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quinta-feira, 17 de abril de 2014

TEMPO NUBLADO, OLHAR MOLHADO

Por Rangel Alves da Costa*

A chuva não é tão presente aqui como em outros lugares. O que para muita gente é um transtorno, algo que acontece para prejudicar, chega como verdadeira benção e contentamento para o povo de minha aldeia.

Minha aldeia é linda, é cheia de exuberância e graciosidade, porém é seca, esturricada, calorenta e angustiante. O povo daqui é feliz, mas seria muito mais se tivesse ao menos um pouquinho das chuvas que caem com tanta abundância em outros lugares.

Seria mais justo que fosse assim. Noutros lugares menos enxurradas e destruições, menos deslizamentos e inundações, e aqui uma natureza mais verdejante, mais água nas fontes e muito mais prazer em viver.

E também porque o povo da minha aldeia reverencia cada pingo de chuva com verdadeiro endeusamento. Cada gota que cai é sentida no olhar, na pele ou no vivenciar como um evento de especial significação. Não seria errado dizer que a chuva tem o dom de aflorar os sentimentos mais profundos.

Talvez seja por isso que o povo de minha aldeia seja conhecido como um povo poeta. Mas de uma poesia que vais sendo escrita muito lentamente, num verso em cada estação, numa rima aqui outra acolá e muitas vezes passando anos e anos sem uma métrica de sentimento sequer.

Como filho de minha aldeia eu não poderia ser de outra forma, ter um sentimento diferente daquilo que está enraizado na minha linhagem, no meu povo. Também sou poeta da chuva, canto o pingo d’água, versejo em cada gota que cai. Contudo, nasci ainda mais afetado sentimentalmente.

Se o meu povo espera chover para a inspiração, já sou tomado de entusiasmo sentimental assim que o tempo começa a nublar. Muitas vezes, basta que seja entardecer e o tempo tristonho traga na brisa um cheiro molhado e eu já começo a versejar dentro de mim.


Quem dera fosse construído somente assim e no peito ficasse guardado até tomar uma forma escrita; quem dera que a inspiração surgida não tivesse também o dom de ir além do apenas sentir; quem dera que o tempo apenas nublado não fizesse logo chover no olhar.

E quem dera muito mais, quem dera. Quisera apenas olhar o templo nublado e não me tomar de saudades, recordações, lembranças de outras estações que se foram sem lavar a minha alma, sem intimamente respingar as boas esperanças; quisera ter mais que uma expectativa de chuva e sim uma trovoada que desse para escrever um longo e lindo poema sobre a terra fecunda sem a semente espalhada.

Se o povo de minha aldeia soubesse que sou diferente, que possuo uma relação muito maior com o tempo nublado, com os pingos de chuva que estão sempre diante do meu olhar e com toda a pluviosidade da vida, certamente diria que o sonhador foi além da inspiração para viver dentro de si a ilusão da poesia.

Mas não sabem por que sou assim, e é bem melhor que assim seja. Ninguém consegue mirar esse sol que se alastra feito mil vulcões sem sonhar com o pingo d’água que cairá. E porque enfrento o sol de olho aberto e avisto a vida além da linha do horizonte, sei muito bem o significado de cada entardecer e de cada momento nublado que surge.

Mas quando os pingos caem em abundância, logo se tornam suficientes para que o povo de minha aldeia perca aquele encantamento de antes, com a expectativa das chuvas. No primeiro pingo a poesia, o verso alentoso, mas depois o acostumar tedioso e numa normalidade mais tediosa ainda. E vejo tudo diferente, e por isso mesmo sempre ajo diferente.

Acostumei trazer a nuvem no olhar e ser poeta, e sofrer e chorar, e sentir o prazer e a dor, todas as vezes que não sinta motivos para ser diferente. Todas as tardes, levando sempre minha nuvem, sem precisar olhar o horizonte para saber se outras escurecidas estão de chegada, sigo a vereda adiante de minha aldeia e vou em direção à montanha. E ali me faço presença tão verdadeira que sempre retorno encharcado.

Enquanto o povo de minha aldeia continua olhando para o alto e esperando a chuva, chego completamente banhado. E se quisessem saber o motivo diria apenas que guardo e levo comigo uma nuvem chamada sentimento. E um sentimento tão verdadeiro que até a tristeza é passo para o meu autoconhecimento.

Poeta e cronista
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Primeiros contatos de Maria Bonita com Lampião


Em 17 de Outubro de 1930, Lampião invade a cidade de Simão Dias, no Estado de Sergipe. Invadiu casas, saqueou o comércio local e humilhou alguns moradores, levando a morte a esposa do latifundiário Martinho Ferreira Matos, que estava de resguardo quando foi violentada pelo próprio.

Em Dezembro de 1930, Lampião conhece Maria Bonita, casada com o sapateiro Zé de Neném. Sabedora da fama que o bandido já ganhara, ela findou  apaixonando-se pelo cangaceiro, e posteriormente resolveu abandonar o marido, e com o facínora foi para a caatinga. Maria Bonita  foi a primeira mulher a participar do cangaço.

Em 24 de Maio de 1931, combate em Tanque do Touro entre o bando de Lampião e o tenente Arsênio. Nesse combate, a cangaceira Dadá, esposa de Corisco tem um filho que nasce em pleno tiroteio. A criança, de nome Josafá morre dois meses depois.

Em 28 de Julho de 1931, o governo da Bahia contrata a Força de Nazaré, comandada pelo tenente Manoel de Souza Neto, para combater Lampião naquele Estado. Faziam parte daquela força o sargento Davi Jurubeba, Euclides Flor, Manoel Flor, João Gomes de Lira, Pedro Gomes de Lira, Herculano Nogueira, João Cavalcanti, Vicente Grande, Henrique Gregório e Antônio Capistrano, tudo gente do povoado.

Em 6 de Setembro de 1931, combate na fazenda Aroeiras, em Glória, no Estado da Bahia, entre Lampião e a força volante do tenente Manoel Neto com 15 soldados. Neste combate acontece episódio épico em um riacho onde Manoel Neto e o famoso cangaceiro Corisco ficam frente a frente, tendo o cangaceiro fugido em disparada. Não houve baixas nesse combate.


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Cordéis de Humor !!! Por:Klévisson Viana


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Em 1928 e 1929, Lampião continua mostrando aos seus perseguidores que continua vivo


Em 27 de Março de 1928, Lampião vai até a fazenda Batoque, em Jati - no Estado do Ceará do coiteiro Antônio da Piçarra. A Força de Nazaré entra no Estado cearense. O cangaceiro Sabino Gomes conversava ao pé de uma fogueira quando é atingido na boca por Hercílio Nogueira, dos nazarenos. Lampião bate em retirada sendo perseguindo pela polícia. Duas semanas depois, não aguentando ver tanto sofrimento com o ferimento de Sabino, o cangaceiro Mergulhão a pedido mata Sabino com um tiro de misericórdia.

Em 21 de Agosto de 1928, Lampião atravessa de canoa o Rio São Francisco, entrando no Estado da Bahia, com os cangaceiros Luiz Pedro, Ezequiel Ferreira, Moreno, Virgínio Moderno e Mergulhão.

Em 26 de Agosto de 1928, Lampião entra na cidade de Bonfim, no Estado da Bahia. Houve pequeno combate com a força do tenente Manoel Neto.

Em 1° de Março de 1929, Lampião entra pacificamente na cidade de Carira - SE.

Em 25 de Novembro de 1929, Lampião entra em Nossa Senhora das Dores - no Estado de Sergipe. De lá, vai de carro até a cidade de Capela, também no Estado de Sergipe. Lá visita o comércio local, assiste um filme no cinema, e recolhe dinheiro com os comerciantes locais.

Em 16 de Dezembro de 1929, Lampião entra na cidade de Pombal, no Estado da Bahia.

Em 22 de Dezembro de 1929, Lampião entra em Queimadas - BA. Lá ele assaltou a casa de João Lantyer de Araújo Cajahyba, e cortou os fios do telégrafo, e sequestrou os telegrafistas Joaquim Cavalcante e Manoel Evangelista, que receberam o resgate de 500 mil réis. Depois foi até a cadeia e prendeu o sargento Evaristo Costa e outros 7 soldados. Foi almoçar e depois voltou para a cadeia e soltou todos os presos. Mandou os todos os 7 soldados ajoelharem e matou um por um. Pela noite, saqueou o comércio onde conseguiu 20 contos de réis. Foi ao cinema da cidade e depois mandou fazer um baile.

Em 23 de Dezembro de 1929, Lampião invade a cidade de Quijingue, no Estado da Bahia. Lá, ele fez um baile e deu dinheiro para o povo.


Em 25 de Dezembro de 1929, Lampião ataca a cidade de Mirandela, também no Estado da Bahia. A força policial comandada pelo Francisco Guedes de Assis, repele o ataque travando pequeno combate, onde são mortos os civis Manoel Amaral e Jeremias Dantas, e mais um soldado. Nesse combate é ferido o cangaceiro Luiz Pedro. Lampião então entra na cidade e saqueia o comércio local.


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