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quinta-feira, 21 de maio de 2020

JORNALISTA SERGIPANO ENCONTRA E CONVERSA COM ZÉ RUFINO EM ANÁPOLIS (SIMÃO DIAS)

O Estado de Sergipe - 25/05/1934

UMA EXCURSÃO A ANÁPOLIS
UMA ENTREVISTA BIZARRA COM O CÉLEBRE SARGENTO JOSÉ RUFINO, COMANDANTE DA VOLANTE QUE EXTERMINOU O GRUPO DE AZULÃO
Afazeres profissionais nos levaram sábado último à linda cidade sertaneja de Anápolis.
Dezesseis horas, aboletados no estreito banco de uma “marinete” rumamos aos solavancos, numa “prize” desabalada, estrada afora, em busca de Itaporanga, etapa que foi vencida numa bela “performance”, por uma bela estrada de esteira empiçarrada e ampla, que se nos abria, interminável, o horizonte à frente.
Salgado às 18 horas, Lagarto às 19 e às 20, afinal, avistávamos as primeiras luzes da “cidade sorriso”.
O domingo em Anápolis, surgiu preguiçoso e friorento, no marasmo amolecido das cidades sertanejas.
Um café confortante e saímos a prosear com amigos do comércio que, a despeito dos raros transeuntes, trazem, àquela hora, abertas as suas portas.
O assunto é sempre o mesmo: - falta de chuvas, política, e... Lampião. A cidade acabava de passar por mais um susto pregado por Lampião. Ao apelo de seus habitantes, ameaçados pelo bandido, o governo de Sergipe havia mandado estacionar na cidade uma volante da nossa polícia que fazia, nas imediações, a caça ao bandido. Soldados baianos da célebre volante do sargento José Rufino que desciam na pista do grupo sinistro, vagavam pela cidade na sua indumentária típica. A dez do corrente haviam tiroteado Lampião na fazenda Jitaí, no sertão baiano e refaziam-se, no momento, das grandes caminhadas.
O sargento José Rufino celebrizara-se no encontro com o grupo de Azulão a 14 de outubro próximo passado, aonde morreu o chefe Azulão e mais três comparsas.
JOSÉ RUFINO
Era o assunto forçado nas palestras aos poucos, talvez pela falta de outros, íamos nos interessando pelos seus detalhes, quando um sertanejo agigantado, abeirando-se do balcão em passadas largas e pesadas, pede ao caixeiro um par de sapatos número 44 que, infelizmente, não é encontrado.
Ombros largos, pescoço hercúleo, bronzeado, cartucheira ampla, pendida ao peso das balas alinhadas, o olhar frio, inexpressivo, traços fisionômicos fortes, o sertanejo dá de ombros e vai sair quando alguém lhe perguntou, quebrando o silêncio feito no momento:
- O senhor pertence à volante José Rufino?
- Sou eu o próprio José Rufino, respondeu com ênfase o sertanejo.
UMA ENTREVISTA
Assaltou-nos a ideia de uma entrevista com o chefe da volante mais afamada de quantos andam, neste momento, na pista dos bandidos. Notando o meu interesse o homem iluminou o olhar duro, se avizinhando da minha cadeira.
- Há quanto tempo anda o senhor na caça de bandidos? Perguntamos.
- Há três anos que entrei como “Provisório” na força baiana. Estive no encontro da Maranduba onde perdi um primo meu e um irmão do meu companheiro de agora, sargento Vicente Marques. Depois do fogo de 14 de outubro aonde acabei com o grupo de Azulão fui efetivado no posto de sargento.
Meteu vagarosamente a mão no bolso do casaco, sacou de lá a fotografia sinistra de quatro cabeças decepadas e nos foi fazendo com o indicador, a apresentação mais estranha que temos tido:
- Aqui é Azulão. Este é Canjica, aqui é Maria e este o caboclo Zabelê. Deus me ajudou (em itálico). Foi uma boa caçada. A fotografia não está boa porque foi tirada em Monte Alegre (sertão baiano) depois de termos viajado um dia inteiro com as cabeças deles dentro de um surrão...
Tudo isto nos ia sendo relatado com uma serenidade impressionante e trágica.
- Quantos homens perdeu neste combate?
- Dois só. Um ligeiramente ferido por três balas de raspão no rosto. Era meu rastejador. Quando se abaixava para examinar um rastro, recebeu uma descarga na cara. Já está bom.
- A sua tropa tem montadas?
- Soldado meu nunca montou. Soldado montado faz muito barulho e só anda na estrada. Na estrada, bandido não anda. Soldado meu não fuma de noite nem fala hora nenhuma. A gente faz tudo por sinal. O tenente Santinho é o que mais me recomenda: - longe de rua e de estrada se quiser encontrar com os bandidos.
- Quantos encontros já teve?
- Oito, contando com o do dia dez, na fazenda Jitaí.
- Por que não teve resultados neste último encontro?
- E eu sei?... Foi a sorte deles.
Nós demos na pista no dia 9 e saímos rastejando. De noitinha, o rastro baralhou-se num intrincado de macambira que a gente perdia de vista. Do fundo, aonde a macambira era mais alta, ouvimos vozes. Lá estava a caça. Meu pessoal se arrepiou e eu cochichei com o sargento Vicente Marques: - se avançarmos mais eles ouvem o barulho e se danam no mundo. Vamos dormir aqui. O sargento Vicente Marques que é um bicho certo no ponto (boa pontaria), esperou um tempão vendo se aparecia alguma cabeça para ele vazar. Mas, nada... De manhãzinha distribuí meu pessoal e lá vai bala. Eles gritaram de lá: - aqui também tem homem, macaco!... Gritaram assim nos xingando, mas arribaram no mundo que nós, sem podermos correr no intrincado da macambira, não encontramos mais ninguém quando chegamos no coito. Vimos lá muito sangue. Parece que ferimos algum dos 22 que estavam acoitados. Deixaram lá muita coisa que carreguei para Coité. Como vê vosmicê, é uma questão de sorte.
- E para onde deram os bandidos?
- Eles estão pra ir pra serra do Capitão.
- Estarão em Sergipe?
- Não creio. Quase que lhe posso garantir que Lampião não está em Sergipe.
SANHARÓ
Passou neste momento um soldado sergipano que, ao dar com o sargento, abraçou-o efusivamente.
- É o rastejador melhor que há neste sertão. Trabalhou comigo muito tempo. Bicho bom. Explicou José Rufino.
O soldado mirou-o com admiração, aparvalhado. Magricela, alto, pescoço fino e comprido, ligeiramente encurvado pra frente, seu corpo mirrava-se ainda mais, apertado à farda que vestia; rosto encarquilhado e vinculado por mil rugas, era o rastejador, o popular Sanharó, da polícia sergipana.
Outro tipo comum de sertanejo forte. Parece incapaz de uma agilidade. Resiste e age, entretanto, com uma capacidade assombrosa. Ao se abraçarem, pareceu-me um tronco de braúna que abraçasse uma vara de candeia. Braúna e candeia, o gigante e o pigmeu, resistem da mesma sorte às inclemências do meio em que vivem.
Estava satisfeita a nossa curiosidade e José Rufino e Sanharó lá se foram pela rua afora a procura dos sapatos número 44 tão difícil de encontrar como os bandidos que eles dão caça.

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O ESTUPRO DO SABIÁ E O JUSTIÇAMENTO DO CAPITÃO - CONTOS DO CANGAÇO


Contos do Cangaço
Cangaço
Categoria

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REVISTA REALIDADE DE MAIO DE 1968 COM MATÉRIA NA QUAL A AUTORA CRISTINA DA MATA MACHADO PROMOVEU O REENCONTRO DE DADÁ E ZÉ RUFINO, ALÉM DE ESCREVER SOBRE A VIDA DE CORISCO.









Cristina da Mata Machado e Labareda.


Centro de Estudos Euclydes da Cunha - CEEC

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BILHETE EXTORSIVO DO CAPITÃO CORISCO, ENTREGUE A UM VAQUEIRO DO CORONEL JERÔNIMO DE SÁ

Do acervo do Antônio Corrêa Sobrinho.

Fonte: O Jornal (RJ) - 04.08.1938


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A CHACINA DA FAZENDA PATOS....Piranhas\AL



No Boqueirão, o escritor João De Sousa Lima , entrevista Elias Ventura, sobrevivente da chacina da fazenda Patos, onde o cangaceiro Corisco matou e decapitou 6 pessoas da família Ventura, e mandou as cabeças para o Prefeito de Piranhas-AL e para para Ten. João Bezerra, em represália à morte de Lampião, Maria e mais 9 cangaceiros. As 6 pessoas assassinadas eram inocentes. ELIAS VENTURA é essa CRIANÇA que está nos braços da mãe, e era recém nascido, no dia da tragédia... Pelo que consta, o mesmo,ainda, está vivo nos dias de hoje...

Matéria compartilhada do grande escritor, pesquisador, João Sousa De Lima


COLÉGIO ESTADUAL

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.309
COLÉGIO ESTADUAL EM 2013. ( B. CHAGAS).

O Colégio Estadual professor Mileno Ferreira da Silva, foi inaugurado em 26 de março de 1964, com o título de “Colégio Estadual Deraldo   Campos”, em Santana do Ipanema. Foi a primeira escola pública do município a funcionar da antiga 5série até a 8e, posteriormente, com o chamado hoje Curso Médio. Antes de tudo, a sua região era apenas caminho ou estrada para os camponeses provenientes dos sítios serra do Poço, Camoxinga dos Teodósio e outras localidades . Ali todas as semanas passavam jumentos, burros e bestas de carga levando os produtos  alimentícios de altitude para as feiras da quarta e do sábado, na cidade. O terreno do colégio era uma fazenda pertencente ao senhor Frederico Rocha que fora um dos interventores do município. Sua casa-grande chamava atenção por um belo pé de príncipe, na entrada. Havia uma cisterna subterrânea que alcançou os tempos do colégio. Supomos que tenha sido aterrada internamente, depois.
A fazenda foi vendida ao exército brasileiro para ser instalado um quartel em Santana do Ipanema. O quartel, de fato foi instalado, mas durou menos de um ano e foi evacuado. Ficamos sabendo à boca miúda que a unidade havia sido condenada por não se enquadrar em terreno compatível com a estratégia dos militares. O prédio ficou ocioso por certo tempo. Foi aproveitado, posteriormente, como escola. Dessa maneira surgiu no lugar do quartel, o Colégio Estadual Deraldo Campos. Seu primeiro diretor, Mileno Ferreira da Silva, passou quase vinte anos no cargo de diretor, herdando após, o nome da unidade. Vale salientar que era tempo de ditadura militar e o próprio diretor havia pertencido às Forças Armadas.
O Colégio ficou popularmente conhecido apenas como “Colégio Estadual” até a presente data. É impagável a prestação dos seus serviços   à sociedade santanense.  Conseguiu evitar o êxodo de milhares e milhares de jovens para outras plagas em busca do Saber. Infelizmente em março deste ano, foi uma das vítimas do valente riacho Camoxinga procurando passagem para desembocar no rio Ipanema.
Tive a honra de ser um dos seus mestres e diretor eleito por dois anos.
Difícil é encontrar quem não tenha sido aluno do Estadual durante algum tempo. Será que poderemos mandar levantar o dedo?
                                                                                                                                   

AINDA A TRADIÇÃO

Clerisvaldo B.  Chagas, 21 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.308

Agora que todos possuem celular, virou moda no sertão, editar vídeos e enviá-los às redes sociais. São as feiras livres, as de gado, de galinhas, de peixes, até açougues, enchentes e até mesmo cenas cotidianas da roça. Esses vídeos também vão mostrando a redescoberta de tradições como a do carro de boi. Cada cidade sertaneja, atualmente está inventando festa de carreiro. É encontro, é festival, é procissão... E assim o secular carro de madeira, volta ao cenário estadual, brasileiro e mundial como um museu vivo do transporte, da arte e da História. O momento também traz outras novidades embutidas nesses festejos que antes eram raridades. Agora chove de carros de Carneiro, de bode, de jumento e pasmem, até carros de cachorro. O Sertão de Alagoas está contaminado de festas de carros de boi e similares.

CARRO DE CARNEIRO. (CRÉDITO NA FOTO).
O interessante é que o artesão do carro de boi, faz o carro de carneiro com a mesma perfeição, amor e capricho do primeiro. E se a grande alegria do carreiro é ouvir o seu carro cantar durante o transporte de mercadorias, o carreiro do carrinho de carneiro igualmente já pode se orgulhar em dizer que seu carro é cantador. Para isso é preciso ser confeccionado por quem entende. Ao se colocar  peças não recomendadas é fracasso garantido no chiado monótono que dá vida ao veículo. Nessas festas locais, contemplamos filas extensas de carros de carneiro com muito mais de um quilômetro de extensão, tendo como condutores dos carros, adultos, adolescentes de ambos os sexos e crianças.  Todos conduzem vara de ferrão porque o negativo também é repassado para a criançada.
Quer participar? Fique antenado na época do evento em cada município: Olivença, Poço das Trincheiras, Inhapi, São José da Tapera, Santana do Ipanema e talvez outros mais. Entretanto, gostaríamos que fosse divulgado na íntegra, o fabrico caprichoso de um mestre artesão, pela grande mídia. É um talento extraordinário que deve compensar quando os condutores capricham no trato com os bichos e não omitem sequer uma peça dos seus acessórios: correia de ponta, trela, sininho...
Ô sertão velho de guerra!
Orgulho em ser nordestino.

UMA PRECE MATUTA

*Rangel Alves da Costa

Misericordioso Senhor, Pai onisciente, onipotente, onipresente, Ser que a tudo vê, a tudo sente, em tudo está. E, por ser assim, que sempre esteja no altar do sertanejo mundo, onde os pobres e desvalidos se ajoelham junto ao pedestal a rogar graças pelas bem-aventuranças de sua terra.
Que o seu tempo de Eclesiastes seja também o tempo do homem do campo. E assim, que o sol saia, mas também que a chuva caia. Que o calor abrase, mas que a mansidão das brisas boas sopre pelas feições de seu povo. Que não seja somente a dor, pois todo ser humano merece também a alegria e a felicidade.
Que o sol por alguns dias se isole, fique nas distâncias dos horizontes sertanejos, para que a chuva chegue como milagre divino cheio de esperanças. Que o calor abrasado se vá para o leito das águas e em seu lugar venha a brisa boa, o frescor confortante e o suave sopro alentador.
Que o céu azulado e aberto se distancie em repouso temporário e nas alturas vão surgindo as cores esperançosas de um sertão nublado, com nuvens carregadas e trovões anunciando a chegada da chuvarada.
Que as portas e janelas se fechem, não apenas pelo isolamento, mas para que os pingos d’água fiquem somente na terra, se esparramem pelo chão, façam transbordar açude e tanque. Que a planta definhando se esconda e em seu lugar surja um viço novo, verdejante e florido.


Que o silêncio das ruas e a calmaria dos descampados, sejam de repente cortados pelo barulho das chuvas, pelos bichos em alarido e o sertanejo em prece de agradecimento. Que ao cair, as chuvas boas escorram pelos campos, inundem as fontes, verdeje a vida, faça renascer a paz.
Que o ficar em casa não seja nem para a tristeza nem para a desolação, não seja para pensar angústias nem tecer mais aflições, e sim uma renovação de tudo que alimente a alma e fortaleça o ser.
Que os dias não sejam cansativos pela espera nem angustiantes pela incerteza, mas tão somente dias que passarão para os novos dias, e estes cheios de luz, de saúde e de paz. Que o coro dos anjos volte a cantar, que os sinos voltem a dobrar, que os cantos de amor e de fé voltem a ecoar pelas ruas, pelos lares, pelos campos e além.
Que tudo se renove e se refaça, pois tudo desejo sagrado. Os seres que agora padecem e sofrem são filhos de Deus. E Deus não abandona os seus!

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

ESTÁVAMOS SEM SINAL.


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