgulino foi substituído pelo desejo de por as mãos nas riquezas de Mossoró. Estava diante dele a mais ousada empreitada de guerra. Lampião não iria colocar em jogo apenas as vidas dos seus comparsas, mas colocaria na mesa o maior dos recados dos governos nordestinos. Não existiria, a partir da queda de Mossoró, outro lugar que não pudesse ser invadido por Lampião.

O coronel Antônio Gurgel teve papel importante neste fato histórico. Lampião queria que ele fizesse o pedido de 500 contos de réis para evitar o ataque à cidade. Gurgel ponderou que não tinha muita amizade com o prefeito Rodolfo Fernandes e este poderia não considerar a missiva. Foi então, que surgiu a ideia que se transformou num dos mais importantes documentos históricos de Mossoró: as duas cartas em que o Rei do Cangaço pediria dinheiro para não atacar a cidade.

Em Mossoró, o prefeito Rodolfo Fernandes lutou para convencer as autoridades estaduais do perigo iminente. O primeiro sinal positivo deu-lhe o direito a criar a guarda municipal com poderes de rechaçar qualquer ameaça contra a cidade. E assim ele o fez: com fuzis arrecadados pela Associação Comercial, comprados pela prefeitura e outros enviados pelo Governo do Estado, transformou Mossoró numa grande trincheira.

Mesmo sem conhecimento bélico, Rodolfo Fernandes montou a estratégia vencedora: distribuiu em pontos altos da cidade os principais focos de resistência e estabeleceu algumas metas. A primeira delas seria evitar que os bandidos alcançassem o centro da cidade. E assim o fez. Transformaram-se em trincheira: a própria casa de Rodolfo Fernandes (hoje o Palácio da Resistência, sede do poder público municipal), a torre da Igreja de São Vicente (a mesma que está até  hoje erguida no centro da cidade), a casa de Afonso Freire, o Ginásio Santa Luzia (hoje sede do Banco do Brasil no centro da cidade), o telégrafo, a torre da Matriz e a empresa F. Marcelino & C.

Ás 16h do dia 13 de junho de 1927, Mossoró vivia uma tarde chuvosa. Dia de Santo Antônio, dia de ir a missa, mas a cidade não tinha ninguém em suas ruas. O coronel Vicente Sabóia já havia sido alertado da presença dos cangaceiros em São Sebastião e comandou a bem sucedida operação de evacuação da cidade. Os mossoroenses que não se entrincheiraram foram para casas de parentes e amigos na zona rural ou até mesmo em outros estados. Em meio ao céu nublado, começou a cortar naquele escuro de fim de tarde o relampejo das balas dos cangaceiros.

Lampião vendera ao prefeito Rodolfo Fernandes a imagem de que iria atacar Mossoró com 150 homens, muito bem armados e com sede de vingança pela sua insurgência. O prefeito não se intimidou e montou uma guarda com cerca de 90 homens. Capitão Virgulino apostou no seu marketing do medo, que traduzia as suas atrocidades muitas vezes maiores do que as cometidas. O prefeito Rodolfo Fernandes apostava na valentia do povo mossoroense e na estratégia montada em que o campo visual para o ataque seria excelente.

Há divergências quanto ao tempo dos combates. Alguns historiadores, como Raimundo Nonato da Silva, apontam para uma batalha de quatro horas. Em seus depoimentos aos jornais da época, inclusive este O Mossoroense, a ex-refém Maria José Lopes e o bandido Jararaca falaram em pouco mais de uma hora. Em seu diário, o coronel Antônio Gurgel também citou um período curto "de cerca de uma hora".

Em meio ao combate, Mossoró saiu vencedora e com dois troféus de destaque: os bandidos Colchete e Jararaca, ambos do grupo que entrara na cidade cantando os versos da canção paraibana "Mulher Rendeira..." Conta o historiador Raul Fernandes, que é filho do prefeito Rodolfo Fernandes, em seu livro a Marcha de Lampião, que os versos eram entoados da seguinte forma: "Ô mulhé rendeira!/ Ô mulhé rendá/ Me ensina a fazê renda/ Qu'eu te ensino a guerreá..."

Pelo jeito, quem ensinou a guerrear foi o povo de  Mossoró.

ADENDO
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Eu não diria bem assim. Eu diria assim: O filho de José Ferreira da Silva, Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, já nasceu feito um verdadeiro guerrilheiro.

http://www2.uol.com.br/omossoroense/170307/conteudo/pedro.htm

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O HOMEM VIRGULINO FERREIRA (LAMPIÃO)

Material do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas

Quando Lampião à Bahia chegou, com muito dinheiro, iniciou negócios com  o coronel Petro, forte fazendeiro baiano que possuía mais de trinta fazendas na região e era chefe absoluto da política local e em entrevista arranjada pelo padre Emílio Moura Ferreira pároco da cidade de Glória, ficou muito satisfeito com Lampião e colocou à disposição dele sua fazenda Três Barras, perto de Patamuté, município de Curaçá, para passar o tempo que quisesse. Quase quatro meses de intensa atividade desenvolveu Lampião nessa fazenda.

Ali Lampião conquistou os habitantes das caatingas, fazendeiros e moradores, vaqueiros e agricultores, através do dom de sua simpatia, fala maneirosa, fineza de trato, cavalheirismo, "extrema bondade" — politica essa, inteligente e sagaz, de conquista da população, objetivo-base de sua Grande Guerra de guerrilhas.

Prodigalizou caridade para com os desafortunados e humildes, não lhes deixando faltar comida e ajudas pecuniárias. A todos atendia, com prontidão e solicitude, em casos de saúde: partos, estrepadas, mordidas de cobra... aplicando seus conhecimentos de medicina rústica e à base de raízes. Bom vaqueiro que tinha sido, era procurado para curar bicheira, pisadura no lombo, mal triste; extrair bezerro entalado... e por aí em diante, usando a medicina popular do sertanejo.

Dizia o vigário de Glória, padre Emílio Ferreira: — "Lampião era melhor conselheiro do que muitos vigários!" Recomposição de casais desajustados, desfazimento de inimizades, respeito e obediência dos filhos... uma infinidade de casos assim, que ele, atenta e pacientemente, ouvia e depois dava o conselho "certo e com toda a clareza e segurança".Não somente de “vigário-conselheiro” mas também de juiz que fazia as vezes. Todos os litígios lhe traziam, confiantes na certeza do julgamento sereno e da decisão justa: limites duvidosos de terras, traçados de cercados e travessões, direito às cacimbas de beber e de gado, uso comum de caldeirões, acordos entro parceiros para construção de barreiros e açudecos; indenização dos prejuízos nos roçados ocasionados pela miunça destruidora, prisão e expulsão dos ladrões de bode, solução das desonras pelo casamento imediato, repreessão aos trajes femininos coontrários aos padrões da época, pagamento dos fiados nas lojas, bodegas e botequins, remuneração de salários justos aos trabalhadores alugados...  - Tudo isso confirmado pelo cangaceiro Zé Sereno, testemunha de tantos fatos: "Certo rapaz se queixou a Lampião que o dono da fazenda não queria pagar aos homens do eito. Lampião foi à  reuniu os trabalhadores e obrigou o fazendeiro a pagar. Na saída, disse-lhe Lampião que não queria saber que algum dos trabalhadores fosse mandado embora..."

Era assim. Lampião "Gostava das coisas justas e respeitava quem merecia respeito", testemunhou o cangaceiro Zé Sereno.

Via-se em Lampião o homem de muita fé, e religioso fervoroso. Todas as noites, antes das festanças, promovia rezas e novenas a vários santos. Não perdia sentinela de defunto, na qual exigia respeito. Suas frases prediletas e constantemente repetidas: 

"Querendo Deus!" e "Confie em Deus!".

Tomou-se a fazenda "centro de eternas festas". Inculcava Lampião a alegria de viver. Dizia: 

"A vida é curta. A gente precisa de distração boa!" 

Cocos, xaxados, baiões... Danças: quadrilhas, maxixe, e principalmente o xote... Contradanças: valsa, polca...

Desafios, repentes, violeiros, cantadores... Tudo isso dentro do respeito. Os contraventores eram advertidos ou expulsos. Pelo que, todo o mundo participava das festanças: coronéis, vaqueiros, roceiros, os rapazes e a meninada e as famílias...

Nas vaquejadas, e principalmente na pega de boi, revelava-se ele o vaqueiro exímio e famoso do Pajeú, tornando-se inigualável nos tabuleiros baianos.

"Como O HOMEM, não tem aqui, na Bahia, quem corra no mato. Só vendo para crer", dizia-se, a miúdo, naquela época: "Quem quiser dançar xaxado, Valsa lenta ou baião, Corra, venha apressado Pras festas de Lampião".

Sim, seu nome próprio, "Virgulino", e seu apelido de guerra, "Lampião", desapareceram diante das manifestações inequívocas de sua bondade e benemerências.

Ficou conhecido apenas como "O HOMEM!" E a palavra "homem" para o sertanejo sempre significou o máximo do elogio. Assim, todos proclamavam convictos e reconhecidos: — "O HOMEM é um justiceiro!" 

E até popularmente era canonizado:

- "O HOMEM' é um santo!"
A voz consagrante do povo era propalada pelos cantadores ao pinicar das violas bem ponteadas:

— "O SANTO LAMPIÃO Era um home bem devoto. O SANTO LAMPIÃO Era um home bem querido".

Apenas com diferença de área geográfica, tornou-se para toda aquela gente dos sertões baianos O MESMO QUE FORA O PADRE CÍCERO, no Juazeiro, para seus crentes. E qual o segredo desse fascínio irresistível e poder de conquista que Lampião possuía?

— “Só porque LAMPIÃO ERA BOM!" afirmou Manuel Gonçalves de Azevedo, cidadão probo, agente corretor aposentado da Companhia de Seguros São Paulo, e que conheceu pessoalmente Lampião.

Ainda, segundo ele, Lampião, "não era aquele de quem se dizia com exagero: mau, sanguinário..." Com a simpatia assim diplomaticamente conquistada dos sertanejos, foi fácil ao sagacíssimo Lampião a eficiente e perfeita organização da rede de coiteiros.

Era assim Lampião, de personalidade contraditória. Ao mesmo tempo, valente e covarde, frio e sentimental, calculista e violento. Comportava-se com excepcional bravura para, às vezes, depois de vencer e dominar o inimigo, sangrá-lo friamente.

Certa vez brigou com um cangaceiro do bando chamado Alazão e o expulsou do bando. O costume quando expulsava alguém do bando, era retirar-lhe os "arreios do cangaço" ou seja, armas, cartucheiras, munições e os enfeites que carregavam. Chamavam isso de "quebrar o orgulho do cabra".

Quando a ordem foi dada, Alazão dirigiu-se diretamente a Lampião dizendo: 

"Venha quebrar você mesmo se é homem, "seu" covarde!"

Um dos cabras, apontando-lhe a arma para lhe dar um tiro olhou para Lampião, aguardando um sinal para matá-lo e sem se alterar Lampião calmo ordenou ao cabra: 

"Baixe a arma! Deixe ele ir com "orgulho" e tudo. Um cabra como esse não se mata. Fica no mundo pra tirar raça de macho."

Era assim Virgulino Ferreira da Silva. Tinha rasgos de herói e saídas de poltrão. Inteligente e astucioso, era um homem de vocação perdida.

Já escrevi por aqui, se aquele talento cru fosse devidamente aproveitado, Lampião poderia ter sido, não simplesmente um bravo vaqueiro do Pajeú ou um amaldiçoado chefe de cangaço, mas poderia ter sido um poeta, músico e artista, qualidades que revelou em seus versos, tocando sanfona, confeccionando belos e artísticos objetos de couro.

Poderia ter sido um bispo católico, ou quem sabe um general brasileiro, pois em seus combates que travou, demonstrou acentuada capacidade de estrategista. Não foram poucas vezes em que empregou planos bem arquitetados e bem executados para enfrentar e desestruturar seus inimigos. Possuía tato e qualidades de comando. Era na verdade um estrategista nato.

Fontes:
Lampião e seus cabras - Luiz Luna
Lampião, seu tempo e seu reinado - Frederico Bezerra Maciel

http://meneleu.blogspot.com.br/2014/12/o-homem-virgulino-ferreira-lampiao.html

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AS BOTIJAS DE LAMPIÃO NO RASO DA CATARINA

Material do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas

Lampião quando chegou na Bahia, não conhecia ainda o terreno e escondeu provisoriamente seu tesouro na serra do Tonã. 


Enterrou-o em um saco de couro e só mais tarde quando veio a conhecer melhor a região, esconderia definitivamente tal tesouro, no Raso da Catarina, provavelmente dinheiro em cédulas de maior valor*, adotando o mesmo sistema que usara no outro lado do rio São Francisco – botijas enterradas em pontos diferentes para maior segurança.


Segundo a crendice popular, a botija enterrada quando o dono morre, seu fantasma não encontra paz até ser encontrada e desenterrada. Os moradores da região do Raso da Catarina dizem que Lampião galopa constantemente em um cavalo branco, cantando “Mulher Rendeira” por trás dos serrotes, “aperreado” por algumas botijas encontrarem-se ainda enterradas, ele vagueia em noites de lua.


Ainda existe muita gente que sonha com as botijas de Lampião nesse árido e esquisito local. Mas se você for “picado” pela mosca da botija, e queira ir ao Raso da Catarina para encontrar e desenterrar esses tesouros escondidos, não deixe de contratar um guia local e levar muita água, pois a região é inóspita e ainda pode se deparar com os perigos de onças suçuarana e cobras cascavéis em seu caminho.

* Quando Lampião conheceu o Coronel Petronildo de Alcântara, poderoso fazendeiro conhecido por Coronel Petro, apresentado pelo vigário de Glória, o padre Emílio Moura Ferreira, o coronel ficou bastante assombrado com a quantidade de dinheiro que Lampião lhe mostrou, só notas graúdas, afirmando que tinha trazido para a Bahia três coisas: fome, nudez e dinheiro. Como Petro era homem ganancioso, convidou Lampião para investir em sociedade, na compra de fazendas. Lampião satisfeito, passou às suas mãos aquela dinheirama toda.


Fonte: Padre Frederico Bezerra Maciel em seu livro "Lampião, seu tempo e seu reinado" livro 4 A Campanha da Bahia.

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QUEM MATOU O PAI DE LAMPIÃO?

Por Clerisvaldo B. Chagas

- Quem matou José Ferreira, pai de Virgolino, foi o volante Benedito Caiçara, intempestivamente, sem saber nem quem ele era, na hora da invasão a casa.

(Essa versão é sustentada por uma das maiores fontes do cangaço que nos pediu para que não colocasse o seu nome, por motivo de amizade com a família de Caiçara).

Por essa digna e insuspeita fonte, confirmada pelo saudoso batedor da tropa de Lucena, Manoel Aquino, homem de bem, que ouvira de seus colegas de farda. Como era um homem de princípios, Lucena recriminou duramente a Caiçara, mas assumiu a morte do senhor José Ferreira, uma vez que se achava responsável pelos atos dos seus comandados.

Existe uma versão que diz que o volante Caiçara fora duramente recriminado pelo comandante, teve sua farda rasgada, levado uma surra e expulso da polícia. A mesma fonte inicial, que tinha fácil acesso a ambos, diz não conhecer essa versão. E que o soldado Caiçara era perverso, mas Lucena gostava muito dele.


Depois da polícia, Caiçara passou a ser sacristão do padre Bulhões e não antes. Ainda como volante Benedito matou a pedradas um dos irmãos Porcino (José) ferido, em uma das diligências de Lucena, e que nunca pertencera ao bando.

Quanto à morte de Luís Fragoso, é sabido por todos, que Lucena não gostava de colecionar prisioneiros. Ladrões em geral, especialmente ladrões de cavalos, assaltantes, desordeiros, perturbadores da ordem pública, muitos foram executados em cova aberta. A ordem para limpar o Sertão já vinha de cima.


Na morte de José Ferreira não houve combate. Os três filhos mais velhos não estavam presente. O depoimento de João e de Virtuosa são bens claros, explanados por Vera Ferreira e Antonio Amaury.

Na versão de Bezerra e Silva, houve forte tiroteio na fazenda Engenho. Além da morte de José, ficou ferido Antônio Ferreira, na perna. Os Ferreira juntaram-se aos Porcino, conduziram Antônio numa rede e com um grupo de 25 homens, partiram para Pernambuco, pernoitando na vila Mariana. Pela manhã viajaram.

Lucena chegou à vila, tachou seus habitantes de coiteiros; os soldados ocuparam as ruas praticando absurdos e o comandante ainda andou seviciando pessoas (...)

Do meu livro em parceria com Marcello Fausto “Lampião em Alagoas”, pág. 98-99.

Fonte peincipal: Matéria transcrita, na íntegra, do Blog do Clerisvaldo
Foto da cruz ‘acervo Ivanildo Silveira’, a do Tenente Lucena não tinha registro.

Fonte: facebook

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