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terça-feira, 27 de abril de 2021

" B R A G A ".

 Por Luis Bento

O famoso Violeiro Manuel Floriano Ferro, vulgo Manuel Neném. Ora se tinha algum pecado a pagar, era justamente o de admirar o bandoleiro Lampião, não só pela astúcia e a coragem com que destorçava os seus inimigos como pela obstinação com que procurava vingar a morte do pai (José Ferreira ).

Homem apegado ao princípio de honra e reconhecimento disposto, naturalmente o cantador teria que se danar com o triste sucedido. Confesso, revoltado, que o sujeito que tinha o desplante de " surrar uma donzela em bunda limpa " era um monstro, e só podia pagar o seu crime sangrado a punhal. Ah! Se ele, Neném, tivesse a sorte de pegar Virgulino Ferreira de jeito! Faria o serviço sem o mais leve estremecimento de consciência.

De fato, com o ódio no pé da goela e portanto psicologicamente preparado para a prática do sortilégio arrasador, o repentista se recolheu ao lugar secreto, e caprichou na " encomendação". Em seguida, afastou a imagem de Lampião de sua corrente mental e aguardou um pouco, mas na madrugada de 28 de julho de 1938, se fez notar, finalmente, na tenebrosa grota de Angicos! " Praga "!

A Praga: a mais fulminante das armas secreta, não troco ela pela pior das macumbas!

Afirmar o ancião, convicto. Dê por visto a gurgumã, que entra sutil num paiol de milho ou feijão, e com pouco vai-se ver e só se encontra o pó! Pois foi dela que eu me vali para esse desabafo.

Lampião era bandido

Desde o tempo de menino,

Nasceu no signo de Marte

Só pra ser assassino,

Para cumprir fielmente

O rastro do destino.


Quando mataram o pai dele,

A cena foi dolorosa,

Ele surgiu no sertão

Como cobra venenosa,

Matando, incendiando, roubando,

Com ninguém queria prosa.


Um senhor amigo meu

Pai de uma moça donzela,

Lampião chegou no sítio,

Não lhe escapadela,

Comeu e bateu-lhe a bolsa

E por um triz não matou ela.


A pobrezinha clamava

Pelo seu pai querido,

Ele trabalhando tanto

Prá dar dinheiro a bandido,

Os cabras surraram ela,

Rasgando logo o vestido.


Eu sabendo desse horror,

Ergui os olhos para o céu,

Pedi a Deus compaixão,

Pra miséria que fazia

O bando de Lampião!

Eu estava com raiva dele


E está praga lhe roguei;

Tú hás de ser degolado,

Tu vais ver se eu me enganei,

E assim o peste pagou

As mil gravuras que fez!

E note agora leitor,


Prestem todos atenção,

Como  foi que se acabou

O bandido lampião,

Porque ninguém nunca

Viu cidade valentão!

Fonte: Valdemar de Souza Lima

O Cangaceiro Lampião e o IV Mandamento

Pág 85- 86- 87.

LUÍS BENTO

JATI 27/04/21/.

https://www.facebook.com/groups/508711929732768/?multi_permalinks=826032311334060%2C824996948104263%2C824654181471873&notif_id=1619345999758091&notif_t=group_activity&ref=notif

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ANTÔNIO CONSELHEIRO: OLHARES DE ONTEM E HOJE , NOS GRANDES ENCONTROS CARIRI CANGAÇO

Por Manoel Severo

 

No ano em que completamos uma década de Cariri Cangaço; em 2019; chegamos com muito orgulho ao berço de Antônio Conselheiro. No "Coração do Ceará", Quixeramobim recebeu o Brasil de alma nordestina em mais uma agenda ousada e inédita da marca Cariri Cangaço. Ali nas terras do semiárido cearense ; no ponto de equidistância geodésica do estado; tivemos a oportunidade de conhecer, viver e vibrar um dos personagens mais marcantes da história nordestina e do Brasil, num cenário espetacular, pleno de beleza e de magia, pleno de sertão.

Era o mês de março de 1830, o dia era 13 e na Nova Vila do Campo Maior; antigo Santo Antônio do Boqueirão de Quixeramobim, nascia o menino Antônio Vicente Mendes Maciel . Na época a atual Quixeramobim tratava-se de um pequeno povoado "perdido em meio à caatinga do sertão central da província do Siara Grande".  Desde o início da vida, seus pais queriam que Antônio seguisse a carreira sacerdotal, pois entrar para o clero era naquela época uma das poucas possibilidades que os sertanejos possuíam para vislumbrar um futuro minimamente promissor...O que ninguém poderia imaginar é que aquele menino da desconhecida Nova Vila de Campo Maior, depois Quixeramobim viesse a tornar-se um dos personagens mais marcantes e fortes de toda a historia do Brasil. 


"Um de meus maiores anseios era conhecer o verdadeiro 
Conselheiro; nascido Antônio Vicente Mendes Maciel há exatos 189 anos atrás nessa cidade de Quixeramobim; e que certamente permanecia como um ilustre desconhecido por muito tempo, para as novas gerações de pequenos quixeramobienses" confessava Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, ainda em 2019 na construção do Cariri Cangaço Quixeramobim..

Para aprofundar essa reflexão e trazer luz ao presente debate, Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, recebe os pesquisadores; Bruno Paulino, poeta e escritor; presidente da AQUILETRAS e a professora Goreth Pimentel, especialista em historia e autora do trabalho "O que ficou de Antônio Conselheiro e Canudos no imaginário popular de Quixeramobim", desenvolvido ainda na metade da década de 1990, para mais um espetacular programas Grandes Encontros Cariri Cangaço em nosso canal no You Tube.   

O Cariri Cangaço se une de forma maravilhosa ao sentimento e trabalho feito em Quixeramobim pela AQUILETRAS e o Movimento Conselheiro Vivo no resgate e consolidação da memória e história de um dos maiores brasileiros de todos os tempo; Herói Nacional, Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro.

GRANDES ENCOTROS CARIRI CANGAÇO 
QUARTA-FEIRA,DIA 28 DE ABRIL DE 2021
 ÀS 19H30 NO CANAL DO CARIRI CANGAÇO
YOU TUBE - AO VIVO

https://cariricangaco.blogspot.com/2021/04/antonio-conselheiro-olhares-de-ontem-e.html

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SANTA TEREZINHA

 Clerisvaldo B. Chagas, 27 de abril de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.520

Quem é devoto de Santana Terezinha, deveria aproveitar esse tempo de pandemia e procurar o monte sagrado santanense, serrote do Cruzeiro. As últimas chuvas deixaram verde o monte e seu limite de trás, o serrote Pintado, ponto de luxo da Reserva Tocaia. A capela de Santa Terezinha está localizada em um amplo lajeiro que oferece o melhor cenário de Santana do Ipanema. Esse lajeiro vai declinando na parte de trás, após cerca de 50 metros mais ou menos plano. Ali contempla-se a baixada entre os dois montes citados acima, somente mato e às vezes roça e, a parte alta da Reserva Tocaia. Se pegar um dia de sorte verá saguins transitando por ali. No tempo seco, somente solidão de fim de mundo. Ótimo lugar para meditação. Mas é preciso levar água de beber, pois a trilha de subida cobra pernas e fôlego

.

Sobre o lajeiro, apenas uma pequena parte côncava que acumula água das chuvas, quase sempre muito verde, imprestável. Ali também é refúgio de urubus devido a sua altitude. Na parte lateral esquerda, o lajeiro se prolonga, oferecendo outro ângulo de vista para a cidade, consequentemente para quem deseja fotografar. Aliás, subir até o Cruzeiro sem máquina fotográfica parece um pecado do visitante. Quanto a capela em si, é a terceira construída no lugar das duas primeiras que ruíram. Como faz bastante tempo que subimos o serrote, não sabemos como se encontra a parte física da capela, se a mesma continua de porta fechada e quem tem a chave para visitas.

O cruzeiro fica logo na frente da capela e foi colocado ali como marco do século XIX para o século XX. É o segundo cruzeiro erguido no mesmo lugar do original.

A Capela de Santa Terezinha, a mulher que costumava jogar pétalas de flores no Santíssimo Sacramento durante as procissões, foi erguida em torno de 1915, como motivo de promessa do, então, sargento Antides. As duas primeiras capelas foram construídas com muita festa de trio de zabumba, feijoada para os trabalhadores e devotos carregando morro acima, material de construção.

Como chegar lá? Ao atravessar a ponte do Comércio, continua a caminhada sempre em frente, linha reta até a subida da colina e chegar às últimas casas da rua que encosta no sopé do serrote. Daí em diante entra-se por uma vereda que vai se alargando e ficando cada vez mais inclinada. Subindo e descansando, o turista atingirá o topo saindo bem ao lado direito do grande Cruzeiro. O restante fica por conta das emoções de cada um.

SERROTE DO CRUZEIRO E CAPELINHA NO TOPO, VISTOS Da BR-316, BAIRRO CAMOXINGA (FOTO: B. CHAGAS).

Pesquise sobre Santa Terezinha.


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CANGAÇO: CABEÇAS CORTADAS E BEM ARRUMADAS

NoneCrédito: Wikimedia Commons

Arrumadas caprichosamente, como em uma gôndola de supermercado, nos degraus da escadaria do Palácio Dom Pedro II, atual sede da prefeitura de Piranhas (AL), as cabeças do chefe cangaceiro Lampião (no primeiro degrau), de sua companheira, Maria Bonita (no meio do segundo degrau), e de outros nove integrantes do bando foram sensação em todo o mundo, no ano de 1938.

Surpreendido por soldados na madrugada de 28 de julho, no acampamento que montara na Fazenda Angicos, no município de Poço Redondo (SE), Lampião, apelido de Virgulino Ferreira da Silva, não teve tempo de reagir.

O bando não havia deixado sentinelas. Nem os cachorros, que dormiam dentro das barracas, perceberam a emboscada. Os 45 soldados armados de fuzis, duas metralhadoras e comandados pelo tenente João Bezerra conseguiram chegar a poucos metros dos cangaceiros sem serem ouvidos.

O bando de Lampião / Crédito: Wikimedia Commons

Embora a maior parte do bando tenha conseguido fugir, o rei e a rainha do cangaço foram mortos. Após a matança, vieram as decapitações. Segundo relatos, alguns ainda estavam vivos, como aconteceu com Maria Bonita.

As cabeças foram colocadas em latas de querosene para evitar a deterioração. Não se sabe quem foi o autor da foto famosa, mas o arranjo de cabeças, chapéus, rifles e outros pertences do bando na escada da prefeitura de Piranhas, a 40 quilômetros da Fazenda Angicos, foi feito pelo soldado Josias Valão, integrante do grupo do tenente Bezerra.

Conheça mais sobre o cangaço com as seguintes obras:

1. Apagando o Lampião: Vida e Morte do rei do Cangaço, de Frederico Pernambucano de Mello (2018) - https://amzn.to/2BxOoxg

2. Os cangaceiros: Ensaio de interpretação histórica, de Luiz Bernardo Pericás (2015) - https://amzn.to/2J8kfcj

3. Lampião e o cangaço, de Antonio Carlos Olivieri - https://amzn.to/2oUYxBN

4. Lampião: Herói ou Bandido?, de Antônio Amaury Corrêa de Araujo e Carlo Elydio Corrêa de Araujo (2010) - https://amzn.to/2PbKZwu

5. O Cangaço no Brasil, fenômeno social e político, de Profº Esp. Genilson Alves (2016) - https://amzn.to/33TSvA8

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/galeria/historia-cangaco-o-fim-da-guerra-lampiao-maria-bonita.phtml

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CORISCO E JESUÍNO BRILHANTE: AS BRUTAIS DIFERENÇAS ENTRE O PRIMEIRO E O ÚLTIMO CANGACEIRO

Por André Nogueira

Jesuíno e Corisco
Jesuíno e Corisco - Reprodução

No fim do século 19, o Cangaço era um movimento social contra a pobreza, até que tudo mudou nas mãos de Lampião

No final do século 19, nasceram diversos grupos de bandoleiros que transitavam pelo sertão como criminosos, combatendo o poder dos coronéis e recrutando os mais carentes aos seus bandos. O cangaço — formado por bandidos que fazem parte do imaginário nordestino até hoje — mudou bastante através das décadas. 

Muito do que se conhece e se fala do cangaço é equivalente ao que foi o começo do fenômeno, representado por Jesuíno Brilhante. Mas a figura mais famosa do folclore nordestino, o capitão Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi um importante ponto de virada do fenômeno.

Lampião dominou o Nordeste a ponto de quase formar um império, e mudou muito as práticas conhecidas do cangaceirismo, como o auxílio aos populares e o combate aos coronéis. Essas mudanças fortes foram transmitidas ao seu sucessor, Corisco, o último grande cangaceiro.

Entenda as grandes diferenças do mundo do cangaço, do início ao fim, quando o governo federal realmente conseguiu investir no combate aos bandoleiros.

Entrada no Cangaço

Jesuíno Brilhante: Jesuíno Alves de Melo Calado era filho de fazendeiros do Rio Grande do Norte. Um dia, em 1871, seu irmão, que transitava na cidade de Patu, foi acusado e duramente agredido por homens que o acusavam de ter roubado uma cabra que, porém, lhe pertencia. Após o caso, Jesuíno entrou para a vida de bandoleiro como forma de combater a injustiça contra os menos poderosos.

Corisco: Na época em que o cangaço já era mais disseminado, muitos o viam como forma de fugir de sua vida anterior. Cristino Gomes da Silva Cleto, aos 17 anos, entrou em uma briga com um homem protegido pelos coronéis de Água Branca (Alagoas) e acabou matando-o. Fugindo da cadeia e da vingança dos coronéis, entrou para o grupo de Lampião sob o nome de Corisco (ou o apelido Diabo Louro).

Representação de Jenuíno / Crédito: Reprodução

Relação com a riqueza

Jesuíno: Para Jesuíno, a maior parte da riqueza foi roubada do trabalho honesto dos mais pobres, enquanto os mais ricos se corrompiam com o poder que criavam em volta do próprio dinheiro. Dentro da filosofia do Cangaço, ele era visto como o gentil-homem, ou seja, vivia de roubos que, depois de afugentada a polícia, eram repartidos entre os mais pobres. É a partir da ação de Jesuíno que o banditismo ganhou a fama de Robin Hood sertanejo.

Corisco: Assim como Lampião, Corisco tinha grande apreço pelas posses dos ricos, roupas elegantes, armas de qualidade, produtos importados e ostentação. Por isso, muitas das pilhagens realizadas por seu bando ficavam em meio ao próprio bando, que usava do dinheiro roubado para melhorar de vida e adquirir produtos nas cidades. Corisco, por exemplo, adorava um perfume importado que se vendia nas capitais. Pouco desse dinheiro realmente retornava aos mais pobres.

Corisco / Crédito: Wikimedia Commons

Aliança com coronéis

Jesuíno: Os coronéis eram vistos pelos cangaceiros como donos da terra e inimigos do bem estar do povo, pois seu poder de mando e desmando afetava diretamente a tentativa dos sertanejos de manterem sua vida tranquila. Por isso, Jesuíno Brilhante se posicionava como inimigo dos coronéis, por ser aliado do povo do sertão, dos posseiros, jagunços, agricultores e caminhantes.

Jesuíno era famoso por roubar comboios de alimentos que seriam vendidos pelos coronéis e distribuir entre os populares. Também foi responsável, entre 1871 e 1879, pela criação do Estado paralelo sertanejo, que fundou uma sociedade livre de coronéis.

Corisco: Esse cangaceiro sabia que, entre coronéis, havia diversas desavenças. Se utilizando das disputas internas entre as fazendas, Corisco seguiu a tradição lampeônica de aliança com coronéis como forma de combater outros e, assim, conseguir benefícios — como suporte de armas importadas ou lugar para acampar de modo seguro.

Muitas vezes, os bandos de Corisco foram usados para a segurança de algum coronel que tinha inimizades com inimigos comuns dos cangaceiros.

Virgulino Ferreia, o Lampião / Crédito: Wikimedia Commons

Código de Conduta

Jesuíno: A posição de Jesuíno era sempre a de apelar para a violência contra o coronel e a educação para com o povo, com o objetivo também de aprender o que desconhecia com os sertanejos comuns. Jesuíno teve uma educação privilegiada, mas, em ação, tentava ao máximo se aproximar da conduta de um agricultor comum, não assumindo uma posição de autoridade moral, mas a de mais um entre os oprimidos do sertão.

Corisco: As condutas de Corisco eram muitas. Principalmente porque, na cidade ou nas grandes fazendas, o homem alto de cabelos loiros fazia uma verdadeira pose de nobre, tentando passar a ideia de que possuía alguma superioridade intelectual. Ao mesmo tempo, era um homem extremamente violento com suas vítimas e uma pessoa marcada pela ironia e pela brincadeira, além do sadismo, em horas inoportunas.

A História de Jesuíno é contada em vários cordéis / Crédito: Reprodução

Diversão

Jesuíno: Ele aprendeu muito com a população que tentava proteger e, além das cantigas de roda e das brincadeiras em grupo, também conheceu bem jogos populares da época, brinquedos, jogos de palavra e três-marias. Aprendendo a viver de forma humilde, Jesuíno conheceu diversas atividades lúdicas que não exigiam muitos materiais e o integravam à comunidade.

Corisco: Na linha da vontade de ostentar e ter do bom e do melhor, Corisco aproveitou muito as inovações tecnológicas de sua época para se divertir. Andar de carro, jogar plataformas analógicas — equivalentes de época dos videogames —, participar de festas periódicas na cidade e usufruir de aparelhos eletrônicos em recém-desenvolvimento eram algumas das formas de diversão do cangaceiro, além, claro, de jogos de azar e a dança do xaxado.

Maria Bonita e o bando se divertem / Crédito: IMS

Objetivos

Jesuíno: Seguindo a imagem de Robin Hood do sertão, Jesuíno Brilhante tinha como principal objetivo o combate às injustiças que o sertanejo sofria nas mãos do Estado e dos ricos. Ou seja, o banditismo visava à luta contra os poderosos e a recuperação das riquezas pelos mais pobres, vistos como frequentemente roubados e injustiçados, apesar de sua constante honestidade.

Corisco: O cangaço nunca deixou de ser um movimento social que visava à melhoria da vida dos mais pobres. Porém, depois de Lampião, esse objetivo se tornou bastante marginal, perdendo centralidade pela busca de poder pessoal.

Corisco tinha como objetivo se tornar um homem poderoso, mas também buscava a queda dos coronéis vistos como injustos e maldosos. A riqueza pessoal e a boa vida isolada dos circuitos comuns da cidade eram os grandes movimentadores do cangaço nos anos 1930.

Bando de Corisco / Crédito: Reprodução

Violência

Jesuíno: Obviamente, Jesuíno não era contra a violência. O banditismo dele aplicava sem grandes impasses a violência na prática do roubo e do sequestro, além de que muitas violências que hoje podemos apontar eram comuns e banalizadas no século 19.

Ao mesmo tempo, algumas posições do grupo de Brilhante eram consideradas até progressistas, como a proibição do estupro de mulheres ou a intransigência contra a violência contra populações pobres. O uso das armas se continha ao roubo contra coronéis.

Corisco: Algumas características da conduta da violência foram comuns em todo o cangaço. Por exemplo, a regra contra o estupro de mulheres se mantinha, mesmo que muitas vezes ocorresse (segundo os lideres dos grupos, por amor). Porém, o trato com as populações mais obres por Corisco era muito mais violenta do que o cangaço do 19.

Quando a horda de Corisco e Dadá tomava uma pequena cidade, mesmo de pessoas com pouquíssima riqueza, a população era tratada com a mesma violência usada contra comboios e trens dos homens ricos. Muitas vezes, o bando de Corisco tratava com violência pessoas por pura diversão.

Saiba mais:

Luiz Bernardo Pericás. Os cangaceiros: ensaio de interpretação histórica, São Paulo: Boitempo, 2010. 

Frederico Pernambucano de Mello. Estrelas de couro: a estética do cangaço citação, Recife: Ed. Escrituras, 2010.

Frederico Pernambucano de Mello. Benjamin Abrahão - Entre Anjos e Cangaceiros, Recife: Ed. Escrituras, 2012

Frederico Pernambucano De Mello. Guerreiros do Sol - Violência e Banditismo No Nordeste do Brasil, Recife: A Girafa, 1985.

Matheus, Moura. Rei do cangaço e os achismos. Sociedade Amigos da Biblioteca Nacional, Revista de História da Biblioteca Nacional. Fevereiro de 2012. 

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-jesuino-brilhante-x-corisco-brutais-diferencas-entre-o-primeiro-e-o-ultimo-cangaceiro.phtml

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SAUDAÇÕES, GRUPO!

 Por Alba Barros

Trago para vocês uma dica de leitura. O livro Lampião, a Raposa das Caatingas, "tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião. Analisa causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era profissão da moda. Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião. Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional - raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados."

Adquira-o com o professor Pereira através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

Boa leitura!

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=1631416277067310&comment_id=1632669466941991&notif_id=1619532234958324&notif_t=feedback_reaction_generic&ref=notif

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BOA TARDE A TODOS. AOS AMIGOS PESQUISADORES CRISTIANO FERRAZ E ADERBAL NOGUEIRA , UMA PEQUENA HOMENAGEM DO AMIGO DA "TERRA DA POESIA"

 Por Sálvio Siqueira


Dois amigos se encontrando

Na “Terra dos Tamarindos”

Todos dois estão sorrindo

E ambos comemorando.

Um que pesquisa gravando

O que outro absorveu,

Um que andou, escreveu...

Resquícios de um passado

O outro deixa gravado

O que aquele aprendeu.

Sálvio Siqueira. São José do Egito, PE, 27 de abril de 2021.

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BILLY JAYNES CHANDLER Lampião, o rei dos cangaceiros.

Por Francisco Aleluia*

Acabei de adquirir essa importante obra, uma edição de 1981 pela editora Paz e Terra, trabalho que, há 40 anos vem servindo de base importante para o estudo do cangaço e, da mesma forma, para a produção de outras tantas ao longo dos anos.

As pesquisas para essa obra foram realizadas pelo autor Billy Jaynes nos anos de 1973, 1974 e 1875. A obra Lampião: O rei dos cangaceiros 1981), segundo Jaynes,é baseando em relatos, pesquisas em arquivos e muita entrevistas dadas pelo autor no que ele considera ser a primeira obra a apresentar um relato sistemático e digno de confiança sobre o personagem brasileiro mais discutido e bibiografado do país. Logo no prefacio da obra, Jaynes procurou "[...] apresentar uma versão completa e racional da história deste bandido". (CHANDLER, 1981, p. 13).

Jaynes, ao referir-se sobre a questão de Lampião ser ou não enquadrado dentro do chamando "banditismo social", definição erguida por Hobsbawm (HOSBAWM, Erick J. Bandidos. 5° ed. Río de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2017, p. 83-84), questiona: "O problema talvez seja que sua definição não é somente controvertida, mas também desnecessariamente bitolada". (Idem, 272). Hobsbawm chega a considerar esses homens (cangaceiros) como "[...] monstros públicos [...]" (Idem, p. 84) para, depois, cunhar a famosa expressão apresentando-os como sendo "[...] uma variedade especial do banditismo social". (Idem).

Concluindo, Chadler vai de encontro ao ponto de vista popular que alimenta a ideia de que este banditismo rural seria uma espécie de protesto social contra a ignorância, a pobreza, a busca de vingança e a injustiça da sociedade sertaneja. No mais, Chadler nos brindou com uma obra que, há 40 anos, já nos trazia questionamentos importantes e sempre atuais para o estudo e debate acerca do banditismo e do Cangaço Lampiônico no Brasil.

(*) Francisco Aleluia é funcionário público estadual e graduado en História.

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SERRA GRANDE, NAZARÉ, FLORESTA, RASO DA CATARINA E MALHADA DA CAIÇARA. BREVE ALGUMAS BOAS INFORMAÇÕES

 Por Aderbal Nogueira









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GATO E INACINHA

 Por João Costa

Foto1. Cagaceira Inacinha.

Santílio Barros descrito pelos pesquisadores do cangaço como Gato, era filho de um casal sobrevivente da Guerra de Canudos, índio da tribo Pankararé e um dos mais celerados dos cabras de Lampião; sua imagem é intrínseca à sua companheira Inácia Maria das Dores, Inacinha, exatamente pelo fato de sua morte estar associada ao resgate da amada.

Antes de viver com Inacinha, que também era da tribo Pankararé/Pancararu, o cangaceiro Gato tinha como companheira uma prima desta de nome Antônia Pereira e era irmão de Julinha e Rosalina, companheiras dos cangaceiros Mané Revoltoso e Mourão (um primo seu); Santílio foi um bandoleiro que agia de forma independente apenas associado a familiares e que se juntou a Virgulino Ferreira quando este migrou com seu pequeno bando para a Bahia.

O cangaceiro Gato foi incorporado ao Bando de Lampião em 1926, recebendo esta alcunha de Gato para ocultar a morte de outro cangaceiro, chamado Gato Preto ou Gato Brabo; entre os anos de 1926 até setembro de 1936 sua trajetória no cangaço é de muito sangue e razias.

Fazia para Lampião os serviços sujos, como “limpar o terreno”, isto é, matar os desafetos de Virgulino no próprio bando; atendendo ordens do chefe, por exemplo, assassinou os companheiros Mourão II (seu próprio primo e cunhado) e Mormaço II.

Os dois foram sentenciados à morte por Lampião por terem tumultuado um forró em casa de um coiteiro bem relacionado e com familiares no próprio cangaço; Mormaço e Mourão espancaram e violentaram duas filhas do referido coiteiro.

Gato não parou por aí; tempos depois e também por ordem de Lampião, coube a ele a missão de executar Coqueiro II – o dito cangaceiro que chantageou Lídia, de Zé Baiano, após descobrir o seu romance com o outro cangaceiro, o Bemtivi em julho de 1934.

Foto 2. Suposto cangaceiro Bemtivi.

Gato tinha ordens para também matar Bemtivi, mas este teve melhor sorte: não esperou tempo ruim e se escafedeu no oco do mundo.

A Gato e seus sequazes é atribuído o “massacre da fazenda Couro”, em Poço Redondo, quando sete pessoas foram mortas, como também uma sequência sinistra de saques, incêndios e estupros.

Em setembro de 1936, seu bando deu uma parada na fazenda Picos, em Piranhas, porque sua companheira Inacinha estava em vias de parir.

Ali o bando, que era integrado por Moreno, João Vital, cabras de confiança de Gato, foi atacado pela volante do tenente João Bezerra.

Impossibilitada de correr, Inacinha é baleada na perna e capturada, os demais escapam, enquanto o tenente João Bezerra conduz Inacinha presa deixando a entender que se dirigia para Piranhas, sua base militar.

Ensandecido com a captura de sua companheira, Gato vai até uma fazenda próxima, chamada Cachoeirinha onde Corisco está arranchado com seu bando em companhia de Moderno e Português.

- Pretendo resgatar minha mulher de qualquer jeito, pois ela ainda está viva e com quem posso contar?

De pronto, os demais se associaram a Gato na empreitada de atacar Piranhas, resgatar Inacinha porque Gato apresentou também um argumento muito forte:

- É uma oportunidade de dar uma lição no tenente João Bezerra.

No trajeto até Piranhas o bando promove uma guerra de terra arrasada com Gato fuzilando quem encontrava pela frente; mais de dez pessoas foram mortas.

O município de Piranhas é tomado por intenso alarido na iminência de um ataque de cangaceiros; a cidade está sem polícia, parte da população ganha o mato e outra se arma para a defesa.

O tiroteio entre cangaceiros e civis é fenomenal; até a mulher do tenente João Bezerra, Dona Cira, posta-se na janela de sua casa com um rifle na resistência.

Ali por perto, do interior do seu sobrado, um cidadão de nome Francisco (Chiquinho) Rodrigues, comerciante, também armado de rifle cruzeta de dez tiros e tendo a sua disposição muita munição, abre fogo, não dando sossego aos cangaceiros – dizem que do ponto onde estava disparava sucessivamente pois segundo ele mesmo declarou muitos anos depois, tinha a sua disposição 150 cartuchos.

O cangaceiro Gato, tresloucado, dispara sua arma de peito aberto, no meio da rua.

Bom no gatilho e do seu ponto, Chiquinho Rodrigues mira bem e...

Pou!

Gato é atingido no quadril por um balaço.

A pouca distância de Piranhas, a bordo de uma canoa atravessando o rio São Francisco, estava o libanês Benjamim Abraão que assinalou em sua caderneta:

“Atravessava o rio quando se travou o combate. Encontrava-me a uma distância de meia légua da cidade. Corri ansioso para lá. Era uma oportunidade que não devia deixar escapar. Infelizmente, cheguei tarde. Os bandidos já se retiravam. Bem junto a mim, em um sofá, ferido, passou Gato, chefe do grupo. Quando entrava na cidade, tomaram-me por bandido e, por um triz, não me bateram”.

Gato morreria de hemorragia três dias depois.

O tenente João Bezerra e sua volante conduzindo Inacinha chegam a Piranhas pouco tempo depois do famoso entrevero.

Atrás das grades, Inacinha encontra sossego para tratar do ferimento na perna e parir.

Com a morte de Gato, Inacinha não ficou só; na cadeia conheceu um soldado com quem passou e viver depois que ganhou a liberdade.

Fontes de consulta: Cangaceiros de Lampião de A a Z, de Bismarck Martins de Oliveira.

Amantes e Guerreiras, de Geraldo Maia do Nascimento.

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