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terça-feira, 7 de junho de 2016

FAMÍLIA PEREIRA

Por Moema Araujo Covello
Sinhô Pereira e Luiz Padre

Boa Tarde, José Mendes!

A  Dulce neta de Sinhô Pereira faleceu e está sepultada em Lagoa Grande - MG, cidade próxima a Patos de Minas, em 26.06.2015. Aliás, observei que em seu blog tem as fotos do túmulo do Tio Chico e da Dulce. Se se interessar, posso enviar as mesmas fotografias por Whatssap.


Ela está sepultada no jazigo da família Sinhô Pereira e deixou duas filhas. Registro que ao sair de Pernambuco, Sinhô Pereira mudou seu nome para Francisco Araujo e meu avô (Luiz Padre) para José Araujo. Era conhecido na região como Chico Maranhão e o chamávamos carinhosamente de tio Chico.  


Todos os filhos e netos de Sinhô Pereira e Luiz Padre carregam o sobrenome Araujo, uma vez que o sobrenome Pereira foi abolido, para evitar perseguições.

Sinhô Pereira e netos

Dulce era uma dos seis filhos de Severino Araujo e Silva (único filho de tio Chico (Sebastião Pereira da Silva o Sinhô Pereira) - pelo menos era o único que tínhamos conhecimento) e Maria de Lurdes Silva. 

Era com Dulce que tio Chico morava até seu falecimento, em 1979. Dos netos de tio Chico somente dois estão vivos. 

Abraços 

Moema   Araujo Covello 

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A OUTRA FACE DE LAMPIÃO

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Publicado em 6 de jun de 2016
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Adauto Silva

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O CHEIRO BOM DO MÊS JUNINO

*Rangel Alves da Costa

O mês de junho chegou e com ele o cheiro bom saído das panelas, dos tachos, dos fornos, das palhas esverdeadas, e a maioria perfumada de milho, de coco, de cravo e canela, de tempero junino. Para muitos, é o período mais esperado e apreciado do ano, é o tempo apropriado para esquecer um pouco a dieta e sair experimentando de tudo um pouco. E também fazer promessa para arranjar namorado.

Dizem que o quentão faz encontrar a palavra, a fogueira espalha pelo corpo um calor diferente, ao redor das chamas os olhos vão se cruzando, e até aí São João já fez sua parte, pois o resto fica por conta de Santo Antônio. E são tantas as promessas que de vez em quando o pobre santo se vê de cabeça pra baixo, enterrado, escondido e até perfumado no corpo inteiro. Promessas juninas, mistérios antigos e por muitos ainda revividos.

Certamente que não é mais aquela festança tomando conta das portas, das calçadas, das ruas. Não há mais uma profusão de fogueiras acesas, de mesas enfeitadas, de folguedos e animações. Até mesmo os arraiais rarearam, e igualmente as autênticas quadrilhas matutas, ostentadas no compasso da dança e não na fantasia carnavalesca. Olha-se para cima e já não se avista bandeirolas coloridas dançando à ventania. Balões enfeitados, corações despertados pelos sabores, tudo isso parece coisa de outros tempos.

Mas o cheiro bom do mês junino ainda permanece, mesmo que não esteja fácil dispor do milho, do coco e demais preparativos para os pratos mais diversos. O milho faltou no sertão, tudo que chega vem de lotes e a preços absurdos. Mas é tradição, e como tal ainda é preservada por muitos. Mesmo sem o autêntico forró pé-de-serra e sem a quadrilha matuta, a verdade é que a festa de São João não pode faltar. Muito menos seus cheiros e sabores apaixonantes.

Mesmo sem a feição de outros tempos, creio que também neste São João não faltarão as fogueiras soltando suas labaredas, os braseiros servindo de assadeiras para carnes, milhos, queijos e até para os batismos simbólicos da época. E ao redor, tomando todos os espaços da rua, as mesas com as iguarias típicas e apetitosas. Uma fartura de gostos, sabores, pedaços e porções que se acumulam nos pratos e vasilhames e que vão fazendo a festa da gulodice.


Por isso mesmo que já sinto a presença daquelas comidas, bebidas e um monte de iguarias que logo mais estarão diante de todos. Não vai demorar muito e as cozinhas estarão preparando as canjicas, os bolos, os milhos cozidos, os licores, o arroz doce, o mungunzá, a pipoca, o quentão. As carnes serão cortadas como para churrasco, linguiças amontoadas, as espigas de milho preparadas para o crepitante braseiro. Talvez eu esteja querendo demais, mas é pela vontade mesmo.

Os fogos também não pipocam mais como antigamente. De vez quando apenas uma bombinha ou outra. Mas enquanto a verdadeira festança não chega, enquanto não vejo a meninada toda animada soltando suas chuvinhas e traques, fico imaginando as fogueiras acesas, os sons da sanfona e todas aquelas delícias perfumando os espaços. Já vejo o arroz doce sendo despejado no copo ou no prato, a canjica cheirosa recebendo a canela, o mungunzá sendo enfeitado com cravo da índia.

E tudo faz recordar meu sertão. Não o de agora, mas aquele sertão de vizinhos e compadres reunidos ao redor da fogueira, no proseado e na comilança, na animação e no compasso do forró. Quando não há um bom sanfoneiro, pois raridade também por lá, então o auxílio vem com Luiz Gonzaga e sua cantoria junina: Olhe pro céu meu amor, vê como ele está lindo. Olhe praquele balão multicor como no céu vai sumindo. Foi numa noite igual a esta...

E também chega uma recordação boa das coisas simples e belas das noites juninas sertanejas. Sem igual é o São João na roça, nas distâncias do mundo, onde somente a fogueira e o luar iluminam vidas e esperanças. A palha do milho retirado ali mesmo, de espiga nova e bonita, para depois ser estendida pelos lados da fogueira ou já no braseiro. Da cozinha chega um cheiro bom de canjica, de vez em quando aparece um copo com uma aguardente misturada com casca de pau.

Enquanto o fogo crepita e o menino brinca correndo atrás de estrelas, a família e os amigos alimentam nas chamas os prazeres da vida. Coloca-se mais lenha, alimenta-se a fogueira porque a noite é longa e o santo junino não gosta de ver ninguém triste na sua noite. Não há o licor, o quentão, o prato refinado, mas o que há se torna suficiente para que a tradição da data não seja esquecida: o milho assado, o milho cozido, a canjica, o arroz doce. Ou somente a vontade de ter.

Muitas vezes somente a fogueira faz companhia, e apenas o cheiro da lenha esturricando e da fumaça tomando os ares. Mas ainda assim o cheiro junino. E no olhar e no coração o pedido ao santo que tão cedo não lhe permita apagar como aquela chama.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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DULCE ARAÚJO BRAGA NETA MAIS QUERIDA DO SINHÔ PEREIRA

Por Ferreira Anjos
Fonte da foto: facebook – Página: Ferreira Anjos‎ Grupo: O Cangaço – Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1318535998160533&set=gm.1238253479521101&type=3&theater

No dia 25 de julho de 1952 nasceu Dulce Araújo Braga a neta mais querida de Sebastião Pereira da Silva, o cangaceiro Sinhô Pereira, e faleceu no dia 26 de junho de 2015. 

Fonte da foto: facebook – Página: Ferreira Anjos‎ Grupo: O Cangaço – Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1318535998160533&set=gm.1238253479521101&type=3&theater


Esta fotografia é do túmulo do senhor Sebastião Pereira da Silva conhecido no mundo do crime por Sinhô Pereira e da sua neta Dulce Araújo Braga.

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A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA E O PAPEL ATRIBUÍDO AO GEÓGRAFO EM O PEQUENO PRÍNCIPE

Por José Romero Araújo Cardoso

 Antoine de Saint-Exupéry (Lyon, França, 29 de junho de 1900 - Costa de Marselha, França, 31 de julho de 1944) foi um escritor, piloto e ilustrador francês, autor de um clássico da literatura intitulado “O Pequeno Príncipe”, escrito em 1943, cuja riqueza em simbolismos encanta gerações espalhadas pelo mundo a fora, graças às inúmeras traduções que o livro já teve.
          
Além da obra-prima citada, Saint-Exupéry escreveu também L'Aviateur (O aviador – 1926), Courrier sud (Correio do Sul – 1929), Vol de nuit (Voo Noturno – 1931), Terre des hommes (Terra dos Homens – 1939), Pilote de guerre (Piloto de Guerra – 1942), Lettre à un otage (Carta a um refém - 1943/1944) e Citadelle (Cidadela — póstuma, 1948).
          
Em dois momentos “O Pequeno Príncipe” destaca a importância da geografia e o papel atribuído ao geógrafo, ambos profundamente marcados pelas concepções de época, intrinsecamente influenciados pelas bases norteadoras contidas nas teorias e nos métodos geografia tradicional, tanto deterministas ambientais como possibilistas.
          
No primeiro momento, frisando a importância da geografia, Saint-Exupéry assim se expressou: “E a geografia, verdade, me serviu bastante. Eu consegui distinguir, com uma só olhada, a China do Arizona. É bem útil quando se está perdido no meio da noite” (2015, p. 10).
          
Realmente, para quem começou a carreira como piloto de linha, voando entre ToulouseCasablanca e Dacar nada mais oportuno do que fazer uso dos conhecimentos geográficos a fim de fomentar localização, principalmente em se tratando de uma rota extremamente perigosa na época, tanto pelos obstáculos naturais como humanos.
          
Embora somente a partir de 1946 a produção do conhecimento geográfico demonstrasse que certas mudanças de paradigmas já estavam em curso, a exemplo das publicações de Geografia da Fome e Geopolítica da Fome (1951), ambas de autoria do médico, geógrafo e sociólogo brasileiro Josué de Castro e de Os Dois Brasis, em 1957, de autoria do sociólogo francês Jacques Lambert, a ideia vigente quando da publicação de “O Pequeno Príncipe” era que o conhecimento geográfico deveria servir tão somente para distinguir espaços e não para desvendar contrastes que esses resguardam em seu contínuo processo de organização.   
          
A partir de 1970, sopraram da França ventos revolucionários que puseram à prova toda utilidade da geografia, a quem estava servindo e quais interesses eram escamoteados através da divulgação do caráter asséptico e desinteressado que estavam embasados na pretensa objetividade e neutralidade contidas no ensino de geografia, bem como na produção do conhecimento geográfico.
          
O lançamento da revista Hérodote e a publicação de A Geografia, isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra ativaram o alarme referente à forma como a geografia vinha sendo usada para garantir a reprodução do sistema e manutenção do status quo.   
          
O papel atribuído ao geógrafo em “O Pequeno Príncipe” revela-se não menos complexo, pois quando da visita do simpático monarca-mirim ao sexto planeta fictício, antes de chegar à Terra, encontra-o habitado por “um velho senhor que escrevia livros enormes” (Id., p. 53).
          
Indagando-lhe sobre quem era, o habitante do sexto planeta diz-lhe ser um geógrafo e, ao ser interpelado sobre do que se trata ser um geógrafo, o velho senhor responde-lhe que é “um sábio que sabe onde ficam os mares, os rios, as cidades, as montanhas e os desertos (Id.; ibid.). O sentido enciclopédico que norteou as bases da formação da geografia moderna aparece claramente na resposta do geógrafo.
          
Enumerações enfadonhas e ênfase em decorar capitais, localização de países, acidentes naturais, etc. constituiu-se em tormenta para os estudantes da educação básica em todas as partes do globo, não raro ter sido implementado com vigor no ensino superior de muitos países, a exemplo da Alemanha.
          
Bismark costumava dizer que a guerra franco-prussiana foi ganha devido a forma como o ensino de geografia foi fomentado naquele país unificado tardiamente, somente na década de setenta do século XIX. Eram os caracteres indeléveis do positivismo Comtiano impressos no ensino e na produção do conhecimento geográfico que ainda ressoam em diversos momentos, principalmente no ensejo do processo ensino-aprendizagem onde não há ainda sérios compromissos com a formação cidadã.
          
Árido trabalho, puramente atrelado aos gabinetes, enquanto injustificável papel atribuídos aos geógrafos, tem destaque quando o velho sábio revela ao Pequeno Príncipe que “(...) preciso de exploradores aqui. Não é o geógrafo que vai contar as cidades, os rios, as montanhas, os mares, os oceanos, os desertos. O geógrafo é importante demais para sair por aí” (Id.; p. 54).
          
No século XIX marcado pelo extraordinário avanço da intercalação da técnica com a ciência, surgiram inúmeras sociedades voltadas para a exploração de terras distantes, cujas riquezas atiçavam a imaginação ocidental daqueles que detinham poder e meios de produção, cuja avidez em conseguir em curto espaço de tempo recursos naturais para fazer movimentar poderosas máquinas significava triunfo em luta sem trégua a fim de conquistar hegemonia na complexa engrenagem capitalista.
          
As explorações realizadas por Humboldt, Livingstone ou Cecil Rhodes diferiram radicalmente das que forma realizadas por geógrafos como Manuel Correia de Andrade, Ab’ Saber ou Milton Santos, cujos estudos geomorfológicos revelaram capacidade ímpar em dispor conhecimentos geográficos para o bem da sociedade como um todo.  

Situação digna de raciocínio encontramos ainda quando o velho sábio comenta com o Pequeno Príncipe que “as geografias, disse o geógrafo, são os livros mais preciosos de todos os livros. Eles nunca deixam de ser atuais. É muito raro que uma montanha mude de lugar. É muito raro que um oceano se esvazie de suas águas. Nós escrevemos as coisas eternas” (Id.; p. 55).
          
Conceitos-chave da geografia foram vendidos pelos geógrafos tradicionais como sendo edifícios estáveis, encontrando-se de forma incisiva, entre esses que perfazem a linguagem geográfica, paisagem e região.
          
Relatos produzidos pelos exploradores de outrora serviram de bússola para que a solução para o problema referente à disponibilidade de matérias-primas chegasse ao fim e assim as poderosas indústrias pudessem produzir em larga escala.

Intervenção no meio-ambiente natural significa mudanças em ecossistemas, em meios bióticos e bióticos, modificando-se, de acordo com o grau da antropização, de forma radical ou menos radical toda ecologia da paisagem.
          
Quem assistir As Neves do Kilimanjaro, filme rodado boa parte no continente africano em 1952, deslumbra-se com a beleza das paisagens das alterosas da África Oriental. Hoje, devido mudanças climáticas brutais, graças ao avanço da ação humana no planeta, observa que o capeamento de neves eternas não mais correspondem à situação quando verificada quando das filmagens.
          
Da mesma forma, quem observar a atual situação do semiárido brasileiro, entre inúmeros outros espaços ameaçados com a intervenção exagerada do gênero humano, no que diz respeito ao avanço do processo de desertificação, constatará que a estabilidade pregada pela geografia tradicional inexiste.
          
Com relação ao processo de desertificação no semiárido brasileiro, pode-se, entre outros trabalhos acadêmicos, consultar CARDOSO & LOPES, disponível emhttp://www.caldeiraodochico.com.br/o-processo-de-desertificacao-no-semiarido-uma-breve-analise/.
           
Mares também podem desaparecer se a ação do homem se revelar bastante intensa. Exemplo disso observa-se com o Mar de Aral, impactado formidavelmente para ceder espaço para a cotonicultura enquanto fomento às exigências da vida em sociedade.
          
Nos dias atuais, a discussão acerca da importância da geografia e sobre o papel atribuído ao geógrafo extrapola os limites do simplismo e da ausência de reflexões, pois é inegável que a evolução do pensamento geográfico desde a publicação de “O Pequeno Príncipe” tem destacado novas performances que enriquecem cotidianamente a atuação da ciência e do profissional que devem lutar pela construção de um mundo melhor, mais justo, humano e equilibrado em âmbitos sócioeconômicos e ambientais.
   
Bibliografia Consultada:

Antoine de Saint-Exupéry. Disponível em .< https://pt.wikipedia.org/wiki/Antoine_de_Saint-Exup%C3%A9ry>. Acesso em 06/06/2016
Antoine de Saint-Exupéry. Escritor e piloto francês. Disponível em .< http://www.e-biografias.net/antoine_de_saint_exupery/>. Acesso em 06/06/2016.
CARDOSO, José Romero Araújo; LOPES, Marcela Ferreira. O Processo de Desertificação no Semiárido: uma breve análise. Disponível em .<http://www.caldeiraodochico.com.br/o-processo-de-desertificacao-no-semiarido-uma-breve-analise/>. Acesso em 06/06/2016.
CASTRO, Josué de Castro. Geografia da Fome: O dilema brasileiro – Pão x aço. Rio de Janeiro/RJ: Editora O Cruzeiro, 1946.
___________________. Geopolítica da Fome. Rio de Janeiro/RJ: Casa do Estudante do Brasil, 1951.
LACOSTE, Yves. A geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 2. ed. Campinas: Papirus, 1989
LAMBERT, Jacques. Os Dois Brasis. São Paulo/SP: Companhia Editora Nacional, 1969.
SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. Petrópolis/RJ: Vozes, 2015.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Sócio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP)

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REUNIÃO DO GRUPO GECC

Por Ângelo Osmiro Barreto

Reunião do GECC hoje, terça-feira, dia 07 de junho na sede da ABO (Associação Brasileira de Odontologia), às 19 horas. Rua Gonçalves Ledo, 1630 no bairro Joaquim Távora, Fortaleza-CE.

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PERGUNTADO A LAMPIÃO SOBRE PADRE CÍCERO E LAMPIÃO FOI BEM ESPECÍFICO:


SOBRE PADRE CÍCERO LAMPIÃO FOI BEM ESPECÍFICO:

" - Sempre respeitei e continuo a respeitar o Estado do Ceará, porque aqui não tenho inimigos, nunca me fizeram mal, e além disso é o Estado do padre Cícero". 

Padre Cícero de Juazeiro

Continua o depoente: " - Como deve saber, tenho a maior veneração por esse santo sacerdote, porque é o protetor dos humildes e infelizes, e sobretudo porque há muitos anos protege minhas irmãs, que moram nesta cidade. Tem sido para elas um verdadeiro pai. Convém dizer que eu ainda não conhecia pessoalmente o padre Cícero, pois esta é a primeira vez que venho a Juazeiro".

PERGUNTADO SOBRE O CANGACEIRO MAIS VALENTE DO NORDESTE:

Sinhô Pereira sentado e Luiz Padre em pé

" - A meu ver o cangaceiro mais valente do nordeste foi Sinhô Pereira. Depois dele, Luiz Padre. Penso que Antonio Silvino foi um covarde, porque se entregou às forças do governo em consequência de um pequeno ferimento. Já recebi ferimentos gravíssimos e nem por isso me entreguei à prisão".

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SILA E O CANGAÇO QUE TODOS CONHECEMOS

Por Alfredo Bonessi

O Cangaço foi um fenômeno social que teve como berço o Sertão Brasileiro. Originou-se logo após o descobrimento do Brasil e germinou nas cidades interioranas do Nordeste Brasileiro,  onde a lei era a vontade do mais forte, o  senhor dono das terras. Esse fenômeno surgiu como um grito de revolta e indignação aos desmandos desse poder absoluto,  que estava acima de todos e até mesmo da própria lei – pode-se dizer que o Cangaço foi uma revolta de homens valentes contra as formalidades  sociais da época – insurretos – insubordinados contra as normas vigentes de uma sociedade em transição entre a burguesia portuguesa escravocrata e preconceituosa  e o pobre sertanejo de enxada na mão, escravo da fé, do dogma religioso,  da superstição,  vítima da natureza inclemente que não aceitava a intromissão  de pessoas frágeis, sem vontade de viver e fáceis  de matar.  

O Cangaço foi composto por gente sertaneja, da terra, que nada temia, nem mesmo a morte. Não se tem noticias que  um Cangaceiro não tenha se comportado com valentia e dignidade na hora da morte, mesmo ferido e sabendo que a hora derradeira havia chegado.

Na guerra contra o  Cangaço valia  tudo, e nunca na história das sociedades a fofoca matara tanta gente. Bastava falar mal de um inimigo, inocente ou não, tanto para a polícia  como para os cangaceiros, que seria morte certa dessa pessoa.

O Cangaço como todo o movimento social fora-da-lei cometeu exageros e crimes hediondos, a maioria injustificáveis, às vezes contra pessoas inocentes, algumas delas a serviço da lei, como prova de desacato e provocação a corporação a que serviam.

O Cangaço começou a definhar quando atrapalhou o comercio, impedindo o progresso local, e quando surgiram as estradas e o rádio de comunicação, quando veículos motorizados foram empregados em sua perseguição e quando sertanejos foram colocados como guias a frente  das volantes a procura dos cangaceiros. Podemos afirmar que Lampião, principal chefe de bando e considerado o Rei dos Cangaceiros, morreu sem saber da tática principal da policia que acabaria o levando a morte:

-  a intriga entre um coitero e outro;

- quando a policia descobria um coitero, o deixava de molho, a espera de uma boa oportunidade para agir contra ele, normalmente o aliciava como informante, ao invés de puni-lo com a chibata e a tortura;

- o cerco de várias volantes ao mesmo tempo, se reunindo em um lugar pré-determinado pelo comandante - chegando ali recebiam novas ordens e novos itinerários de busca;

Essa estratégia, essa nova forma de combater,  longe dos olhos dos coiteros, fazia com que os informes dos movimentos da policia  que chegavam a Lampião eram aqueles que a policia desejava que ele  soubesse, mas não eram verdadeiros,  o único objetivo era deixar transparecer que a força estava inativa, inoperante, estava acomodada, quando na verdade mais de 3 mil homens se movimentavam sem cessar, diuturnamente, fechando o cerco contra o bando de cangaceiros.

Muitos chefes de bando e historiadores culpam as mulheres como o principal fator de extinção do Cangaço – na minha ótica, a mulher favoreceu ao afrouxamento das regras de sobrevivência do cangaço, por questões obvias: elas não combatiam, não cozinhavam, eram mais sensíveis e delicadas,  simplesmente eram mulheres mesmo do pessoal e por tudo isso o bando precisava  sempre andar beirando a água, sejam  nascentes ou rios ou caldeirões de água depositadas pela chuvas.

A presença da mulher foi marcante no bando dos cangaceiros porque o número de estupros das sertanejas diminuíram;  muitas mulheres do bando mandavam mais que os homens, davam as suas opiniões pessoais nas questões internas do grupo, salvaram pessoas da ponta do punhal, e foram algozes na  condenação de outras cangaceiras a morte, nos casos de saídas do bando. Pode-se dizer que com a chegada das mulheres a tenacidade guerreira do grupo de cangaceiros arrefeceu um pouco, os homens se acalmaram mais – o bando virou um feudo do crime, onde havia rei e rainha, quem mandava e quem obedecia; todos os olhares e toda a consideração eram  para as mulheres, principalmente a mulher do chefe. Os homens eram ferozes, valentes, justiceiros, guerreiros, altivos, prepotentes, arrogantes, mandões, para os de fora do bando, mas dóceis, afáveis, atenciosos, cortejadores, galantes para com as suas mulheres – as mulheres eram para eles um precioso objeto, um bem valioso, mais que a sua própria vida – a mulher representava  a  honra, o  status, o  poder de seu dono -   por isso era  coberta de jóias - era o centro de todas as atenções  por parte dos membros do grupo – por causa disso  a cangaceira  era o alvo preferido das piadas e descompostura dos policiais durante os combates.

Sila era uma criança quando se comprometeu que seguiria com o cangaceiro Zé Bahiano, mas  acabou fugindo de casa com  Zé Sereno, primo desse. Em termos de sanguinário e violento não se sabe quem era o maior, mas quando os comparamos ao dinheiro e  a agiotagem,  Zé Bahiano é infinitamente mais rico que Zé Sereno. Sila alegou sempre para a imprensa que a entrevistava,  que seguiu ZÉ Sereno porque esse ameaçou toda a sua família – não acreditamos nisso. O fato é que esses cangaceiros deixavam transparecer uma riqueza e um poder que só existia na mente deles, simplesmente impressionava as mocinhas da época, que viviam em completa servidão na casa dos pais, longe de tudo e que precisavam sobreviver da roça queimada pelo sol, da escassa chuva quando havia, nutrindo a esperança de ver  qualquer um   homem  que raramente  passava pela frente de sua casa. Normalmente a vida da sertaneja se resumia entre a roça e o curral, a cozinha, e as noites enluaradas, onde  contemplava as estrelas do firmamento, deixando-se embalar pelos  devaneios dos causos e das historinhas contadas pela avó e pela mãe – até que o sono as separavam em mais uma noite de sonhos e de ilusões.

Acertada a fuga,  Sila saiu pela janela de sal casa e logo adiante, na primeira noite,  foi estuprada em cima de uma enorme pedra -  foi mulher como devia ser a mulher de um cangaceiro – escolha feita por ela, fato esse marcante para sua mente juvenil de 14 anos, e que nunca mais saiu de sua memória. Daí por diante foram  correrias, fugas espetaculares da polícia,  noites mal dormidas, chuva, frio, fome, sede e abortos provocados,  algumas raras vezes o sossego a beira de uma fogueira, os encontros com os outros bandos, a carne assada nas trempes, o café delicioso  e o dedo de prosa com as amigas, as costuras e os bordados das roupas do pessoal e o preparo do enxoval do novo filho. Mas amor de sonho de menina nunca houve – Zé Sereno tinha muita coisa para se preocupar – precisava viver daquilo e sobreviver como  fera em um  ambiente hostil e ainda ludibriar a polícia – dependia do coitero para tudo – o cangaço era movimento  e o grupo de cangaceiros, chefiado por ele,  não podia ficar parado em um só lugar. Viver aquela vida,  que não era vida e que não podia deixar de vive-la,  foi um tormento para Sila.

Ao romper do dia naquela manhã de 28 de julho de 1938 estava acordada quanto um tiro isolado despertou a natureza na Grota de Angicos – Sergipe. Em seguida mais tiros,  levantou-se rapidamente e saiu  correndo em uma direção seguida de alguns companheiros. Balas ricocheteavam por todos os lados, a macega espinhenta se dobrava a sua frente pelo corte dos projéteis. Não teve tempo de olhar para atrás . Viu uma amiga cair morta,  amparou um cangaceiro que estava com o braço dependurado e quando os tiros ficaram mais longe se reuniu com os sobreviventes do grupo de cangaceiros para tomar um fôlego – estava milagrosamente  salva, mas toda lanhada nas pernas pela ação dos espinhos da caatinga.  
  
Depois vieram  as entregas – rendição para a policia – a viagem a São Paulo – o encontro com a cidade grande, berço de recolhimento de todo retirante nordestino. Seria nova vida ? – não foi. Apesar de ir fazer aquilo que mais gostava – costurar – sofreu  os efeitos que uma cidade grande provoca em todos os seus habitantes: a indiferença. Em um aglomerado urbano de milhões de pessoas, a atenção, o carinho e a afeição passam despercebidos,  de nada valeria gritar para a multidão que foi cangaceira.  Restou  criar os filhos e netos e conviver com o marido feroz e violento.

Em dado momento ressurgiu para as noticias de jornais, rádios e TVs onde tentava explicar o inexplicável: como foi que entrou para o cangaço. Viajou para muitos lugares, encontrou-se com outros remanescentes do cangaço – todos tinham algo a contar e a explicar, mas a grande maioria confundia datas e fatos, alguns escondiam mal feitos, outros não se lembravam de nada, mas grande parte deles  guardavam  silencio, ainda receosos da ação da justiça e da vingança por parte dos familiares das vítimas do cangaço.

Muito se tem escrito sobre  a guerra cangaceira – muito ainda se há de escrever – o tema é inesgotável. Sobreviveu a terra, o sol,  a caatinga. Ainda hoje o chão está marcado pelo  sangue dos policiais e dos cangaceiros – ainda hoje se pode ver as marcas das balas encravadas nas pedras e nos matos – ainda hoje os espíritos desses guerreiros se encontram nos caldeirões, nas aguadas da vida espiritual  para trocarem pensamentos dos feitos da guerra cangaceira  vivida na  terra.

Para o sertanejo nada mudou. A terra é a mesma, a política é a mesma, o gado morre do mesmo jeito, o sertanejo anda de moto, usa iPhone e possui computador. Em cada sertanejo de hoje existe um pouquinho de cangaceiro e um pouquinho de volante – e o pior bandido de todos que existe nesse momento são os políticos – com uma grande diferença dos guerreiros daqueles tempos – agem em nome da legalidade e são protegidos por lei.

Resta-nos  trazer aqui as palavras finais do grande chefe volante, Coronel João Bezerra,  que eliminou o Rei dos Cangaceiros, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião:

“Hoje eu não perseguiria Lampião. Hoje eu acho que ele não era bandido. Hoje existem bandidos bem piores do que ele”. 
(João Bezerra)
                             
Tarde demais.
Fortaleza,Ce, 05 de junho de 2016
Alfredo Bonessi – GECC - SBEC  

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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