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sábado, 25 de maio de 2019

SERMÃO DO SERTÃO

*Rangel Alves da Costa

Não, não é o Sermão da Montanha das páginas bíblicas nem o grito sagrado do evangelho pela voz Senhor. Não é a voz do alto ecoando sobre o mundo nem a palavra da sabedoria ensinando a lição da vida e do viver. É apenas o Sermão do Homem da Terra, o Sermão da Boa-Aventurança Matuta, o Sermão do Sertão.
Uma voz ecoada em meio às catingueiras e carrascais, em cima da pedra grande, na beirada do riacho seco ou do tanque já barrenta pela falta d’água. Uma voz surgida na estrada de chão, na vereda, na malhada da casa empobrecida, perante as porteiras e os currais. Uma voz que ecoa o próprio povo sertanejo.
Bem-aventurados os pobres sertanejos, porque deles é esse sertão injustiçado, mas glorificado pelo Senhor. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados, terão chuva em abundância, colheita com toda fartura, comida sobre a mesa e alegria no coração.
Bem-aventurados os mansos, os pacientes, os que não se desesperam diante do sofrimento, porque herdarão a terra, e uma terra molhada, com grão semeado e a força de cada um para remover a terra até dela sair o broto, o fruto e o significado da vida do sertão e do sertanejo.
Bem-aventurados os que têm fome e sede não só de Justiça, mas também de clemência das autoridades, do olhar piedoso dos governantes, de compreensão de quem desconhece essa vida e de quem vê tudo isso e se faz de fingido. Porque precisamos também ser fartos dessas coisas que o mundo pode oferecer.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão a Misericórdia, pois mesmo na terra seca semeamos a bondade, no chão ressecado da lagoa semeamos a esperança, no irmão desconhecido semeamos a amizade, e nos nosso corpo enfraquecido semeamos a prece e a oração, com a certeza de que Deus não nos faltará.

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a face e Deus, e assim é o coração sertanejo, na sua vida para o trabalho, na sua lide sem mágoa, na sua vontade de sempre doar, ajudar o irmão. E se não faz aquilo que não pode é porque também está semeando para um dia fazer muito mais.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. E é por isso que o manto da paz se estende sertão adentro, lavando com as águas do tempo o sangue inocente que escorre e fazendo desse sal da vida um chamando para que vivamos em paz e comunhão.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição dos poderosos, das autoridades, dos governantes, daqueles que deveriam ser a mão estendida e se comportam como algozes, pois o pequeno Davi matuto derruba com o sopro da força divina todo aquele que nos olha com o olhar de Golias.
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e mentirem, dizendo todo mal contra vós por causa do Senhor. Não, não nos farão trocar nossa fé pelas promessas mundanas nem nosso Deus por ídolos sem altares, pois em cada barraco de taipa há uma imensa igreja e dentro dela um céu também de barro e com anjos nus, e ainda assim sorridentes e felizes.
Então exultai e alegrai-vos irmãos sertanejos, porque é grande a glória que descerá dos céus, porque de sede e de fome também sofreram os profetas que vieram antes de nós.
E sobre a terra sertaneja ecoará para o todo o sempre. Amém!

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

ACADEMIA DOS ESCRITORES MOSSOROENSES-ASCRIM ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES MOSSOROENSES-ASCRIM

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RESOLUÇÃO ASCRIM Nº 006/2019
D E T E R M I N O
1.1. PRORROGAR, EM CARÁTER EXCEPCIONALÍSSIMO, O PRAZO DE CONFIRMAÇÃO PARA OS CONVIDADOS E PÚBLICO, INTERESSADOS EM PARTICIPAR DOS ATOS SOLENES DA ASCRIM, RESPEITADAS AS JUSTIFICATIVAS EXTEMPORÂNEAS, ATÉ O DIA 27.05.2019, TENDO EM VISTA ATENDER OS PROCEDIMENTOS OFICIAIS DE ORGANIZAÇÃO E CONTROLE DO CERIMONIAL DO EVENTO, QUE ACONTECERÁ às 17:hs, NO DIA 30.05.2019/QUINTA-FEIRA(DATA DO EVENTO).
1.2. PERMANECEM INALTERADOS OS DEMAIS ITENS DO EDITAL ASCRIM AGE-013/2019.
TERMOS EM QUE SE EXPEDE E CUMPRA-SE, REVOGANDO-SE AS DISPOSIÇÕES EM CONTRÁRIO.

MOSSORÓ(RN), 24 DE MAIO DE 2019,

FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO
-PRESIDENTE EXECUTIVO DA ASCRIM-

Enviado pela ASCRIM

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OS CANGACEIROS FORAM DIFERENTES DOS BANDIDOS COMUNS?


Por José João Souza

Lampião foi extremamente cruel e violento, no entanto, tratava as volantes com o mesmo rigor que a polícia tratava os cangaceiros. É importante lembrar que, de certo modo, o cangaço ajudou a dar visibilidade ao sertão na medida em que atraiu os olhos de autoridades, jornalistas e intelectuais, envolvidos em um debate sobre o sertão nordestino. 

Faça seu comentário, em sua opinião os cangaceiros foram diferentes dos bandidos comuns?


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GUERRA NO SERTÃO


Por José João Sousa

Na época do Brasil colônia a defesa da lei e da ordem estavam entregues as famílias proprietárias de terra, que agiam fazendo uso da violência com o objetivo de garantir a defesa de seus interesses e a preservação de seu status. A valentia e a violência formaram os costumes e as tradições que deram embasamento moral a um hábito da população sertaneja, chamado de “código de honra” do “cabra-macho”.

As leis e tradições normativas herdadas dos portugueses vigorou no Brasil através do Código Filipino, desde a instalação da colônia até o início da década de 1830, quando foi substituído pelo novo Código de Processo Criminal do Império.


Segue abaixo, algumas Leis elementares do Código Filipino:

Toda pessoa, de qualquer estado ou condição que seja, que ferir outra em rixa em nossa presença, ou na casa em que Nós (representantes do rei) estivermos, morra morte natural e perca sua fazenda para a Coroa do Reino. [...].

E os que tiverem armas na Cidade, Vila, ou lugar em que Nós estivermos, ou na Casa de Suplicação sem Nós, ou em seus arrabaldes para ferir, ou ofender outrem [...] se for peão, e com ela não ferir, seja [ele] açoitado publicamente com baraço e pregão.

Achando o homem casado sua mulher em adultério, licitamente poderá matar a ela, como o adúltero, salvo se o marido for peão, e o adúltero Fidalgo [...] ou pessoa de maior qualidade [...].

Todo aquele que, por qualquer maneira disser que arrenega, ou [...] descrê de Nosso Senhor, ou de Nossa Senhora, [...] se for peão, [ou] filho de peão, levem-no ao pelourinho, e metam-lhe uma agulha [...] pela língua e dêem-lhe vinte açoites com baraço e pregão.

Como podemos ver, as leis portuguesas arbitravam um imenso poder repressivo as autoridades municipais, ou seja, as famílias tradicionais do sertão. A honra invicta, a macheza indômita, a valentia insubmissa e o mando familiar tradicional, formavam um patrimônio simbólico, que se revestia em poder político, econômico, moral e social.

As famílias dominantes lutavam pelo preenchimento dos postos da máquina pública, visando obter poder e prestígio e desta forma eram arrastadas ao conflitos de interesses, pois não havia vaga para todos. Como diz o poeta Ivanildo Vila Nova:

Não podia existir paz
No país dos cangaceiros
Omena contra Calheiros
Os Ferraz contra os Novaes
Os Cabral contra os Moraes
Morte, vingança e questão
Montes, Feitosa e Mourão,
De todos herdou o traço
Lampião, rei do cangaço
Foi assombro do sertão.

Dessa forma, o sertão se tornou um terreno fértil para o florescimento do cangaceirismo.


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RUY MAURITY


Ruy Maurity nasceu no dia 12 de dezembro de 1949, em Paraíba do Sul (RJ). Sua mãe foi a primeira violinista a integrar a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, e seu irmão é o pianista Antonio Adolfo. Aprendeu sozinho a tocar violão. 

Em 1970 venceu o Festival Universitário do Rio de Janeiro com a música "Dia cinco", que compôs junto com Zé Jorge. No mesmo ano, gravou seu primeiro LP, "Este é Rui Maurity". 

 Serafim e seus filhos - Composição Ruy Maurity - https://www.youtube.com/watch?v=1w3hryKmqp8 

Foi em 1971 que gravou o seu maior sucesso, “Serafim e seus Filhos”, lançado no LP "Em busca do ouro”. 

Três anos depois lançou o disco “Safra 74", que teve algumas de suas músicas incluídas nas trilhas sonoras das novelas "Escalada" e "Fogo sobre terra", da TV Globo. 

Em 76 e 77 lançou, respectivamente, os LPs "Nem ouro nem prata" e "Ganga Brasil", que inclui a gravação do tema principal da novela "Dona Xepa", da TV Globo. 

Serafim e seus filhos -  Composição Ruy Mauirity  -  Intérprete Zé Di Camargo e Luciano - https://www.youtube.com/watch?v=X-9E6UnB15A

Em 1978 gravou o disco "Bananeira mangará”. Com o tempo foi caracterizando cada vez mais a sua carreira com os temas e músicas regionais. Na década de 80 gravou os discos "Natureza" e “Aviola no Peito”. 

Tem uma de suas músicas lembrada todo ano no réveillon “Marcas do que de foi”. Realizou ainda inúmeros shows em diversas cidades brasileiras. No ano de 98 lançou o CD De coração, distribuído atualmente pela Kuarup, no qual interpreta diversas parcerias com José Jorge.


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DONA EXPEDITA FERREIRA DA SILVA FILHA DE LAMPIÃO


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ROBERTO LEAL


Roberto Leal, nome artístico de António Joaquim Fernandes,[1] (Vale da PorcaMacedo de Cavaleiros27 de novembro de 1951) é um cantorcompositor e ator português radicado no Brasil.

Devido a seu sucesso alcançado na década de 1970, apresenta-se como um embaixador da cultura portuguesa no Brasil.[2].

Roberto Leal já vendeu mais de 17 milhões de discos,[3] e ganhou cerca de 30 discos de ouro e 5 de platina.[4].

Biografia[editar | editar código-fonte].

Emigrou para o Brasil aos onze anos de idade em 1962[5] juntamente com os pais e nove irmãos[6] em cinco viagens.[7][8] Na cidade de São Paulo, após trabalhar como sapateiro e vendedor de doces,[9] iniciou a carreira de cantor de fados e músicas românticas.[8].


Em 1971, obtém o seu primeiro grande sucesso com "Arrebita", conhecida pelo seu refrão "Ai cachopa, se tu queres ser bonita, arrebita, arrebita, arrebita", após aparição no programa Discoteca do Chacrinha.[10] Logo após, começou a ganhar grande popularidade se apresentando em diversos programas de auditório no Brasil.[11].


Em 1978, participou do filme Milagre - O Poder da Fé,[12] que contou com participação especial de alguns nomes importantes como o apresentador ChacrinhaElke Maravilha e a atriz Lolita Rodrigues.[13] Lançado em 1979, o filme aborda a história de sua vida.[14]Dirigido por Hércules Breseghelo, teve partes filmadas na cidade natal do cantor.[13].

Além do repertório romântico-popular, em seus discos costuma trabalhar a mistura de ritmos lusitanos aos brasileiros, além de gravar em estilos tipicamente brasileiros como o forró. Quase todo seu repertório é composto de faixas de sua autoria e em parceria com a esposa Márcia Lúcia, com quem é casado e tem três filhos brasileiros, dentre eles o produtor musical Rodrigo Leal.[10] A canção "A Festa Ainda Pode Ser Bonita" serviu de inspiração para a música Vira-Vira, sucesso da banda Mamonas Assassinas na década de 1990.

Consta em seu curriculum atividades de apresentador de rádio (Rádio Capital, na década de 1980, apresentador no canal português TVI e no Brasil, chegou a apresentar programas na TV Gazeta e Rede Vida.

Atualmente[editar | editar código-fonte].

Lançou no ano de 2007, o CD Canto da Terra e Raiç/Raízes em 2009. Nesses discos gravou músicas em mirandês, para divulgar a segunda língua oficial de Portugal, o mirandês.[15] Estes discos lhe conferiram prêmios e condecorações da crítica de música portuguesa pelo estudo aprofundado de instrumentos musicais muito usados na música mirandesa, como as gaitas de fole.[16].


Em sua carreira vendeu cerca de dezessete milhões de discos[8] e tem mais de trezentas canções gravadas. É um dos compositores do atual hino da Portuguesa de Desportos, de São Paulo. Ele é também sócio do restaurante de comida portuguesa Marquês de Marialva, em São Paulo, localizado na região de Barueri.

Em 2011, entrou como ator no sitcom Último a Sair, um falso reality show da autoria de Bruno Nogueira, João Quadros e Frederico Pombares, exibido pelo canal português RTP1, programa do qual saiu vencedor.[17].

Em 2014, fez uma participação em Chiquititas, atuando como ele mesmo, Roberto Leal, o músico que processa Tobias por usar sua música. Nesse mesmo ano, lançou o CD Obrigado Brasil! onde gravou sambas de Jorge Aragão e Arlindo Cruz e duetos com Jair RodriguesAlcioneJairzinho e Luciana Mello.[18].

Também em 2011, publicou sua autobiografia em um livro intitulado Minhas Montanhas,[19] sendo lançado tanto no Brasil quanto em Portugal.[20][21].

Roberto Leal vive entre o Brasil e Portugal, além de se apresentar em países da América do SulAmérica Central e Europa divulgando a cultura portuguesa. Até hoje são lançadas coletâneas de seus principais sucessos, além dos novos trabalhos que além do Brasil também são vendidos em Portugal.

Em 2018, candidatou-se a deputado estadual em São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), obteve 8.273 votos (0,04% dos votos válidos) mas não foi eleito.[22].

Em janeiro de 2019, revelou lutar há dois contra um cancro e que perdeu parte da visão devido a duas cataratas.[23].


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DONA MOCINHA IRMÃ DE LAMPIÃO

Assista a um vídeo de dona Mocinha, para o programa 'Arquivo N' da Globo News

Ela vivia em um apartamento com os filhos Expedito e Valdeci, em Santana, na Zona Norte de São Paulo. Os parentes mais próximos que também moram em São Paulo, além dos dois filhos, costumavam visitá-la, principalmente na data de aniversário dela.

Por Glauco Araújo Do G1, em São Paulo

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ECOS DE CANUDOS NO CANGAÇO... DEPOIMENTO DE EDMAR ROCHA TORRES

Por Rubens Antonio
Edmar Rocha Torres

Depoimento de Edmar Rocha Torres:

“O meu pai, Emar do Prado Torres foi o engenheiro civil responsável pela abertura de estrada na região de Canudos, entre 1930 e 1932. Como a região estava infestada por cangaceiros, e era muito perigoso o trabalho, meu pai precisou prevenir-se... Dos cento e vinte trabalhadores contratados, vinte eram para proteção... Eram jagunços, que se revesavam em dois turnos, dia e noite, dez a dez... Às vezes com alguns a mais...

Acima, o chefe da obra, engenheiro Emar do Prado Torres, então com cerca de 25 anos de idade, aparatado para eventual defesa da obra.

E some a isto, na verdade, que todos os trabalhadores estavam armados com seus fusis... Isto é... Eram, na verdade, mosquetões... Acontece que, considerando a insegurança da área, o interventor, que havia adquirido os mosquetões apreendidos quando da revolta de São Paulo, da década de 1920, mandou distribuir entre os trabalhadores... Estavam, assim, todos armados... E o chefe deles era Pedrão, que tinha lutado em Canudos, e aparece, inclusive citado por Euclydes da Cunha...


Outro que lutou em Canudos, como líder, mas não apareceu nos relatos, foi Canário... Este também, com Pedrão, coordenava os jagunços.

O exército mandou uns oficiais especialistas em tiro para dar treino aos matutos... mas, quando chegaram lá, viram que os matutos eram, na verdade, jagunços formados e que entendiam de armas até muito mais que eles... E eram muito bons mesmo de pontaria e manejo... Aí, pros... oficiais bons de tiro... acabou virando um passeio e até mesmo aprendizado para eles próprios...

O Pedrão usava dois punhais... Um era aquele grande, atravessado na cinta... Outro era o pequeno, muito afiado também, que ele mantinha preso aqui, na coluna, abaixo do pescoço, nas costas, porque dificilmente alguém revistaria ali... Ele prendia com uma espécie de emplastro... É este punhal aqui...

Se mandassem levantar as maos, ele, com as mãos na nuca, estava com elas pertinho da arma...

Quando as obras estavam para acabar, o Pedrão o deu ao meu pai...

Punhal de Pedrão - atualmente no acervo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, doado por Edmar Rocha Torres.

Ele tinha um auxiliar terrível, famoso entre os outros jagunços... Era o “Gato”... Ele chegou até o meu pai indicado por Manoel Novaes. Tina um cabelo alourado longo, olhos muito azuis.
Ele disse:

- O seu Manoel Novaes pediu para eu proteger o senhor. 

Ele tinha ido para lá também porque onde ele estava antes fora jurado de morte.

Era muito brabo... Ele sabia das coisas... porque também era de Serra Talhada, em Pernambuco... E todo mundo sabia dele e se pelava de medo e respeito... E ele era mesmo terrível... Só colocavam ele para missões de muita violência... Isto a tal ponto que ele não confiava em ninguém... Tanto fazia que sabia que estava marcado para morrer... Então, quando dava a janta, ele mesmo preparava as coisas dele, com todo cuidado, e comia... Pegava uma rede e sumia... Somente aparecia na manhã...

Na escuridão, caminhava, conforme ele disse depois ao meu pai, por cerca de dois quilômetros, em uma direção qualquer, escolhida para aquela noite... e que jamais repetia no todo... Então, por uns quinhentos metros, procurava uma situação em que ele pudesse pendurar a rede e ficar o mais escondido possível...

Acima, grupo de jagunços de um turno de defesa em construção de estrada, próximo a Canudos, em 1931. O segundo de pé, da esquerda para a direita é o chefe do grupo, o jagunço Pedrão, um dos líderes da Guarda Católica da rebelião de Antonio Conselheiro. Tendo sobrevivido ao drama de Canudos, emprestou sua experiência na liderança de jagunços contra os cangaceiros.

De pé, na frente, o jagunço apelidado Gato, tido como dos mais sagazes e violentos do grupo. Na mesma foto, à direita, um oficial do exército, enviado para dar instrução de uso das armas, mas que percebeu ser tal completamente desnecessária, em função do conhecimento dos jagunços.

Era ele o responsável pela segurança do meu pai, quando ele ia buscar o dinheiro para pagar as despesas da empresa, os funcionários e os jagunços...

Quando a obra acabou, meu pai pediu ao oficial responsável que as armas ficassem com os sertanejos. Colocou que eles poderiam ser alvo de vingança, por suas participações naquela defesa da estrada. Como não eram fuzis tombados, mas os tomados de São Paulo, o militar concordou, pegou os recibos de empréstimo e rasgou na frente do meu pai.

Quando tudo acabou, o Gato sabia que estava marcado e que se ficasse ali morreria... Aí, o meu pai trouxe o Gato para Salvador, e deu ele começou a trabalhar como um pacato jardineiro na casa da minha tia... Quem visse nem acreditaria quem ele era e do que era capaz...

Finalmente... um irmão dele que trabalhava em Santos, com um negócio daqueles transportes antigos... lotação... para empresas... chamou Gato e ele foi... Nunca mais se soube dele...

Nem mesmo o nome real do Gato eu sei... O mais terrível dos jagunços na imposição do regime de defesa contra os cangaceiros na empresa, sob a liderança do Pedrão...

Deste jeito... que bando de cangaceiros atacaria, ali, e quando? Nunca...
O meu pai, deitado na rede, aproveitando a presença desse cabra de Conselheiro, ia lendo a história do livro “Os sertões”, e ele, o Pedrão, sentado no chão, perto, ia dizendo se estava certo ou errado... Meu pai achou que ele era fidedigno, pois teve ocasiões que Euclydes creditou vitória aos jagunços e ele desmentia dizendo que tinham perdido tal e tal confronto... Ninguém mente contra si mesmo...

Pedrão, já idoso, com Manuel Ciríaco, dois guerrilheiros em Canudos.

Finalmente, o Pedrão foi esmirrando... Veio a Salvador tratar de um câncer na faringe... e o meu pai que o apresentou aos médicos que poderiam ajudá-lo... Finalmente, voltou para morrer na terra dele... Acabou tão mal... Carregado numa gamela...


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10 E 27 DE JANEIRO DE 1930, NO “A TARDE” - A QUEDA DO GAVIÃO

Por Rubens Antonio
O vaqueiro Domingos Ernesto da Vosta - Ao lado o vaqueiro Domingos, do arraial de Triunfo, atual Quijingue.

10 de janeiro de 1930, no “A Tarde”:

A FERA CAIU NO MATTO

Vae ser exhumado o corpo do bandido morto pelo vaqueiro.

Não ha noticias positivas sobre o destino do bando sinistro de Virgolino Ferreira ou “Lampeão”.

Repellido em Mirandella pelo destacamento local, os “caibras” internaram-se nas caatingas, sem deixar rastro.

Noticias vindas hontem do nordeste informam com segurança o local em que foi enterrado o bandido morto proximo a Tucano por um vaqueiro de Queimadas.

O dr. Madureira de Pinho sciente disso ordenou a ida ao local do dr. Xavier da Costa medico da Força Publica, para proceder ao indispensavel exame cadaverico.

Esse vaqueiro vae receber um premio pelo seu acto de bravura.
.
27 de janeiro de 1930, no “A Tarde”:

O Vaqueiro que matou “Gavião”
Já está no museu do “Nina” o craneo do bandido
A ORAÇÃO DE SANTA MARTHA

Sempre constitue novidade qualquer reportagem em torno do grupo sinistro do famigerado Virgolino Ferreira, por alcunha Lampeão que ha annos se encontra pelos sertões praticando toda sorte de miserias.

Por esse motivo a A TARDE informada da chegada a esta cidade do dr. Xavier Costa, medico da Força Publica, em companhia do vaqueiro Domingos Ernesto da Costa, que conseguiu matar, em defesa própria, um dos caibras de Lampeão, procurou ouvil-os.

Dr XAVIER DA COSTA, quando em operações contra os revoltosos.

O dr. Xavier da Costa, que sempre nos attendeu gentilmente, ao saber o motivo que nos levava á sua presença, foi logo nos dizendo:

- Trago uma novidade, meu amigo. O craneo de “Gavião”, o bandido que o vaqueiro Domingos matou na Lagôa das Emas. O corpo levou insepulto oito dias, quando mandaram enterral-o. Com a minha chegada ali procedi á exhumação que o dr. Madureira de Pinho me havia ordenado. Constatei logo o ferimento que causou a morte: o da axila esquerda que atravessou o corpo. Domingos deu ao caibra varias facadas. Declarou-me elle que “amiudou” a mão quando notou que “Gavião” arriava o braço.

Nesse momento, chegava á nossa presença o vaqueiro domingos. Lembramo-nos, então de interrogal-o sobre.

A MORTE DE “GAVIÃO”

O vaqueiro que é um typo de sertanejo disposto, á nossa primeira pergunta contou:

- Quando Lampeão passou por Triumpho, de volta de Queimadas tomou ahi dois guias para leval-o aos “Algodões”. Eramos eu e um outro. Antonio de Engracia, que é um negrão alto, grosso, “Volta Secca” e “Gavião” fizeram-nos muitas perguntas. Não respondi satisfactoriamente, e por isso, recebi uma chibatada.

Como Lampeão já estivesse em caminho, aquelles caibras tocaram os animaes.

Fiquei atraz com “Gavião”, que entrou para o grupo em 14 de dezembro do anno passado, vindo de Pernambuco com mais tres caibras. Esse bandido queria a viva força que eu dissesse o nome da pessôa que tinha dinheiro nos “Algodões”.

- Não sei – respondi.

Foi o bastante para que elle me ameaçasse de morte. Temendo morrer, agarrei um dos fusis que elle trazia e arrumei-lhe na cara. “Gavião” saltou contra mim. Caimos no chão, embolados. Nesse interim, consegui pegar uma faca que elle segurava para me matar. Foi uma luta tremenda.

- Não me mate – gritou elle que me procurava enlaçar o braços.

Dei-lhe o primeiro golpe. “Gavião” defendeu-se com o braço, recebendo ahi um ferimento. Dei-lhe outro golpe e nova defesa do bandido. No terceiro, então, matei-o. A faca alcançou debaixo do braço.

Toquei para Queimadas e dahi para Villa Nova, onde entreguei ao cel. Dourado o fusil que tomei do bandido e 55 balas.

A ORAÇÃO DE SANTA MARTHA

O dr. Xavier da Costa, quando procedeu á exhumação do cadaver de “Gavião” encontrou no seu bolso, além de outras coisas, um breviario e innumeras orações. Algumas manchadas de sangue e de difficil decifração. Dentre essas conseguimos copia a de Santa Martha. Eil-a na integra:

“Com as arcas do meu Senhor Jesus Cristo muito antes de subir com os tres bichos feroz, aquellas tres palavras santas que abrandas aquelles tres turcos bravos que vinha offender a Senhora S. Martha assim abrandarás o coração de fulano para comigo. Deus é. Deus quer. Deus no mundo acabarão com tudo quanto Santa Martha quizer. Amen.

Offereço esta a senhora Santa Martha.”


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A BELEZA FEMININA NO CANGAÇO...

Por Voltaseca pesquisador

Jovina Maria da Conceição Souto pseudônimo de Durvalina Gomes de Sá - Durvinha.

A beleza desta baiana que após ficar viúva de Virgínio, acompanhou o cangaceiro Moreno até sua velhice. Seria Durvinha a musa do cangaço?


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