Morreu neste
sábado (03) * (nota de correção no final da postagem) no Rio de Janeiro, o
poeta popular Raimundo Luiz do Nascimento, mais conhecido como “Raimundo Santa
Helena ou apenas Santa Helena”. Ele, nasceu em 06 de abril de 1926, “em um
trole rodando à vara”. Auto-intitula-se “Paraibense”, pois sempre diz que “sua
cabeça nasceu na Paraíba e o restante do corpo nasceu no Ceará”.
Sertanejo
O cordelista Raimundo Santa Helena era filho do Delegado Raimundo Luiz, que segundo a História foi assassinado por Lampião.
E o poeta atuou por muitos anos
na Feira de São Cristóvão no Rio de Janeiro. Inclusive temos muitos cordéis
dele em nossa biblioteca que tem o nome de seu pai. O poeta veio a Santa Helena
na década de 90 paraninfar uma turma de 3° ano pedagógico da Escola Municipal
Padre José de Anchieta, a convite da turma, orientados pela professora
Rosangela Tavares Dantas de Souza.
A maior parte
de seus folhetos traz trechos autobiográficos, reforçando a construção de uma
imagem de si constituída através de uma trajetória de vida bastante peculiar,
que tem como ponto de partida a morte de seu pai pelo cangaceiro Lampião,
durante uma invasão do bando no sertão de Cajazeiras, na Paraíba, em 9 de junho
de 1927.
Em função
deste fatídico dia, Santa Helena, aos 11 anos, fugiu de casa com um canivete na
mão para vingar a morte do pai. Foi parar em Fortaleza e, acolhido por uma
professora, estudou, trabalhou e acabou entrando para a Escola de Aprendizes de
Marinheiros do Ceará. Na Marinha, participou da Segunda Guerra e estudou nos
Estados Unidos, o que o ajudou na composição de cordéis bilíngues, como o
“Brazilian Amazônia”, publicado na ocasião da ECO-92.
Seu primeiro
cordel foi declamado a bordo do navio “Bracuí”, em 1945, após o anúncio do
final da segunda grande guerra. Em 1984, lançou o folheto Mãos à obra nas
escolas, cuja tiragem de 500 mil exemplares foi distribuída em diversas
escolas. Dentre os seus folhetos mais importantes, destacamos ainda os cordéis
Malvinas, Guerra de Canudos, Massacre dos Ianomâmis, Cruzado Furado, Desastre
aéreo na TV, Nicarágua em dez línguas e o cordel para crianças O menino que
viajou num cometa. Dentre os últimos lançamentos publicados, destacamos os
cordéis intitulados Rio-2012 – Olimpíada, Transplantes e Passageiros da paz,
lançados ao vivo pela TVE e em pleno ar num avião sobre o oceano Atlântico.
O poeta possui
uma significativa variedade temática em sua obra poética, que vai desde o
cangaço, passando por biografias de pessoas importantes – como as dos
ex-presidentes Tancredo Neves e Getúlio Vargas – a temas ligados à educação
sexual e à saúde de um modo geral. No entanto, a sua predileção temática e mais
recorrente está relacionada à informação divulgada pela mídia, seja impressa,
radiofônica ou televisiva.
Para se manter
atualizado e garantir a credibilidade das informações que costuma divulgar, o
poeta acessa pelo menos três notícias publicadas em meios diferentes; seleciona
as que coincidem, a fim de garantir a ‘veracidade dos fatos’; e constrói o
poema, imprimindo sempre a sua opinião pessoal acerca do acontecimento
midiático selecionado. Para elaborar seus “cordéis midiatizados”, o poeta
utiliza colagens a partir de matérias de jornais, fotos e documentos pessoais,
ocupando todo o espaço em branco de seus folhetos, garantindo, assim, uma boa
dose de originalidade em sua produção.
Referências
bibliográficas
▪ SANTA HELENA, Raimundo. Plataforma de um poeta de cordel imortável. Folheto 261, Rio de Janeiro, 25/07/1988.
▪ Seleção feita por Braulio Tavares no livro: SANTA HELENA, Raimundo. Introdução e seleção feita por Braulio Tavares. São Paulo: Hedra, 2003. Biblioteca de cordel.
▪ SANTA HELENA, Raimundo. O menino que viajou num cometa. Rio de Janeiro: Entrelinhas, 2003.
▪ SANTA HELENA, Raimundo. Um marinheiro na esquina do mundo – de grumete a tenente. (Em fase de elaboração).
Fonte: Matéria
do Diário do Sertão.
* A família
nos informou que o falecimento ocorreu em 29/outubro/2018.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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