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sábado, 4 de novembro de 2017

FOI O ‘CABO PASTEL’ OU MANOEL DUARTE QUEM MATOU “COLCHETE” EM MOSSORÓ?


A historiografia do cangaço é, em si e por si, bastante complexa em seu amplo parâmetro.

Primeiro pela sua extensão de tempo, de 1756 a 1940 oficialmente e com isso ter feito parte de dois regimes governamentais, Império e República, mais o Estado Novo depois do golpe no golpe, onde o segundo pretendia rasgar, queimar, tirar do mapa, o primeiro. Segundo, junto a ela, a falta de títulos, registros, comprobatórios. A maioria das informações que temos escritas em obras literárias está ‘naquela’ de informações orais, notícias em jornais da época e/ou boletins militares. Se as três fontes de informações, em determinada informação, baterem, tiverem o mesmo ‘percurso’, a mesma ‘trilha’, bacana, estar tudo dentro dos conformes científico- metodológicos. Porém, raramente, as informações batem, pelo menos parecidas, nas três vias de pesquisa.

A fonte fornecedora oral sobre o passado tende por si aumentar, ampliar, parte daquilo que viu, soubera de outra fonte ou mesmo tendo passado, vivido a ocorrência. Isso faz parte da natureza humana, aumentar, diminuir, criar e fantasiar o que aconteceu ao longo da sua existência. É fato.


Uma das fontes escritas, único meio de comunicação em massa na época, os jornais escritos, tendem a tentarem chamar a atenção, particularmente, para o seu produto, aumentando, criando e fantasiando suas matérias para assim seu produto ter saída e as vendas aumentarem. Vemos, hoje, manchetes e matérias, da época da hecatombe, que nem a identificação de personagens e lugares é correta. É fato.

Por fim, temos a fonte de pesquisa dentro das corporações militares de cada Estado por onde o Fenômeno Social Cangaço “andou”, “esteve” e/ou se propagou. Essa fonte deveria ser de total confiança, porém, sabemos que não é. Os subdelegados, delegados e militares dos povoados, vilas e cidades da época, logicamente, não ‘podiam’ escrever, em seus relatórios e/ ou boletins, tudo aquilo que realmente ocorrera em determinadas ações empregadas por civis e militares nos vários embates contra cangaceiros, mesmo porque estavam sendo, sempre, empregadas contra ‘bandidos’ salteadores. Aí, muita gente que nada tinha haver com o ‘causo’, ‘dançou’ bonitinho. Foi castigada a base de ‘cipó de boi’ ou varas de marmeleiro ou mesmo mortas, assassinadas, não tem outra definição, e foram incluídas no somatório do total de bandoleiros abatidos. Também é fato.

Quando as fontes informativas seguem um mesmo rumo, até que se tem uma ampla segurança naquilo que se narra e/ou escreve, quando falha uma delas, a coisa começa a complicar. Há fatos escritos sobre as ações de bandos de cangaceiros, particularmente do de Lampião, em determinados lugares que, jamais o cara colocou os pés nem nos limites do município, imaginem ter adentrado e praticado os horrores costumeiros.

Bem, voltamos a falar nesse texto sobre o ataque que Lampião fez, ou tentou na fazer, a cidade norte rio-grandense de Mossoró.


O sol já havia pendido no horizonte quando o prefeito da cidade, coronel Rodolfo, envia para o chefe cangaceiro, Lampião, seu último bilhete dizendo não ter, nem poder enviar a quantia solicitada. Ao enviar aquele bilhete, com certeza sabia o Intendente que mexeria num vespeiro. Só que, sabidamente, ele organizou uma defesa armada, teve tempo para isso. O coronel organizou uma defesa com os militares que ficaram na cidade junto aos civis determinados, a fim de defendê-la dos proscritos. O coronel sabia da quantidade de cangaceiros que acompanhava o pernambucano chefe, inclusive, do total após terem se aglomerado os bandos de Lampião e Massilon Leite. Nas escuras, sem saber, pelo menos da quantidade, todos sabemos que seria loucura.

Lampião usou uma das armas mais combatíveis e eficientes no decorrer da sua guerra particular, o medo. O medo, gerado por mortes terríveis, sofridas e judiadas, sequestros, estupros e toda série de horrores anteriormente praticados, fazia com que muitos daqueles inquiridos por quantias distintas, as mandassem sem nem pestanejarem. Ao estudarmos o que ele cometera ao longo do percurso para Mossoró, vemos claramente as pretensões do chefe cangaceiro. Suas ações praticadas durante a ‘jornada’ nos mostra com clareza o ‘efeito esperado’ por ele. Só que o ‘tiro saiu pela culatra’, como dizemos aqui nos rincões do Sertão do Pajeú das Flores, e o efeito foi totalmente ao contrário dos homens daquela cidade.

Segundo o pesquisador/historiador Sérgio Augusto de Souza Dantas, na tarde do dia 13 de junho de 1927, no lugar chamado “Saco”, os bandoleiros encontravam-se acampados enquanto seu chefe tomava as últimas providências. Lampião queria ‘arrancar’ a grana do prefeito sem dar um tiro, por isso, envia-lhe os famosos bilhetes e tem respostas com outros em forma negativa. Vendo que mais nada podia ser feito além de um ataque armado, Lampião chama seus lugares-tenentes, na época os cangaceiros Sabino e Jararaca, e fazem um ‘conselho de guerra’. Havia se juntado ao bando do chefe cangaceiro pernambucano o bando de do cangaceiro paraibano conhecido por Massilon Leite, ficando todo contingente em torno de cinquenta e poucos homens.

O ideal seria terem se divido, o terem divido, o bando em quatro grupos, porém, naquela tarde de junho, o cangaceiro Jararaca havia tomado cachaça em demasia e não tinha condições, físicas nem mentais de comandar sua caterva. Então o bando é divido em três grupos, ficando Sabino como comandante de um, Massilon tomando de conta de outro e o restante acompanha Virgolino.


Sabino e seus ‘cabras’, incluindo os cangaceiros Colchete e Jararaca, ficaram com a linha frente, ou próximo a essa devido estarem a usar, aí entra o dedo estratégico de lampião, os reféns como escudos. Lampião ordena que se faça uma linha de frente com os prisioneiros. Eles entregam rifles aos prisioneiros, descarregados é claro, para que, se ocorresse um investida do pessoal da cidade, essa seria em cima dos pobres refém, dando tempo para o bando refazer-se da surpresa e contra-atacar. Imaginem como esse pessoal, andando na frente de um bando de celerados, prontos para brigarem, sabedores da resistência colocada pelo prefeito, vendo a hora serem atingidos, por um ou por outro lado, o quanto ‘cortaram prego’. Logo depois estava o grupo de Massilon e, por último, na retaguarda ficou o comandante-chefe com os seus. Por mais que se esgueirassem não foi possível chegar ao ponto determinado, o Banco do Brasil ou a casa do prefeito, sem serem notados.

“(...) A frente da matutada marchavam – como ajustado – os reféns Amadeu Lopes, Pedro José, Azarias Januário, Júlio soares, Joaquim Germano de melo, Belarmino de Morais, Sancho amaro, além de Geraldo Oliveira e filho, cada qual com rifle desmuniciado às mãos e chapéus à cabeça. Pavor estampado nos rostos humildes, como a refletir desconfortável condição de “escudos humanos” (...).” (“Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. Natal, 2005)

O Intendente nos mostra conhecer de batalhas ao estudarmos como ‘armou’ a defesa de sua cidade. Além de usar sacos com algodão, para reter os projéteis, colocou vários dos seus homens na parte alta, sobre os telhados, para assim terem melhor visão sobre o inimigo e uma melhor posição de tiro, além d e ficarem fora da linha de fogo. Atirar de cima para baixo, resguardado por frentões de tijolos, sempre é melhor do que estar no meio das ruas em busca de abrigo frontal e para o alto, o que não se encontra em todo local.

Estrategicamente o coronel Rodolfo coloca sentinelas nos lugares mais elevados da cidade, nas torres das igrejas. Uma dessas sentinelas fora o dentista Antônio Brasil, que, segundo o escritor citado, Sérgio Dantas, deu o primeiro alarma. O homem sempre tende a usar aquilo que estar ao seu alcance em confrontos e, se nada há, ele improvisa e/ou cria para sua defesa e seus ataques. Pois bem, com certeza havia sido acordado antes que, quem primeiro notasse movimentos de cangaceiros, daria o alarma para os companheiros mais próximos. O dentista deu o alarma para os funcionários do Telégrafo. Estes passam a informação para o Padre Luís Mota, que daria a ordem para puxarem as cordas e badalarem os sinos. Assim ocorreu: o padre permiti que homens fiquem nas torres da Igreja Matriz, protegidos, para consumarem a resistência...

“(...) Cedi as torres da Igreja Matriz para nela se fazerem trincheiras(...) Da torre esquerda da Matriz rompeu o primeiro tiro em direção à Capela do Alto da Conceição, onde apontavam os primeiros bandidos. Corro à Praça da Matriz, mando tocar os sinos como alarma, correspondido pelas demais torres das igrejas (...).” (Ob. Ct.)


Acreditamos que Massilon tinha ordens específicas, não de Lampião, mas de um coronel coiteiro, o coronel Isaias Arruda, do município de Aurora, CE, para dar um fim no coronel Rodolfo Fernandes, Intendente de Mossoró, RN. No início do conflito, conta-nos a história que Massilon guia seus subordinados em direção específica à casa, exatamente do prefeito, o coronel Rodolfo. Apesar de alguns não verem, ou não quererem ver, o coronel sabia ser o alvo principal. Tanto que constrói uma excelente barricada em sua moradia. Concluímos isso quando vemos, nos anais dos relatos da história, que a casa de seu genro, o gerente do Banco do Brasil, na época, fica desguarnecida e é invadida por parte dos cangaceiros que estavam com Sabino. Eles arrombam suas portas, entram e fazem o maio arruace dentro dela. 

Esses, e outros detalhes, contaremos em outra oportunidade. Fixaremos nossa volta ao passado no ataque a casa do coronel e da sede, casa, da Intendência. Massilon de tudo faz, ou pensa ter feito para invadir a casa do coronel Rodolfo e apossar-se dela e do nela tinha. Deu a molesta e não conseguiu. Sabino com os seus, estava a atacar a sede da Intendência, já o comandante mor do cangaço, encontrava-se distante do eixo do conflito.

Seguindo os trilhos, Lampião chaga a Estação Ferroviária e nela monta seu QG. Dali ele recebe notícias e dá suas ordens. Junto aos homens de Sabino encontrava-se o cangaceiro “Colchete”. “Colchete” se esgueira feito uma serpente à procura de sua presa usando como anteparo a mureta de uma casa. Chegando ao limite, nota que como vai, a coisa não iria muito longe. Toma uma decisão suicida: parte de seu abrigo, em busca dos fardos de algodão que faziam barreira na casa onde se encontrava o coronel e seus defensores para atear fogo nos mesmos. Não vendo outra maneira de desalojar os defensores do coronel, e ele próprio, parte para cima da trincheira. No caminho para essa casa, ziguezagueando, Colchete pretende, ou pretendia colocar fogo nos fardos do algodão, a fim de desalojar os homens que dentro da casa estavam a darem combate. Mais uma vez a estratégia fica ao lado de quem usa. Dessa vez o estrategista era o coronel prefeito. Além da barreira que havia com os frentões das casas usadas como trincheira tinha as torres das Igrejas usadas para o mesmo fim. No local bastante elevado, alguém, de muito sangue frio e boa pontaria, nota as intenções do cangaceiro ao aproximar-se da casa sede da Intendência. Sem pressa, leva o rifle ao ombro, faz mira e aperta o gatilho.

O atirador acerta o alvo escolhido na altura da sua face. Colchete, impondo uma velocidade limitada as pernas dos homens, recebe o impacto da bolota que saíra da arma do atirador na torre da Igreja. Acreditamos que mesmo sem serem somadas as duas velocidades, apenas o tiro bastava, dá um grito de horror e seu corpo e jogado no chão. O cangaceiro fica a mover-se de dores e a urrar feito fera ferida. Calmamente o atirador recoloca outra bala na agulha, faz mira e puxa o gatilho. Dessa feita, o projétil vai alojar da altura do dorso do bandido. O corpo, cremos que por efeito de espasmos, puro reflexo, ainda estremece por algum momento, ficando inerte logo em seguida, pois sua vida havia chegado ao fim.


Ao perder tão efetivo combatente, o chefe naquela linha de fogo, o cangaceiro Sabino das Abóbodas, ordena imediatamente o toque de retirada. Pela extensão em que estavam posicionados, logicamente os homens não escutariam o simples toque da corneta. Por isso, para esse combate, havia Lampião, prevendo uma ocorrência semelhante, ordenado que, ao afastarem-se da linha de fogo, seus homens usassem como ‘toque de retirada’ o som dos disparos das armas pequenas, revólveres e pistolas, e assim foi feito. Essa tática é bastante usada quando da participação das mulheres, depois de 1930, nos combates entre cangaceiros e volantes. Dentre os comandados por Sabino, um, não conseguindo atinar o que faziam os outros, talvez pelo excesso do álcool, fica pra trás. Ele, vendo o companheiro ter sido abatido, parte para cima de seu corpo. Alguns autores referem que Jararaca simplesmente iria com a intenção de recolher os ‘bens’ que seu companheiro levava nos bornais.

Aqui deixamos nosso parecer, particular, de que não acreditamos nessa versão. O cangaceiro José Leite de Santana, mais conhecido por “Jararaca”, era um ex-militar do Exército brasileiro. Prestava seus serviços a Nação desde 1920, quando, em 1924 estoura mais uma revolta militar, tida na História como Revolta Paulista de 1924, sendo, também conhecida por: Revolução Esquecida, Revolução do Isidoro, Revolução de 1924 e de Segundo 5 de julho, onde participara sob as ordens do general reformado Isidoro Dias Lopes. Então meus amigos, a ida do cangaceiro Jararaca, ou a pretensão deste, para nós não fora simplesmente em busca de seus pertences, mas, talvez para ajudar ou mesmo recolher o corpo de um companheiro tombado na trilha sangrenta do combate. Quando se cai nas garras do crime, tornando-se um criminoso, não importa como sejam, muitos dos pesquisadores, talvez para darem uma satisfação, insatisfeita, aos leitores, ou a seus leitores, já determinam as ‘causas’ em suas entrelinhas.

Pois bem, Jararaca, também é atingido por tiros vindos do alto das torres da Igreja. Cai por sobre o corpo do companheiro e permanece por alguns instantes imóvel. Ao ver-se ferido gravemente, pois havia recibo um tiro na altura da linha medial do tórax e outro na parte posterior de sua coxa direita, grita pedindo socorro a Sabino. Naquela altura Sabino e seus homens já haviam se retirado, estando distantes, não conseguem escutar os gritos do companheiro, mesmo porque o barulho ensurdecer dos disparos continuava pertinentemente.

“(...) caiu desacordado por cima do corpo fétido de Colchete.

Minutos transcorreram em enervante silêncio. 

Em pouco, o cangaceiro recobrava as forças. Sem embargo, de sangue verter aos borbotões pelo profundo ferimento aberto a altura do peito, articulou simultaneamente os músculos das pernas e ensaiou rastejar. Percebeu já distantes, seus consortes de guerra. Bradou rouco, desesperado:

- Sabino, estou ferido! Moreno, socorro! Me ajude, Sabino!

Não havia menor possibilidade de retorno. A cabroeira, atarantada, vencia o campo aberto até o cemitério. A escapada em desordem os colocava na ira de atiradores posicionados na residência de Ezequiel Fernandes de Souza, na trincheira do casarão do Intendente e na torre da Igreja de São Vicente. A artilharia, naquele momento, provinha de três flancos (...).” (Ob. Ct.)


Já na outra frente, com o chefe Massilon e seus comandados, a coisa estava bem parecida com a primeira. A residência alvo não fora tomada. Ferrenhos defensores desceram as mãos nos gatilhos das armas, tornando-se impossível algum progresso por parte dos homens de Massilon. Sem ter outra saída, passa a ordem e recuam em direção ao ponto em que encontrava-se Lampião. Antes, porém, recebem uma saraivada de balas de homens estrategicamente colocados ao longo dos trilhos do trem. Com muito esforço Sabino chega a presença do chefe e faz seu relatório. Lampião fica sabendo de que tiveram duas grandes baixas, Colchete e Jararaca. Sabino pensava que seu companheiro, o cangaceiro Jararaca, também estivesse morto. Lampião ordena que Sabino retorne ao campo da luta e passa a ordem para que Massilon e Luiz Pedro, que estavam a trocar tiros com os defensores, entocados dentro da sede da União dos Artistas, (Dantas), dando cobertura a retirada de Sabino e seus homens. Assim fora ordenado, e assim foi cumprido. Lampião, ‘lambendo as feridas’ parte rumo ao Estado do Ceará, para a cidade de Limoeiro do Norte, onde seus homens recebem os cuidados de um farmacêutico e depois partem rumo ao Leão do Norte.

Na cidade do sal, as coisas estão a se clarear para os defensores. O receio de uma nova investida dos cangaceiros vai passando aos poucos. Cita Dantas em sua obra que essa certeza só veio depois que o tenente Abdon Nunes de Carvalho junto ao sargento Pedro Sílvio e alguns homens, fizeram uma ronda de averiguação protegidos, resguardados, pelos defensores que estavam no alto da torre da igreja e das casas.

A cidade volta a ter vida alegre. A alegria é percebida em todo rosto. Venceram o bando do “Rei dos Cangaceiros”. Aos poucos algumas pessoas, que estavam escondidas próximos a cidade, começam a voltarem e, juntando-se aqueles que saíam das trincheiras, começam a aglomerarem-se em volta do corpo inerte do cangaceiro Colchete. Dessa forma, fora descrita a cena tétrica do corpo do cangaceiro morto na travessa São Vicente por um artista:


“Trajava roupa cáqui, vestindo uma calça mesclada; usava chapéu com dois barbicachos, calçava luvas de couro, usando alpercatas com meia de seda; ao pescoço trazia encarnado, bom como à cintura uma faixa de chita bem vermelha. A sua arma era um fuzil Mauser, trazendo trazendo no bornal profusa munição. Foi encontrada em duas algibeiras uma porção de moedas de prata. Ao pescoço pendurava inúmeros escapulários, orações diversas e medalhas de Santos, inclusive uma de alumínio, com a efígie do Padre Cícero.” (Ob. Ct.)

Os momentos de tensão e medo antes do ataque, aos poucos se transformam em uma aloucada tensão geral de quererem, ao exibirem o corpo de um deles, mostrarem todo seu ego, potencial, nas ruas daquela cidade. Então começam a arrastarem o macabro troféu pelas ruas, profanando-o com perfurações, de facas e punhais, chegando a cortarem uma das orelhas do defunto, até chegarem às escadarias da Igreja de Santa Luzia, aonde o deixam.

Bem meus amigos. Notamos que na obra do pesquisador/historiador Sérgio Augusto de Souza Dantas, “Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada”, o mesmo não cita, em momento algum, o nome daquele defensor a acertar, mortalmente, o cangaceiro Colchete. Já há em vários textos há citação de um civil como sendo o feitor da ‘obra’. Já em outros, vemos a citação, resultado de uma pesquisa feita por um pesquisador militar, essa nos trás o nome do militar e sua patente, referindo inclusive que o mesmo fora promovido pela ação em Mossoró.

O pesquisador Romero Cardoso, da cidade de Pombal, usando as páginas do blog CARIRI CANGAÇO, em uma quinta-feira, 1 de setembro de 2011, na matéria “O Trucidamento de Jararaca em Mossoró”, não referindo quais as fontes usadas sobre o assunto, assim nos relatou o caso: 

“Na parte superior da residência do prefeito postava-se exímio atirador, de nome Manuel Duarte, que logo notou a intenção do famoso bandido do vale do Pajeú.

O bravo defensor mossoroense esperou momento oportuno, quando Colchete ficou com a cabeça visível o suficiente para que o winchester calibre 44 do homem postado em cima da residência do prefeito detonasse projétil certeiro que esfacelou o crânio do cangaceiro de Lampião. Colchete estertorava devido o estrago causado pela bala da arma de Manuel Duarte, quando outro indômito integrante da trincheira do prefeito pulou a janela de punhal em riste para terminar o serviço, sangrando-o impiedosamente. Imediatamente esse homem que não sabia o significado da palavra medo voltou ao seu posto para continuar o combate.”

Agora veremos, através das páginas do blog TOXINA, a matéria: “CURIOSIDADE – CABO PASTEL, O POLICIAL QUE MATOU COLCHETE E PRENDEU JARARACA”, colhida de uma fonte militar. Um coronel da Briosa do RN, Coronel Ângelo, fazendo uma pesquisa sobre antigos guerreiros daquela corporação, descobre um boletim datado de 15 de junho de 1927, dois dias depois do ataque a cidade de Mossoró, RN, onde o mesmo refere quem fora o homem a acertar o cangaceiro Colchete naquela tarde.

Vejamos o que nos relata o pesquisador sobre a pesquisa do coronel Ângelo:

“...No dia 11 de maio de 1927, seguiu em diligências para o interior do Estado, um contingente de 16 policiais militares, com o objetivo de reforçar o policiamento do interior contra o bando de Lampião.

Entre esses homens estava o Cabo Leonel da Silva Pastel, figura pouco conhecida na história do cangaço e cuja única fotografia foi descoberta tem pouco tempo junto aos arquivos da PMRN em Natal, pelo Coronel Ângelo, historiador da PMRN.

Por volta de 16h00 do dia 13 de junho de 1927, Lampião e seus cangaceiros invadiam a cidade de Mossoró os quais foram recebidos e expulsos à bala pelos corajosos mossoroenses.

Entre os cidadãos que se encontravam nas várias trincheiras armadas pela cidade, estavam alguns policiais que pertenciam ao contingente policial local. Um deles era o Cabo Leonel da Silva Pastel, pouco conhecido na história e cuja única fotografia foi descoberta tem pouco tempo pelo Coronel Ângelo, historiador da PMRN.

Conforme Boletim Oficial da PM, o Cabo Pastel teria sido o responsável pela morte do cangaceiro Colchete e também teria sido o autor da prisão de Jararaca, ferido no peito quando tentava ajudar seu companheiro Colchete.

Por tais razões, Pastel foi promovido ao Posto de Sargento, tudo isso registrado no Boletim Regimental da PMRN, nº 166, datado de 15 de junho de 1927. Além disso, também foram promovidos ao Posto de Cabo, os soldados Minervino Fagundes e João Arcanjo, pela coragem com que ajudaram a população a enfrentar a investida do Bando de Lampião, tudo isso, registrado no Boletim Regimental nº 172, de 21 de junho de 1927”

Vejam que, apesar de ser um fato bastante divulgado, estudado e analisado por diversas linhas, frentes, de pesquisa, surge esse, digamos, impasse, sobre quem, realmente, seria o matador de Colchete.
A pesquisa, aí é esse seu criado particularmente referindo, executada pelo pesquisador/militar, o coronel Ângelo, nos trás uma fonte escrita. Nela uma data e nomes de militares participantes daquele conflito., nos levando a seguir essa trilha.

E aí? Quem, na verdade, foi o matador do cangaceiro “Colchete”, na tarde do dia 13 de junho de 1927, na cidade norte rio-grandense de Mossoró?

No entanto, meus amigos, fica ao encargo de vocês, darem seguimento a essa pesquisa e, ao final de tudo, tirarem suas conclusões.

Fonte Obra e blogs citados
Foto Cariricangaço.com
Toxina.com

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Um comentário:

  1. Certa vez, um pesquisador de Mossoró me falou que quem matou o cangaceiro Colchete foi o civil Manoel Duarte, mas como ele não era militar, e não tinha como ser beneficiado com patente, autorizou ao comando militar (não revelou se era de Mossoró ou de Natal) que promovesse o cabo Pastel com a patente de sargento. Eu não duvido do pesquisador de forma alguma, ele é um grande estudioso sobre "cangaço".
    Meus irmãos e eu nascemos na propriedade do senhor Manoel Duarte, e nela, crescemos, eu por exemplo, fiquei até os 13 anos vivendo ao lado dos meus pais e irmãos, mas posteriormente,fui interno na Casa de Menores Mário Negócio e lá fiquei até um pouco mais de completar a minha maioridade. Nunca ouvimos do senhor Manoel Duarte a afirmação que tinha sido ele quem matou o cangaceiro Colchete.

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