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quarta-feira, 6 de junho de 2018

A VISITA MACABRA DE LAMPIÃO.

Acervo Giovane Gomes

No dia 28 de Novembro de 1930, tudo corria bem na região do Sabiuca, o proprietário das fazendas Gravata, Sabiuca, Ambrósio e Umbuzeiro no município de Glória-BA. Macário Gomes de Sá era um rico senhor, descendente de Zacarias Gomes de Sá um dos envolvidos nas temível intriga de Família entre Os Gomes de Sá e Menezes, que ficou conhecido como a "Questão do Sabiuca". 

A muito tempo Lampião não aparecia na região seu último registro foi no combate da fazenda Tigre onde saiu baleado.

Era um dia igual a qualquer outro, Se não fosse a presença do Rei do Cangaço Lampião e seu bando. Naquela manhã, ele veio acertar as contas com Macário Gomes de Sá pois seus Coiteiros, informaram que Macário Gomes via emprestados suas canoas para as volantes de Pernambuco "Os Nazarenos" atravessa o Rio São Francisco para perseguir Lampião no Estado da Bahia.

Eloi Gomes de Sá seu filho primogênito estava trabalhando na fazenda Umbuzeiro na Bahia, colhendo mandioca para uma farinhada, juntos com seu irmão Felix Gomes de Sá e seu cabra de confiança João Escuro e outros. Quando chegou a notícia que seu pai Macário havia sido sequestrado por Lampião e o Ex-Volante Aureliano Sabino estava morto na fazenda Gravata.


Foi aquele alvoroço Eloi e Felix Gomes de Sá e seus cabras atravessaram para o lado Pernambucano, chegando na casa do seu pai encontraram uma cena horrível, os porcos haviam comido a cabeça do Ex-Volante Aureliano Sabino.

Dona Filomena esposa de Macário a pranto de choro gritava para salvar ele e clamava a todos os Santos do Céus, seus irmãos mais novos, Manoel, Cisa e Eliseu presenciaram toda a desgraça . A esposa de Eloi, Isabel " Biluca", estava em estado de choque a ver tamanha maldade do Cangaceiro Menino Volta Seca ao decapitar a cabeça de Aureliano Sabino, o cangaceiro menino gritava, pulava e sorria demonstrando ao padrinho e chefe sua coragem e maldade.


Alfredo Cabaú foi quem avisou a Eloi do Sequestro de seu pai, que ele tinha sido espancado junto de outro parente seu Cícero Gomes de Sá "Ciço Furiba" e Lampião levou ele. João Escuro aconselhou ninguém tentar ir atrás de Lampião. Então Eloi foi pedir o dinheiro ao rico proprietário da fazenda Fortaleza seu Cantarelli mas ele não tinha essa continha de Um Conto de réis, então mandou Eloi ir procurá outro fazendeiro Yoyo do Trige e mandou dizer a que emprestasse o dinheiro ele pagava. 

Eloi não demorou e foi logo para a Fazenda Trige pois o tempo estava correndo. Chegando na fazenda Trige contou todo acontecido a Yoyô do Trige que mandou buscar o dinheiro que estava escondido em um tronco de uma Aroeira em sua botija particular, era assim que as pessoas guardadas seu bens com medo dos cangaceiros furtar.

Felix Gomes, João Escuro e Alfredo Cabaú foram pegar as armas na fazenda Ambrósio e Sabiuca e voltaram para a Fazenda Gravata.

Quando Eloi voltou com o dinheiro do Trige Alfredo Cabaú disse eu vou deixar o dinheiro ao Capitão Lampião, pegou um cavalo e seguiu em direção a Serra do Papagaio.

Lampião levou Macário Gomes de Sá como refém, próximo a região do Papagaio, eles encontraram Pedro Juremeira antigo inimigos do Cangaceiro Corisco. Lampião deu voz de prisão e matou ele, a cunhada de Eloi Macário foi testemunha da morte de Pedro , Marina de Chico Moça pediu: "- Capitão não mate Seu Macário pois ele é pai do meu cunhado Eloi".

No final da tarde Alfredo Cabaú chegou com o dinheiro e Lampião libertou Macário.

Fonte:

Livros O Canto do Acauã,FERRAZ, Marilourdes Ferraz.
As Cruzes do Cangaço FERRAZ,Cristiano Ferraz e , Marco Antonio de Sá.
Depoimento:
Angelo Gomes de Sá .
Fotos Acervo Giovane Gomes :
01-Eloi Gomes de Sá "Macario"
02-Macário Gomes de Sá .
03-EX-Volante Aureliano Sabino.

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ZÉ SERENO ALGUMAS LEMBRANÇAS


Por Susi Ribeiro 

Boa Noite, amigo José Mendes Pereira de Mossoró, como lhe prometi, vou lhe escrever aos poucos, minhas lembranças de Zé Sereno e principalmente de Sila com quem realmente convivi.

Quando eu e meus pais chegamos à casa de Zé Sereno e Sila, em 1978, eles moravam em uma bela casinha branca, com um lindo jardim na frente, muito bem cuidado. Era o Bairro do Butantã/Vila Gomes em São Paulo! Um pedacinho do nordeste!

Sila e Zé Sereno - O site não diz quem é o indivíduo da esquerda. https://br.pinterest.com/pin/483925922452333652/?lp=true

Havia uma pequena escada que levava à porta principal, tocamos a campainha e fomos recebidos por um senhor de meia idade, cabelos grisalhos, quase brancos, nos olhou fixamente e depois para mim e sorriu... é você a menina que gosta do Cangaço?

Abri o portãozinho eu mesma e subi as escadas antes que meus pais e abracei o velhinho, sem saber que um dia aquele seria meu sogro! Zé Sereno!

Rimos todos, Sila veio apressada da cozinha onde estava preparando um lanche, sentamos na sala e passamos a tarde mais feliz que grandes amigos podem passar!

Seu Zé Sereno me mostrava fotos de quando estava no cangaço, havia também uma "fita" e um gravador que hoje nem me recordo mais como se chama com seu depoimento para uma reportagem sobre o Massacre de Angico!

Ouvia atenta, era emocionante a forma, o tom de voz com a qual aquele senhorzinho falava na fita, lágrimas escorreram de meus olhos, Sila também se emocionou, abracei muito os dois!

Seu Zé Sereno foi pegar seu chapéu, contava a história e o significado místico das estrelas e enfeites e das orações dobradas, que eram guardadas no mesmo, dos patuás, enfim, uma mistura do catolicismo predominante no Cangaço com crenças regionais!

Peguei o chapéu e o segurei por longo tempo..., tentava imaginar as lutas daquele povo sofrido!

Rimos, ele o colocou em minha cabeça... caiu... rsrsrs era enorme pra mim!

Seu Zé Sereno havia retornado do hospital há pouco tempo, sua saúde não estava muito boa, mas sua memória era como a de um menino!

Gostava de cozinhar! Principalmente suas especiarias nordestinas, carnes, e sozinho!!!

Não queria ajuda, quando ia para cozinha ninguém podia meter a colher!

Susi Ribeiro e seu pai coronel do exército Conrado Lima

Tenho lembranças dele, que guardo no coração, comigo, sempre sorriu, gostava muito de crianças e se apegou muito a mim e eu a ele!

Pena que o conheci tão pouco, era humilde com todos, trabalhador, honesto..., ao contar suas histórias, muitas vezes o vi chorar, sim, ele chorava! não sei se de emoção, mas tinha a grande coragem de chorar!

Após seu falecimento, meu esposo Wilson me contou que com os repórteres ele agia diferente! Não chorava e procurava ser discreto!

Havia mesmo se apegado a mim e a meus pais, conversou muito com meu pai, ficaram amigos!

Susi Ribeiro e Wilson seu esposo filho dos cangaceiros Sila e Zé Sereno

Meu querido sogro José Ribeiro Filho! Tenho orgulho de carregar o Ribeiro em meu nome, pois vem do pai de Wilson, o Grande Cangaceiro, Chefe de Sub-Grupo de Lampião Zé Sereno! Uma figura paterna que ficou gravada em minha mente!

Obrigada Seu Zé Sereno! Descanse na Paz que tanto merece, ao lado de sua Querida Mãezinha Nossa Senhora Aparecida e Nosso Senhor Jesus Cristo!

Susi Ribeiro Campos - nora de Sila e Zé Sereno

Este material a mim foi gentilmente enviado por Susi Ribeiro Campos nora dos cangaceiros Sila e Zé Sereno. 

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MOSSORÓ NO DIÁRIO DE GETÚLIO VARGAS.


 Por José Romero Araújo Cardoso 

A era Vargas foi a mais longeva experiência político-administrativa do Brasil republicano, cuja gênese encontramos na vitória da revolução em outubro de 1930. O processo foi interrompido em 1945 e reiniciado em 1950, tendo seu epílogo em agosto de 1954, quando do suicídio do chefe do executivo.

A centralização enfatizada por Vargas pôs fim à fragmentação do poder entre os representantes do mandonismo local, a qual se constituiu em símbolo das estruturas montadas na república velha, conforme enfatiza MELLO (1992).

A partir de 3 de outubro de 1930, quando triunfou o movimento revolucionário encabeçado pelo Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba, Vargas deu início à escrita de um diário cujo encerramento se deu em setembro de 1942, quando o Brasil já havia declarado guerra aos países do Eixo.

Este importante documento para a História do Brasil, compilado e publicado em dois volumes no ano de 1995 pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas e pela Editora Siciliano, apresentado por Celina Vargas do Amaral Peixoto, neta do estadista que marcou profundamente os novos rumos do modelo capitalista brasileiro a partir de sua posse no governo provisório em 1930, descortinam-se o dia-a-dia do governante, as relações políticas e os episódios marcantes de uma época.

A pressão exercida por São Paulo, principal centro econômico do País, resultando em tentativa revolucionária quer ficou conhecida pela pretensa defesa de uma constituinte, obrigando o governo federal a reprimir fortemente o movimento, caracterizou os rumos políticos entre os anos de 1932 e 1933.

Conforme BASBAUM (1991, p. 63), a convocação de uma constituinte e a elaboração de uma nova constituição perfaziam o panorama geral do ano de 1933. Neste ensejo, Vargas organiza visita aos Estados das regiões Nordeste e Norte, acompanhado de uma grande comitiva de políticos e jornalistas. O raid político-eleitoral do chefe do governo provisório e sua equipe dura cerca de um mês, sendo concluída em Belém (PA).

Ainda segundo BASBAUM (ibidem);

“O entusiasmo com que é recebido pelas populações do Norte e Nordeste, que o vêem pela primeira vez, mostra apenas o quanto as massas ainda
esperam dele, pois nada ainda haviam obtido. Mas Getúlio acredita que
aquilo significa – apoio incondicional. Assim acreditam também os futu-
ros deputados que mais tarde o elegerão Presidente da República.

E esse apoio dar-lhe-á a margem necessária para planejar a continua-
ção no poder.”

Obras importantes para o Nordeste seco, paralisadas após a conclusão do triênio Epitácio Pessoa na presidência da república (1919 – 1921), foram fiscalizadas e muitas inauguradas quando da visita presidencial. A açudagem se constituía em um dos carros-chefe da campanha presidencial encetada pela comitiva comandada por Getúlio Vargas.

Neste ensejo, Vargas faria sua primeira visita a Mossoró. Entre os circunstantes presentes que compunham a comitiva presidencial, encontrava-se assessor do Ministério de Viação e Obras Públicas de nome Orris Barbosa.

Posteriormente, o jornalista Orris Barbosa lançou em 1935, pela Adersen-Editores, do Rio de Janeiro, interessante opúsculo por título “Secca de 32 – Impressões sobre a crise nordestina”, no qual analisa desde as tentativas frustradas de implementação dos reservatórios hídricos no governo Epitácio pessoa, além de outras políticas públicas de suma importância, aos efeitos catastróficos da grande seca que teve início em 1926 com breve intervalo em 1929 e recrudescimento total em 1932, enfatizando ainda a visita presidencial aos estados do Nordeste e do Norte do Brasil.

BARBOSA (p. 112), no capítulo intitulado “No alto sertão”, destaca a marcha batida em direção a Mossoró, frisando que a rodagem que interliga Assú à capital do oeste potiguar era regular. Destaca ainda que só à noite puderam alcançar o maior centro comercial do Rio Grande do Norte, na época, visitando, ainda o porto de Areia Branca, escoadouro natural dos produtos sertanejos.

Antes, em fevereiro de 1930, Mossoró havia sido palco de pregações revolucionárias capitaneadas pela caravana gaúcha liderada por Batista Luzardo. Até então, esta tinha sido a única oportunidade que os aliancistas haviam pregado em território mossoroense os ideais de renovação (ROSADO, 1996).

Na oportunidade, ainda não haviam galgado o poder, cujo feito foi proporcionado pelos desdobramentos trágicos da revolta de Princesa, quando do assassinato do presidente paraibano João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, vice-presidente da chapa encabeçada por Vargas no ensejo da disputa presidencial em 1930 (INOJOSA, 1980; RODRIGUES, 1978).

Conforme o Diário de Getúlio Vargas (1995, p. 238), no dia 13 de setembro de 1933 houve a partida da comitiva para Mossoró. A viagem foi feita pela Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte. Antes, houve almoço em São Romão, num mato de oiticicas do sr. F. [Fernando] Pedrosa – vaquejada, visita à usina de algodão e à fábrica de óleo etc.

Corroborando o que Orris BARBOSA (ibidem) escreveu em seu clássico livro, Vargas destaca que até Mossoró prosseguiram de automóvel, onde houve recepção festiva, banquete e discursos.

Em edição do dia 31 de agosto de 1933, o jornal mossoroense O Nordeste, de propriedade de J. Martins de Vasconcelos, noticiou em primeira página a excursão presidencial do chefe do governo provisório pelo norte do País.

Destacava este veículo de comunicação que partia da capital federal, no dia 22 de agosto, no “Almirante Jaceguay”, a comitiva de Vargas, da qual faziam parte os ministros José Américo de Almeida e Juarez Távora, General Góes Monteiro, Comandante Américo Pimentel, sub-chefe da Casa Militar, Dr. Valder Sarmanho, da Casa Civil, bem como diversos repórteres representantes de diversos jornais cariocas.

O jornal “O Nordeste” enfatizou ainda que a convite do Interventor potiguar Mário Câmara, Getúlio Vargas visitaria Mossoró, seguindo viagem via Caraúbas, indo, antes, até Porto Franco. Finalizava a matéria jornalística fazendo louvações à campanha da Aliança Liberal e reverenciando a memória de João Pessoa.

Em 18 de setembro “O Nordeste” voltava a destacar com estardalhaço matéria sobre a visita da comitiva de Vargas, desta vez com mais ênfase devido a permanência do chefe do governo provisório a Mossoró.

Às 18 horas do dia 13 de setembro, Getúlio Vargas, acompanhado de vários membros do seu gabinete, integrando também a comitiva o Interventor Mário Câmara, o Dr. Potyguar Fernandes, chefe de Polícia da Capital, além do Dr. Gratuliano de Britto, interventor Federal do Estado da Paraíba, dirigia-se ao palacete da Praça Bento Praxedes, o qual ficou conhecido por Catetinho.

Na oportunidade, grande multidão se concentrou intuindo conhecer de perto o chefe máximo do executivo brasileiro. Conforme ainda “O Nordeste”, duas alas de alunos das escolas da cidade, estendiam-se, com o povo, do Jardim Público, até o lugar do destino, feericamente iluminado, e onde a banda de música “Santa Luzia”, em coreto adrede preparado, executou o hino nacional para o chefe de governo e sua comitiva.

Todas as repartições públicas içaram a Bandeira Nacional, em sinal de extremo respeito à ilustre visita. À noite houve cinema campal na Praça João Pessoa.

O discurso, pronunciado antes do banquete no Palacete da Praça Bento Praxedes, foi realizado pelo Dr. Adalberto Amorim, juiz de Direito da comarca. O magistrado falou em nome das classes conservadoras do município, bem como do comércio local.

Em agradecimento, Getúlio Vargas respondeu ao oferecimento do banquete com palavras lisonjeiras a Mossoró, prometendo atender necessidades urgentes, a exemplo da continuação do prolongamento ferroviário, baixa nos transportes do sal e seu aperfeiçoamento e abertura de porto. Concluiu destacando a importância industrial e comercial do município potiguar.

No dia 14 de setembro houve visita de parte da comitiva à salina Jurema, localizada às margens do rio Mossoró. Às 8 horas encerrou-se a visita do chefe do governo provisório. A comitiva partiu em trem especial da Estrada de ferro, até Caraúbas, seguindo para Lucrecia e depois com destino a Sousa (PB), onde inspecionaram as obras do açude de São Gonçalo.

Quando da campanha presidencial em 1950, Vargas retornou a Mossoró. Relembrou fatos da primeira estadia demonstrando impressionante lucidez, como bem nos comprovou Raimundo Soares de Brito, presente ao encontro. Deixou o historiador estupefato ao perguntar por Jonas Gurgel, prefeito de Caraúbas quando da visita como chefe do governo provisório. Era o testemunho impecável da memória excepcional de um homem que marcou significativamente e de forma indelével a História do Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros:

BARBOSA, Orris. Secca de 32 – Impressões sobre a Crise Nordestina. 2ª ed. Mossoró/RN: Fundação Vingt-un Rosado, 1998. (Série C; Coleção Mossoroense; s/n).
BASBAUM, Leôncio. História Sincera da República – De 1930 a 1960. 6ª ed. São Paulo/SP: Editora Alfa-Omega, 1991.
INOJOSA, Joaquim. República de Princesa (José Pereira x João Pessoa – 1930). Rio de Janeiro/RJ: Brasília/DF: Civilização Brasileira: INL, 1980.
MELLO, José Octávio de Arruda. A Revolução Estatizada: Um estudo sobre a formação do centralismo em 30. 2ª ed. João Pessoa/PB: EdUFPB, 1992.
RODRIGUES, Inês Caminha Lopes. A Revolta de Princesa: Uma contribuição ao Estudo do Mandonismo Local – Paraíba (1930). João Pessoa/PB: A União, 1978.
ROSADO, Vingt-un . Batista Luzardo em Mossoró. Mossoró/RN: Fundação Vingt-un Rosado, 1996. ( Série C; Coleção Mossoroense; Vol. 902).
VARGAS, Getúlio. Diário. São Paulo/SP: Rio de Janeiro/RJ: Siciliano: Fundação Getúlio Vargas, 1995. Vol. I e II.
Jornais:
A Excursão Presidencial do Chefe do Governo Provisório pelo Norte do País. O Nordeste, Mossoró, 31 de Agosto de 1933. p. 01.
A Visita do Chefe do Governo Provisório a Mossoró. O Nordeste, Mossoró, 18 de Setembro de 1933. p. 01.
José Romero Araújo Cardoso – Professor Adjunto do departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Escritor. Especialista em Geografia e em Gestão Territorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Contato: romero.cardoso@gmail.com.

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COMPROMISSO ASSUMIDO. OBRAS SENDO REALIZADAS!



A Comissão Organizadora e a população de Poço Redondo agradecem ao prefeito Júnior Chagas pelas obras que estão realizadas para receber, de forma grandiosa, o Cariri Cangaço Poço Redondo 2018, de 14 a 17 de Junho. Não são obras apenas para o evento, mas como marcos de uma gestão que valoriza a história, a cultura e o turismo do município. Um novo tempo para o reconhecimento e a valorização de nossas riquezas e potencialidades. 

AVANTE!

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A CAVALHADA DE POÇO REDONDO POR MANOEL SEVERO


Estive na noite de hoje, 04 de junho, na residência de um dos grandes mestres da Cavalhada de Poço Redondo. Seu Tita mora ali quase pertinho da Praça de Eventos, onde morava outro grande Mestre da Cavalhada, o saudoso Dionísio Cruz.

A Cavalhada de Poço Redondo é um dos mais bonitos autos já visto no Brasil que na forma de encenação reconta uma batalha entre os mouros e os cristãos. Na tradição, não se permite que os mouros vençam, Mas na versão nordestina vence quem tirar mais argolinhas. Os enfeites na sua originalidade, o azul e o encarnado, a melodia, tipicamente nordestina, ao som dos pífanos e dos zabumbas, torna a Cavalhada de Poço Redondo a mais linda do mundo.

Tudo é feito em Poço Redondo pelas mãos dos homens e mulheres do lugar. Os enfeites, as ornamentações e até os pífanos.

O DVD produzido pelo Quinteto Violado em Poço Redondo exibe o que há de mais belo, encantador e bonito no mundo: Os Vito e a Cavalhada de Poço Redondo. Viva os mestres de Cavalhada de Poço Redondo.

Na tarde do dia 16, na Programação do Cariri Cangaço Poço Redondo, a Cavalhada estará no grande cortejo na Av. Alcino Alves Costa. Será uma tarde da cultura popular, de encantamento!

Obrigado, seu Tita! Lembranças do saudoso mestre Dionísio Cruz.

Manoel Belarmino
Pesquisador e Escritor
Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Poço Redondo

https://cariricangaco.blogspot.com/2018/06/a-cavalhada-de-poco-redondo-pormanoel.html

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CARIRI CANGAÇO POÇO REDONDO TÁ EM RIBA !!!


 Por Rangel Alves da Costa

Tanto avexame que num sei não, viu! Um trabaio da molesta, um vem pra cá e vai pra lá que deixa o cristão doidim, mai tudo agora na paz de Deus. Adespois da ferroada o mé, cuma já dizia cumpade Virgulino. Aina farta arguma coisa, é verdade, mai nada que faça cumê o juízo. Tudo foi cosido, costurado, arremendado e alivanhado dum jeito, que agora mai parece um nó que num desatravanca mais. Tudim em riba, graça a Deus, Ou, cuma dizia Zabelê, só farta botá na mesa.

E espaiá. Botá na mesa e espaiá pra riba e pra baixo desse Poço Redondo a festança maior do mundo. Coisa boa, cumpade. Nunca se viu nada iguá nas quadrança. Gente de num acabar mais. Do Ceará a Paraíba, do Rio Grande do Norte a Pernambuco, das Alagoas a Bahia, do Maranhão ao Piauí, tudim de gente que vem praqui.

Quem se alembrar dos preá por todo lugar, saino dos mato e invadino a cidade, saino das loca e pegano caminho, bem assim vai ser o meio mundo de gente tomano Poço Redondo intero. Tem um tar de Mané Severo que dixe chegar trazeno mai que o bando de Lampião, só junto dele, afora os outo que pra cá vai se bandear.




Verdade ou não, meu cumpade Belarmino, mai vi dizer que vai ser mai gente em quatro dia que no resto todim do ano. Gente das leitura, das escrita, das sabedoria e dos ané. Mai tomem gente simple cuma a gente mermo, que vem só pelo gosto de conhecer o que esse sertão tem pra mostrar. E cuma tem cumpade, e cuma tem!

Lá nos asfarto num tem Maranduba não, munto meno tanta histora cuma tem a Estrada do Curralim. Quem do lá longe tem um pessoa que nem Arcino? Eita cabra sabido era Arcino. Um homi quase sem estudo mai que ensinou o sertão ao mundo todim. Histora do cangaço, das botija, das coisa veia, tudim ele tanto contava cuma escrevia. E sem falar no chorado da viola caipira que ele tanto gostava. Arcino, Arcino, quanta farta vosmicê faz a esse sertão Arcino!

Faiz bem o povo todo chegar aqui e pisar no chão que sua havaiana pisou e sentir de perto o que vosmicê tanto amou como um fio. Faiz munto bem esse povão todim beber da cacimba da gente e adespois querer vortá pra matar mais a sede. Faiz munto bem esse povo todim cunhecê cuma nóis é e o que nóis tem pá adespois saber contar direito a nossa histora. 
  


Cuma diz o cumpade Volta Grande, cabra aina hoje metido a cangacero e que diz trazer no sangue um bando intero, nada mió do que avistar, merma sem vê, aina a cangacerama, Lampião de valentia sem iguar e aquele povo cherando a suor e prefume. Muntos deles daqui mermo, daqui do Poço Redondo. Quem num se lembra de Adília, de Sila, de Cajazeira, de Enedina, de Zabelê e tantos outo?

Povo que tomem vem sentir o sol do sertão. Pru todo lugar o clarão dum mundo de tanta luta e tanto e sofrimento, mai tomem de valentia sem iguar pra vencer os tempo ruim. E adespois aina sorrí orguioso de ser sertanejo. Eu tomem sô, e munto. Nada iguar a essa terra que chameja no coração o fogo bom do renascimento. 

Entonce é só espera. E é já já. A festança já tá em riba e aqui só quero arrecordá um escrito que um fio de Arcino escreveu, que ouvi dos outo e munto gostei. Mai mudei um tiquim e nos meu veuso ficou ansim:

“Meu sertão está em festa, só diz que é ruim quem num presta, apois vai ter Cariri Cangaço que na histora tem seu laço, que traiz home de valor, estudioso e dotô, pra conhecer o sertão que Arcino tinha no coração. Vai ter palestra da boa, vai ter cantoria e loa, vai ter pife e xaxado, vai ter munto lugar visitado. Abra logo a cancela, a porta e a janela, chame o povo pá entrar cuma se fosse do lugar. E pode gritar e dizer que o que vai acontecer ninguém vai mai esquecer”.

Rangel Alves da Costa, Escritor e Pesquisador
Conselheiro Cariri Cangaço
Poço Redondo, 05 de junho de 2018

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VASSOURA - LIVINO FERREIRA (✫ 07/11/1896) – († 13/07/1925)


Por Joel Reis

Quando o cangaceiro Manoel Caetano foi preso, em 1928, revelou que o cangaceiro Livino, vulgo Vassoura, só morreu oito dias após o combate no povoado Tenório, município de Flores - PE. 


Livino foi ferido na madrugada de 5 de julho de 1925, se ele faleceu 8 dias depois, sua morte foi no dia 13 de julho. Em novembro de 1925, completaria 29 anos de idade.

Os responsáveis por ferir Vassoura (Livino):

Volante PE:
- José Caetano (Capitão)
- Higino Belarmino de Morais (Tenente) - Nego Higino
Volante PB:
- José Guedes, (Sargento)
- Cícero de Oliveira (Sargento)

NOTAS

Livino era o segundo irmão mais velho de Lampião.

P.S.: A cantora Marinês (Inês Caetano de Oliveira) era filha do ex-cangaceiro do bando de Lampião, Manoel Caetano de Oliveira. Será que é o mesmo?

REFERÊNCIAS

IRMÃO, José Bezerra Lima. Lampião: a raposa das caatingas. 1ª ed. Salvador: JM Gráfica, 2014.

MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado: A guerra de guerrilhas (fase de vinditas) Vol. II. Petrópolis: Vozes, 1985. p. 173.
https://viacognitiva.blogspot.com/…/vassoura-livino-ferreir…

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MORANDO EM ESTOCOLMO, ILANA ELEÁ APRESENTA 'ENCONTROS DE NEVE E SOL'


Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Ilana Ileá é carioca, doutora em Educação pela PUC-Rio, trabalhou como coordenadora científica na The International Clearinghouse on Children, Youth and Media, pela Nordicom (Nordic Information Centre for Media and Communication), na Universidade de Gotemburgo, Suécia. Atualmente, dedica-se à escrita ficcional. É membro do Mulherio das Letras na Europa, escreve poesias e cria vídeo poemas para seu canal no YouTube; livros infantis para a Bibliotek Barnstugan, uma proposta inovadora e aberta ao público no jardim de sua casa, com intenção de oferecer um espaço de convivência literária e encantamento por livros às crianças e suas famílias. Ilana recebeu o prêmio Bättre Stadsdel como Promotora de Cultura 2018 por ter criado uma biblioteca infantil no seu jardim em Estocolmo, onde mora desde 2011. “Encontros de Neve e Sol”, publicado pela editora e-galáxia, é seu livro de estreia no gênero autoficção.

“Sandra Espilotro, minha consultora literária pela editora e-galáxia, assoprou esse novo título: “Encontros de Neve e Sol”, em substituição ao que até poucas semanas antes do lançamento seria “Ela foi para a Suécia”. Achei brilhante a síntese.”

Boa leitura!


Escritora Ilana Eleá, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a escrever o romance “Encontros de Neve e Sol”?

Ilana Eleá - Penso que ao mudar para um país completamente diferente do seu, no qual se fala uma língua incompreensível, onde as pessoas se comportam dentro de códigos estranhos, há uma voz incessante pedindo samba: salve-se quem escrever.

Apresente-nos a obra. (sinopse)

Ilana Eleá - Não considero “Encontros de Neve e Sol” uma obra: para mim é uma conversa em voz baixa, é um diálogo com vozes altas, é uma roda com gente de perto e longe ouvindo uma narrativa reinventada sobre o que e como se viveu uma paixão movedora entre duas pessoas de culturas distintas. “Encontros” é um livro, um relato, um diário, uma página atrás da outra na tela com fragmentos de memórias circundando meus primeiros seis meses em Estocolmo, um aroma nostálgico, quase uma porção de banana frita com canela, a água de coco na praia.

Qual o momento, enquanto escrevia o livro, que mais a marcou?

Ilana Eleá - Escrevi o livro ao longo de sete anos, e a cada capítulo uma marca, um talho na pele, um punhado de lágrimas ora de lago, ora de riso. O que mais me marcou foi parar, porque eu precisava da continuação.

Qual o cenário, espaço geográfico escolhido para a trama?

Ilana Eleá - Venha conhecer uma casa no alto da montanha no subúrbio mais quente do Rio de Janeiro, em Bangu; ou passear de bonde no Rio antigo; jogar futebol em Copacabana; o chope no Jobi, no Leblon; os corredores da PUC-Rio, o samba na Lapa, Santa Teresa – e depois, saindo de avião, pesando casacos de inverno, suba até o norte da Suécia e veja um horizonte congelado em Åre – volte para Estocolmo e escute como a cidade se apresentou.

Como foi a escolha do título?

Ilana Eleá - Sandra Espilotro, minha consultora literária pela editora e-galáxia, assoprou esse novo título: “Encontros de Neve e Sol”, em substituição ao que até poucas semanas antes do lançamento seria “Ela foi para a Suécia”. Achei brilhante a síntese.

Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor por meio da leitura desta obra literária?

Ilana Eleá - Espero não transmitir mensagem alguma, espero poder ouvir o som da voz do leitor encontrando novos labirintos e fugas, identificando-se, quem sabe, com a beleza de alguma frase ou imagem, os rios passando pelas histórias minhas e deles, sem margens.

Você mora em Estocolmo. Como vem sendo a receptividade do autor brasileiro na Suécia?

Ilana Eleá - A editora Tranan lançou uma coletânea de contos maravilhosa: “Brasilien berättar: Ljud av steg — Trettiosju noveller och mikronoveller”, com 37 histórias de autores do nosso país. Já perdi as contas de quantas vezes escolhi esse como presente para os amigos suecos. Essa é uma editora respeitada e de qualidade, responsável por traduções fantásticas feitas para os livros de Clarice Lispector, Elvira Vigna e Guimarães Rosa. Em 2014, a Bokmässa, feira do livro sueca, teve o Brasil como país homenageado, e pudemos ter acesso a livros traduzidos de Andréa del Fuego e Michel Laub. A querida Ulla Gabrielsson, poeta e tradutora, traz versos brasileiros para essa língua nórdica, traduzindo Ferreira Gullar e Ana Luísa Amaral. Também posso dizer que abri uma biblioteca infantil ao público no jardim da nossa casa, em uma “casinha de brincar”. Pela Bibliotek Barnstugan recebi semana passada o prêmio Bättre Stadsdel como Promotora de Cultura 2018, o que foi uma agradabilíssima surpresa. O livro infantil “Tom”, escrito pelo maravilhoso André Neves, premiado aqui na Suécia, foi traduzido para o sueco e é um dos favoritos do nosso acervo e público.

Onde podemos comprar “Encontros de Neve e Sol”?

Ilana Eleá - O livro está disponível na Amazon, Saraiva, Cultura, Kobo, Google Play: você escolhe a sua livraria digital preferida, compra, baixa e lêno seu computador, celular ou Ipad. Não precisa ter kindle para ler, embora muita gente pense que sim, o que tem se mostrado um desafio. A parte deliciosa é saber que, uma vez iniciada a leitura em tela digital, muita gente querida, adoradora de papel, reconhece que a leitura em tela também tem sua vez, charme e voz.



Encontros de neve e sol é a saga de uma mulher-coragem. Em busca do amor, da felicidade e do esquecimento de amarguras vividas, a personagem deste romance embarca numa aventura em um país desconhecido e muito diferente do seu, no clima, na língua, nos costumes.

Quais os seus principais objetivos como escritora?

Ilana Eleá - Escrever transforma trechos da pele e da vida em versos e cenas para perto, muito perto, das palavras e cenários de sentimentos. Espero continuar nesse transe de borboleta até os dedos cansarem as avenidas da morte, aquelas que chegam sem parágrafo ou ponto-final.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Ilana Eleá. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Ilana Eleá - Sintam-se à vontade para visitar meu canal no YouTube. Ali, vocês podem ouvir trechos de “Encontros de Neve e Sol”, conhecer meu videopoemas e ouvir poemas nórdicos traduzidos para o português. O espaço é pequeno, uma floresta miúda e aconchegante. Na páginawww.ilanaelea.online tem mais café, troncos longos de árvore, uma cesta de piquenique e conversa, como olho no olho. Leiam também outras autoras mulheres, também as vivas; leiam autoras estreantes, procurem saber sobre o Mulherio das Letras no Brasil e mundo afora. Até logo! E se lerem “Encontros de Neve e Sol”, espero que a gente consiga conversar mais sobre os textos e nervos, suas interpretações. A primeira pessoa a me escrever vai ganhar um e-book de presente! Um beijo!

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

UM TRAUMA LEVOU LAMPIÃO AO COMETIMENTO DE CRIMES BÁRBAROS...


Por Verluce Ferraz

Um substituto falso na memória do cangaceiro Lampião sempre foi largamente difundido entre os pesquisadores do Cangaço como se fosse a maior verdade: a justificativa dada por Virgolino Ferreira da Silva que afirmava haver entrado para o cangaço para vingar a morte de seus genitores. Entretanto, a importância principal da afirmativa não poderia ser aceita sem antes passar pelo crivo e embasamento das ciências, como de fato foi feito, mas sem qualquer resposta convincente, do Instituto Nina Rodrigues, em Salvador, Bahia, quando feitos estudos nos crânios dos cangaceiros. É que, a época, acreditava-se que o tamanho, o formato, o peso de um crânio pudessem ser elementos de indícios que levariam uma pessoa ao mundo do crime. 


Os crimes sempre foram alvo de diversas pesquisas, desde Platão, Aristóteles, Montesquieu, Russeau, chegando à Escola Italiana, dos cientistas e médicos Lombroso, Ferri, Garófalo, etc. cada um apresentando sua teoria. Nessa época ainda não se estudavam o caráter subjetivo como fez Jean Martin de Charcot, professor de Sigmund Freud. Esse último desenvolveu o método arqueológico para estudar as mentes humanas que resultou na Teoria de Complexo de Édipo, consagrando-o como Pai da Psicanálise. E é com base nesse método que fui procurar as origens dos cometimentos de tantos crimes em Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Freud considerou de grande importância verificar os conteúdos da mente de uma pessoa como declarou Signorelli, que falou das lembranças substitutivas (relatado na obra de Freud).


Virgulino Ferreira da Silva nasceu na casa de sua avó materna e foi criado pela mesma. Jacosa Vieira do Nascimento, uma parteira. Imaginemos o trauma que Virgulino não sofreu presenciado os momentos em que sua avó/mãe era convocada a fazer partos? A magnífica tarefa de receber no mundo uma criança pode não ter sido interpretada dessa forma. Um belo trabalho o de sua avó, mas uma tarefa árdua e muitas vezes deprimente; por que não era raro uma mulher, ao parir, sofrer um ataque de eclampsia chegando à morte. Entre gemidos, sangue e uma criança chorando. Outras vezes, as superstições e crendices não eram incomuns. 


Se precedesse a um parto um cantar de coruja rasga-mortalha, normalmente haveria um enterro. Muitas mães saiam dentro de redes para serem sepultadas. Crianças abortadas e enterradas no quintal. Cheiro de sangue e peças de roupas queimadas, quando uma criança, ao nascer, não resistiam aos traumas de um parto difícil e eram acometidas de ataques epilépticos. Não haviam os barbitúricos e as penicilinas eram raras. E aquela que era o seu ’porto seguro’, a sua avó/mãe Jacosa lá estava envolvida com tudo isso saindo, muitas vezes, de um quarto, sem cama e sem portas, com as mãos cheias de sangue e uma expressão de dor.


Ponho agora tudo isso para relacionar os mistérios da mente de Virgulino Ferreira da Silva; com a certeza que vem daí o horror vivido pela criança para o transformar em criminoso e cangaceiro. O matar sangrando,o uso de rezas sob as vestes, o manter-se afastado das mulheres com a justificativa que elas traziam azar, o associar do choro das crianças ao berrar dos cabritos, o gosto pelos perfumes para libertar-se da lembranças olfativas do sangue de uma parturiente; Virgulino absorveu na infância muita coisa que não conseguia resolver sozinho e isso lhe causou sérios traumas. Mesmo quando não presenciava um momento de um parto, por que não é necessário assistir presencialmente; mas havia a percepção e interpretação de tudo pela criança. Assim, ao tornar-se adulto, vai ocorrer o seu distanciamento das mulheres e a indecisão: ser mulher não é bom e traz azar - a minha mãe/avó é mulher... Também qui não posso deixar de colocar aqui que a figura feminina lhe traziam recordações ruins, de dor e morte. 

Momentos de angústia deve ter passado o menino Virgulino, sem saber discernir entre um trabalho de trazer à luz uma vida; noutros sair um enterro de uma pessoa cara...

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