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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

O OUTRO PADRE CHICO

 Por Antônio Corrêa Sobrinho

Chico Pereira

O OUTRO PADRE CHICO

Há um padre Chico, superior dos dominicanos em Campinas, que foi preso por dar guarida no seu convento a universitários que se reuniram lá para uma grossa baderna com propósitos nacionalistas.

A Igreja, hoje, está mesclada de elementos considerados extremistas, quando deveriam estar ensinando as letras do Evangelho e prestando assistência material e espiritual aos que dela necessitam.

Há um outro padre Chico – padre FRANCISCO PEREIRA NÓBREGA –, professor de Marxismo e Existencialismo na Faculdade de Filosofia de João Pessoa, e de teologia no Seminário Regional de Recife.

O padre Chico (Francisco Pereira Nóbrega) esteve no dia 5 de agosto em Natal, Rio Grande do Norte, onde fora lançar o seu livro RIO SECO, no qual conta a vida do cangaço de seu pai, baseado no latifúndio e na necessidade de reforma de estruturas sociais.

Em Natal entrou em contato com a imprensa e tratou do assunto referente ao confinamento do jornalista Hélio Fernandes, em Fernando de Noronha. Disse o padre: – “Não foi erro ou sacrilégio. A sua atitude é um direito que assiste ao jornalista, de dar a sua opinião livremente sobre qualquer homem que pertença à História Nacional, que dirija ou tenha dirigido a Nação, vivo ou morto.

Divulgo apenas o que li sem interesse, pois, como já me hei manifestado diversas vezes, sou um marginal da política, com muito prazer.

Sobre a posição da Igreja, digo melhor, sobre a posição do Clero, disse o padre Chico: – “A Igreja precisa parar de construir santos. Deve, isto sim, formar líderes cristãos. O paraíso é possível se o clero motivar a consciência religiosa dos pobres, miseráveis, alfabetizá-los, politizá-los e organizá-los em grupos para reivindicação de seus direitos. Do contrário o Evangelho será engavetado”.

O padre tem a língua solta e diz o que lhe vem no pensamento, como aquele frade Tomás Campanella, que, por combater a Escolástica, foi encarcerado durante 27 anos. O padre Chico se vivesse naquela época, seria torrado vivo nas fogueiras da Santíssima Inquisição, diante daquele piedoso e santo frei Tomas de Torquemada.

Deseja o meu curioso leitor saber quem é o padre Chico, expositor de libérrimas ideias?

É filho do cangaceiro Chico Pereira, de quem o Chico se orgulha de ser filho, o qual foi assassinado em 1928, em Currais Novos, pelo coronel Joaquim Moura, da Polícia Militar do Rio Grande do Norte. O padre, quando lhe mataram o pai, tinha seis meses de idade. Não chegou a conhecer o filho. No seu livro VINGANÇA, NÃO! o padre Chico conta a vida de cangaço de seu pai. É emocionante e trágico.

Diz ele que está terminando seu último livro que terá o título de A MINA, história de uma mina de ouro “descoberta por um burguês paulista que não sabia sequer se a Paraíba existia.”

O padre é espeto, como se costuma dizer agora.

Gazeta de Sergipe – 10/10/67

Imagens de CHICO PEREIRA e FRANCISCO P. NÓBREGA

 https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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OPINIÃO

Lampião Analfabeto?!

O pesquisador e confrade Luiz Ruben compartilhou um recorte em que o jornalista e meu conterrâneo Ancelmo Gois, em sua coluna do Jornal do Commércio de Recife, edição de 16 de Dezembro de 2012, publicou a seguinte "nota":



Um conceito demasiado. Faltou especificar, completar o adjetivo com o termo "Funcional". Virgolino, mesmo limitado, sabia ler, "escrever" e contar. E não são as imagens que nos fazem duvidar ou acreditar em tal habilidade. São testemunhos de ex companheiros e até mesmo dos seus oponentes, disponíveis na literatura. 

Vejamos o que localizei no livro de memórias do tenente João Gomes de Lira, conterrâneo e inimigo de Lampião que tem um capitulo sobre o aludido assunto:

Apesar de sertanejo inculto, vivendo em meio atrasado, José Ferreira procurou dar aos filhos a educação básica. O menino Virgolino Ferreira, assim como os seus irmãos Antonio e Livino receberam os primeiros conhecimentos no ano de 1907.  
Residindo no Riacho São Domingos distrito do município de Vila Bella (Serra Talhada), enviou os três filhos mais velhos à casa do senhor Raimundo Gago, em Pitombeira, próxima a cidade de Vila Bella, afim de que os meninos frequentassem a escola pública do professor Auxêncio da Silva Viana... 1.
Os pesquisadores Antonio Amaury e Vera Ferreira em sua obra "De Virgolino a Lampião" ainda indicaram um outro professor chamado Justino de Nenéu 2

 Um outro autor bastante consultado, o pernambucano Frederico Bezerra Maciel, também dedicou um capitulo sobre este período.

Os métodos pedagógicos que fizeram época foram de inegáveis resultados positivos: O sertanejo que se interessou, aprendeu a ler soletrando e cantando as 26 lições da famosa "Carta do ABC" de Landelino Rocha, que continha apenas 16 páginas. E da tabuada cantada ritmicamente em comum pela classe, com palmatória.
O professor Justino de Nenéu viera ensinar Virgolino e seus irmãos na casa da Fazenda Serra Vermelha, de Manuuel Ferreira de Lima bem perto da fazenda deles, a Ingazeira.
Voltando as memórias de Gomes de Lira:
Naquela ocasião, tinha Antonio Ferreira, doze anos, Livino, 11 anos e Virgolino, 9 anos de idade. Em 1910, estudaram na "Escola" particular do Professor Domingos Soriano, na Serra Vermelha. 
Entenda-se a escola aqui não como um espaço físico. As aulas eram dadas ao ar livre embaixo de Juazeiros e Quixabeiras.
...Os alunos traziam de casa os banquinhos em que se sentavam para assistir às aulas à sombra das árvores. “O esforçado mestre não se furtava aos pedidos de pais residentes em outras fazendas das ribeiras adjacentes, os quais receberiam a rara oportunidade de poder proporcionar instrução aos filhos.
Hoje a escola Municipal de ensino fundamental e médio Domingos Soriano é um dos primeiros prédios públicos avistados pelos visitantes ao chegarem à Vila de Nazaré do Pico, distrito de Floresta em Pernambuco.

Outra referencial: Lampião – Cangaço e Nordeste de Aglae Lima de Oliveira nos traz mais informações.
Que o tempo de assistência com Domingos Soriano foi de apenas "90 dias". (Período em acordo com todos os depoentes). Que a mensalidade deste curso era de "dez tostões". Que o 'cabrinha' nunca havia levado os temidos bôlos ao ser testado em conhecimento de Tabuada e de algarismos romanos. E ainda sugere que o primeiro livro do qual Virgolino tenha explorado por completo foi o "Primeiro livro de leitura" de Felisberto de Carvalho4
 
 Reprodução
In: www.ler-e-escrever.blogspot.com.br

O objeto da foto comentada por Ancelmo não era mero enfeite, nem instrumento de abano. Pelo método de soletração de Landelino ou de Felisberto é fato que Virgolino aprendeu a ler. Mais tarde aplicaria seu conhecimento ao se deleitar com os jornais e revistas que chegaram até ele. 

Especialmente os que traziam manchetes sobre seus feitos. E, ainda que sem devida concordância, mas com uma caligrafia regular escreveu cartas. Hoje, documentos históricos preservados em museus e coleções particulares. Reproduções de alguns de seus escritos estão disponíveis em diversos livros e sites. 

Como esta carta abaixo, endereçada a um fazendeiro de nome Cantidiano Valgueiro dos Santos Barros, dono da propriedade Tabuleiro Comprido no município de Floresta, PE. Na carta, escrita na peculiar maneira de Lampião se expressar, ele pede a Cantidiano dois contos de réis, de forma extorsiva, a fim de serem evitados “prejuízos”.


Segundo o pesquisador Artur Carvalho, que utilizou os conhecimentos profissionais de um especialista em paleografia , a “tradução” é a seguinte;
“Ilmo. Sr Cantidiano Valgueiro,

Eu (ou “le”) faço esta para “vc” mandar-me dois “conto dereis”, isto sem falta, não tem menos, para “vc” saber se assinar em telegrama contra mim como “vc” se assinou em um com “Gome” Jurubeba. Eu ví e ainda hoje tenho ele. Sem mais, resposte logo para “envitar” muito prejuízo. Sem mais assunto.
Cap. Virgulino ferreira Lampião. [sic]” 5.
O pesquisador e colaborador Ivanildo Silveira teceu comentário em uma discussão anterior sobre este mesmo assunto: 
"O Rei Vesgo dominava, a grosso modo, o idioma pátrio, comunicando-se, de forma clara, precisa, apesar dos erros gramaticais que cometia. Inclusive, ás vezes, empregava pronomes de tratamentos de forma correta. A grafia de seus famosos bilhetes, era perfeitamente entendível".
E como vovó já dizia... 
"Estude meu fio, estude pra não ser que nem sua avó, que não sabe nem pegar numa caneta, que dirá assinar o nome, não faço um "O" com um copo".
Fontes:
[1] Lira. João Gomes deLampião, Memórias de um Soldado de Volantes 2006 (vol. 2) Companhia Editora de Pernambuco – CEPE. Recife/PE, 2007. PÁG20
[2] Vera Ferreira /Antonio AmauryDe Virgolino a Lampião, 1ª edição, Ideia Visual, São Paulo, 1999. PÁG. 52
[3] Maciel, Frederico Bezerra. - Lampião, seu tempo e seu reinado, | I : As origens : Por que Virgulino se tornou Lampião?  3ª Edição. Petrópolis, RJ : Vozes, 1992. PÁG. 90
[4] Oliveira, Aglae Lima de. Lampião – Cangaço e Nordeste. 3ª edição, O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 1970. PÁG 22.
[5]  Rostand Medeiros  - Uma carta de Lampião e a história do soldado volante que se tornou ambientalista. Disponível em: http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/10/12/a-carta-de-lampiao-e-a-historia-do-soldado-volante-que-se-tornou-ambientalista/

 Att Kiko Monteiro 

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CAMINHADA

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.160

FLAGRANTE PARCIAL DE UMA DA CAMINHADAS, A DE 2024.

Estamos revendo fotos significativas que marcaram eventos importantes no sítio rural Tocaias, hoje, vizinho à Reserva ecológica Tocaia à cerca de 800 metros do perímetro urbano Sul de Santana do Ipanema. A Reserva Ecológica atualmente representa uma grande fonte atrativa dos amantes da Natureza, principalmente alunos de diversas escolas que são guiados pelos mestres e escritores conscientes. E ainda no sítio rural Tocaias, a Igrejinha das Tocaias, ermida solitária de beira de estrada, cuja história bicentenária foi resgatada por este autor e se encontra originariamente em cordel no folder “igrejinha das Tocaias”. Depois, em 20 Edição, novamente em versos. Em seguida, 30 Edição em prosa e 40 Edição, em parceria, prosa e com acréscimos sociais. Posteriormente, a “Igrejinha das Tocaias” saiu com o original nas páginas do maior documentário histórico jamais produzido no município, O BOI, A BOTA E A BATINA, HISTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA.

A Igrejinha da Tocaias, vizinha à Estação Ecológica Tocais, São dois atrativos turísticos, tendo agora o terceiro ponto turístico, quase vizinho, que é a Represa do riacho João Gomes. Quando terminar as obras da Estátua de Senhora Santana no topo da serra Aguda, também vizinha as outras três atrações, teremos o “Quarteto Turístico de Santana do Ipanema”, zona rural, praticamente em um só lugar e de fácil acesso. A Igrejinha das Tocaias está sempre visitada por pagadores de promessas e curiosos. A Estação exige ordens do proprietário para uma visita.

Todos os anos, um grupo de abnegadas pessoas religiosas, faz uma caminhada até a Igrejinha das Tocaias, saindo com a charola de uma santa, desde a Igreja Matriz de São Cristóvão, no Bairro da Camoxinga. Não temos certeza, mas nos parece que é com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. O percurso da caminhada com cânticos e louvores, está entre três e quatro quilômetros, saindo do centro, percorrendo parte dos Bairros Domingos Acácio e Paulo Ferreira (antigo Floresta). Mesmo agora no início do ano, já têm pessoas se preparando para o mês de maio, quando acontece a caminhada. O padroeiro da Igrejinha, Ermida ou Capela, é São Manoel da Paciência. A abnegada zeladora chama-se Maria José Lírio.

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NOVAMENTE ELE

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.159

 

FUNDOS DA IGREJINHA DO CRUZEIRO. O ABSURDO.

Início de ano e mais uma subida virtual ao serrote do Cruzeiro, Monte Sagrado de tradição em Santana do Ipanema. Serrote do Cruzeiro e seus companheiros dos arredores, são frutos de resistência aos profundos desgastes que sofreu no passado, dos ventos, da pluviosidade e outros fatores que mostram o relevo do entorno da cidade e da própria urbe enormemente erodidos. Entretanto, o elevado tornou-se o queridinho de Santana, principalmente no século passado, quando não faltavam eventos e visitas turísticas/religiosas que mantinham o monte em evidência. Mas as mudanças dos tempos em todos os setores da humanidade, a evolução, também faz esquecer aconchegos humanos e recantos físicos.

Santana vista do serrote do Cruzeiro, ainda é a melhor opção paisagística entre todos os mirantes naturais e artificiais. Ainda não se recuperou do golpe do desmatamento dos anos 60, quando as árvores eram altas e frondosas, moradas das permanentes cigarras que ali buzinavam o ano inteiro. A vegetação voltou, mas em forma de capoeira, arbustos e  pgarranchos na maior parte e, talvez algumas poucas árvores de porte no topo. Pela própria topografia abaulada, da cidade, não é permitido contemplá-la totalmente de um ponto só. Porém, como afirmamos acima, ainda é a mais abrangente e frontal localidade de observação. No topo, a terceira igrejinha em homenagem a Santa Terezinha e o segundo cruzeiro de madeira defronte, representando a passagem do Século XIX para o século XX.

A igrejinha foi construída, a primeira em 1915, pelo pai dos deficientes mentais Agissé e Poni, como motivo de promessa, Antides Feitoza. Muito serviram os rústicos degraus em certo trecho da subida do monte, implantados pelo, então, prefeito, saudoso Paulo Ferreira. Lendas sobre as andanças de Nosso Senhor Jesus Cristo por ali, eram relatadas e apontadas na enorme rocha as pegadas do filho de Deus. Ao invés de investirem no serrote para o turismo religioso e paisagístico, os dirigentes preferiram desviar o foco do lugar sagrado para outros sem tradição e sem futuro.

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ANTÔNIO AMAURY - NO CALCANHAR DE LAMPIÃO

Por Adauto Silva 

https://www.youtube.com/watch?v=sX5kJqSRJK0&t=573s

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O NASCIMENTO DA CANGACEIRA DADÁ | CNL | 1358

 Por O Cangaço na Literatura

https://www.youtube.com/watch?v=fH0d92STtS4

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A CANGACEIRA DADÁ PÓS-CANGAÇO | CNL | #423

Por O Cangaço na literatura
https://www.youtube.com/watch?v=viInWDfA-bM

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