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sexta-feira, 26 de junho de 2020

História do Rio de Janeiro



Aos que se interessarem pela trilogia do Velho Oeste Carioca, livros de André Luis Mansur que contam a História da Zona Oeste Carioca, de Deodoro a Sepetiba, é só entrar em contato pelo zap com o autor, que mora em Campo Grande: 999197723. O valor da trilogia está em R$ 50,00.

LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS


Fazer o quê? Não é vaidade, O Edson, mas não tenho como me conter diante de um elogio como este. Eis o que escreveu em sua página no Facebook um cidadão de Floresta, Pernambuco, a respeito do meu livro:

“O livro Lampião - a Raposa das Caatingas, do escritor José Bezerra Lima Irmão, nos leva à verdadeira essência do Cangaço no Nordeste Brasileiro, de linguagem fácil e compreensão, em sua pesquisa séria, e quando você começa a ler esse magnífico livro não quer mais para. Um livro desse é escrito a cada 100 anos, uma verdadeira obra-prima, para historiadores pesquisadores amantes do Cangaço. Eu recomendo essa grande obra do meu amigo José Bezerra Lima Irmão”.

A mensagem é de Giovane Macário Gomes de Sá. Conhecemo-nos em Floresta, no recente encontro em Floresta, organizado pelo incansável Manoel Severo Barbosa.

Adquira-o através deste e-mail:

franpelima@blo.com.br

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MINHA GENTE E O CANGAÇO


Confesso aos amigos, que no início tive receio de publicar esse vídeo, por ser um depoimento de testemunhas oculares do cangaço, que alheio ao que ocorre a este universo, o fizeram com o seu mais puro sentimento, sinceridade e verdade, do que viram do cangaço e seus personagens.

Nesta conversa, ouvir pela primeira vez, que havia sentinelas no coito de Angico, corroborado recentemente pelo pesquisador Frederico Pernambuco, como também, que um dos cangaceiros retirou um (bornal ou bornais) contendo joias de Lampião, confirmado com gravação inédita do Cel João Bezerra. Só então, depois desta constatação, resolvi compartilhar com os amigos.

Peço desculpas por meu pai, por ter, na época, pouca audição e ter feito algumas interrupções a outra testemunha.Recomendado Adauto Silva, Lampião, Maria Bonita, Corisco, Dadá, Cangaceiros, Cangaceiras, Angico, Piranhas, Rio São Francisco, Antônio Amaury, Zé Rufino, Ala...

Recomendado Adauto Silva, Lampião, Maria Bonita, Corisco, Dadá, Cangaceiros, Cangaceiras, Angico, Piranhas, Rio São Francisco, Antônio Amaury, Zé Rufino, Alagoas, Bahia, História do cangaço, Grota do Angico.


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E JURITY VOLTA AOS TRIBUNAIS


Publicado originalmente no Portal Conjur
 Da esquerda pra direita, Barra Nova, Neném, Jurity e Gorgulho

Veja decisão de Juíza quanto a processo que pedia por censura de filme sobre o chefe cangaceiro

"Memória histórica coletiva se sobrepõe a interesse individual", diz juíza

O interesse coletivo à formação e à informação por meio da base histórica se sobrepõe aos direitos individuais. O entendimento é da juíza Gardênia Carmelo Prado, da 2ª Vara Cível de Aracaju (SE), em decisão proferida no último dia 3 de junho.

A magistrada extinguiu, com resolução do mérito, uma ação que buscava condenar a Google e um professor de Sergipe pela publicação de dois vídeos que narram o assassinato dos cangaceiros Jurity e Neném.

Segundo o material, os cangaceiros foram mortos por uma tropa volante comandada pelo sargento Amâncio Ferreira da Luz, conhecido como sargento De Luz. As filhas do militar solicitaram que os vídeos fossem apagados e que os réus pagassem reparação por danos morais.

"O ponto atinente ao direito ao esquecimento, invocado pelas autoras como fundamento da lide e pedidos, quanto às ações laborais do pai envolvendo o cangaço, não pode ser aplicado nesta situação. Nas linhas de narrativa histórica de âmbito nacional ou local com relevância cultural, como foi a do cangaço e de outros movimentos destacados, não pode vigorar e ter seus efeitos ativados esse direito ao esquecimento, mecanismo de extirpação dos registros da história para certas pessoas e em certas situações", afirma a decisão.

Interesse público

A juíza argumentou que, em casos como o julgado, cabe ao magistrado analisar se existe interesse público atual na divulgação da informação. Caso ele exista, não é possível aplicar o direito ao esquecimento.

"Não há como apartar os fatos históricos dos personagens que os marcaram nesta situação em especial, justo porque a atribuição do fato se voltou para o grupo militar identificado pelo seu comandante — cujo nome e fama são emblemas da história do segmento — e extirpar tal dado da narrativa histórica feriria de morte a própria compreensão da história do cangaço, seu contexto, suas ambiências etc. Assim seria também se outros personagens fossem extirpados ou ocultados dessas narrativas", diz.

Sendo assim, prossegue a decisão, a publicação dos vídeos não possui nenhum ato ilícito, uma vez que o material apenas publiciza conteúdo histórico, informativo, fruto de extensa pesquisa, sem sequer trazer menção expressa ao pai das autoras.

"Sem desonrar os sentimentos por ambas [as autoras] experimentados e a veracidade com que devem ser considerados, os vídeos que trazem o conteúdo desse sofrimento não são senão mais uma menção histórica que envolve o nome de parente próprio das mesmas, como um registro inevitável da história da qual aquele participou — nesse caso, emprestando o nome ao agrupamento que comandava. E mesmo que, por hipótese, houvesse a imputação expressa e direta dos fatos ali narrados ao pai das autoras, a imputação em si, numa fiel e desapaixonada narrativa histórica, não seria capaz de ensejar uma indenização, justo por se tratar de conteúdo histórico elaborado e apresentado, em tese, sem intuito algum de ofender, mas tão somente de informar e formar", conclui.

Clique AQUI para ler a decisão
0044386-18.2018.8.25.0001
Repesquei no:

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HÁ 73 ANOS UM DOS MAIORES CANGACEIROS DA ÉPOCA FOI ENTERRADO EM CAMPINA GRANDE


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RIO DO FOGO, 1941: CHEGAM AS PRIMEIRAS VÍTIMAS

Por Rostand Medeiros – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Típica cena de um afundamento no Oceano Atlântico por ação de submarinos.

A História dos Primeiros Náufragos a Chegarem ao Litoral Potiguar Durante a Segunda Guerra Mundial.

Esse texto é um dos capítulos do livro “Sobrevoo – Episódios da Segunda Guerra Mundial no Rio Grande do Norte, lançado em 2018.

O caçador

Era bom voltar ao mar. Pois era no mar que ele se sentia bem, principalmente realizando o que sabia fazer de melhor: caçar e destruir navios inimigos.

Era um sábado, dia 22 de fevereiro de 1941, e da torre do seu submarino U-105, o capitão tenente (Kapitänleutnant) Georg Schewe, de 32 anos, orientava a navegação de sua nave em direção ao Atlântico pela foz do Rio Blavet, que banha a cidade francesa de Lorient. Ele deixava para trás todo o trabalho de construção da nova e grande base de submarinos nessa cidade, a qual seus superiores prometiam que, quando concluída, seria “inexpugnável” aos bombardeios ingleses, que de vez em quando se apresentavam sobre o porto e a cidade. Schewe, navegando no tranquilo Blavet, tinha a bordo entre seus oficiais os tenentes (Oberleutnant zur See) Max Wintermeyer e Ernst-Wolfgang Ravee, além do alferes (Fähnrich zur See) Hans-Erwin Reith.

Para ver o trabalho todo clique no link abaixo:


É show de cultura.

Extraído do blog do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros.

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A EMBLEMÁTICA FOTO DE LAMPIÃO EM LIMOEIRO

Por Herton Cabral

A emblemática pose fotográfica do grupo de Lampião em Limoeiro do Norte, do dia 15 de junho de 1927, revela que o intimorato capitão tinha certeza de que não seria incomodado, pelas autoridades cearenses, no retorno do ataque àquela próspera cidade (Mossoró). Alguns estudiosos, talvez como força de expressão, mencionam que Lampião teria ‘invadido’ o Ceará. Ledo engano. As circunstâncias indicam, pelo contrário, que sua entrada pelo município de Limoeiro do Norte fez parte de uma rota de fuga adrede planejada, que derivou para um ousado passeio pelo aludido centro urbano. Perigosamente situada próximo a capital do Estado, cerca de 200 km, Limoeiro do Norte podia ser alcançada, em questão de horas, mesmo por estradas ruins, se uma força policial motorizada, bem armada e municiada tivesse sido deslocada de Fortaleza,  nos dias 13 e 14 daquele mês e ano, para aguardar e dar combate ao grupo, na eventualidade do retorno. 

 Dona Francisca, Herton Cabral e Manoel Severo

Afora a superioridade numérica, a possibilidade de vitória se mostraria ainda mais plausível com a corja já esfacelada e desmoralizada pela fragorosa derrota imposta por Rodolfo Fernandes e seus patriotas. O que acontece então? Lampião entra lépido em Limoeiro, passeia, visita igreja, é bem fotografado, toma café e janta, vai ao telégrafo onde conversa e telegrafa. Apresenta-se despreocupado. Tudo isso ocorrendo só dois dias depois de ter tentado matar, violar e roubar e depredar uma cidade inteira. Em singular depoimento, conta o sr. Custódio Saraiva, então Secretário da Prefeitura e juiz municipal limoeirense, que Lampião parecia tranquilo a ponto de até pretender se demorar na cidade, para aguardar a chegada do resgate exigido pela vida do coronel Antônio Gurgel e esposa. Só desistiu do intento ao tomar conhecimento da aproximação, célere, de volantes da Polícia do Rio Grande do Norte e da Paraíba já seguindo em seu encalço. 
  


Destaque-se que policiais riograndenses e paraibanos chegaram a vizinha Russas, antes das forças cearenses. O fato é que governo cearense sequer podia alegar surpresa com a presença de Lampião em Limoeiro, pois tivera conhecimento antecipado, através do correto prefeito Rodolfo Fernandes, que os cangaçeiros se aproximavam para atacar Mossoró, o que colocava em grande perigo direto todo o médio Jaguaribe. Um governante precavido certamente teria se antecipado ao provável movimento de fuga lampeonica, deslocando de tropas volantes para fechamento das vias de acesso e combate ao grupo de bandoleiros, agindo em coordenação com as demais polícias. Sem esquecer de reforçar as defesas das principais cidades da região. Mas, para quem havia se negado a prestar a ajuda solicitada pelo destacado cel. Rodolfo Fernandes, nada de bom se podia esperar, mesmo que tivesse de renegar a validade das cláusulas de ajuda recíproca assumidas no vigente convênio interestadual de combate ao cangaceirismo. 

Portanto, quando se examina a sequência de fatos, antecedentes e consequentes, percebe-se que um enredo havia sido traçado para facilitar a escapulida do capitão facinoroso. E nessa trama diabólica envolveram-se insignes chefes políticos, destacados oficiais da briosa polícia e, pasme-se, o próprio presidente do estado, alcunhado  ‘Moreirinha’, se enredou, ou foi enredado, no imbróglio montado pelos seus apaniguados, de que resultou na fuga sensacional de Lampião do Ceará. Faltou a esse dirigente vontade política,  pulso e determinação, pois agiu marcando a história política do Ceará com um indelével sinal de nefasto compadrio político. Então, quando tudo confluía para o vesgo ser desbaratado e exterminado em solo cearense, eis que ressurta Lampião, após marchar por mais de oitenta léguas tiranas em lutas e atropelos, para dar continuidade da vida do crime por mais longos onze anos, deixando atrás de si um rastro de centenas de crimes e famílias enlutadas, até ser pego na ratoeira final de Angico.

Fonte: YouTube Canal: Alex Chaves Monteiro

Herton Cabral, pesquisador
Fortaleza, Ceara


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JOSÉ SATURNINO PARTE I

Por Aderbal Nogueira - Cangaço

João Saturnino, filho do 1º inimigo de Lampião, Zé Saturnino, narra momentos da vida de seu pai em briga com Lampião.
Criado com
Vídeos de origem

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ZÉ SATURNINO - PRIMEIRO INIMIGO DE LAMPIÃO



ZÉ SATURNINO – PRIMEIRO INIMIGO DE LAMPIÃO. Trecho do documentário O PISTOLEIRO DE SERRA TALHADA exibido pela Rede Globo de Televisão no ano de 1977. O documentário mostra uma das poucas filmagens em que aparece o célebre Zé Saturnino que foi o primeiro inimigo de Lampião. No vídeo Zé Saturnino fala sobre a sua questão envolvendo Lampião e seus irmãos. Esse documentário foi publicado inicialmente e na íntegra por Matheus Santos.

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AS MARGENS DO QUATARVO PIAS DAS PANELAS: DE CEMITÉRIO INDÍGENA A CEMITÉRIO DO CANGAÇO

Por Manoel Belarmino Belarmino. Com edição do Lampião Aceso

As Pias das Panelas ficam as margens do Riacho do Quatarvo, um afluente do Riacho Jacaré, em Poço Redondo, Sertão sergipano. Na época do Cangaço, aquelas terras pertenciam à Fazenda Paus Pretos de propriedade do coronel Antônio Caixeiro.

Nos tempos mais antigos, todo aquele mundão 'caatingueiro' era habitado pelos povos indígenas, que ocupavam esta região e, segundo relatos dos mais velhos, os índios enterravam os seus mortos ali, nas proximidades das Pias das Panelas.

 O autor Manoel Belarmino,
as margens do Riacho Quatarvo. 


E, ainda contavam, que antes das pastagens e das terras serem aradas para plantio, havia bastante indício de sepulturas indígenas por ali, no entorno das Pias e nas margens do Quartavo. Mas esse assunto do cemitério indígena, requer um pouco mais de investigação, e sem dúvida, num próximo texto trataremos exclusivamente sobre o mesmo.

Além dos indígenas que foram sepultados nas Pias da Panelas, estão enterrados em covas rasas e precárias, os corpos de três mulheres e dois homens, todos barbaramente assassinados no tempo do Cangaço.

1 - Rosinha Soares, a cangaceira Rosinha, companheira do cangaceiro Mariano, assassinada pelos cangaceiros, sob a ordem de Lampião. Depois da morte do companheiro, juntamente com Pai Veio, Zepelim e o coiteiro João do Pão, naquele combate do Cangaleixo, em 10 de outubro de 1937, Rosinha sentiu vontade de abandonar a vida cangaceira e voltar a morar com a sua família. Lampião achou a ideia arriscada demais. Luiz Pedro, determinou que os cangaceiros Pó corante, Juriti, Balão e Vila Nova levassem a moça pra casa a sentença. Matar Rosinha. E aí a sentença foi cumprida com um tiro de pistola mauser no ouvido da cangaceira as margens do Quartavo, nas Pias das Panelas. O corpo de Rosinha ficou ali estirado. E, dias depois, os seus parentes que moravam ali próximo, na Fazenda Santo Antônio, cuidaram de enterrar o corpo da inocente moça ali mesmo, numa sepultura. Até pouco tempo, avistava-se a Cruz de Rosinha ali perto das pedras das Pias das Panelas.
Rosinha Soares, companheira de Mariano 
Acervo Lampião Aceso

2 - Zé Vaqueiro, empregado da Fazenda Paus Pretos de Antonio Caixeiro. Quando o cangaceiro Novo Tempo, depois de escapar do Fogo da Crauá, combate que o deixou ferido gravemente, foi para na Fazenda Paus Pretos, num estado de quase morte, o Zé Vaqueiro avistou aquele moribundo, ferido, 'emulambado', mas com os embornais com bastante dinheiro. Resolveu matar o cangaceiro ali mesmo na margem do caminho, pertinho das Pias das Panelas. E assim o fez dando um tiro no cabeça do ouvido do cabra que já estava quase morto. Mas logo após o disparo tiro, ele ouve uma barulho. Eram os companheiros de Novo Tempo que estavam chegando ali à procura do cangaceiro desaparecido. Agoniado, Zé Vaqueiro nem consegue levar o dinheiro de Novo Tempo, vai embora. Novo Tempo é encontrado ainda com vida e socorrido pelos companheiros. Depois de recuperado o cangaceiro conta tudo o que aconteceu e a traição do vaqueiro dos Paus Pretos. Os cangaceiros não perdoam a traição do Zé Vaqueiro. Retornam à Fazenda Paus Pretos e levam o infeliz Zé Vaqueiro exatamente para as Pias das Panelas e matam o cabra. Seu corpo é jogado e fica ali estendido. Depois os vaqueiros da região encontram o corpo já em estado avançado de decomposição e o enterram-no ali mesmo nas proximidades das Pias das Panelas.

3 - Preta de Maria das Virgens, cruelmente assassinada pelo seu namorado, Zé Paulo. Preta era filha adotiva de Dona Maria das Virgens do Alto Bonito. Zé Paulo, depois de ter relações sexuais com a namorada várias vezes às escondidas, descobre que engravidara a moça. Todavia, para não se comprometer e ser obrigado a casar com a pobre sertaneja resolve a questão com uma pedra, esmagando a sua cabeça e deixando ali nas Pias das Panelas o seu corpo nu e estirado. Teve a frieza de avisar a seus familiares dias depois que poderia ter sido os cangaceiros que mataram-na. Espalha para os quatro cantos da região que um grupo de cangaceiros havia os encontrado e assassinou a namorada. Zé Baiano soube da boato de que o Zé Paulo e Dona Maria das Virgens do Alto Bonito estavam colocando na conta dos cangaceiros aquela morte da mocinha Preta. Ficou indignado e tomou as providencias. Foi até o Alto Bonito, e ferrou nos rosto Dona Maria das Virgens e os seus dois filhos, um rapaz e uma mocinha. Só não fez o mesmo com o verdadeiro assassino porque Zé Paulo não estava na casa naquele momento.

4 - Cangaceiro Coqueiro. Lídia, segundo cangaceiros e cangaceiras remanescentes, era a mais bela das cabrochas, e ironicamente a companheira de um dos cabras mais feios das hostes lampiôncas, o Zé Baiano. Mas acontece que a moça tinha uma paixão de infância que, tempos depois, ingressara no Cangaço. Era o cangaceiro Bem-te-vi. E Lídia não resistiu.
 Zé Baiano

Mesmo convivendo com Zé Baiano, ela se entregou ao risco dos encontros extraconjugais com o Bem-te-vi.

Outro cangaceiro que também tinha atração por Lídia era 'Coqueiro', mas sem nenhuma chance. A paixão mesmo de Lídia era o seu amor de infância, o Bem-te-vi.

Coqueiro, frustrado e sabendo daqueles encontros nas moitas, às escondidas, resolveu delatar tudo.

Zé Baiano estava viajando para a região de Alagadiço, Frei Paulo, SE há alguns dias, e quando retornou, para as Pias das Panelas, na boca da noite, todos estavam reunidos para a janta, Coqueiro inconformado com as recusas de Lídia relatou toda a traição. Conta a Zé Baiano tudo sobre a sua companheira e o caso com o Bem-te-vi. Todos silenciam.

Aquela conversa de Coqueiro é grave demais. Lampião levanta-se. Fica agoniado, mas não diz uma só palavra. Zé Baiano fica paralisado. Olha pra Lampião e pergunta o que fazer. E Lampião sentencia:
"Zé cuida de Lídia. Afiná, Lídia é dele. Os dois cabras, o entregador e o traidor, nós arresolve." 
E os cangaceiros matam Coqueiro, porém Bem-te-vi consegue fugir. O corpo de Coqueiro ficou ali estendido, sobre as pedras das Pias das Panelas. Dias depois, um coiteiro morador dos Paus Pretos resolveu enterrar o corpo do infeliz cangaceiro numa sepultura.

Zé Baiano amarrara Lídia e, na madrugada, antes de o dia clarear, mata a a golpes de cacete de pau-pereira a cangaceira mais linda do bando de Lampião. Cava uma sepultura e a enterra. E com o mesmo cacete que usara para tirar a vida de Lídia, improvisa uma cruz e finca sobre a  cova.

Finda o cangaço, anos depois dessas mortes, alguns caçadores da região evitavam passar pelas proximidades das Pias das Panelas à noite, principalmente nos locais onde estão as covas dos mortos. Alguns afirmavam ter ouvido coisas estranhas, como vozes, gemidos ou gritos macabros.


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ALVÍSSARAS, VAI SAIR O MEMORIAL RIO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.332


Quando eu fazia parte da AGRIPA (Associação Guardiões do Rio Ipanema, como membro fundador, lancei a ideia de promovermos o Dia do Rio Ipanema. A ideia foi transformada em projeto e aprovado pela Câmara de Vereadores. Hoje Santana já pode comemorar o “dia do rio Ipanema” com alguns festejos como faz a AGRIPA., baseada em lei municipal. Idealizei mais duas coisas e as submetemos ao gestor da época que nos prometeu realizar: o “Memorial Rio Ipanema”, no prédio ocioso do Matadouro Público, e uma “estação meteorológica” no seu amplo entorno, mas depois botou uma pedra em cima. Ontem voltei com a ideia na crônica do dia e recebi uma ótima notícia do secretário da Agricultura e Meio Ambiente, Jorge Santana. Disse o secretário em seu comentário na crônica de ontem: “Abrindo o Livro da História:”
RIO IPANEMA CHEGANDO À CIDADE (FOTO: ÃNGELO RODRIGUES

Que esteve no matadouro com o prefeito Isnaldo Bulhões E que havia ficado certo que de fato o prédio seria transformado em MEMORIAL RIO IPANEMA, (não tem o do). Segundo Jorge, haverá ainda no Memorial, salão de palestras e mirante para o rio Ipanema. Pense num homem contente que não coube nas calças! E ainda que a decisão foi comunicada ao atual presidente da AGRIPA. Como o gestor presente não é o gestor passado, confio piamente que agora sairá o MEMORIAL. Sobre a estação, nada me foi dito.  Antevejo os estudantes de todas as escolas recebendo aulas e pesquisando no  MEMORIAL.
Para quem não sabe, o prédio do matadouro, mostrado na crônica de ontem do livro “230 História Iconográfica de Santana do Ipanema“, está situado na margem direita do rio, já fazendo parte do Bairro Barragem. Fica a aproximadamente 300 metros da BR-316, acesso em estrada vicinal de terra logo após a ponte sobre o rio. A conquista resgatará de vez a Geografia e a História da importantíssima corrente que cedeu o seu nome à Rainha do Sertão. Caso tudo saia como imaginamos, será um atrativo a mais para visitantes de Poço das Trincheira, Batalha e Belo Monte, por onde também escorre a Ribeira do Panema. Peço com muita confiança os PARABÉNS antecipados e não tenho porque duvidar da futura realidade anunciada.
Aguardamos a volta do gestor que se recupera, são e salvo para tocar novamente as suas obras.
Passo importante para o orgulho cultural santanense. Esperamos que ninguém usurpe o crédito da ideia.


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HISTÓRIA DA BUCHUDINHA

*Rangel Alves da Costa

A mocinha apareceu buchuda e a cidade inteira parou para tomar conta da vida dela. Como se fosse o fato mais estranho e inusitado do mundo, com nenhuma outra coisa a cidade passou a se preocupar.
Os pratos ficavam sujos na mesa, as roupas imundas estocadas num canto, as calçadas cheias de poeira, as panelas queimando no fogão, os remédios esquecidos, os filhos chorando com fome, até os banhos e os asseios eram deixados de lado.
Nada mais na vida importava. A única coisa que importava era a mocinha que de repente apareceu buchudinha. Parecia coisa de fim de mundo. Talvez nem o aparecimento de um disco voador ou de uma porca falante fosse mais interessante.
Portas e janelas abertas, esquinas tomadas de pessoas, calçadas cheias de vizinhos e outros, por todos os lugares os olhares furtivos, as bocas em segredos, as línguas ferinas. Os ares tomavam-se de olhos, bocas, ouvidos, de tudo o mais que servisse para alimentar a boataria.
Tudo de mais desonroso passou a tomar conta de tudo: fofocas, fuxicos, boatos estapafúrdios, disse-me-disse, calúnias, aleivosias, um festim de maledicências. Uma dizia uma coisa e na outra esquina já havia se transformado numa condenação ainda maior. Tudo semeado para ser bem pior.
E também tudo tão próprio de quem não tem o que fazer e deixa de tomar conta da própria vida para se arvorar da vida dos outros. Certamente que as conversinhas e as fofocas acontecem em todo lugar, mas ali parecia nutrir suas forças e sua vitalidade como imprestável, que é o tomar conta da vida dos outros a todo custo.
Enquanto isso, a mocinha andava de canto a outro como se nada daquilo estivesse ocorrendo. Bonita, perfumada, arrumadinha - e buchudinha. Caminhava toda faceira, toda cheia de vida e de formosura, parecendo que nada daquilo estava acontecendo. E para ela tanto fazia, pois bem sabia que vivia num antro de cobras ruins, de serpentes inescrupulosas e linguaradas.


Mas para o lugar era o fim do mundo que a mocinha tivesse aparecido buchudinha. “Como pode uma moça que nem namora aparecer assim?”. Indagava um. “Quem vê a santidade não vê o pecado”. Dizia outra. “Safadeza pura, quenquice deslavada”. Mais uma dizia. “Aí não sabe nem quem é o pai”. Alguém falou. “O pai deve ser qualquer um”. A outra concluiu.
E bota fofoca nisso: “Comadre, bem garanto que nem é o primeiro bucho que pega. Toda desconfiadinha e não vale nada. Já deve ser muito passada e bem passada”. Uma chegava dizendo. E a outra completava: “É o que dá criar fia pro mundo. Pai e mãe são pior do que a própria fia. Depois vai virar rapariga, não vai dar outra...”.
Num canto de calçada, debaixo de pleno sol do meio dia, outras comadres - esquecidas de que existia casa pra cuidar, comida a fazer e tudo o mais - iam cuspindo aleivosias e falsidades. Segundo uma, só podia ser coisa do fim do mundo mesmo, pois quem já havia visto uma virgem engravidar. Contudo, pura ironia em tais palavras. Num repente e todas caíram numa gargalhada só.
E assim a cidade foi se esquecendo de que existia para entrelaçar e remendar maldades acerca da buchudinha. Mas a mocinha nem aí. Continuava passando feliz, alegre, cantando, toda cheia de contentamento. Levava a mão à barriga, sorria, no olhar com que fazendo planos para o amanhã.
A falta de reação da buchudinha aos ataques causava indescritível ferocidade aos fofoqueiros e fofoqueiras. Decidiram então arranjar um responsável pela gravidez da mocinha. De solteiro a casado, de velho a novo, tudo foi inventado. Mas não surtiu nenhum efeito. “O que vamos fazer agora?”. Esta foi a preocupação da fofoqueira maior.
Queriam de qualquer jeito que a mocinha reagisse e, com tal reação, acabasse dizendo ao mundo o que somente a ela e a quem desejasse deveria saber. Também uma forma de alimentar ainda mais a indignidade daqueles que unicamente se comprazem com o que os outros fazem ou deixaram de fazer.
Então outra disse: “Deixar pra lá, é o jeito”. “Não, de jeito nenhum. Sabe que a gente não vive sem falar mal da vida dos outros. A gente tem de continuar falando mal sim”. A maledicência falando. Então a outra ajuntou: “Se é pra falar mal, então vou logo dizer que sua filha logo vai aparecer igualzinha àquela. Não vê macho que não dê em cima”. “O que? Repita isso sua sirigaita, sua lambisgóia, sua rampeira...”.
E foi vestido rasgado, cabelo puxado, saia levantada, um rolo pelo chão. E a cidade inteira ao redor observando feliz. Logicamente que para depois ter o que falar. E a buchudinha vivendo apenas o seu mundo e de vez em quanto se perguntando: será um menininho ou uma menininha?

Escritor
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