Seguidores

sábado, 31 de agosto de 2019

FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO LANÇA LIVRO COM DADOS INÉDITOS SOBRE LAMPIÃO


Por Mariana Mesquita em 29/01/19

Considerado o maior especialista em Cangaço do mundo, pesquisador diz que o atirador que matou Virgulino Ferreira não é o noticiado pela imprensa da época

Existem centenas de livros escritos sobre Virgulino Ferreira, o Lampião - que morreu no dia 28 de julho de 1938, após passar 21 anos percorrendo o interior do Nordeste, e desde então se transformou em um dos símbolos mais emblemáticos da História do Brasil. "Apagando o Lampião: vida e morte do Rei do Cangaço" poderia ser mais um nessa longa lista - mas consegue a proeza de trazer fatos novos sobre o tema, inclusive apontando quem (e como) foi o responsável pela execução do cangaceiro.


PUBLICIDADE

Escrito por Frederico Pernambucano de Mello, que se dedica a pesquisar o Cangaço desde os anos 1960 e é considerado a maior autoridade no assunto, "Apagando o Lampião" traz outras informações inéditas que por si só justificariam a escritura da obra, que paralelamente registra toda a trajetória deste verdadeiro gênio militar (para alguns, herói; para outros, bandido sanguinário).Embora tenha sido publicado no ano passado, o livro deve ser lançado oficialmente em março, na cidade de Maceió (AL).

"Há muitas biografias sobre Lampião, e tenho a pretensão de conhecer a maioria, mas verifiquei que havia alguns aspectos virgens de um relato confiável. Por isso, resolvi escrever", explica o autor. Estes quatro pontos-chave que representam novidades são muito importantes para entender a história como de fato se passou. 

Após duas décadas de tentativa, Frederico Pernambucano de Mello ouviu o relato do verdadeiro executor de Lampião - Crédito: Acervo Frederico Pernambucano de Mello.

A "autoria" da morte de Lampião havia sido noticiada pela imprensa em 1938, apontando como responsável Antonio Honorato da Silva, que era guarda-costas do aspirante Francisco Ferreira de Mello, um dos encarregados pelo cerco à grota de Angico, onde os cangaceiros estavam escondidos. Mas Frederico descobriu que o verdadeiro autor do disparo fatal contra Lampião havia sido Sebastião Vieira Sandes, o "Santo", que também era guarda-costas de Francisco e antes de ingressar na volante, tinha convivido com o cangaceiro por muitos anos, sendo seu "coiteiro" e, inclusive, tendo chegado a costurar peças para o bando junto com o próprio Lampião.

A entrevista que Sandes concedeu a Frederico, durante mais de dez dias, foi longamente aguardada. O historiador sonhou com esse momento por mais de duas décadas, tentando convencer o entrevistado através de conhecido em comum e chegando a visitar Sandes em Maceió e em São Paulo.

Um dia, após ter recebido um diagnóstico de aneurisma inoperável, ele procurou Frederico e contou que Lampião não morreu em combate, e foi executado de cima para baixo, com um único tiro, enquanto tomava uma caneca de café. A bala bateu na lâmina do punhal que estava no cinto do cangaceiro e causou um prolapso de vísceras, expondo todas as suas tripas. "Esse punhal está guardado no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, e o relato bate com o laudo pericial realizado por um especialista da Polícia Federal, Eduardo Makoto Sato", frisa Frederico Pernambucano de Mello.

Outro ponto interessante e que amplia o olhar humano sobre a trajetória de Lampião é a divergência com José Alves de Barros, o Zé Saturnino, que entrou em confronto com o jovem Virgulino e precipitou sua entrada no cangaço. Em uma entrevista realizada em 1970 e mantida inédita até o momento, Frederico Pernambucano de Mello ouviu relato de que ambos eram amigos de infância. A briga só começou quando Saturnino se casou com uma moça da família Nogueira, inimiga dos parentes de Lampião. "Virgulino não perdoou isso", aponta o autor, que guardou estas informações por mais de quatro décadas. "Sou o tipo de pesquisador que trabalha com informações a longo prazo", afirma.

Livro 'Apagando o Lampião' será lançado oficialmente em março, em Maceió (AL) - Crédito: Divulgação.

O livro registra ainda detalhes sobre as relações de Lampião com as autoridades da época: sua ida para a Bahia foi acordada com o Chefe de Polícia de Pernambuco, Eurico de Souza Leão. "Este fato foi mantido em sigilo por vários anos, até que me foi contado pelo oficial executor das ações, Audálio Tenório de Albuquerque", aponta. Evidentemente, não pegaria bem para o governo pernambucano admitir que "exportou" o cangaceiro para o estado vizinho. 

Outro detalhamento inédito diz respeito ao acordo feito entre Lampião e Farnese Dias Maciel, irmão de Olegário Maciel (governador mineiro entre 1930 e 1933, quando morreu no poder) e filho do segundo Barão de Araguari, figura importantíssima de Minas Gerais.

Segundo o autor, Farnese tinha uma rixa com a família Borges, e queria contar com o bando Lampião para agir em seu favor. No momento em que foi executado, o cangaceiro estava recrutando mais de cem homens, que iriam se somar aos quase 150 de seu bando (formado por um grupo principal com 22 membros e mais dez subgrupos com oito a doze homens, que atuavam nos mais diferentes pontos do Sertão nordestino).

"Os planos de ir para Minas eram conhecidos, mas nenhum biógrafo até o momento havia tido o cuidado de investigar quem estava convidando Lampião", aponta. Ainda de acordo com Frederico, o Cangaço havia exaurido o interior do Nordeste, e Lampião estava em busca de outras localidades com maior capacidade contributiva para proceder aos saques.

Serviço:

Livro ""Apagando o Lampião: vida e morte do Rei do Cangaço", de Frederico Pernambucano de Mello
336 páginas, R$ 55, Editora Global.


Leia também:



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O LENDÁRIO PADRE IBIAPINA E A PEDRA DO REINO

Por Valdir Nogueira

“O vento que bater na Pedra do Reino há de espalhar tristeza e dor duas léguas em redor”, disse o padre José Antônio de Maria Ibiapina tempos depois da tragédia sebastianista do Reino Encantado. Com suas palavras, o missionário apenas quis impor medo nas pessoas para que novamente outro possível movimento de fanatismo fosse evitado. Porém, a sentença do piedoso vigário teria contribuído para aumentar a fama de região amaldiçoada que por muito tempo perseguiu o local. Todavia, a maldição de ontem transformou-se na tradição de hoje. Não há mistérios. Pelo contrário, a Pedra do Reino agora é um símbolo forte da história do município de São José do Belmonte, no sertão de Pernambuco.
  


Homem culto, o padre José Antônio de Maria Ibiapina, nascido José Antônio Pereira em Sobral no dia 5 de agosto de 1806, realizou um importante trabalho, que, apesar de não ter cunho partidário, mostra as potencialidades de uma política carismática. O pai de Ibiapina fora fuzilado pela sua participação na República do Equador, e seu irmão mais velho morrera na ilha de Fernando de Noronha, onde cumpria prisão por também ter militado no movimento de 1824. Parece que sua mãe já havia falecido, pois o futuro padre passou a cuidar das três irmãs e do irmão mais novo. Em 1827, ingressou na primeira turma do curso de Direito de Olinda e, em 1832, bacharelou-se. 

Foi professor da faculdade durante alguns meses, mas já no ano seguinte era nomeado juiz de direito da comarca de Quixeramobim, no Ceará, onde residia o garoto Antônio Vicente Mendes Maciel, futuro Antônio Conselheiro. Já em 1834, foi eleito deputado geral, porém, quando sua noiva, filha de ilustre família, fugiu com um primo, abandonou as carreiras de deputado e de juiz, passando a dedicar-se às atividades de advogado, com banca em Recife, mas tendo também trabalhado algum tempo em Brejo de Areia, na Paraíba. Frequentador assíduo da igreja, em 1853, contando 47 anos, foi convidado a se ordenar sacerdote, sendo dispensado de cursar seminário, devido à sua formação, que incluía o direito canônico. Em seguida, o bispo de Olinda o nomeou vigário geral e provisor da diocese. Ele, porém, optou por trabalhar em missões pelo interior dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí.



Poucos foram os missionários que realizaram tantas obras quanto o padre Ibiapina. Segundo um de seus biógrafos, em Santana do Acaraú, por exemplo, em 1862 ou 1863, concitou a população a construir, em apenas 73 dias, uma grande casa de caridade, que contava com 15 portas de frente, além de um cemitério junto à matriz e um canal de navegação, entre os locais denominados Armazéns e Espera do Negro, que reduzia a distância fluvial em uma légua. Em Picos, no Piauí, em apenas 11 dias, promoveu a construção de “uma igreja com adro e cruzeiro”. No entanto, além de estradas e açudes, padre Ibiapina promoveu a construção de nada menos que 22 casas de caridade, destinadas a atender órfãos e inválidos, nas quais trabalhavam as irmãs de caridade de uma espécie de ordem que ele instituíra. 

Existe mesmo um processo em prol da canonização do padre Ibiapina. Em 1876, ele sofreu um acidente vascular, que o forçou a encerrar o trabalho missionário e levou ao seu falecimento, aos 77 anos, na tarde de 19 de fevereiro de 1883, na Casa de Caridade Santa Sé, na Paraíba. Seu exemplo, contudo, celebrado nos sertões, influenciou a atuação dos também cearenses padre Cícero e Antônio Conselheiro.

Valdir Nogueira,Pesquisador e Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço
São José de Belmonte-PE


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ZEQUIAS CONTA TUDO

*Rangel Alves da Costa

Zequias Geremias dos Santos, ou somente Zequias, conforme gosta de ser chamado. E não há quem não conheça esse nome no seu sertão e arredores onde ainda vive. Já perto dos cem anos, mas ainda de viva memória e lucidez, um verdadeiro testemunho dos distantes e idos.
Segundo confessou-me, sua vida já foi de serventia de quase tudo. Já foi vaqueiro, mateiro, caçador, coiteiro e muito mais. E quase até jagunço. Hoje vive numa casinha simples de cipó e barro, além de uma estrada de chão, nos escondidos além de uma porteira. Mas não vive esquecido não, eis que diz sempre rodeado com os vultos de seu passado.
Ultrapassei a porteira sem medo de não ser recebido. Ele já me aguardava. Caminhei até sua portada e chamei pelo nome. Então Zequias apareceu já apontando um tamborete. Disse-lhe em seguida que achava melhor a gente sentar mais adiante, debaixo de um sombreado de umbuzeiro. E para lá seguimos.
Caminhando devagar, no passo lento dos anos, levava à mão fumo, palha de milha e um canivete miúdo. Eu já sabia a serventia. Depois que coloquei seu tamborete, após a assentada a primeira coisa que fez foi preparar seu cigarro de palha.
Ajeitou o fumo na palha, juntou tudo com o canivete, passou a ponta da língua na beirada da palha e depois fechou o cigarro. Puxou uma caixa de fósforos do bolso e acendeu. A fumaça subiu. No instante seguinte já estava me perguntando sobre o que eu queria saber. Respondi que sobre tudo, e tudo que sua memória pudesse revelar. Então ele começou:
“Muito eu tenho visto de coisa do outro mundo. Tenho medo não, não senhor. Já faz tempo, mas certa feita eu vi quando, vindo daquelas bandas do meio do mato, uma pessoa sem cabeça. Sim, um cabra sem cabeça e como se tivesse saído de uma cova. Veio na minha direção e perguntou se eu sabia onde tava sua cabeça. Sei, eu sei onde tá sua cabeça, foi o que respondi. E disse: tá lá dentro do mesmo lugar de onde você veio. Pode ir lá procurar que você acha. Então o cabra voltou e nunca mais apareceu. Poucos acreditam quando conto essa história, mas foi tudo verdade. Também verdade que depois disso nunca mais desapartei de um rosário com crucifixo no pescoço...


Num fui coiteiro porque quis não. Naquele tempo do cangaço, não tinha escolha não, ou acoitava cangaceiro ou era pior. Mas uma coisa é certa: o cangaceiro tratava o sertanejo com muito mais respeito que o soldado da volante. Esse era um filho da gota serena de ruim. Já chegava querendo apunhalar o cabra se não dissesse que sabia onde o bando tava acoitado. Eu tinha tanta raiva de volante que não me neguei em ajudar cangaceiro, mas nunca procurei Lampião pra oferecer meu serviço. Quando o bando aparecia aqui e me pedia pra arranjar isso ou aquilo, pra ir comprar uma coisa ou outra, e ir levar em tal lugar, então eu fazia o serviço. E muita vez recebi até dinheiro pelo que eu fazia...
No meu tempo de vaqueiro aconteceu uma história pra lá de espantosa. Todo mundo dizia que havia um boi chamado Assombração que ninguém conseguia pegar, pois mesmo avistado e já pertinho, de repente o bicho se encantava e sumia. Pois bem. Certo dia eu disse que ia pegar o tal de Assombração. Ajeitei meu cavalo bom e segui pela mataria. O bicho vivia numa mataria fechada que só. Mas eu tive uma ideia e não contei a ninguém. Quando fui atrás do bicho encantador, eu levei também uma novilha nova, bonita. Cheguei perto da mataria fechada, numa distância boa, e amarrei a novilha num pé de pau. Eu sabia que o Assombração vinha atrás da novilha. Fiquei escondido num tufo de mato e me pus a esperar. Somente no outro dia o Assombração apareceu. Apareceu e começou a cercar a novilha, como se quisesse uma coisinha. Então eu subi no cavalo e fui até lá, mas não pra pegar o bicho encantador. Minha intenção era outra. Desamarrei a novilha e voltei com ela, bem devagar. Eu olhava pra trás e avistava o Assombração lá em pé. Quando olhei de novo não vi mais nada. E agora o que planejei. Botei a novilha num curral e deixei a porteira aberta. No outro dia o Assombração riscou por lá. E foi só eu fechar a cancela do curral e pronto. O bicho tava preso e se encantamento nenhum...”.
E Zequias contou muito mais. Mas depois eu conto.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO EM GUARACY



Recebi essa foto do nosso amigo Cláudio César da cidade de Iguaracy. Essa foto teria sido tirada no sítio lagoa velha que pertencia a seu avô José Ricardo Magalhães. O sítio está situado no referido município. Ele só não soube precisar a data da foto.


Faltou o autor colocar em qual Estado do Nordeste do Brasil fica a cidade de Guaracy. 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

OPTATO GUEIROS E O COMPORTAMENTO DA FORÇA VOLANTE


Do acervo do José João Souza

O ex-comandate de tropas volantes em Pernambuco, Optato Gueiros , nos deixa o seguinte relatos: Comandei verdadeiras feras. Tínhamos o direito, às vezes, de alistar civis sertanejos, que depois , apesar de serem efetivados como soldados, nada conheciam de disciplina, nem qualquer outra instrução a não ser o manejo do fuzil, para atirar. Uma tropa, composta dessa gente, naqueles tempos, só não era o mesmo cangaceiro porque não se consentia que matassem e furtassem, mas o desejo de fazer tudo isso alguns deles tinham. A minha disciplina revelava-se na ordem direta da mentalidade de muitos deles. Quando brigavam, um com o outro, e apontavam as armas para se matarem, eu punha a bala na agulha e dizia:

- O que ficar vivo, é "meu". E assim decidi muitos barulhos.
Do livro: "LAMPEÃO"
De: Optato Gueiros


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

RAIMUNDO SANTA HELENA MORRE AOS 92 ANOS



Morreu neste sábado (03) * (nota de correção no final da postagem) no Rio de Janeiro, o poeta popular Raimundo Luiz do Nascimento, mais conhecido como “Raimundo Santa Helena ou apenas Santa Helena”. Ele, nasceu em 06 de abril de 1926, “em um trole rodando à vara”. Auto-intitula-se “Paraibense”, pois sempre diz que “sua cabeça nasceu na Paraíba e o restante do corpo nasceu no Ceará”.

Sertanejo

O cordelista Raimundo Santa Helena era filho do Delegado Raimundo Luiz, que segundo a História foi assassinado por Lampião. 


E o poeta atuou por muitos anos na Feira de São Cristóvão no Rio de Janeiro. Inclusive temos muitos cordéis dele em nossa biblioteca que tem o nome de seu pai. O poeta veio a Santa Helena na década de 90 paraninfar uma turma de 3° ano pedagógico da Escola Municipal Padre José de Anchieta, a convite da turma, orientados pela professora Rosangela Tavares Dantas de Souza.

A maior parte de seus folhetos traz trechos autobiográficos, reforçando a construção de uma imagem de si constituída através de uma trajetória de vida bastante peculiar, que tem como ponto de partida a morte de seu pai pelo cangaceiro Lampião, durante uma invasão do bando no sertão de Cajazeiras, na Paraíba, em 9 de junho de 1927.

Em função deste fatídico dia, Santa Helena, aos 11 anos, fugiu de casa com um canivete na mão para vingar a morte do pai. Foi parar em Fortaleza e, acolhido por uma professora, estudou, trabalhou e acabou entrando para a Escola de Aprendizes de Marinheiros do Ceará. Na Marinha, participou da Segunda Guerra e estudou nos Estados Unidos, o que o ajudou na composição de cordéis bilíngues, como o “Brazilian Amazônia”, publicado na ocasião da ECO-92.

Seu primeiro cordel foi declamado a bordo do navio “Bracuí”, em 1945, após o anúncio do final da segunda grande guerra. Em 1984, lançou o folheto Mãos à obra nas escolas, cuja tiragem de 500 mil exemplares foi distribuída em diversas escolas. Dentre os seus folhetos mais importantes, destacamos ainda os cordéis Malvinas, Guerra de Canudos, Massacre dos Ianomâmis, Cruzado Furado, Desastre aéreo na TV, Nicarágua em dez línguas e o cordel para crianças O menino que viajou num cometa. Dentre os últimos lançamentos publicados, destacamos os cordéis intitulados Rio-2012 – Olimpíada, Transplantes e Passageiros da paz, lançados ao vivo pela TVE e em pleno ar num avião sobre o oceano Atlântico.

O poeta possui uma significativa variedade temática em sua obra poética, que vai desde o cangaço, passando por biografias de pessoas importantes – como as dos ex-presidentes Tancredo Neves e Getúlio Vargas – a temas ligados à educação sexual e à saúde de um modo geral. No entanto, a sua predileção temática e mais recorrente está relacionada à informação divulgada pela mídia, seja impressa, radiofônica ou televisiva.

Para se manter atualizado e garantir a credibilidade das informações que costuma divulgar, o poeta acessa pelo menos três notícias publicadas em meios diferentes; seleciona as que coincidem, a fim de garantir a ‘veracidade dos fatos’; e constrói o poema, imprimindo sempre a sua opinião pessoal acerca do acontecimento midiático selecionado. Para elaborar seus “cordéis midiatizados”, o poeta utiliza colagens a partir de matérias de jornais, fotos e documentos pessoais, ocupando todo o espaço em branco de seus folhetos, garantindo, assim, uma boa dose de originalidade em sua produção.

Referências bibliográficas

▪ SANTA HELENA, Raimundo. Plataforma de um poeta de cordel imortável. Folheto 261, Rio de Janeiro, 25/07/1988.

▪ Seleção feita por Braulio Tavares no livro: SANTA HELENA, Raimundo. Introdução e seleção feita por Braulio Tavares. São Paulo: Hedra, 2003. Biblioteca de cordel.

▪ SANTA HELENA, Raimundo. O menino que viajou num cometa. Rio de Janeiro: Entrelinhas, 2003.

▪ SANTA HELENA, Raimundo. Um marinheiro na esquina do mundo – de grumete a tenente. (Em fase de elaboração).

Fonte: Matéria do Diário do Sertão.

* A família nos informou que o falecimento ocorreu em 29/outubro/2018.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

EM BUSCA DA VERDADE, SEMPRE.


Por Sálvio Siqueira

O JORNAL “JORNAL DO RECIFE” NA EDIÇÃO DE 10 DE ABRIL DE 1926 TROUXE UMA MATÉRIA SOBRE A IDA DE LAMPIÃO E SEU BANDO À CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE – CE, DONDE CITA EXTRAÇÃO DE MATÉRIAS NOTICIADAS PELOS PERIÓDICOS “O CEARÁ” E O “O NORDESTE”, A ‘CONVITE’ DO DEPUTADO FEDERAL FLORO BARTOLOMEU A FIM DE FAZER PARTE DO BATALHÃO PATRIÓTICO, COM SEU QG NAQUELA CIDADE, ENGROSSANDO AS FILEIRAS QUE DAVAM COMBATE AO AVANÇO DA ‘COLUNA PRESTES’ SOBRE A REGIÃO NORDESTE DO PAÍS.

O QUE NOS CHAMOU A ATENÇÃO NA MATÉRIA FOI A CITAÇÃO DE QUE LAMPIÃO CONCEDEU DUAS ENTREVISTAS AOS RESPECTIVOS JORNAIS CITADOS E A DECLARAÇÃO DO CHEFE CANGACEIRO, SEGUNDO A REPORTAGEM, QUANTO AOS MOVIMENTOS TÁTICOS EMPREGADOS PELA FORÇA LEGALISTA ESTAREM SENDO COLOCADOS EM AÇÃO DE FORMA ERRADA.

NA ENTREVISTA, SEGUNDO O PERIÓDICO, LAMPIÃO FALA QUE SE AS AUTORIDADES FEDERAIS ACEITASSEM SEUS SERVIÇOS E SEGUISSEM SEUS PLANOS MUITO SE PODERIA FAZER DE PROVEITOSO CONTRA OS REVOLTOSOS.

O LINGUAJAR REFERENTE AO ‘REI DOS CANGACEIROS’ USADO NA MATÉRIA É EXTREMAMENTE DIFERENTE DAQUELE USADO PELO PERNAMBUCO DE VILA BELA E, ACREDITEM, TEM FORMA EXPRESSIVA DE UM OFICIAL GRADUADO EM ESCOLA MILITAR.

A IMPRENSA, EM BUSCA DE STATUS E AUDIÊNCIA, SEMPRE PASSOU OS PÉS PELAS MÃOS E DIVULGOU NOTÍCIAS DESENCONTRADAS E DE FUNDO SEM UMA VÍRGULA DE VERACIDADE. O PIOR DISSO TUDO É QUE A PESSOA QUE LER, SEM TER NOÇÃO DO QUE REALMENTE SEJA, ACREDITA PIAMENTE E REPASSA AS INFORMAÇÕES AOS CONHECIDOS. LAMENTÁVEL.









Sálvio Siqueira
ABLAC – Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço
F.C.P.E.C. – Frente de Combate a Picaretagem no Estudo do Cangaço



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

JACKSON DO PANDEIRO


Dizem que existem duas escolas de canto no Brasil : João Gilberto e Jackson do Pandeiro, que hoje completaria 100 anos redondinhos. Me orgulho em dizer que bebi - em todos os sentidos, rs - muito dessa fonte, que me forneceu um entendimento e uma confiança rítmica oriunda de um alicerce onde consta, entre outras fontes e fundamentos, o canto metalizado e flutuante de José Gomes Filho, vulgo Jackson do Pandeiro. 


Paraibano de Alagoa Grande, influenciou toda a música brasileira e merece ser elevado aos píncaros da glória, em todos os lugares do Brasil. Todas as homenagens a Jackson serão poucas para o tamanho de sua importância na nossa cultura musical popular, um dos maiores tesouros do Brasil que alguns insistem em subestimar". Texto e foto do genial mineiro Moyseis Marques cantor e compositor...


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

UM CANGACEIRO EM PAZ


Fonte: Revista Manchete, Rio/1969


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

EXPEDITA FERREIRA


Do acervo de Pedro Melo

Quem foi Lampião?

Anos depois da morte do lendário cangaceiro, sua filha (Expedita Ferreira Nunes) quer saber toda a verdade.

Fonte: Revista Manchete, Rio de Janeiro, 1980
Foto: Expedita Ferreira, filha dos cangaceiros Lampião e Maria Bonita, Autora: Isabel Garcia


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPAL ALBERTO TORRES EM NITERÓI, VISITANDO A EXPOSIÇÃO 100 ANOS DE JACKSON DO PANDEIRO.



Mais uma vez agradecendo a produtora Teca Nicolau pelo seu trabalho incansável em manter vivo o nome e a obra de artistas que enriqueceram a história da MPB. 







http://blogdomendesemendes.blogspot.com

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

"O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.


Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: 
franpelima@bol.com.br 
fplima1956@gmail.com

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2016/08/novo-livro-na-praca_31.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.
Solicite aqui:
franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: 

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:

franpelima@bol.co.br
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A ÚLTIMA VIVENTE


Aos 96 anos, Dulce passou juventude nocangaço

É o trauma de uma violência sofrida há mais de oito décadas por uma mulher que torna bem vivo o tempo do cangaço numa pequena casa do Jardim Márcia.

É o trauma de uma violência sofrida há mais de oito décadas por uma mulher que torna bem vivo o tempo do cangaço numa pequena casa do Jardim Márcia, na periferia de Campinas (SP). Na cidade muito longe do sertão - pelo menos na geografia - mora Dulce Menezes dos Santos, de 96 anos, violentada na adolescência por um integrante do grupo de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, arrancada da família e levada para a vida nômade na caatinga.

O começo de tarde paulista é frio para a senhora de corpo franzino e cabelos compridos, que acordou da rápida sesta. Ela chega à sala para a conversa com a equipe de reportagem. Antes mesmo de sentar no sofá, comenta: "O sonho da gente não esquenta mais, não". O lamento vem junto com um leve sorriso. A filha caçula, Martha, diz: "Tá faltando carne entre esses ossinhos, mãe".

Dulce se ajeita no sofá, com ajuda da filha. Martha conta que a mãe sempre evitou visitas e não esconde incômodo com janelas e portas abertas - por onde entram o frio e também a violência. Antes de toda pergunta, solta uma frase que repetirá a cada resposta dada e a cada interrupção na longa conversa. "Infelizmente aconteceu isso contra minha vontade. Não fui porque quis ir."

Era filha de trabalhadores de uma fazenda de algodão em Porto da Folha, Sergipe. Tinha quatro anos quando um besouro mordeu a mãe, Maria, que não resistiu. O pai, Mané João, dizem, morreu de saudade seis anos depois. A menina foi morar com a irmã Mocinha, em Piranhas, Alagoas, depois na fazenda de outra irmã, Julia, e do marido dela, João Felix.

O lugar servia de rancho de cangaceiros que adentravam o sertão. Ela estranhou os homens de roupas de tecido grosso, cor de folha seca, cintos pregados de moedas, chapéus de couro de aba para trás e com estrelas bordadas e bornais floridos. E bem armados. Um dos que frequentavam a fazenda era o cangaceiro João Alves da Silva, o Criança. Ao ver aquela menina num canto, acabrunhada, negociou a compra dela com João Felix por um bornal de joias.

Aos 96 anos, Dulce conta agressões que sofreu no tempo do cangaço

Criança avisou a João Felix que levaria Dulce numa festa que seria organizada pelo amigo cangaceiro Zé Sereno, numa fazenda vizinha. João Felix levou a mulher, Julia, e a cunhada. Criança não esperou para se aproximar da menina, que estava na casa da fazenda. Dulce já se assustou quando o cangaceiro entrou. "Tu vai ali comigo, Dulce."

Ele a puxou pelo braço, arrastando para fora. "Cala a boca, se não te sangro agorinha mesmo." Do lado de fora, a jogou no chão. Entre pedregulhos e espinhos, Dulce foi violentada e os convidados assistiram em silêncio. O cangaceiro passou a noite vigiando a "mercadoria". A música continuava e o som da sanfona e do triângulo sufocava os soluços de Dulce. Arrependido, João Felix temia que Criança, ao fim da festa, levasse Dulce embora. "Num vou desperdiçar bala em tu não, homem", disse o cangaceiro, com desprezo, segundo Dulce. "Esse cara me carregou."

Beira do rio

Naquele tempo, Dulce flertava com Pedro Vaqueiro, garoto de Piranhas. Eles brincavam na beira do São Francisco. "Eu era novinha, de 13 para 14 anos, uma criança", lembra. A violência vai e volta no relato de Dulce. "Fui a pulso, arrastada, se não morria. O apelido dele era Criança (o nome do agressor sai mais forte na voz dela). Deus queria que eu estivesse aqui agora, conversando com vocês", conta. "Com parabellum (pistola) na mão. E com medo de morrer, acompanhei."

A notícia do rapto chegou a Piranhas. Pedro Vaqueiro se desesperou. Dizem que ficou desnorteado, sem rumo. Saiu de casa, desapareceu, relata Martha. A história daqueles dias está num livro escrito pelo professor baiano Sebastião Pereira Ruas, que foi casado com Martha. Dulce, a boneca cangaceira de Deus foi escrito na forma de novela típica dos velhos contadores. O texto simples traz luz ao debate sobre a violência contra a mulher no cangaço. A venda é para ajudar Dulce.
Massacre

Em 27 de julho de 1938, Dulce estava num acampamento na Grota do Angico, Sergipe. Ali, Lampião reuniu diversos subgrupos que agiam sob seu controle na caatinga, em roubos, saques, achaques e agiotagens. Foi quando Dulce, adolescente, esteve mais perto de Maria Gomes de Oliveira, de 27 anos, a mulher de Lampião, que ficou conhecida por Maria Bonita. "Era boa pessoa a Maria. Ficamos poucos dias juntas. Lampião tinha uma turma, Criança tinha outra, Balão tinha outra. Se vivesse tudo junto, a polícia descobria pelo rastro. Agora, nesse dia estava todo mundo junto. Tinha de acontecer, graças a Deus."

À noite, Maria chamou Sila e Dulce para conversar. Na conversa, elas viram, na caatinga escura, uma luzinha amarela, que piscava longe. Chegaram a pensar que era vaga-lume. Foram dormir sem falar para os homens sobre a luminosidade.

Pela manhã, Dulce levantou com os gritos de Criança. Uma volante - grupos de policiais formados para combater cangaceiros - tinha cercado o grupo. Em meio a tiros, ela ouviu a voz de Maria Bonita, baleada, diante do corpo de Lampião. Dulce, Sila e Enedina correram. Um tiro de fuzil acertou a cabeça de Enedina, miolos respingaram em Dulce, que conseguiu escapar juntamente com Criança e outros 21 cangaceiros.

"No combate em que mataram Lampião e Maria Bonita, eu estava. Nenhuma bala pegou em mim. Morreu um bocado. Já esqueci quantos morreram", conta - 11 cangaceiros e um soldado morreram. "Era tiro demais. Gente caindo, entrando pelas pernas, passando em cima de cabeças. Escapou quem tinha de escapar, porque nunca vi tanto tiro na vida, meu filho." A notícia da emboscada chegou rápido a Piranhas. Parentes de Dulce foram ver se a cabeça da menina estava em exposição na escadaria da prefeitura.

O historiador João de Sousa Lima, de Paulo Afonso, na Bahia, desenvolve um trabalho para localizar sobreviventes do cangaço, em especial mulheres. Os relatos delas mostram que a história de crueldade do bando de Lampião ou das volantes encobriu a da violência contra mulheres do grupo. Uma semana antes do massacre de Angicos, Cristina foi assassinada por querer trocar de companheiro. Também foram mortas de forma trágica pelo próprio grupo Lídia, Lili e Rosinha.
Mulher de prefeito

Embrenhado na caatinga, o grupo sobrevivente de Angicos decidiu se entregar à polícia. "Aí acabou", diz Dulce. O ditador Getúlio Vargas concedeu anistia aos cangaceiros. Criança e Dulce, nesse tempo, tiveram dois filhos. Foram trabalhar na fazenda de João Anastácio Filho, o Jacó, na região de Jordânia, Vale do Jequitinhonha, em Minas.

O livro destaca que Jacó era influente. Casado, decidiu se aproximar de Dulce. Pôs Criança para atuar como tropeiro e, assim, começou a afastá-lo da fazenda. Depois de uma longa viagem, Criança foi alertado por companheiros que era melhor ir embora. Ele levou os dois filhos. Do casamento com Jacó, Dulce teve outros 18 filhos. Anos depois, ele foi eleito prefeito de Jordânia, hoje com 10 mil habitantes. "Foi o tempo que fui feliz Por enquanto estou aqui, até a hora que Deus me levar. Graças a Deus nunca maltratei ninguém", diz. "Agora essa turma do Lampião, meu Deus do céu, quando queria pegar mulher, se não fosse, eles matavam."

Com a morte de Jacó, Dulce foi morar com a filha Martha em Campinas. A cidade grande também seria de privações. Viu filho e netos serem assassinados. Ela volta a falar do sertão e do cangaço. "Acabou. O Norte está sossegado, não está?"



Serviço:

DULCE, A BONECA CANGACEIRA DE DEUS

Autor: Sebastião Pereira Ruas
Editora: Lexia, 227 páginas
Preço: R$ 45

O livro é vendido por Professor Pereira entre em contato pelo email franpelima@bol.com.br ou WhatsApp (83) 99911-8286.

Pesquei no Correio RAC


http://blogdomendesemendes.blogspot.com