Por Antônio Corrêa Sobrinho
Por ter sido um dos maiores
acontecimentos da história do Cangaço: a presença saqueadora de Lampião e
asseclas na cidade de Capela, na zona da mata sergipana, na noite de 25 de
novembro de 1929, há 96 anos agora completados, Sergipe não tem o direito de olvidar,
de esquecer, de fazer de conta que não aconteceu o tremendo fato (ao qual
adiciono as outras nefastas incursões do famanaz a outros burgos do nosso
sertão, para mais dizer do quanto Sergipe não deve desconsiderar tais eventos).
O banditismo capitaneado por
Virgulino Lampião faz parte integrante da nossa história, porquanto deixou
rastros inapagáveis por aqui.
Voltando a Lampião em Capela,
dizer que a importância deste histórico episódio não está apenas no
sensacionalismo, no esteticismo de certas cenas, na repercução, na significação
para a população capelense, mas também por se tratar de um verdadeiro presente,
sim, a tradução desta história, recebido do destino, pela historiografia do
cangaço.
Uma descrição de Lampião em
Capela formulada praticamente durante as ocorrências, ao contrário da maioria
dos eventos ditos protagonizados por Virgulino Ferreira; daí cheia de
factualidade, expressividade, e mais, o que não deixa de ser um outro mimo do acaso,
outra proveitosa coincidência, o fato de que quem traduz o episódio, traz a
lume o espetacular momento é, ao mesmo tempo, um perspicaz jornalista e um
telegrafista da Capela, aí a chefiar a agência dos Correios, a saber, Zozimo
Lima, este que por horas esteve ao lado de Lampião e à mercê do longo e afiado
punhal do cangaceiro; Zozimo, que é filho da Capela e que há um ano retornara
do Sul onde vivia desde 1910, como agente telegráfico e jornalista.
Daí a riqueza da informação.
Zozimo, na madrugada de 26, ou seja, poucas horas depois que o bando deixou
Capela, enviou ao “Correio de Aracaju”os primeiros informes a respeito da
ocorrência, publicados na edição deste mesmo dia, para três dias depois, na
edição de 29 de novembro, publicar a exclusiva reportagem "LAMPIÃO EM
CAPELA"; esta que vejo como um “olhar sobre Lampião tomado de
imparcialidade”, pois desprovido de intencionalidades e paixões, e cheio de
realismos, espontaneidades, reflexos naturais do arriscado momento vivido. Zozimo
fez história.
Fato é que nenhum outro episódio
envolvendo Lampião foi dado ciência ao público em geral com tamanha presteza,
rapidez, atualidade.
Sem dúvida, um dos mais
confiáveis registros de Lampião em atuação delituosa, jamais contestada. E
Lampião em Capela um dos mais interessantes acontecimentos do cangaço. É
história que Sergipe, ao contrário, devia divulgar e disto se beneficiar.
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