Por Susi Ribeiro
Boa Noite, amigo José Mendes
Pereira de Mossoró, como lhe prometi, vou lhe escrever aos poucos, minhas lembranças de Zé
Sereno e principalmente de Sila com quem realmente convivi.
Quando eu e meus pais chegamos à casa de Zé Sereno e Sila, em 1978, eles moravam em uma bela casinha branca, com
um lindo jardim na frente, muito bem cuidado. Era o Bairro do Butantã/Vila
Gomes em São Paulo! Um pedacinho do nordeste!
Sila e Zé Sereno - O site não diz quem é o indivíduo da esquerda. https://br.pinterest.com/pin/483925922452333652/?lp=true
Havia uma pequena escada que
levava à porta principal, tocamos a campainha e fomos recebidos por um senhor
de meia idade, cabelos grisalhos, quase brancos, nos olhou fixamente e depois
para mim e sorriu... é você a menina que gosta do Cangaço?
Abri o portãozinho eu mesma e
subi as escadas antes que meus pais e abracei o velhinho, sem saber que um dia
aquele seria meu sogro! Zé Sereno!
Rimos todos, Sila veio apressada
da cozinha onde estava preparando um lanche, sentamos na sala e passamos a
tarde mais feliz que grandes amigos podem passar!
Seu Zé Sereno me mostrava fotos de
quando estava no cangaço, havia também uma "fita" e um gravador que
hoje nem me recordo mais como se chama com seu depoimento para uma reportagem
sobre o Massacre de Angico!
Ouvia atenta, era emocionante a
forma, o tom de voz com a qual aquele senhorzinho falava na fita, lágrimas
escorreram de meus olhos, Sila também se emocionou, abracei muito os dois!
Seu Zé Sereno foi pegar seu chapéu,
contava a história e o significado místico das estrelas e enfeites e das
orações dobradas, que eram guardadas no mesmo, dos patuás, enfim, uma mistura
do catolicismo predominante no Cangaço com crenças regionais!
Peguei o chapéu e o segurei por
longo tempo..., tentava imaginar as lutas daquele povo sofrido!
Rimos, ele o colocou em minha
cabeça... caiu... rsrsrs era enorme pra mim!
Seu Zé Sereno havia retornado do
hospital há pouco tempo, sua saúde não estava muito boa, mas sua memória era
como a de um menino!
Gostava de cozinhar!
Principalmente suas especiarias nordestinas, carnes, e sozinho!!!
Não queria ajuda, quando ia para
cozinha ninguém podia meter a colher!
Susi Ribeiro e seu pai coronel do exército Conrado Lima
Tenho lembranças dele, que guardo
no coração, comigo, sempre sorriu, gostava muito de crianças e se apegou muito a mim e eu a ele!
Pena que o conheci tão pouco, era
humilde com todos, trabalhador, honesto..., ao contar suas histórias, muitas
vezes o vi chorar, sim, ele chorava! não sei se de emoção, mas tinha a grande
coragem de chorar!
Após seu falecimento, meu esposo
Wilson me contou que com os repórteres ele agia diferente! Não chorava e procurava ser
discreto!
Havia mesmo se apegado a mim e a meus pais, conversou muito com meu pai, ficaram amigos!
Susi Ribeiro e Wilson seu esposo filho dos cangaceiros Sila e Zé Sereno
Meu querido sogro José Ribeiro
Filho! Tenho orgulho de carregar o Ribeiro em meu nome, pois vem do pai de
Wilson, o Grande Cangaceiro, Chefe de Sub-Grupo de Lampião Zé Sereno! Uma figura paterna que ficou
gravada em minha mente!
Obrigada Seu Zé Sereno! Descanse na Paz
que tanto merece, ao lado de sua Querida Mãezinha Nossa Senhora Aparecida e
Nosso Senhor Jesus Cristo!
Susi Ribeiro Campos - nora de Sila
e Zé Sereno
Este material a mim foi gentilmente enviado por Susi Ribeiro Campos nora dos cangaceiros Sila e Zé Sereno.
http://bogdomendesemendes.blogspot.com
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