Por José Mendes Pereira
Quem tiver uma foto do ex-cangaceiro Delicado, irmão dos cangaceiros Adília e Mergulhão, por favor, me mande através deste:
josemendesp58@gmail.com
Antecipo o meu agradecimento!
José Mendes Pereira.
Por José Mendes Pereira
Quem tiver uma foto do ex-cangaceiro Delicado, irmão dos cangaceiros Adília e Mergulhão, por favor, me mande através deste:
josemendesp58@gmail.com
Antecipo o meu agradecimento!
José Mendes Pereira.
Por Aderbal Nogueira
Por Cangaçologia
... também conhecido na história cangaceira como Menino de Ouro ou Alagoano. Imagem registrada quando o ex-cangaceiro já se encontrava em idade avançada e residindo no sul do Estado do Ceará.
Continuando o texto do site Cangaçologia:
Oliveira esteve presente em eventos importantes da chamada primeira fase do cangaço lampiônico, entre estes no episódio que culminou na morte do célebre cangaceiro Sabino Gomes o vulgo Sabino das Abóboras, que foi eliminado na Fazenda Piçarra de propriedade de Antônio da Piçarra no município cearense de Porteiras no dia 27 de março de 1928.
Fica o registro!
Geraldo Antônio de Souza Júnior - Criador e administrador do canal Cangaçologia.
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Por Cangaço Eterno Oficial.
Por João Costa Especial para A União
Pesquisadores e estudiosos do
fenômeno cangaço além da avidez com que mergulham em livros, pesquisas, TCCs
(trabalho de conclusão de curso), vídeos ou relatos orais, torcem pelo
surgimento de provocações acadêmicas, estéticas, que geralmente surgem embaladas
em perguntas “de gaveta”. É assim que pode ser vista a senhora Luci Guimarães,
uma carioca radicada em São Paulo, mas de alma nordestina devido às suas
inquietações.
Diz Luci que começou a se interessar pelo estudo do cangaço em 2018. Tem viés estético, pois burila bem ferramentas e técnicas visuais e se diverte reconstruindo fotos antigas de cangaceiros, volantes, coiteiros e coronéis. Eis aí essa reconstituição de uma foto do cangaceiro Antônio Augusto Feitosa, de alcunha Meia Noite, feita por dona Luci que ilustra esta matéria. Meia Noite “valia por cem”, segundo depoimento de ninguém menos Virgulino Ferreira, o Lampião.
Ao conhecer e comparar os relatos
da história do cangaço que emergem de várias fontes, o leitor tem dificuldade
em separar fatos e ficção, especialmente quando se refere ao cangaceiro Meia
Noite, um sertanejo natural de Piranhas, Pernambuco, que cometera seu primeiro
crime aos 12 anos de idade. Ele havia permanecido no bando de Lampião de 1921
até 1924. Era alto, franzino, negro e também com descendência indígena.
Após atacar a cidade de Sousa, no Sertão paraibano, o bando de Lampião volta para São José de Princesa, na divisa entre os estados de Pernambuco e Paraíba.
Após o ataque a Sousa, na
Paraíba, sob o comando de Livino, Sabino das Abóboras, Antônio Ferreira, Chico
Pereira e do próprio Meia Noite, ataque esse que rendera 200 contos de réis em
dinheiro vivo, o bando volta para São José de Princesa, divisa entre Paraíba e
Pernambuco, localidade onde Lampião descansava e se recuperava de ferimento
sofrido no pé, sob a proteção do coiteiro Marcolino Diniz.
Um constrangimento surge no
bando: o cangaceiro Antônio Augusto Correia, vulgo Meia Noite, descobre que
havia sido roubado na quantia de nove contos de réis, enquanto dormia. Raposa
velha e conhecedor de todas as manhas, Meia Noite suspeitou de Livino e Antônio
Ferreira e, sentindo-se ludibriado, desencadeou uma tremenda confusão a ponto
de Lampião interferir para acalmá-lo.
Pra serenar os ânimos, o próprio
Virgulino ressarciu Meia Noite com a mesma quantia que haviam lhe roubado, mas
o cangaceiro não ficou satisfeito; seguiu esbravejando e Lampião subiu o tom da
conversa: exigiu que Meia Noite entregasse suas armas – o cabra estava brabo
demais.
Lampião era tratado por Meia
Noite pelo apelido carinhoso de Nego Véio, uma vez que eram companheiros de
armas de longa data. Alucinado com esse argumento de entregar suas armas, Meia
Noite reagiu. “Se tiver homem no meio dessa mundiça, que venha tomar minhas
armas! Inclusive você também, Nego Véio, seu filho de uma égua!”, disparou Meia
Noite na frente de todo o bando.
Os cabras estremeceram, esperando pelo pior que não veio. Virgulino, então, ajeitou o chapelão na cabeça e falou para Meia Noite pausadamente: “Meia Noite, você é meu amigo, mas não pode abusar… Já lhe dei o dinheiro que você disse que lhe roubaram, não dei? Apois, agora eu quero que vá simbora; eu não quero revoltoso no meu grupo!”, foi a reação de Lampião.
Meia Noite é o primeiro em pé à
esquerda, no bando de Lampião, em 1922 - Foto: Blog do João Costa.“Vou simbora mesmo e nesse mesmo
instante! De hoje em diante não preciso mais dessa bosta! Bando de ladrões
safados”, disse o cangaceiro encilhando sua montaria. Mas Meia Noite tinha pra
onde voltar e um grande amor, uma cabocla chamada Zulmira, com quem casou na
Capela de São Sebastião, em Patos de Irerê, na Paraíba. Deixando o bando para
trás, seguiu para o Sítio Tataíra, divisa da Paraíba com o município
pernambucano de Triunfo, onde morava sua amada. O cangaceiro era tão apaixonado
pela namorada que, como prova de amor, ele chamava carinhosamente seu mosquetão
de Zulmira, o nome da moça.
Na noite de 17 de agosto de 1924,
Meia Noite foi visto por um agricultor entrando na casa onde Zulmira morava, e
este, imediatamente, delatou para a volante que estava estacionada em Princesa
Isabel. Despachada sem mais demora, a volante de Manoel Virgolino, com 12
homens, chegou no Sítio Tataíra tarde da noite.
O cabecilha bateu à porta
dizendo-se com sede e pedindo água. O próprio Meia Noite, imitando voz de
mulher, respondeu que “aquela não era a hora de abrir a porta para estranhos”.
O ardil não funcionou e seguiu-se um tremendo tiroteio. A casa era de taipa e
Meia Noite, prevenido, havia perfurado as paredes com vários buracos, as
chamadas biqueiras. De tal maneira que disparava sua arma ora da cozinha, ora
do cômodo da frente, depois do pequeno quarto, dando a impressão que havia
vários atiradores, mantendo a volante à distância.
Munição acabando e cuidado com a amada Zulmira
Casa da Fazenda Pedra, em Patos
de Irerê, local da foto do bando de cangaceiros - Foto: Blog do João CostaNo tiroteio cerrado, Meia Noite
percebeu a munição escasseando, temendo pela vida da sua amada Zulmira, abriu
negociação com a volante.“Vocês aí, vamos fazer um trato! Eu estou com uma moça
aqui, que não tem nada a ver com nada. Deixem que ela saia, depois nós
continuamos, se comportem como homens! O cabecilha da volante até que foi
cavalheiro e concordou. “Pode mandar a mulher sair!”.
Assim, com uma trouxa debaixo do
braço, Zulmira deixou a casa e tomou distância. O tiroteio recomeçou. Para
agravar a situação de Meia Noite, chegaram mais duas volantes, lideradas pelos
tenentes Manoel Benício e Francisco Oliveira. E depois mais outra. Desta feita,
a volante comandada pelo sargento Clementino Quelé. A força volante, que no
início do cerco era composta por 12 soldados, agora tinha 100 homens, sob
toques de cornetas, deixando Meia Noite debaixo de uma chuva de balas de fuzis.
Ali, acossado e debaixo de uma
chuva de cacos de telhas quebradas, fragmentos de barro e o fumacê causado pelo
tiroteio, Meia Noite conseguiu furar o cerco saindo por um buraco na parede e
rastejando como cobra. Meia Noite escapou ao cerco monumental de cem soldados
de volante apenas com um leve ferimento numa perna, nada grave. Mas na fuga, ao
pular uma cerca, quebrou o braço direito, exatamente o de manejar o rifle.
Após essa fuga espetacular, Meia
Noite pediu socorro na casa de um ex-amigo e também cangaceiro manso, que o
atendeu prometendo buscar ajuda para tratar do ferimento no braço em casa de
agricultor e coiteiro, que, ao invés de voltar com medicamentos, guiava uma
volante.
Meia Noite ainda reagiu
disparando seu parabélum até a munição acabar. Quando a polícia entrou na casa,
não encontrou ninguém, mas um soldado da volante avista um vulto subindo um
morro ao lado, dispara seu fuzil e acerta Meia Noite na perna, e ainda assim o
bandoleiro desaparece, se arrastando.
Ferido, Meia Noite busca socorro
no Saco dos Caçulas, lugar onde ele e Lampião tinham contatos e amizades. É
acolhido por Manoel Lopes, o Ronco Grosso, ex-cangaceiro que se tornara cabra
de confiança do coronel Zé Pereira. Após tratamento e débil recuperação, as
volantes reaparecem e Meia Noite é levado a uma gruta segura por Ronco Grosso.
Conta-se que Ronco Grosso
perguntou ao coronel Zé Pereira o que fazer. “Resolva você, Ronco Grosso,
resolva! Não quero saber de cabra de Lampião por aqui, são as orelhas dele ou
as suas, escolha!”. Foi a senha e a resposta dada por Zé Pereira.
Ronco Grosso entra em conchavo
com outro ex-cangaceiro chamado Antônio Ladislau, o Tocha. Numa tarde de
agosto, a dupla vai à gruta levar mantimentos para Meia Noite, que estranha do
horário da chegada dos dois, mas não desconfia. Foi seu erro crasso. Após
jantar, prosear e levantar-se para se despedir, foi eliminado à queima-roupa
por Tocha e Ronco Grosso, que cortam suas orelhas e o enterram em cova rasa ali
mesmo.
Para os detalhes dessa história,
as fontes utilizadas foram as obras ‘Lampião – a raposa das caatingas’, de José
Bezerra Lima Irmão; e ‘Lampião na Paraíba – notas para a história’, de Sérgio
Augusto de Souza Dantas.
*Matéria publicada originalmente
na edição impressa de 21 de janeiro de 2024.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com