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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

FOI DE FAZER MEDO

 Clerisvaldo B. Chagas, 18/19 de fevereiro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.473


         A energia da Equatorial só apareceu lá para as 23 horas, mesmo assim por pouco tempo. A chuva amainou, mas logo voltaram à ativa a escuridão e um resto da chuvarada.  Calor imenso, escuridão sem Internet, sem telefone, sem ar condicionado, sem ventilador, foi uma noite muito dura. O dia seguinte, quarta-feira, nada de energia, nada de comunicações. No anoitecer dessa quarta-feira de Cinzas, nova trovoada teve início, coisa nunca vista, duas trovoadas seguidas em poucas horas. A mesma novela da noite anterior: escuridão total, relâmpagos, trovões e receios, sendo a violência do tempo menor do que a noite da terça. A trovoada só foi se acalmar lá para as 22 horas. Só apareceu a luz no breu da cidade, em torno de 23.30.  Finalmente amanheceu e o sertão mostrou um céu límpido como se nada tivesse acontecido. As ruas estavam lavadas e, cremos que os pecados também.

 

Só não se perderam os alimentos que estavam em congelador, falam em muito prejuízo. As primeiras notícias da quinta apontaram o apagão em Santana do Ipanema e mais nove cidades sertanejas. Todos queriam uma trovoada, Zé, mas não com as trevas e violência do tempo. O saldo é que deve ter enchido barreiros, açudes, barragens e cisternas de toda a região. Ainda madrugada, espanta-boiadas faziam alaridos sobrevoado o rio Ipanema e logo cedo do novo dia, o leiteiro com sua moto de entrega e buzina de carro grande, anunciava a volta da normalidade na terra de Senhora Santana.

Segundo dia de quaresma.

Amém, amém!

CHUVA EM SANTANA (FOTO: B. CHAGAS).

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APÓS EXÉRCITO, CORISCO ENFRENTA GUERRA REAL NO CANGAÇO E PEDE PRA SAIR (PARTE 2)

Por João de Sousa Costa 

Cristino Gomes da Silva depois de ser apresentado pelo fazendeiro Manoel Valões a Virgulino Ferreira da Silva, acreditou que “viver da espingarda” seria fácil e a alternativa que se apresentava naquela quadra de sua vida; fugitivo por conta de um homicídio praticado em meio a uma briga e procurado por deserção do Exército Brasileiro.

Não demorou muito Cristino haveria de descobrir que, ao contrário de uma quartelada do Exército, no cangaço a guerra era real e cruel.

Os tempos agora eram de desassossego, enfrentamentos com tiroteios a qualquer hora, emboscadas, razias e chacinas as mais cruéis.

Debaixo de um chapéu de couro com aba dobrada para trás para servir como sombra tendo punhal e rifle como apetrechos inseparáveis além bornais para conduzir roupa, comida e munição, Corisco foi encaminhado por Virgulino Lampião a José Leite Santana, o cangaceiro Jararaca, chefe de subgrupo e, por coincidência, também egresso das fileiras do Exército como ele.

O ano era de 1926, agosto o mês e na sua primeira empreitada, Cristino está entre os cabras de Lampião que atacaram a fazenda Tapera, de propriedade de Manoel do Nascimento Gilo nas cercanias de Floresta(PE).

A história ensina que a verdade é a primeira a morrer numa guerra. E este ataque à família Gilo, o primeiro com a participação de Corisco, os historiadores reportam que resultou de uma grande mentira, de um engodo e de uma falsificação.

Conta-se que Manoel Gilo tinha como desafeto um certo Horácio Novaes, bandoleiro da região do Navio condenado pela justiça por roubo de cavalos e gado.

Este Horácio Novais preparou um ardil para Virgulino e seu bando escrevendo uma carta a Lampião recheada de ofensas e falsificando a assinatura como sendo Manoel Gilo.

Gilo havia testemunhado na ação judicial que condenara Novaes por roubo de Cavalos. E esta carta com afrontas a Lampião era a vingança Novaes contra Gilo e Família.

Virgulino deu crédito à carta forjada por Novaes e foi “tomar satisfações”, saber de Gilo sobre a veracidade do teor da carta

Lampião nesta quadra da sua trajetória estava no auge da sua liderança à frente de uma centena de cangaceiros, dentre eles, Corisco, que fazia naquele momento sua estreia no cangaço.

Sabedor da aproximação de Lampião, Manoel Gilo pede socorro à polícia estacionada Floresta. Recebe do capitão Muniz de Farias a garantia de que, em caso de ataque à fazenda, o destacamento marcharia em socorro.

- “Fique sossegado, se a fazenda for atacada, despacho em cima da bucha uma volante em seu socorro”, teria assegurado o capitão Muniz a Manoel Gilo.

O dia 26 de agosto amanhece com os cangaceiros ocupando atalhos, curral, cancelas e sitiando a casa da fazenda; o tiroteio estoura e uma chuva de balas desaba sobre a casa; Gilo, seus dois filhos e alguns empregados revidam com mesmo furor; o pipocar dos tiros anunciava o fim do mundo.

Gilo e sua família não se entregam, respondem com sucessivas cargas de tiros; bem municiado, avalia que a polícia chegará a tempo em seu socorro.

- O capitão Muniz é homem de palavra, garantiu cumprir com o seu dever e virá em nosso socorro, era a centelha de esperança de Gilo.

Ledo engano porque o capitão Muniz não cumpriu o combinado e prometido. As horas se passam, o tiroteio não cessa, as armas esquentam de tantos disparos.

Perto dali, em Floresta, a polícia escuta o pipoco dos tiros, mas não se mexe.

Entre os militares acantonados está o anspeçada Manoel Neto, homem dali mesmo da região, de Nazaré do Pico, e inimigo feroz de Lampião e seus irmãos, que percebe a inépcia e falta de vontade do capitão Muniz em combater.

Mané Neto, que haveria de se tornar cabecilha das volantes nazarenas, não se dá por acovardado. Calibra as armas, mobiliza os poucos homens disponíveis no lugar e ruma em marcha batida em socorro dos sitiados na fazenda da família Gilo.

Mas o teatro de guerra se mostrou desfavorável à volante de Mané Neto. O bando de Lampião estava em maior número, repele o ataque e a tropa abandona o combate.

Terminada a infernal fuzilaria, Manoel Gilo é capturado pelos cangaceiros e interrogado por Lampião sobre a veracidade do teor da famigerada carta.

- Capitão eu não sei ler nem escrever; não posso escrever carta nenhuma, nem partiu de mim atrevimentos e ofensas ao senhor, disse Gilo a Lampião e apontando para Novaes como o responsável pela artimanha.

Em resposta rápida, ali do lado, Horácio Novaes saca do revólver e dispara à queima-roupa matando Manoel Gilo.

O saldo perverso desse ataque foi monstruoso. Treze mortos tombados no terreiro mais dez corpos ensanguentados e espalhados pelos quartos, cozinha e na sala.

O bando deixa a família Gilo exterminada e segue sua cavalgada tocando o terror e pilhando fazendas, vilas e transeuntes nas estradas.

Por onde passa o bando de Lampião chama a atenção da população e da imprensa pelos adornos e vestimentas utilizadas. Mais ainda chama a atenção dos curiosos aquele cangaceiro loiro, de porte atlético, verbalizando bem e de sotaque diferenciado. Este cangaceiro era Corisco em sua estreia no bando de Lampião.

Mas Mané Neto e os nazarenos não desistiam fácil na caçada a Lampião e o bando é alcançado num sítio de nome Favela, onde se trava combate feroz e implacável. O resultado é de muitas baixas por parte das volantes; além dos feridos, uns socorridos pelo próprio Mané Neto, outros deixados para trás para morrer.

Aqui a brutalidade da guerra mostra sua verdadeira face a Cristino, pois os soldados como ele fora um dia e que ficaram para trás vivem o horror e viram de perto a face do mal e seus malefícios.

Os capturados têm seus olhos vazados com cápsulas de balas batidas com a coronha do fuzil, outros são sangrados ainda vivos.

O terror vivido pelos soldados e as baixas sofridas pelo bando nesse entrevero foram as credenciais iniciais do cangaço a Cristino e o combate da fazenda Favela impressionou e abalou a convicção de Corisco em seguir no cangaço.

Corisco vai até Lampião e, sem mais nem menos, surpreende o chefe.

- Capitão, com sua licença, estou pedindo baixa; peço pra sair.

E assim, antes mesmo de começar, o novato bandoleiro Cristino encerra sua carreira no cangaço, e faz o caminho de volta à vida pacata de civil. (a saga continua)

João Costa; Acesse: blogdojoaocosta.com.br

Fonte: “Lampião: a raposa das caatingas”, de José Bezerra Lima Irmão

“Corisco – a Sombra de Lampião”, de Sérgio Augusto Dantas.

Foto: Benjamim Abraão.

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TRIBUTO A VIRGOLINO.

Por Anildomá Willans.

Uma celebração à cultura popular do Sertão do Pajeú. Conheça nosso Canal no YouTube - CABRAS DE LAMPIÃO.

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O DIA EM QUE BRUNA VIOLA CHOROU.

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Aprecie as belas canções da Bruna Viola.

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LAMPIÃO E A PROSTITUTA! EM CAPELA SERGIPE 1929.

 Por Guilherme Machado

Foi por volta de 1929 em sua primeira ida à cidade de Capela Sergipe... Depois de passear e até ir ao cinema da cidade, Lampião sempre dominado pelo erotismo, foi até a casa da Prostituta por nome Enedina. Ordenou-lhe que deixasse as portas da frente e dos fundos abertas, e disse-lhe: 

"Se aparecê os macacos (policiais) por uma ou por outra eu tenho que sair por cima deles"

No quarto cuja porta Lampião a trancou por dentro, desfez se todos os embornais, cartucheiras, armas e roupas, ficando apenas de alpercatas e de camisa de meia a tal da camiseta. Ao se despir a rapariga quis ser gentil, e quis ajuda-lo. Ele e deteve a com um gesto: 

"Não pegue em nada! Minhas armas e neste borná só pode alguém pegar depois de morrer o Capitão Lampião". 

Pôs o fuzil e o parabellum ao alcance das mãos, sobre a cama ele colocou seu longo punhal... Depois do rala e rola Lampião suspirou e falou uma frase digna de um super amante: 

"Este quarto não cabe a metade dos cabras que este aqui tem sangrado, levantando o punhal em direção aos céus".

Deu setenta mil réis a Enedina" e lamentando falou:

 uma pena que o comércio não estar aberto para eu comprar para você um vestido e um perfume dos bons!!!"

Obs. a fotografia da prostituta que aparece na matéria não é a de Enedina, esta não foi fotografada! Quem aparece é a prostituta americana a perigosa Tricse! 

Fonte: Oficio das Espingardas.

Fonte: Do livro O incrível mundo do Cangaço vol.2 autor: Antonio Vilela de Souza.

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FAZENDA LAGES

 Por Giovane Gomes

Na Fazenda Lages em 1926, as volantes pernoitaram em um leito de riacho seco próximo a sede da Fazenda. No dia seguinte travaram um tiroteio da Fazenda Trigue. Qual Lampião saiu baleado no ombro, sendo transportado em uma rede para a Fazenda Caraibas, depois foi transferindo a cavalo para fazer seu tratamento em Tacaratu-PE. As fazendas Lages e Trigue, berço da Família Gomes Correria conhecidos como Yoio do Trigue.

Foto de Giovane Gomes

Ainda existem marcas dos tiros que as volantes deram na hora da fuga em uma casa antiga próximo da sede.

Atualmente a Fazenda Lage é um Assentamento da Reforma Agrária MST.

Assentamento : Maria Bonita

FLoresta-PE.

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O CANGAÇO NÃO É TREM, MAS VAI ACABAR DESCARRILHADO NOS TRILHOS DA HISTÓRIA.

 Por Aderbal Nogueira

O Cangaço não é trem, mas vai acabar descarrilhado nos trilhos da história. Se continuar assim breve teremos dramalhões novelescos recheados de melodramas, chororos, personagens fantasmagóricos, etc etc. Se tudo fosse levado para obras ficcionais, beleza, mas acho que não.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

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RELÍQUIA

Por Ricardo Rodrigues
De pé: Frei Francesco Urbania, Cangaceiro Balão (Guilherme Alves dos Santos), Frei Agostinho da Loro Piceno e Cabo Zé Preto. Sentado: Pároco de Jeremoabo-BA, Padre José Magalhães e Souza. 19 de outubro de 1938, Jeremoabo-BA. Acervo: Robério Santos.

O nosso blog não sabe quem fez esta foto.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=1583306025211669%2C1583253565216915%2C1582998991909039%2C1582952408580364%2C1582940325248239&notif_id=1613603020652735&notif_t=group_activity&ref=notif

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ÚLTIMA APARIÇÃO DE LAMPIÃO ANTES DE MORRER...!!!

Por Guilherme Machado

Rubinho Lima e Guilherme Machado

Cinco horas da manhã de 28 de julho de 1938. Grota de Angicos, uma fortaleza de pedras escondida dentro da caatinga, encravada numa depressão perto do riacho Tamanduá e próxima ao rio São Francisco. O local é a fazenda Angicos, no município sergipano de Porto da Folha, e o fogo cerrado das metralhadoras portáteis do regimento policial militar de Alagoas, comandado pelo tenente João Bezerra, durou 15 minutos. Eram tantos tiros que mal dava para enxergar o que acontecia. Pedaços de xiquexique, mandacaru, facheiro – vegetação típica do sertão – caíam por todos os lados. Lampião tombou primeiro. Maria Bonita foi abatida logo depois. Apanhados de surpresa, muitos dos 39 cangaceiros que se refugiavam na grota ainda dormiam, e nove morreram na emboscada. O restante conseguiu fugir.

Onze cabeças decepadas foram levadas e expostas, como troféus de guerra, na escadaria da prefeitura de Piranhas, em Alagoas, de onde partira a expedição da volante (nome dado aos grupos de policiais que se moviam de cidade em cidade à procura de cangaceiros). Antes, os policiais surrupiaram todo o dinheiro, ouro e joias que puderam. O esconderijo havia sido apontado, após tortura, por Pedro Cândido, um homem de confiança de Lampião, morto misteriosamente em 1940...!!!

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