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sexta-feira, 25 de julho de 2025

NO TEMPO DO TINTEIRO E DA PENA.

 Por José Mendes Pereira


Até a década de 60, do século XX, a criação de canetas modernas ainda não havia chegado no Brasil, isto é, uma maneira mais simples para estudantes, principalmente aqueles que residiam nas pequenas cidades, vilarejos e campos. Até as carteiras escolares dessa época, tinham nelas, orifícios onde se colocavam os tinteiros que eram cilíndricos, 3 centímetros mais ou menos, espécie de um pequenino jarro, fabricado de vidro, porcelana, prata, latão ou outro material semelhante, e que servia como recipiente de tinta para a pessoa que estava escrevendo. O usuário mergulhava o bico da pena no tinteiro, quando sentia que a tinta estivesse acabando na ponta da pena. Esta invenção foi criada no ano de 1884.
  
www.geralforum.com

Se algum dos alunos sentisse que a tinta do seu tinteiro havia se acabado, solicitava que a professora fizesse o abastecimento de mais tintas, para que ele continuasse a sua obrigação escolar. Existiam vários modelos de carteiras, mas a que era mais usada nas escolas era carteira individual, isto é, apenas para acomodar um aluno.

  www.patriamineira.com.br

Atualmente a pena é mais utilizada por artistas, devido ao seu formato especial, que permite usufruírem facilmente do chamado "efeito fino-grosso" do traço. Esse efeito costuma ser usado para dar volume aos desenhos, mas poderá ser feito também com simples pincéis.


Se você deseja adquirir picos de pena para colecionar, ou até mesmo para relembrar o seu tempo de escola, quando ainda era pena e tinteiro, entre na Internet que você encontrará vários modelos de penas.
  
tutorialhouse.deviantart.com

Lembro-me bem do tempo da pena e do tinteiro, porque nessa década, eu era aluno da professora Ediesse Rodrigues, na "Escola Isolada de Barrinha", na Fazenda Barrinha, de propriedade da viúva Francisca Rodrigues Duarte, conhecida em toda região por dona Chiquinha Duarte. 
  
worldpel.com

Mas lembrando ao leitor que a caneta esferográfica foi criada em 27 de Dezembro de 1950, pelo inventor húngaro e naturalizado argentino Lárszio Biró. Achando que tinha criado uma excelente invenção, chamou o seu invento de “BIC”. Mas para muitos brasileiros, só conheceram a caneta Bic já no final dos anos 50, e olha lá, muitos conheceram esta invenção, somente nos anos 60. A invenção foi tão admirada, que as vendas ultrapassaram as expectativas do inventor.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no 2º. link abaixo:

http://josemendespereirapofiguar.blogspot.com.br

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EM RELAÇÃO À FORMATURA DE 3º. GRAU, SOU O PRECURSOR DAS FAMÍLIAS MENDES, GALDINO, NÉO E TALVEZ, 5º. OU 6º. DA FAMÍLIA XAXÁ, PORQUE, SOU NETO DE UMA XAXÁ DA GEMA, E BISNETO DE UM CASAL DE XAXÁ, GALDINO PEREIRA XAXÁ E MARIA JOANA DO VALE XAXÁ..

  Por José Mendes Pereira

Em relação à formatura de 3º. grau, sou o precursor das famílias Mendes, Galdino, Néo e talvez, 5º. ou 6º. da família Xaxá, porque, sou neto de uma Xaxá da gema, e bisneto de um casal de Xaxás, Galdino Pereira Xaxá e Maria Joana do Vale Xaxá.

Francisca Rodrigues Duarte - dona Chiquinha Duarte.

Eu gostaria que todos os meus primos, primas e parentes tivessem tido a mesma sorte ou oportunidade que eu tive, quando fui encaminhado por Francisca Rodrigues Duarte, matriarca da família Duarte, e madrasta do senador Duarte Filho, para um internato que não mais existe, "Casa de Menores Mário Negócio", instituição totalmente mantida pelo governo estadual, que desde os 14 aos 18 anos como interno,  e dos 18 aos 21 anos, como hóspede daquela casa, porque, o meu direito de interno já não existia, por já ser maiores de idade, fiquei por lá.


Sou precursor/pioneiro sim, porque, sou o primeiro destas famílias a conseguir um diploma de curso superior em uma Universidade de Mossoró, e que graças a muitas oportunidades que foram oferecidas por alguns governos, hoje, em nossa família, têm muitos parentes proprietários de diplomas de faculdades, tanto em Mossoró, como em outros Estado brasileiros. Mas que digo sem sombra de dúvidas, fui o primeiro dono de um curso superior. Mas de forma alguma, estou menosprezando as minhas famílias.

Ela foi a 2ª. esposa do fazendeiro Francisco Duarte, e também considerada como sendo a primeira motorista que dirigiu um automóvel nas terras Mossoroenses. 

Dona Chiquinha Duarte nasceu no dia 17 de Julho de 1895, na cidade de Ereré, no Estado do Ceará. Era filha de Manoel Lucas Sobrinho e Maria José de Souza.

Conheci bastante a sua mãe dona Maria José de Souza, e diariamente, eu a visitava em sua residência na Fazenda Duarte, bem próxima a casa em que meus pais e eu  morávamos de favor. Mas meu pai nunca foi empregado do fazendeiro Chico Duarte, e nem da viúva dona Chiquinha Duarte. 

Quando antes não tinha propriedade, meu pai fazia empreitas de algumas atividades da fazendeira, e colocava trabalhadores para executarem aquela obrigação empreitada.

Manoel Duarte Ferreira 

Dona Chiquinha era madrasta do senador Duarte Filho, além de outros como, Manoel Duarte Ferreira, que na história sobre a invasão de Lampião à Mossoró, no Rio Grande do Norte, no dia 13 de junho de 1927, ele é considerado o matador do cangaceiro "Colchete", e teria baleado o José Leite de Santana -  o famoso facínora Jararaca. Mas alguns estudiosos do cangaço, afirmam que existem controvérsias. Se há controvérsias ou não, não posso afirmar.

Francisca Rodrigues Duarte foi quem me colocou na Casa de Menores Mário Negócio, em Mossoró, para estudar, e assim, eu cheguei à porta de uma universidade, para cursar Letras, na Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte - FURRN, que em  29 de setembro de 1997, através da Lei Estadual nº 7.063, o Governador Garibaldi Alves Filho, transformou-a em Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, criando no entanto, a sigla UERN. a Lei 7.761, de 15 de dezembro de 1999, publicada no DOE de 16.12.1999, alterou a denominação anterior para Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN. 

O Decreto 14.831, de 28 de março de 2000, publicado no DOE do dia 29.03.2000, modifica a denominação da mantenedora para Fundação Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN.

Dona Chiquinha Duarte queria que todos os filhos dos seus moradores estudassem, mas somente eu cheguei a uma faculdade, muito embora, outros iniciaram os seus estudos, e por uma razão qualquer, não concluíram nem se quer o ginásio. 

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FRANCISCA RODRIGUES DUARTE - DONA CHIQUINHA DUARTE.

 Por José Mendes Pereira

Francisca Rodrigues Duarte - Dona Chiquinha Duarte.

Mesmo não sendo a mãe dos filhos do grande fazendeiro de Mossoró Francisco Duarte Ferreira,  Francisca Rodrigues Duarte (dona Chiquinha Duarte assim chamada) era considerada por toda região de Mossoró a matriarca da família Duarte. Foi a 2ª. esposa do fazendeiro, e também considerada como sendo a primeira motorista que dirigiu um automóvel nas terras Mossoroenses. 

Dona Chiquinha Duarte nasceu no dia 17 de Julho de 1895, na cidade de Ererê, no Estado do Ceará. Filha de Manoel Lucas Sobrinho e Maria José de Souza.

Conheci bastante a sua mãe dona Maria José de Souza, e diariamente eu a visitava em sua residência na Fazenda Duarte, bem próxima a casa em que meus pais e eu  morávamos de favor. Mas meu pai nunca foi empregado do fazendeiro Chico Duarte, e nem da viúva dona Chiquinha Duarte. 

Quando antes não tinha propriedade, meu pai fazia empreitas de algumas atividades da fazendeira, e colocava trabalhadores para executarem aquela obrigação empreitada.

Manoel Duarte Ferreira

Dona Chiquinha era madrasta de Manoel Duarte Ferreira, que na história sobre a invasão de Lampião à Mossoró, no Rio Grande do Norte, no dia 13 de junho de 1927, ele é considerado o matador do cangaceiro "Colchete", e teria baleado o José Leite de Santana -  o famoso facínora Jararaca. Mas alguns estudiosos do cangaço afirmam que existem controvérsias. Se há controvérsias ou não, não posso afirmar.

Também enteado de dona Chiquinha Duarte e senador do rio Grande do Norte.

Dona Chiquinha foi quem me colocou na Casa de Menores Mário Negócio, em Mossoró, para estudar, e assim, eu cheguei à porta de uma universidade, para cursar Letras, na Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte, que em  29 de setembro de 1997, através da Lei Estadual nº 7.063, o Governador Garibaldi Alves Filho transformou a Universidade Regional do Rio Grande do Norte em Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, mantendo no entanto, a sigla URRN. a Lei 7.761, de 15 de dezembro de 1999, publicada no DOE de 16.12.1999, alterou a denominação anterior, para Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN. 

O Decreto 14.831, de 28 de março de 2000, publicado no DOE do dia 29.03.2000, modifica a denominação da mantenedora para Fundação Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-FUERN.

Dona Chiquinha Duarte queria que todos os filhos dos seus moradores estudassem, mas somente eu cheguei a uma faculdade, muito embora, outros iniciaram os seus estudos, e por uma razão qualquer, não concluíram nem se quer o ginásio. 

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OS HOMENS QUE MATARAM O FACÍNORA.

 Por Cangaçologia


Entrevista com o escritor e pesquisador Moacir Assunção.
Autor do renomado livro "Os homens que mataram o facínora".
Maravilhoso Cangaçologia do grande
Geraldo Antônio de Souza Junior

https://www.youtube.com/watch?v=cHgx4dZ_vUw

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VÓ MARICA DO TIPI PARTE 2 .

Por Vicente Landim Macedo

Vicente Landim de Macedo em Palestra sobre sua Vó Marica Macedo no Cariri Cangaço em Aurora

Meu pai me dizia que minha avó, sempre atenta ao bom relacionamento dos filhos, procurava prevenir qualquer desavença entre eles. Certa vez, toda a família se preparava para ir a cavalo às festas de fim de ano em Aurora. Cada filho, como era de se esperar, desejava escolher o melhor animal. A fim de evitar discórdias, vó Marica, em sua inata sabedoria de sertaneja, decidiu que, à medida que cada filho fosse acordando, poderia escolher o cavalo desejado. Alguns filhos foram dormir cedo.  Outros, querendo ser mais espertos, tentaram ficar acordados até o amanhecer, mas não conseguiram. Os que se deitaram mais cedo acordaram primeiro e escolheram os melhores animais.Tudo foi resolvido em paz.
       
Passo agora a falar da atuação de minha avó Marica na política de Aurora. A política do coronelismo dominante, naquela época, no Cariri, sul do Ceará, não foi exercida somente por homens, mas também por mulheres que assumiram a condição de chefe político em suas regiões, enfrentando o poder policial, político e social de alguns coronéis, derrubando intendentes municipais (prefeitos) e políticos locais. Entre aquelas mulheres, destacam-se: dona Generosa Amélia da Cruz, em Santana do Cariri; dona Fideralina Augusto Lima, em Lavras da Mangabeira e Maria da Soledade Landim, vó Marica, no município de Aurora.
        
No início da primeira década de 1900, as famílias Leite, Gonçalves, Macêdo e Landim dominavam a política de Aurora, de comum acordo com o Presidente do Estado. Na época, era Intendente Municipal e Coletor de Aurora Antônio Leite de Oliveira e um dos chefes políticos o Coronel Antônio Leite Teixeira Neto, conhecido como Totonho Leite ou Totonho de Monte Alegre, ambos parentes próximos dos meus avós. Seguindo o exemplo de vários outros municípios do Ceará, o Coronel Totonho resolveu destituir Antônio Leite de Oliveira e assumir a Intendência municipal de Aurora. Para conseguir seu intento, Coronel Totonho solicitou o apoio de minha avó e filhos, mas ela não concordou com tal procedimento e determinou aos filhos que não apoiassem a atitude do Coronel Totonho, sogro de sua filha Joana da Soledade Landim (Joaninha).

Caravana Cariri Cangaço em visita ao Tipi em Aurora: 2013.
        
Alegou vó Marica que o então Intendente de Aurora, Antônio Leite de Oliveira, estava fazendo uma boa administração, não vendo ela motivos para destituí-lo das funções que ocupava. Além do mais, ele, como o Coronel Totonho, também era seu parente. Observem como vó Marica, com seu temperamento forte e decisivo agia em defesa daqueles que ela entendia que estavam agindo corretamente. Antônio Leite de Oliveira foi destituído do cargo de Intendente de Aurora, sendo substituído pelo Coronel Totonho Leite Teixeira Neto. Em razão desse acontecimento, passaram a existir rivalidades entre as famílias Leite e Gonçalves, partidárias do Coronel Totonho, e as dos Macêdos, Paulinos, Ribeiros Campos e Santos, correligionários de vó Marica e amigos do Coronel Domingos Leite Furtado, chefe político de Milagres, e do Major José Inácio, do Barro.
        
Em consequência dessas discórdias e das divergências de limites de algumas propriedades, na região do Coxá, próxima ao Taveira, terras valorizadas pela existência de minas de cobre, ocorreram graves perseguições das autoridades municipais de Aurora aos seus adversários políticos.O grupo que apoiava o procedimento do novo Intendente de Aurora resolveu invadir a propriedade de vó Marica, no Tipi, e o Taveira, onde residia o Capitão José dos Santos e ali estavam asilados os Paulinos, fugitivos das autoridades aurorenses que queriam prendê-los. A ascendência de vó Marica sobre seus familiares e correligionários era muito forte, como se observa no seguinte acontecimento.
        
Vicente Leite de Macêdo, filho do Coronel Totonho, soube que seu pai e correligionários planejavam a invasão do Tipi e do Taveira.  Imediatamente, enviou ao Tipi sua mulher Joaninha, filha de Marica, para avisá-la de que sua propriedade seria invadida pela força policial de Aurora, reforçada por soldados provenientes de Iguatu e Lavras da Mangabeira, formando um contingente de mais de 60 homens. Vó Marica contava somente com 20 homens, entre filhos, o irmão Amâncio e empregados de sua confiança, para reagir ao iminente assédio à sua propriedade.    Excelente estrategista resolveu partir imediatamente para o Brejão, no Cariri, onde teria o apoio de seus parentes.

Ângelo Osmiro, Vicente Landim Macedo, Aderbal Nogueira e Manoel Severo
        
Prontamente, de acordo com seu irmão Amâncio, arrearam os animais e seguiram viagem. Vó Marica montada em seu cavalo alazão, com o inseparável bacamarte a tiracolo, seguia na frente. Foram pelo caminho mais seguro e rápido, que era pelo Taveira, mas, em face do cansaço de todos e da hora avançada, tiveram que pernoitar na casa do Capitão José dos Santos, pois ainda faltavam muitos quilômetros para chegarem ao Brejão. Após se acomodarem, na noite do dia 16 de dezembro de 1908, por volta das três horas da madrugada do dia seguinte, 17 de dezembro, a casa onde estavam foi atacada pela força policial composta por 67 soldados, comandada pelo Tenente Florêncio, orientado por Manuel Gonçalves Ferreira, Primeiro Suplente de Juiz, e Róseo Torquato Gonçalves, Delegado de Aurora, auxiliares diretos do Coronel Totonho, travando-se pesado tiroteio até às oito horas da manhã, quando os atacantes se retiraram,  deixando morto o jovem José Antônio de Macêdo (Cazuza), com 14 anos, o 5º filho de vó Marica, e ferido o dono da casa, Capitão José dos Santos.
        
Vó Marica, com sua personalidade muito forte, mesmo diante do trágico acontecimento, morte de seu filho, não se entregou, reagiu com coragem, própria de um verdadeiro comandante no campo de batalha, pois, quando viu o corpo do filho caído no chão, indagou: “Ele está vivo?” Com a resposta negativa, disse: “Encostem o cadáver no pé da parede, bala na agulha. Vamos brigar! Ele já está morto. Vamos defender os vivos”. A casa do Capitão José dos Santos foi atacada porque os enviados do Coronel Totonho pretendiam prender os Paulinos, que ali estavam escondidos, e, certamente, humilhar Marica Macêdo e seus familiares, os Ribeiros Campos, os Santos e o  grande amigo, o Coronel Domingos Leite Furtado, chefe político de Milagres.

Estrada que liga Aurora ao Coxá
        
Na manhã do dia 17, a notícia se espalhou. De imediato, chegaram para apoiar vó Marica e seus amigos, o Coronel Domingos Leite Furtado, de Milagres, e o Major José Inácio, do Barro, Antes de seguir viagem para o Brejão, com o apoio dos correligionários e amigos, vó Marica enterrou seu filho Cazuza no cemitério de Boa Esperança, atual Iara. Apesar da aparente frieza de minha avó, na atitude por ocasião da morte de seu filho, ela sofreu muito pelo acontecido, pois minha mãe contou-me várias vezes que vó Marica afirmava sempre que a maior dor que pode acontecer a uma mãe é a morte de um filho e ela sempre rezava pedindo a Deus que nunca mais a deixasse passar por igual tragédia. Ela foi atendida em suas preces, como iremos constatar quando falarmos da sua morte.
       
Minha avó continuou sua viagem para o Cariri, onde recebeu apoio de seus parentes Coronel Antônio Joaquim de Santana, de Missão Velha, Coronel Raimundo Macêdo (Joca do Brejão), de Barbalha, e de vários outros chefes políticos da região. Imediatamente, os chefes políticos que apoiaram vó Marica telegrafaram ao Presidente do Estado, solicitando que determinasse a imediata volta dos policiais que tinham  vindo das cidades de Iguatu e Lavras da Mangabeira, para reforçar o contingente de Aurora, composto apenas por 6 soldados.  Pois eles iam invadir Aurora. O Comendador Antônio Pinto Nogueira Acioli, Presidente do Estado, rapidamente atendeu aos citados coronéis e determinou que a força policial regressasse às cidades de origem.

Major Zé Inácio do Barro
        
Os amigos de vó Marica reuniram um contingente de 600 homens armados que, sob o comando do Major José Inácio de Souza, do Barro, no dia 23 de dezembro, seguiu para Aurora com o objetivo de destituir da função de Intendente do município o Coronel Totonho Leite e seus correligionários dos demais cargos que ocupavam na administração da cidade. Os objetivos foram alcançados após seis horas de tiroteio. Infelizmente, como costuma acontecer com grande número de pessoas, os homens comandados pelo Major José Inácio não se restringiram somente a destituir o Coronel Totonho Leite e aliados das funções que exerciam em Aurora, eles exorbitaram de sua missão, praticando arbitrariedades e saqueando casas comerciais e fazendas.

Continua...

Vicente Landim Macedo
Parte de Conferência do Cariri Cangaço 2013 em Aurora

https://cariricangaco.blogspot.com/2014/01/vo-marica-do-tipi-parte-2-porvicente.html

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ANTONIO CONSELHEIRO.

 

Ruínas da Igreja velha de Santo Antonio

Antonio Vicente Mendes Maciel, o Antonio Conselheiro, nasceu em 1830, no sertão de Quixeramobim, Ceará. Seu pai foi um ex-vaqueiro, proprietário de uma bodega que queria vê-lo ordenado padre, por essa razão o menino teve acesso a uma instrução formal.

O sonho do sacerdócio, contudo, frustrou-se com o falecimento do pai, em 1855. O futuro conselheiro herdou o comércio e a responsabilidade de cuidar da família, mas acabou falindo, mergulhado em dívidas. 

Casou-se em 1857, sendo depois abandonado pela família. Exerceu as funções de professor, pedreiro, construtor, rábula e caixeiro – teria inclusive, como vendedor ambulante encontrado e acompanhado o Padre Ibiapina nas andanças pelos sertões. Residiu durante algum tempo em Santa Quitéria, onde conviveu maritalmente e teve um filho com Joana Imaginária, mulher mística e escultora de rústicas imagens sacras.

Por volta de 1873, aparece em Assaré-CE, já com a fama de beato, e com as notícias de suas peregrinações pelos Estados do Ceará, Bahia e Sergipe. Ganhou fama, prestigio e seguidores, e começou a ser chamado pela população de Antonio Conselheiro. Seus seguidores, gratuitamente, reconstruíam muros caídos de cemitérios, reforçavam paredes ameaçadas das igrejas, levantavam capelas, construíam pequenos açudes. Virou um homem respeitado no sertão, multidões se formavam para ouvir seus sermões: palavras otimistas, que previam um mundo melhor, feliz, mais próximo de Deus, longe da miséria.

Vista geral de Canudos, depois do massacre

Para as classes dominantes, no entanto, Antonio Conselheiro era um charlatão louco, e estaria desviando as pessoas das atividades produtivas.

Em 1893, Conselheiro e seus seguidores se fixaram numa velha fazenda abandonada do norte da Bahia, às margens do rio Vasa-barris. O beato batizou o lugar de arraial do Belo Monte, embora ficasse conhecido por Canudos. 

Ante o quadro de secas, fome, doenças e exploração vigente no sertão nordestino, o Arraial do Belo Monte tornou-se uma espécie de terra prometida para os pobres da região. 

Em pouco tempo o Arraial assumiu dimensões extraordinárias, há quem estime sua população em 30 mil habitantes. Era um ambiente rústico e pobre, mas nos domínios do Conselheiro não existia fome e reinava um espírito de solidariedade e cooperação. 

A maior parte do que era produzido era repartido entre os moradores. Essa comunidade alternativa, cooperativa, assustou os poderosos. Os latifundiários perdiam a mão-de-obra sertaneja. A igreja católica perdia os seus fiéis.

 

Por outro lado, era evidente que o Conselheiro pregava contra a república, estimulando a que não se lhe pagassem tributos e até espantasse os funcionários que representavam a justiça e o casamento civil. Canudos assemelha-se às incontáveis comunidades rebeldes religiosas, lideradas por fanáticos, que reúnem ao seu redor uma multidão de fiéis aos quais é assegurada não só a salvação, mas a imortalidade.

Seguidores do Conselheiro prisioneiros 

Usando como argumento principal o fato de Antonio Conselheiro fazer críticas à república – cuja proclamação em 1889 não alterou em nada a penúria em que vivia grande parte do povo nordestino – as camadas dominantes exigiram a destruição do Arraial, o que acabou acontecendo depois de três expedições anteriores fracassarem na tentativa de acabar com o aglomerado.

Mesmo com o arraial cercado pelo exército, a população lutou até o fim. Umas 300 mulheres, velhos e crianças se renderam. Alguns homens sobreviventes foram degolados e os que resistiram até o fim foram mortos a golpes de baionetas na luta corpo-a-corpo que se travou dentro do arraial, no dia do assalto final, em 5 de outubro de 1897. 

Antônio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu dias antes do último combate. Ao encontrarem seu corpo, deceparam sua cabeça e a enviaram para que estudassem as características do crânio de um louco fanático.

Pesquisa:
História do Ceará, de Airton Farias
A Guerra de Canudos e Sertões. Disponível em
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos.htm
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