A
historiografia do cangaço é, em si e por si, bastante complexa em seu amplo
parâmetro.
Primeiro pela sua extensão de tempo, de 1756 a 1940 oficialmente e com isso ter
feito parte de dois regimes governamentais, Império e República, mais o Estado
Novo depois do golpe no golpe, onde o segundo pretendia rasgar, queimar, tirar
do mapa, o primeiro. Segundo, junto a ela, a falta de títulos, registros,
comprobatórios. A maioria das informações que temos escritas em obras
literárias está ‘naquela’ de informações orais, notícias em jornais da época
e/ou boletins militares. Se as três fontes de informações, em determinada
informação, baterem, tiverem o mesmo ‘percurso’, a mesma ‘trilha’, bacana,
estar tudo dentro dos conformes científico- metodológicos. Porém, raramente, as
informações batem, pelo menos parecidas, nas três vias de pesquisa.
A fonte
fornecedora oral sobre o passado tende por si aumentar, ampliar, parte daquilo
que viu, soubera de outra fonte ou mesmo tendo passado, vivido a ocorrência.
Isso faz parte da natureza humana, aumentar, diminuir, criar e fantasiar o que
aconteceu ao longo da sua existência. É fato.
Uma das fontes
escritas, único meio de comunicação em massa na época, os jornais escritos,
tendem a tentarem chamar a atenção, particularmente, para o seu produto,
aumentando, criando e fantasiando suas matérias para assim seu produto ter
saída e as vendas aumentarem. Vemos, hoje, manchetes e matérias, da época da
hecatombe, que nem a identificação de personagens e lugares é correta. É fato.
Por fim, temos
a fonte de pesquisa dentro das corporações militares de cada Estado por onde o
Fenômeno Social Cangaço “andou”, “esteve” e/ou se propagou. Essa fonte deveria
ser de total confiança, porém, sabemos que não é. Os subdelegados, delegados e
militares dos povoados, vilas e cidades da época, logicamente, não ‘podiam’
escrever, em seus relatórios e/ ou boletins, tudo aquilo que realmente ocorrera
em determinadas ações empregadas por civis e militares nos vários embates
contra cangaceiros, mesmo porque estavam sendo, sempre, empregadas contra
‘bandidos’ salteadores. Aí, muita gente que nada tinha haver com o ‘causo’,
‘dançou’ bonitinho. Foi castigada a base de ‘cipó de boi’ ou varas de
marmeleiro ou mesmo mortas, assassinadas, não tem outra definição, e foram
incluídas no somatório do total de bandoleiros abatidos. Também é fato.
Quando as
fontes informativas seguem um mesmo rumo, até que se tem uma ampla segurança
naquilo que se narra e/ou escreve, quando falha uma delas, a coisa começa a
complicar. Há fatos escritos sobre as ações de bandos de cangaceiros,
particularmente do de Lampião, em determinados lugares que, jamais o cara
colocou os pés nem nos limites do município, imaginem ter adentrado e praticado
os horrores costumeiros.
Bem, voltamos
a falar nesse texto sobre o ataque que Lampião fez, ou tentou na fazer, a
cidade norte rio-grandense de Mossoró.
O sol já havia
pendido no horizonte quando o prefeito da cidade, coronel Rodolfo, envia para o
chefe cangaceiro, Lampião, seu último bilhete dizendo não ter, nem poder enviar
a quantia solicitada. Ao enviar aquele bilhete, com certeza sabia o Intendente
que mexeria num vespeiro. Só que, sabidamente, ele organizou uma defesa armada,
teve tempo para isso. O coronel organizou uma defesa com os militares que ficaram
na cidade junto aos civis determinados, a fim de defendê-la dos proscritos. O
coronel sabia da quantidade de cangaceiros que acompanhava o pernambucano
chefe, inclusive, do total após terem se aglomerado os bandos de Lampião e
Massilon Leite. Nas escuras, sem saber, pelo menos da quantidade, todos sabemos
que seria loucura.
Lampião usou uma das armas mais combatíveis e eficientes no decorrer da sua
guerra particular, o medo. O medo, gerado por mortes terríveis, sofridas e
judiadas, sequestros, estupros e toda série de horrores anteriormente
praticados, fazia com que muitos daqueles inquiridos por quantias distintas, as
mandassem sem nem pestanejarem. Ao estudarmos o que ele cometera ao longo do
percurso para Mossoró, vemos claramente as pretensões do chefe cangaceiro. Suas
ações praticadas durante a ‘jornada’ nos mostra com clareza o ‘efeito esperado’
por ele. Só que o ‘tiro saiu pela culatra’, como dizemos aqui nos rincões do
Sertão do Pajeú das Flores, e o efeito foi totalmente ao contrário dos homens daquela
cidade.
Segundo o
pesquisador/historiador Sérgio Augusto de Souza Dantas, na tarde do dia 13 de
junho de 1927, no lugar chamado “Saco”, os bandoleiros encontravam-se acampados
enquanto seu chefe tomava as últimas providências. Lampião queria ‘arrancar’ a
grana do prefeito sem dar um tiro, por isso, envia-lhe os famosos bilhetes e
tem respostas com outros em forma negativa. Vendo que mais nada podia ser feito
além de um ataque armado, Lampião chama seus lugares-tenentes, na época os
cangaceiros Sabino e Jararaca, e fazem um ‘conselho de guerra’. Havia se
juntado ao bando do chefe cangaceiro pernambucano o bando de do cangaceiro
paraibano conhecido por Massilon Leite, ficando todo contingente em torno de
cinquenta e poucos homens.
O ideal seria terem se divido, o terem divido, o bando em quatro grupos, porém,
naquela tarde de junho, o cangaceiro Jararaca havia tomado cachaça em demasia e
não tinha condições, físicas nem mentais de comandar sua caterva. Então o bando
é divido em três grupos, ficando Sabino como comandante de um, Massilon tomando
de conta de outro e o restante acompanha Virgolino.
Sabino e seus
‘cabras’, incluindo os cangaceiros Colchete e Jararaca, ficaram com a linha
frente, ou próximo a essa devido estarem a usar, aí entra o dedo estratégico de
lampião, os reféns como escudos. Lampião ordena que se faça uma linha de frente
com os prisioneiros. Eles entregam rifles aos prisioneiros, descarregados é
claro, para que, se ocorresse um investida do pessoal da cidade, essa seria em
cima dos pobres refém, dando tempo para o bando refazer-se da surpresa e
contra-atacar. Imaginem como esse pessoal, andando na frente de um bando de
celerados, prontos para brigarem, sabedores da resistência colocada pelo
prefeito, vendo a hora serem atingidos, por um ou por outro lado, o quanto
‘cortaram prego’. Logo depois estava o grupo de Massilon e, por último, na
retaguarda ficou o comandante-chefe com os seus. Por mais que se esgueirassem
não foi possível chegar ao ponto determinado, o Banco do Brasil ou a casa do
prefeito, sem serem notados.
“(...) A
frente da matutada marchavam – como ajustado – os reféns Amadeu Lopes, Pedro
José, Azarias Januário, Júlio soares, Joaquim Germano de melo, Belarmino de
Morais, Sancho amaro, além de Geraldo Oliveira e filho, cada qual com rifle
desmuniciado às mãos e chapéus à cabeça. Pavor estampado nos rostos humildes,
como a refletir desconfortável condição de “escudos humanos” (...).” (“Lampião
e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada” – DANTAS, Sérgio
Augusto de Souza. Natal, 2005)
O Intendente
nos mostra conhecer de batalhas ao estudarmos como ‘armou’ a defesa de sua
cidade. Além de usar sacos com algodão, para reter os projéteis, colocou vários
dos seus homens na parte alta, sobre os telhados, para assim terem melhor visão
sobre o inimigo e uma melhor posição de tiro, além d e ficarem fora da linha de
fogo. Atirar de cima para baixo, resguardado por frentões de tijolos, sempre é
melhor do que estar no meio das ruas em busca de abrigo frontal e para o alto,
o que não se encontra em todo local.
Estrategicamente
o coronel Rodolfo coloca sentinelas nos lugares mais elevados da cidade, nas
torres das igrejas. Uma dessas sentinelas fora o dentista Antônio Brasil, que,
segundo o escritor citado, Sérgio Dantas, deu o primeiro alarma. O homem sempre
tende a usar aquilo que estar ao seu alcance em confrontos e, se nada há, ele
improvisa e/ou cria para sua defesa e seus ataques. Pois bem, com certeza havia
sido acordado antes que, quem primeiro notasse movimentos de cangaceiros, daria
o alarma para os companheiros mais próximos. O dentista deu o alarma para os
funcionários do Telégrafo. Estes passam a informação para o Padre Luís Mota,
que daria a ordem para puxarem as cordas e badalarem os sinos. Assim ocorreu: o
padre permiti que homens fiquem nas torres da Igreja Matriz, protegidos, para consumarem a resistência...
“(...) Cedi as
torres da Igreja Matriz para nela se fazerem trincheiras(...) Da torre esquerda
da Matriz rompeu o primeiro tiro em direção à Capela do Alto da Conceição, onde
apontavam os primeiros bandidos. Corro à Praça da Matriz, mando tocar os sinos
como alarma, correspondido pelas demais torres das igrejas (...).” (Ob. Ct.)
Acreditamos
que Massilon tinha ordens específicas, não de Lampião, mas de um coronel coiteiro,
o coronel Isaias Arruda, do município de Aurora, CE, para dar um fim no coronel
Rodolfo Fernandes, Intendente de Mossoró, RN. No início do conflito, conta-nos
a história que Massilon guia seus subordinados em direção específica à casa,
exatamente do prefeito, o coronel Rodolfo. Apesar de alguns não verem, ou não
quererem ver, o coronel sabia ser o alvo principal. Tanto que constrói uma
excelente barricada em sua moradia. Concluímos isso quando vemos, nos anais dos
relatos da história, que a casa de seu genro, o gerente do Banco do Brasil, na
época, fica desguarnecida e é invadida por parte dos cangaceiros que estavam
com Sabino. Eles arrombam suas portas, entram e fazem o maio arruace dentro
dela.
Esses, e outros detalhes, contaremos em outra oportunidade. Fixaremos nossa
volta ao passado no ataque a casa do coronel e da sede, casa, da Intendência.
Massilon de tudo faz, ou pensa ter feito para invadir a casa do coronel Rodolfo
e apossar-se dela e do nela tinha. Deu a molesta e não conseguiu. Sabino com os
seus, estava a atacar a sede da Intendência, já o comandante mor do cangaço,
encontrava-se distante do eixo do conflito.
Seguindo os
trilhos, Lampião chaga a Estação Ferroviária e nela monta seu QG. Dali ele
recebe notícias e dá suas ordens. Junto aos homens de Sabino encontrava-se o
cangaceiro “Colchete”. “Colchete” se esgueira feito uma serpente à procura de
sua presa usando como anteparo a mureta de uma casa. Chegando ao limite, nota
que como vai, a coisa não iria muito longe. Toma uma decisão suicida: parte de
seu abrigo, em busca dos fardos de algodão que faziam barreira na casa onde se
encontrava o coronel e seus defensores para atear fogo nos mesmos. Não vendo
outra maneira de desalojar os defensores do coronel, e ele próprio, parte para
cima da trincheira. No caminho para essa casa, ziguezagueando, Colchete
pretende, ou pretendia colocar fogo nos fardos do algodão, a fim de desalojar
os homens que dentro da casa estavam a darem combate. Mais uma vez a estratégia
fica ao lado de quem usa. Dessa vez o estrategista era o coronel prefeito. Além
da barreira que havia com os frentões das casas usadas como trincheira tinha as
torres das Igrejas usadas para o mesmo fim. No local bastante elevado, alguém,
de muito sangue frio e boa pontaria, nota as intenções do cangaceiro ao
aproximar-se da casa sede da Intendência. Sem pressa, leva o rifle ao ombro,
faz mira e aperta o gatilho.
O atirador
acerta o alvo escolhido na altura da sua face. Colchete, impondo uma velocidade
limitada as pernas dos homens, recebe o impacto da bolota que saíra da arma do
atirador na torre da Igreja. Acreditamos que mesmo sem serem somadas as duas
velocidades, apenas o tiro bastava, dá um grito de horror e seu corpo e jogado
no chão. O cangaceiro fica a mover-se de dores e a urrar feito fera ferida.
Calmamente o atirador recoloca outra bala na agulha, faz mira e puxa o gatilho.
Dessa feita, o projétil vai alojar da altura do dorso do bandido. O corpo,
cremos que por efeito de espasmos, puro reflexo, ainda estremece por algum
momento, ficando inerte logo em seguida, pois sua vida havia chegado ao fim.
Ao perder tão
efetivo combatente, o chefe naquela linha de fogo, o cangaceiro Sabino das
Abóbodas, ordena imediatamente o toque de retirada. Pela extensão em que
estavam posicionados, logicamente os homens não escutariam o simples toque da
corneta. Por isso, para esse combate, havia Lampião, prevendo uma ocorrência
semelhante, ordenado que, ao afastarem-se da linha de fogo, seus homens usassem
como ‘toque de retirada’ o som dos disparos das armas pequenas, revólveres e
pistolas, e assim foi feito. Essa tática é bastante usada quando da
participação das mulheres, depois de 1930, nos combates entre cangaceiros e
volantes. Dentre os comandados por Sabino, um, não conseguindo atinar o que
faziam os outros, talvez pelo excesso do álcool, fica pra trás. Ele, vendo o
companheiro ter sido abatido, parte para cima de seu corpo. Alguns autores
referem que Jararaca simplesmente iria com a intenção de recolher os ‘bens’ que
seu companheiro levava nos bornais.
Aqui deixamos
nosso parecer, particular, de que não acreditamos nessa versão. O cangaceiro
José Leite de Santana, mais conhecido por “Jararaca”, era um ex-militar do
Exército brasileiro. Prestava seus serviços a Nação desde 1920, quando, em 1924
estoura mais uma revolta militar, tida na História como Revolta Paulista de
1924, sendo, também conhecida por: Revolução Esquecida, Revolução do Isidoro,
Revolução de 1924 e de Segundo 5 de julho, onde participara sob as ordens do
general reformado Isidoro Dias Lopes. Então meus amigos, a ida do cangaceiro
Jararaca, ou a pretensão deste, para nós não fora simplesmente em busca de seus
pertences, mas, talvez para ajudar ou mesmo recolher o corpo de um companheiro
tombado na trilha sangrenta do combate. Quando se cai nas garras do crime,
tornando-se um criminoso, não importa como sejam, muitos dos pesquisadores,
talvez para darem uma satisfação, insatisfeita, aos leitores, ou a seus
leitores, já determinam as ‘causas’ em suas entrelinhas.
Pois bem,
Jararaca, também é atingido por tiros vindos do alto das torres da Igreja. Cai
por sobre o corpo do companheiro e permanece por alguns instantes imóvel. Ao
ver-se ferido gravemente, pois havia recibo um tiro na altura da linha medial
do tórax e outro na parte posterior de sua coxa direita, grita pedindo socorro
a Sabino. Naquela altura Sabino e seus homens já haviam se retirado, estando
distantes, não conseguem escutar os gritos do companheiro, mesmo porque o
barulho ensurdecer dos disparos continuava pertinentemente.
“(...) caiu
desacordado por cima do corpo fétido de Colchete.
Minutos transcorreram em enervante silêncio.
Em pouco, o cangaceiro recobrava as forças. Sem embargo, de sangue verter aos
borbotões pelo profundo ferimento aberto a altura do peito, articulou simultaneamente
os músculos das pernas e ensaiou rastejar. Percebeu já distantes, seus
consortes de guerra. Bradou rouco, desesperado:
- Sabino, estou ferido! Moreno, socorro! Me ajude, Sabino!
Não havia menor possibilidade de retorno. A cabroeira, atarantada, vencia o
campo aberto até o cemitério. A escapada em desordem os colocava na ira de
atiradores posicionados na residência de Ezequiel Fernandes de Souza, na
trincheira do casarão do Intendente e na torre da Igreja de São Vicente. A
artilharia, naquele momento, provinha de três flancos (...).” (Ob. Ct.)
Já na outra
frente, com o chefe Massilon e seus comandados, a coisa estava bem parecida com
a primeira. A residência alvo não fora tomada. Ferrenhos defensores desceram as
mãos nos gatilhos das armas, tornando-se impossível algum progresso por parte
dos homens de Massilon. Sem ter outra saída, passa a ordem e recuam em direção
ao ponto em que encontrava-se Lampião. Antes, porém, recebem uma saraivada de
balas de homens estrategicamente colocados ao longo dos trilhos do trem. Com
muito esforço Sabino chega a presença do chefe e faz seu relatório. Lampião
fica sabendo de que tiveram duas grandes baixas, Colchete e Jararaca. Sabino
pensava que seu companheiro, o cangaceiro Jararaca, também estivesse morto. Lampião
ordena que Sabino retorne ao campo da luta e passa a ordem para que Massilon e
Luiz Pedro, que estavam a trocar tiros com os defensores, entocados dentro da
sede da União dos Artistas, (Dantas), dando cobertura a retirada de Sabino e
seus homens. Assim fora ordenado, e assim foi cumprido. Lampião, ‘lambendo as
feridas’ parte rumo ao Estado do Ceará, para a cidade de Limoeiro do Norte,
onde seus homens recebem os cuidados de um farmacêutico e depois partem rumo ao
Leão do Norte.
Na cidade do
sal, as coisas estão a se clarear para os defensores. O receio de uma nova
investida dos cangaceiros vai passando aos poucos. Cita Dantas em sua obra que
essa certeza só veio depois que o tenente Abdon Nunes de Carvalho junto ao
sargento Pedro Sílvio e alguns homens, fizeram uma ronda de averiguação
protegidos, resguardados, pelos defensores que estavam no alto da torre da
igreja e das casas.
A cidade volta
a ter vida alegre. A alegria é percebida em todo rosto. Venceram o bando do
“Rei dos Cangaceiros”. Aos poucos algumas pessoas, que estavam escondidas
próximos a cidade, começam a voltarem e, juntando-se aqueles que saíam das
trincheiras, começam a aglomerarem-se em volta do corpo inerte do cangaceiro
Colchete. Dessa forma, fora descrita a cena tétrica do corpo do cangaceiro
morto na travessa São Vicente por um artista:
“Trajava roupa
cáqui, vestindo uma calça mesclada; usava chapéu com dois barbicachos, calçava
luvas de couro, usando alpercatas com meia de seda; ao pescoço trazia
encarnado, bom como à cintura uma faixa de chita bem vermelha. A sua arma era
um fuzil Mauser, trazendo trazendo no bornal profusa munição. Foi encontrada em
duas algibeiras uma porção de moedas de prata. Ao pescoço pendurava inúmeros
escapulários, orações diversas e medalhas de Santos, inclusive uma de alumínio,
com a efígie do Padre Cícero.” (Ob. Ct.)
Os momentos de
tensão e medo antes do ataque, aos poucos se transformam em uma aloucada tensão
geral de quererem, ao exibirem o corpo de um deles, mostrarem todo seu ego,
potencial, nas ruas daquela cidade. Então começam a arrastarem o macabro troféu
pelas ruas, profanando-o com perfurações, de facas e punhais, chegando a
cortarem uma das orelhas do defunto, até chegarem às escadarias da Igreja de
Santa Luzia, aonde o deixam.
Bem meus
amigos. Notamos que na obra do pesquisador/historiador Sérgio Augusto de Souza
Dantas, “Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada”, o
mesmo não cita, em momento algum, o nome daquele defensor a acertar,
mortalmente, o cangaceiro Colchete. Já há em vários textos há citação de um
civil como sendo o feitor da ‘obra’. Já em outros, vemos a citação, resultado
de uma pesquisa feita por um pesquisador militar, essa nos trás o nome do
militar e sua patente, referindo inclusive que o mesmo fora promovido pela ação
em Mossoró.
O pesquisador
Romero Cardoso, da cidade de Pombal, usando as páginas do blog CARIRI CANGAÇO,
em uma quinta-feira, 1 de setembro de 2011, na matéria “O Trucidamento de
Jararaca em Mossoró”, não referindo quais as fontes usadas sobre o assunto,
assim nos relatou o caso:
“Na parte superior da residência do prefeito postava-se exímio atirador, de
nome Manuel Duarte, que logo notou a intenção do famoso bandido do vale do
Pajeú.
O bravo
defensor mossoroense esperou momento oportuno, quando Colchete ficou com a cabeça
visível o suficiente para que o winchester calibre 44 do homem postado em cima
da residência do prefeito detonasse projétil certeiro que esfacelou o crânio do
cangaceiro de Lampião. Colchete estertorava devido o estrago causado pela bala
da arma de Manuel Duarte, quando outro indômito integrante da trincheira do
prefeito pulou a janela de punhal em riste para terminar o serviço, sangrando-o
impiedosamente. Imediatamente esse homem que não sabia o significado da palavra
medo voltou ao seu posto para continuar o combate.”
Agora veremos,
através das páginas do blog TOXINA, a matéria: “CURIOSIDADE – CABO PASTEL, O
POLICIAL QUE MATOU COLCHETE E PRENDEU JARARACA”, colhida de uma fonte militar.
Um coronel da Briosa do RN, Coronel Ângelo, fazendo uma pesquisa sobre antigos
guerreiros daquela corporação, descobre um boletim datado de 15 de junho de
1927, dois dias depois do ataque a cidade de Mossoró, RN, onde o mesmo refere
quem fora o homem a acertar o cangaceiro Colchete naquela tarde.
Vejamos o que nos relata o pesquisador sobre a pesquisa do coronel Ângelo:
“...No dia 11
de maio de 1927, seguiu em diligências para o interior do Estado, um
contingente de 16 policiais militares, com o objetivo de reforçar o
policiamento do interior contra o bando de Lampião.
Entre esses homens estava o Cabo Leonel da Silva Pastel, figura pouco conhecida
na história do cangaço e cuja única fotografia foi descoberta tem pouco tempo
junto aos arquivos da PMRN em Natal, pelo Coronel Ângelo, historiador da PMRN.
Por volta de
16h00 do dia 13 de junho de 1927, Lampião e seus cangaceiros invadiam a cidade
de Mossoró os quais foram recebidos e expulsos à bala pelos corajosos
mossoroenses.
Entre os
cidadãos que se encontravam nas várias trincheiras armadas pela cidade, estavam
alguns policiais que pertenciam ao contingente policial local. Um deles era o
Cabo Leonel da Silva Pastel, pouco conhecido na história e cuja única
fotografia foi descoberta tem pouco tempo pelo Coronel Ângelo, historiador da
PMRN.
Conforme
Boletim Oficial da PM, o Cabo Pastel teria sido o responsável pela morte do
cangaceiro Colchete e também teria sido o autor da prisão de Jararaca, ferido
no peito quando tentava ajudar seu companheiro Colchete.
Por tais razões, Pastel foi promovido ao Posto de Sargento, tudo isso registrado
no Boletim Regimental da PMRN, nº 166, datado de 15 de junho de 1927. Além
disso, também foram promovidos ao Posto de Cabo, os soldados Minervino Fagundes
e João Arcanjo, pela coragem com que ajudaram a população a enfrentar a
investida do Bando de Lampião, tudo isso, registrado no Boletim Regimental nº
172, de 21 de junho de 1927”
Vejam que,
apesar de ser um fato bastante divulgado, estudado e analisado por diversas
linhas, frentes, de pesquisa, surge esse, digamos, impasse, sobre quem,
realmente, seria o matador de Colchete.
A pesquisa, aí é esse seu criado particularmente referindo, executada pelo
pesquisador/militar, o coronel Ângelo, nos trás uma fonte escrita. Nela uma
data e nomes de militares participantes daquele conflito., nos levando a seguir
essa trilha.
E aí? Quem, na
verdade, foi o matador do cangaceiro “Colchete”, na tarde do dia 13 de junho de
1927, na cidade norte rio-grandense de Mossoró?
No entanto,
meus amigos, fica ao encargo de vocês, darem seguimento a essa pesquisa e, ao
final de tudo, tirarem suas conclusões.
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