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sábado, 27 de agosto de 2022

GATO - O SANGUINÁRIO - BIOGRAFIA

 Por Cangaçologia

https://www.youtube.com/watch?v=of2LKGEnb1k&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

Um resumo biográfico de um dos cangaceiros mais temíveis e perversos de todo o ciclo do cangaço. Um homem cuja violência e ferocidade beirava os limites da insanidade, chegando ao ponto de colocar os próprios familiares na mira de sua fúria. Uma história envolta em crimes, mortes e destruições. Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões. Inscrevam-se no canal e não esqueçam de ativar o sino para receber todas as nossas atualizações. Forte abraço... Cabroeira! Geraldo Antônio de Souza Júnior - Criador e administrador do canal.

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MONOGRAFIAS REVOLTA DE PRINCESA – 1930

Este é o capítulo 3.8 de uma monografia intitulada Livramento, um Quilombo desde o “Tempo de Pa Trás” de Janine Primo Carvalho de Meneses. Para o Programa de pós-graduação em história da Universidade Federal de Pernambuco - Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Pag 111 à 118. Alem de um resumo sobre a famosa revolta paraibana ele destaca depoimentos sobre a ação de Lampião e de Volantes durante o conflito.

Em 1930, eclodiu na Paraíba, no município de Princesa Isabel, um conflito armado conhecido como “Guerra ou Sedição de Princesa”. Segundo Medeiros, a guerra foi ocasionada por divergências entre o governador eleito da Paraíba em 1927, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, e os coronéis monopolizadores da economia e política do interior do estado. João Pessoa discordava da forma como o grupo político que o elegera conduzia a política paraibana, onde era valorizado o grande latifundiário de terras do interior, possuidores de grandes riquezas baseadas no cultivo de algodão e na pecuária. Estes ‘coronéis’ atuavam através de uma estrutura política arcaica, que se valia entre outras coisas do mandonismo, da utilização de grupo de jagunços armados, da conivência com grupos de cangaceiros e outras ações as quais o novo governo não concordava (MEDEIROS, 2009, p.2).

Os pontos mais fortes da discórdia eram: a perseguição aos cangaceiros, com o objetivo de aniquilar os grupos de crime organizados, e a cobrança de taxas de exportação do algodão. Os ditos coronéis paraibanos exportavam a produção de algodão pelo porto do Recife, causando perdas tributárias para o estado da Paraíba. O governador estabelece, então, diversos postos de fiscalização nas fronteiras do Estado. Segundo Medeiros, por esse motivo os coronéis passaram a apelidar João Pessoa de “João Cancela”.

O mesmo autor referencia José Pereira Lima, mais conhecido como “o Coronel Zé Pereira”, como o mais poderoso entre as lideranças coronelistas da região, é descrito como verdadeiro imperador do oeste da Paraíba, na área da fronteira com o estado de Pernambuco, onde a cidade de Princesa Isabel (PB) servia de base para o conflito.

José Pereira Lima
in www.manaira.net

Medeiros afirma que a revolta teve início oficial no dia 28 de fevereiro de 1930, quando a polícia paraibana invadiu a Vila do Teixeira, aprisionando a família Dantas, ligada à família de Zé Pereira.Coronel Zé Pereira Fonte: Rodrigues, 1993, p.59 Fonte: Triumpho a Côrte do Sertão

Zé Pereira contava com o apoio dos governadores de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, Estácio de Albuquerque Coimbra e Juvenal Lamartine de Faria, respectivamente. Com isso, declarou o “Território Livre de Princesa”, separando-o do estado da Paraíba, tornando-o absolutamente autônomo.

Dona Rosa canta uma cantiga que revela o imaginário dos negros antigos de Livramento no tempo da Revolta de Princesa:
"Era uma cantiga dos nêgo que eles cantava né? Ele tinha um sonho com eles, eles tinham uma conversa que Princesa era deles, aí eles cantavam assim, que Princesa era deles e Vila Bela ia tomar, só não tomava João Pessoa porque não podiam ceicar, Princesa já foi minha, Vila Bela eu vou tomá Só não tomo João Pessoa Proque não posso ceicá” (Maria Rosa dos Santos, 72 anos). 
“Princesa se tornou uma fortaleza inexpugnável, resistindo palmo a palmo ao assédio das milícias leais ao governador João Pessoa. O exército particular do Coronel José Pereira era estimado em mais de 1.800 combatentes, onde diversos lutadores eram egressos das hostes do cangaço e muitos eram desertores da própria polícia paraibana (MEDEIROS, 2009, p.3) 

A força do governador João Pessoa fazia-se em 890 homens organizados em colunas volantes, as famosas “volantes”. Essas colunas eram chefiadas pelo coronel comandante da polícia militar da Paraíba, Elísio Sobreira (Foto abaixo), por Severino Procópio (delegado geral do Estado) e José Américo de Almeida (secretário do interior e justiça).

In abriosa.com.br

Esse acontecimento foi regado de cangaceirismo na região afetada, Lampião “volta e meia” andava por Triunfo, por Princesa Isabel, fazendo crueldades e servindo aos coronéis que apoiavam seu bando. Segundo Freixinho, “as razões da opção feita pelos coronéis repousavam na ânsia de preservar seus haveres e proteger seus familiares contra a sanha do banditismo, não dominado pelos poderes institucionais (FREIXINHO, 2003, p. 213).”

Freixinho, minuciosamente, descreve o terrorismo de Lampião, fazendo referência às ações dos bandos de cangaceiros:

Devastando, com incêndios e saques, centenas de propriedades. Destruindo casas e currais, fuzilando milhares de reses. Violentando mulheres. Humilhando anciões. Espancando jovens donzelas. Impondo castigos físicos e torturas, os mais sórdidos e brutais. Mandando ferrar homens e mulheres, nas nádegas e no rosto, desfrutando de espetáculos cruéis. Extorquindo dinheiro, sob ameaças de retaliação caso não atendido. Fazendo alianças com chefes políticos e alguns coronéis. Interferindo na Justiça. Promovendo festas ruidosas, nos casebres do sertão onde não permitirá que os seus homens fossem incomodados sequer pela poeira – ordenando, para tanto, que o chão desses casebres fossem aguados com cerveja. Sangrando até a morte seus desafetos.

Escapulindo do cerco policial, em vezes sem conta. Enfrentando mais de duzentos combates com soldados das ‘volantes’ e adversários pessoais, demonstrando feroz valentia. Ferido gravemente, restabelece-se na caatinga, retornando à ação com redobrada ferocidade. Exibindo reações as mais contraditórias e inexplicáveis. Fuzila com tiros de armas de fogo, na cabeça e no rosto, os que, no seu entender, merecem ser justiçados, por vingança. Completa com tiros de misericórdia, vítimas de seu bando. Terá gestos de nobreza, algumas vezes.

Noutras ocasiões se comportará como um cão danado, repelente, furioso, frio ante a desgraça alheia. Amará, perdidamente, a mãe, os irmãos também bandoleiros, e as irmãs; com eles e por eles chorará nos momentos mais tristes. Dotado de profundo sentimento religioso, não dispensa a oração diária, quando genuflexo e contrito, sob o sol inclemente do meio-dia, é observado silenciosamente por seus comparsas. Só respeita uma pessoa: o padre Cícero (FREIXINHO, 2003, p. 224).

Dona Maria Massá conta a manifestação do medo de sua mãe de tudo o que compreendia o tempo da revolta, o cangaço, as volantes. 
"Que nós morava, não morava aqui não, morava lá embaixo no Pernambuco num sabe, menino, eu alcancei essa revolta viu, um pinguinho de gente, morava lá embaixo, aqui embaixo apontava (o povão?), aí vinha, vinha percurando nós num sabe, pra subir pra Triunfo num sabe, aí lá vinha a tropa num sabe, aí quando vinha a tropa mamãe dizia mermo assim, ‘oh Maria, eu vou me esconder, me esconder que eu não quero assistir não e vem bater aqui, aí ???? da estrada mas era fácil de vir aqui’. Aí ela corria se esconder, aí eu dizia assim, aí eu fazia comida, quando acabar ia levar pra mãe, ela fumava, eu levava o cachimbo no fogo pra ela fumar no mato, aí ela dizia ‘num vou não, num vou não minha fia, que eles me pegam’, eu dizia, ‘pega não mamãe, pega não’, aí ficou, passado, iam se embora. Pra Triunfo, presse mundo, pra Santa Cruz, ia naquela Santa Cruz, oi já foi fogo mais fogo, oi os Pato, aquele Pato ali, era fogo mais fogo" (Maria Marçal - Maria Massá, 96 anos). 
Freixinho (2003) destaca no Sertão Nordestino, as figuras dos paisanos, pequenos agricultores sem vínculos com os latifúndios e sem vinculação com o crime, que para não caírem nas mãos da crueldade dos cangaceiros ou mesmo para comerciar com estes próprios, os protegiam, prestando-lhes informações ou dando abrigo em suas propriedades, o chamado  “coito” – “coiteiro”. “Em suma, o ‘paisano’, ao fugir da sanha do cangaço, dando proteção aos bandidos, ficava à mercê das atrocidades das ‘volantes’ desconfiadas de sua cumplicidade com os cangaceiros” (FREIXINHO, 2003, p. 217). Segundo Lopes: Em 1923 e 1924, Lampião instalou-se em Triumpho – PE e Princesa Isabel – PB.

Visitou Triumpho até 1926, onde contava com o total apoio dos coronéis e influentes políticos. Recrutou os triumphenses Felix da Mata Redonda (Foto abaixo) e Luiz Pedro Cordeiro ou Luiz Pedro do Retiro, o seu lugar-tenente de confiança e que tombou ao seu lado, aos 28/7/1938, no Grotão de Angico/SE. Em Triumpho Lampião cumpriu este roteiro: participava de bailes perfumados; dançava o Xaxado; arranchava-se na Serra e Cachoeira do Grito para descansar e abastecia-se no comércio local; visitava amigos e coiteiros; enterrava pessoas acometidas da peste bulbônica no sítio Retiro, propriedade de Luiz Pedro (LOPES, 2003, p.131).



Dona Maria Massá, 96 anos, relembra com vivacidade a situação dos coitos, da crueldade das volantes e do cangaço em sua infância:
"Muito bem, eu tinha um tio que morava no Maico, aí eu fui pra casa de meu tio, Luiz Preto, aí quando foi no outro dia, era pra eu dormir fora, a revolta encostou, ali no Maico. Encostou, e meu tio morava assim no Maico sabe, aí vinha, vinha atrás dum Casca de Aio, era um rapaz viu, Casca de Aio, ele era da sua cor num sabe, ele tava escondido na casa de meu ti, num sabe esse Casca de Aio, e quando a revolta apontou embaixo ele correu e veio avisar, veio avisar, aí ele aqui, tinha uma mata assim de calumbi, porque aqui era um (peneirão?), num tinha uma mata assim né, e pracolá tinha uma mata num sabe, e ‘a revolta vem ali, a revolta vem ali’, aí quando disse a revolta vem ali, ele aqui saiu no terreiro, que era um terreirão grande viu, no terreiro ele deu duas voltas assim, ói, duas volta assim, sumiu -se o rapaz até hoje"! 
Refere-se ao Sr. Lau da Capela:
"Tava lá, orando, aí meu tio foi e pediu, pro mode de nós pontá ele, ele amuntado num animá e me trazer pra entregar a (??????) pro mode, com medo da força num sabe, a força num (????), mas não queria que chegasse lá não... Eu saí mais ele e mais (duas turmas ???) num sabe, aí um veín veio me trazer num sabe, rezador, saí mais ele aí quando chegou na cancela aí ele disse ‘vá com deus que eu vou pra minha capela’, aí eu subi e vim pra casa num sabe, ... aí ficou essa revolta, caminhando, caminhando, caminhando, e quando foi um dia, nós viemo embora, lá tinha um pé de laranja e tinha a casa, uma casa (caembar????) e a nossa era fora num sabe, aí tinha o cumpade Luiz Rosa, meu irmão, tavam trabaiando, (???) ‘ta fazendo o que aí nêgo?’ aí ele disse ‘tô limpando uns matim’, aí ele foi e disse ‘apois eu quero água pra beber’, aí ele pegou um pote, foi num ôi d’água que tinha, carregou chei d’água, eles beberam, beberam, beberam, beberam, quando acabaram quebraram o pote, quando acabar pegaram (???) e deram (a mim?) umas lapada".
 Eram maivado!!! Eram maivado, a gente se explodia com essa revolta, era ruim demais, castigava viu, (???? Da senhora) aí o cacete comia, aí com paciência, aí deram (???) aí subiu pra Santa Cruz, a tirada lá era horrorosa, lá nos Pato, menina era um serviço, mas ?? a intendência, aí foi que parou essa revolta de lampião, mãe passou pra casa, mas (que nem eu nem outro????)..., eu levava de comer, cachimbo pra ela fumar, água pra beber, tudo no mato, ela sofria do coração (Maria Marçal - Dona Maria Massá, 96 anos).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.

FREIXINHO, Nilton. O sertão arcaico do Nordeste do Brasil: uma releitura. Rio de Janeiro:
Imago Ed., 2003

LOPES, D. R. Triumpho a Corte do Sertão. Santa Cruz da Baixa Verde: Gráfica Folha do
Interior, 2003.

MEDEIROS, Rostand. Guerra ou Sedição de Princesa

RODRIGUES, Inês Caminha L. A Revolta de Princesa – poder privado x poder instituído. Coleção
tudo é história 19. São Paulo: Editora Brasiliense,1993.

As fotos foram inseridas por nós para enriquecer a matéria. 

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REVOLTA DE PRINCESA NA TELINHA TELA BRASIL - APRESENTA:

 


No início do período republicano no Brasil, ricos fazendeiros comandavam a política nos municípios do interior dos estados. No sertão da Paraíba, o município de Princesa tinha como autoridade maior o coronel José Pereira que, em 1930, se sentiu desprestigiado pelo então presidente da Paraíba, João Pessoa, quando o mesmo deixou de fora, na composição de uma chapa para deputado federal, o ex-governador João Suassuna, pai de Ariano Suassuna.

Aliadas a esse episódio, medidas econômicas e novas práticas políticas adotadas pelo presidente do estado levaram o coronel José Pereira a romper com João Pessoa, também candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Getúlio Vargas. O coronel passou da oposição política à luta armada. A Revolta de Princesa, como ficou conhecido o episódio, tomou grandes proporções, envolvendo a Paraíba, Pernambuco e o governo federal. Em 2010 a TV Senado fez um resgate desse fato da história política do país. Direção: Deraldo Goulart.



Este artigo é especialmente dedicado ao confrade Carlos Eduardo Gomes "cangaceiro carioca"

Créditos Ewerton Michel/ YouTube

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LAMPIÃO E ZÉ PEREIRA AS MEMÓRIAS DE HERMOSA

 Por Luís Eduardo Andrade para o 'Correio da Paraíba'   (28/12/2016)


Princesa Isabel. 13 de Fevereiro de 1913. Oito horas da manhã. Enquanto as ruas princesenses se coloriam para receber o carnaval, o mundo se preparava para receber aquela que lhe traria mais beleza. E por esse motivo, seu nome não poderia ser outro: Hermosa. A palavra que significa “bonita” em espanhol, foi a escolhida por João de Campos Góes e Alexandrina Pereira para chamar sua filha que acabara de nascer Hermosa Pereira Góes. Uma pena que João não pôde curtir outro carnaval ao lado de Hermosa.

Faleceu antes do primeiro ano de vida de sua herdeira. Aliás, primeiro ano dos 104 que vivera (e vive).


É impossível falar de Hermosa Góes Sitônio (nome de casada) sem mencionar assuntos como a Revolta de Princesa, o cangaço, o Coronel Zé Pereira, dentre outros tópicos que só quem vivenciou a história de perto, pode falar. Contudo, é necessário observar outros aspectos da personalidade de Hermosa. Chegar aos 104 anos de vida já não é das tarefas mais simples, porém, atingir essa meta com lucidez e simpatia é um feito digno de um ser humano ímpar. E as memórias de Hermosa não poderiam deixar de ser registradas e catalogadas. Por esse motivo, convido-lhe a embarcar na história e adentrar nas lembranças dessa mulher de fibra, exemplo de superação, empoderamento e principalmente, força de vontade.

Tio Zé Pereira

Um dos mais conhecidos “coronéis” do Nordeste, chefe político da cidade de Princesa Isabel e nêmesis do Rei do Cangaço Lampião, era simplesmente o Tio Zé Pereira, de Hermosa. Nos seus relatos, a sobrinha refere-se a o coronel como homem fino, educado e altamente inteligente. Talvez por isso, tenha conseguido tanto respeito. Como Hermosa e seus irmãos perderam o pai muito cedo, Zé Pereira assumiu a responsabilidade sobre os filhos da irmã. Se esforçando para que nada lhes faltasse. E nunca faltou.

Princesa Independente

Cento e quatro anos, em um período que compreende duas Guerras Mundiais, todas as Copas do Mundo, 25 Olimpíadas da Era Moderna, 10 papas, o primeiro passo do homem na Lua, Ditadura Militar no Brasil, dentre outros eventos que marcaram a história da humanidade, e foram vividos de perto por Hermosa. Mas dentre todos esses fatos históricos, um foi marcante na Paraíba: a Revolta de Princesa Isabel.

A revolução aconteceu em 1930, e tudo começou por conta de divergências políticas e econômicas entre o Governador que dá nome a Capital da Paraíba, e os coronéis do interior, que chefiavam não só a política, como a economia das cidades. E todos eles, encabeçados pelo Coronel Zé Pereira, ou Tio Zé Pereira, para Hermosa.Segundo ela, um homem muito incompreendido. Mas o que se tornou compreensível foi a revolta de Zé Pereira com o governador João Pessoa, quando o mesmo instaurou impostos e cargas tributárias para as exportações dos grandes latifundiários. E a situação ficou insustentável quando os candidatos do Coronel foram impedidos de concorrer à deputação federal, enquanto aliados do governador não tiveram candidatura barrada. Até que em 1930, Zé Pereira rompe efetivamente com o Estado da Paraíba e proclama Princesa como território livre, com hino e bandeira.

E enquanto a política fervia, a adolescente Hermosa cuidava de estudar e dos afazeres domésticos. Mal sabia ela, que dali a poucos dias, seria afetada diretamente pelo conflito, tendo que se exilar na cidade da família de seu falecido pai. E os embates começaram quando a Polícia da Paraíba foi enviada pelo governador até Teixeira, cidade próxima a Princesa, para impedir que as pessoas apoiassem a revolta. Zé Pereira não se intimidou e mandou 120 homens armados para o distrito em questão. E depois de muitas batalhas armadas, a revolução parecia ganhar força. Todavia, Hermosa relata que as “guerrilhas” aconteciam nas redondezas da cidade. Até que a revolta sofreu um golpe doloroso e paradoxal. João Pessoa fora assassinado por João Dantas, supostamente por motivos pessoais, e mitificou-se em todo o Brasil. E o que poderia dar fôlego a revolta, foi fundamental para sua queda. “Perdi a batalha.”, declarou Zé Pereira quando soube da morte de João Pessoa, segundo Hermosa.
 

A casa das 70 mulheres

Depois do fim da revolta, o Exército entrou na cidade para restabelecer a ordem pública. De acordo com Hermosa, que ainda não era casada com Zacarias Sitônio, grande amor de sua vida, foi um período muito bom, pois além da paz reinar, a cidade era embelezada pelos jovens e educados militares. Mas com a saída do Exército, a Polícia da Paraíba novamente entrou em Princesa para acabar com qualquer vestígio de revolução. E fez isso da forma mais brutal possível. Atacando e invadindo casas, queimando plantações e matando pessoas no meio das ruas. Não existia outra solução além da fuga.

Enquanto os homens envolvidos se exilaram por todo o Brasil, incluindo Zé Pereira, 70 mulheres foram morar na cidade de Flores (PE). Lá, começaram a trabalhar com costura, trabalhos manuais, ensinando crianças nas escolas, e até vendendo suas jóias. E justamente por essa posição à frente do seu tempo, acabaram sofrendo preconceito justamente por parte das mulheres nativas de Flores. Porém, encabeçadas por Hermosa, lutaram pelo empoderamento feminino naquela cidade.

Hermosa ainda relata um encontro emocionante. Certo dia, depois de uma jornada de trabalho, as 70 mulheres ouviram uma batida peculiar em sua porta. E ao perguntar de quem se tratava, foram surpreendidas: “É tio Zé Pereira”. Fugido, o coronel teve que ser célere na visita, visto que tropas da polícia todos os dias revistavam a casa das moças. “Foi um momento de muita emoção”, narrou Hermosa.

O grande amor

Depois da anistia e a saída das tropas da polícia da cidade de Princesa Isabel, as mulheres regressaram, após quase seis anos. E nessa volta, já madura, Hermosa Góes descobriu o grande amor de sua vida: Zacarias Sitônio. Digo descobriu, pois ambos já se conheciam desde a infância, mas na volta de Hermosa, a paixão floresceu. Leitor voraz e poeta declarado, Zacarias impressionava sua enamorada pela boca de Augusto dos Anjos. Os versos do livro “Eu”, estavam decorados em sua mente. Era um mar que misturava amor e poesia. E por falar em mar, surgiu daí a inspiração para os frutos desse amor: MARta, MARiângela e MARgareth. As três filhas de Zacarias e de Hermosa, que agora, configurava “Sitônio” como seu sobrenome. Seu cônjuge então, decidiu ingressar na política, e fazer oposição a Nominando Diniz, que passara a comandar a região, já que o tio Zé Pereira se afastara para um sítio em Serra Talhada (PE), em busca de paz. Zacarias, como bom “genro postiço”, elegeu-se prefeito e “guardou o lugar” de Aloysio Pereira, filho do Coronel, que estava no Rio de Janeiro estudando Medicina.

O Rei e a Princesa

Caminhando em paralelo às histórias da Revolta de Princesa, Hermosa relembra fatos relacionados ao movimento do cangaço, mais especificamente da intriga que Lampião, o rei, tinha com Zé Pereira, o coronel, e consequentemente, com Princesa. Segundo ela, Virgulino Ferreira recebia apoio de cidades vizinhas para manter seu bando ativo. E em uma das tentativas de invadir uma dessas cidades, Lampião sofreu um de seus piores ataques. As tropas do Coronel Zé Pereira o expulsaram e o chefe do bando foi alvejado com um tiro no tornozelo. Hermosa relata que quando o mesmo foi encontrado, agonizara na mata por 12 dias e tinha o pé preso à perna apenas por tendões.

Em outra história envolvendo o rei do cangaço, Hermosa conta que o bando chegou na fazenda Riacho dos Navios, onde seu pai costumava morar. E questionou de quem eram os gados daquela propriedade. “É dos sobrinhos do Coronel Zé Pereira”, respondeu um criado. E nesse momento, Virgulino autorizou sua tropa a fuzilar todos os animais. Sessenta cabeças de gados ao chão. Zé Pereira ainda foi traído por seu cunhado, Marcolino Pereira, que foi coiteiro de Lampião em uma de suas fugas nas redondezas de Princesa. “Eles protegiam Lampião por medo, não era maldade”, argumenta Hermosa. A centenária ainda afirma que não foram assassinadas pelo temido rei do cangaço por sorte. “Ele (Lampião) só não nos matou porque não conseguiu nos pegar ”, afirmou Hermosa.
 


Livro vivo

Pode-se dizer que Hermosa Góes Sitônio é uma fonte histórica viva. Assim como um livro que narra histórias que dão asas à nossa imaginação. Ouvir Hermosa é voltar no tempo sem sair do presente. É ver a História (com H maiúsculo) diante de nossos olhos. Que sua sensibilidade não se perca. E que esta princesa de Princesa se eternize como personagem vivo da História do Brasil.



Pesquei no Correio da Paraíba

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DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 10 DE MAIO DE 1959 - "A VIDA DO REI DO CANGAÇO ESTEVE EM MINHAS MÃOS”

 Por Valdir José Nogueira de Moura

Assim declarou o belmontense “Sinhozinho Alencar” durante entrevista que o mesmo concedeu ao “Diário de Pernambuco”, e que foi publicada na edição de número 00106, que circulou no Domingo, 10 de maio de 1959, pág. 31.

Nascido no dia 13 de março de 1892 na Fazenda Várzea, em São José do Belmonte, o Coronel José Alencar de Carvalho Pires, tratado carinhosamente pelos seus parentes e amigos como “Sinhozinho”, oficial reformado da Polícia Militar de Pernambuco, durante dez anos, percorreu o interior nordestino, enfrentando o cangaceiro Lampião, em combates violentos, arrojados e memoráveis.

Seu depoimento espontâneo, inédito e corajoso, é de um valor extraordinário para quantos se debruçam nos estudos do polêmico tema “Cangaço”.

COM O DEDO NO GATILHO:

A volante comandada pelo sargento Alencar corta rios e caatingas, no rastro do bandoleiro.

Lampião, segue para a Vila de Nazaré, distrito de Floresta. Vai assistir o casamento de uma prima.
Terminada a cerimônia, ao ter início o baile de homenagem aos noivos, começa o tiroteio. Os cabras avistaram os soldados.

Lampião oculta-se numa casa da vila, e dali, com gritos insultuosos, dirige à reação. Portas e janelas se fecham e o fuzilar das balas é impressionante.

O sargento Alencar, avança debaixo do fogo, indo esconder-se no oitão do casebre. Desafia Virgulino a lutar em campo aberto. Escuta então quando o bandido grita:

- Vou pular pro meio da rua prá brigar, almofadinha, pras moças ver!



 Volante de Sinhõzinho Alencar em São José do Belmonte, PE 1927
Acervo do autor

O sargento Alencar aguarda, com o dedo no gatilho. Vê Lampião como um gato, pular a janela e cair em frente da casa. Exatamente atrás, o olho na pontaria visa as costas de Virgulino. Vai atirar. Puxa o gatilho, e a arma nega fogo. O cartucho falhou.

Lampião sente o perigo. Pula novamente para dentro da casa. E logo mais, abrindo violentamente a porta dos fundos, precipita-se de rua afora. Corre a toda velocidade. O cano do fuzil voltado para a retaguarda.

Atirando sem parar.

O sargento Alencar faz nova pontaria. A mira, nas costas do bandoleiro. Puxa o gatilho mais uma vez. E a arma falha novamente.


- A vida de Lampião esteve nas minhas mãos. Mas o destino não quis que eu o matasse.”

 Coronel José Alencar de Carvalho Pires "Sinhozinho Alencar".
Herói do combate de Belmonte contra o bando de Lampião, Tiburtino Inácio e outros cangaceiros, na época em que chefiava volantes pelo interior de Pernambuco.

Adendo Lampião Aceso
O episódio descrito acima se passa em 1º de agosto de 1923.

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DIA GRANDE

 Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.758

ESCOLA ESTADUAL PROF. ALOISIO ERNANDE BRANDÃO (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

Encerrei minhas atividades do Magistério, justamente na Escola Estadual Prof. Aloisio Ernande Brandão, quando me tornei jubilado, com muita honra. Esta unidade de ensino, antes de se tornar escola, pertencia ao Colégio Estadual Deraldo Campos, em Santana do Ipanema.   Um pouco separada do prédio, funcionava uma carpintaria como uma espécie de departamento de artes, da mesma escola. Depois esse “departamento” ficou independente, virou mais uma unidade de Ensino e passou a ser conhecido popularmente por “Cepinha”, numa referência ao CEPA de Maceió.  Ao falecer o primeiro diretor da Escola Estadual Deraldo Campos, Mileno Ferreiro da Silva, esta escola passou a utilizar outro título com o nome desse primeiro diretor que ali comandara durante 20 anos. E ao falecer o prof. Ernande Brandão (meu professor e depois colega de trabalho) o “Cepinha”, passou a ser chamado oficialmente Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão.

 Na última quarta-feira (24) estive fazendo uma rápida visita ao antigo CEPINHA, quando fui surpreendido por uma recepção emocionante diante de tantos professores novos, alguns chegado de estado vizinho e querendo me conhecer. Apresentado pelo professor Marcello Fausto, coordenador, à plêiade que estava na hora da merenda, deixou-me com lágrimas nos olhos diante de tanto carinho e reconhecimento tanto como ex-professor de Geografia quanto pelo currículo de escritor. Fiquei de retornar com tempo maior para uma palestra mais apurada naquela auspiciosa unidade, onde será lançado o livro “Canoeiros do Ipanema”, como primeira escola.

No mesmo dia recebo em casa meu futuro editor de um clássico do cangaço, com características acadêmicas: “Maria Bonita, A Deusa das Caatingas”, inédito e, que segundo meu editor, será lançado, além de Santana do Ipanema, no próximo encontro do movimento “Cariri Cangaço”. De quebra ainda coletei dois milagres do padre Cícero, reproduzi, acrescentei fotos e numerei no futuro livro: “100 Milagres Inéditos do Padre Cícero”.

Por tudo isso não poderia dizer ao contrário. Foi de fato um dia grande, proveitoso e evolutivo para a nossa Cultura sertaneja e alagoana.

Quem caminha com o Mestre dos Mestres, não caminha sozinho.



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COMO ARQUIVO EM NOSSO BLOG - O LEGADO DE MARTIN LUTHER KING PARA A JUVENTUDE

“A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar”. Embora esta não seja a frase mais famosa do pastor e ativista político Martin Luther King Jr (1929-1968), expressa a dimensão de suas ações em defesa dos direitos civis e da igualdade racial nos Estados Unidos segregados da década de 1960. Ações não-violentas, mas que mobilizaram milhares de norte-americanos, negros e brancos, a lutarem por um mundo mais justo.

Essa mesma articulação fez com que Martin entrasse para a História como a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, com então 35 anos. Conhecido pela oratória impecável, discursos potentes e pela liderança do movimento que impulsionou conquistas importantes para proibir práticas sistêmicas de segregação racial no seu país, o ativista tornou-se referência para uma causa ainda em curso nos dias atuais.

“Cinquenta e três anos após a sua morte, as palavras de Martin Luther King continuam vivas nos movimentos negros ao redor do mundo. A reivindicação pela justiça racial, direito à educação e fim da violência policial contra a população negra — que no Brasil vitima um jovem a cada 23 minutos —  são pautas tão atuais quanto em sua época”, afirma a educadora e escritora Luana Tolentino.

Autora do livro Outra educação é possível: feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula, um resultado da experiência de 11 anos como professora da rede pública de Belo Horizonte (MG),  Luana defende a relação direta entre o legado de Martin e a educação. “Ele pensava numa sociedade para todos, a começar pela igualdade de direitos. A escola tem um papel muito importante nessa construção”, afirma.

Um legado para a juventude

Símbolo de resistência e de transformação, Martin Luther King deixou um legado para a juventude do século XXI. Quais dessas lições podem ser trazidas para a sala de aula? Com ajuda da historiadora e escritora Luana Tolentino, trouxemos destaques na trajetória do líder pelos direitos civis que proporcionam grandes aprendizados.

   1. Palavras tem poder

Martin Luther King é conhecido por ser um grande orador. As históricas marchas organizadas por ele totalizaram cerca de 9,3 milhões de quilómetros percorridos pelos Estados Unidos. Já as palavras, provocaram os cidadãos a questionarem as consequências do  racismo estrutural cerca de 2.500 vezes ao longo dos 13 anos em que o ativista exerceu a cidadania na cobrança por direitos fundamentais.

Incentivando a cultura da paz e as soluções encontradas coletivamente, o movimento criado por ele mobilizou não apenas a reflexão sobre a igualdade racial, mas também importantes conquistas legais como o Ato de Direitos Civis de 1964 e o Ato de Direitos do Voto de 1965, marcos contra a discriminação eleitoral e práticas segregacionistas.

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   2. Direito de sonhar

Foi durante a Marcha sobre Washington, em 1963, que King fez seu discurso mais famoso, intitulado “I Have a Dream!” (Eu tenho um sonho!, em tradução para o português). Nele, o ativista discorreu sobre as lacunas entre os valores libertários da Constituição norte-americana e a realidade da população negra. Neste momento marcou seu sonho na História: Viver em um mundo onde os direitos das pessoas não são definidos pela cor da pele.

“Como educadora sempre trabalhei muito essa questão do direito de sonhar. Muitas vezes, diante de um contexto de violência, sobra pouco espaço para pensar numa sociedade diferente. Mas o discurso de King nos lembra que não existe luta sem um sonho. Por isso é tão importante formar crianças e jovens para acreditar nesse propósito, encorajando a participação deles como agentes da mudança que querem ver no mundo”, acrescenta Luana.

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   3. Equidade em prol da comunidade

A justiça e a equidade são dois grandes valores trazidos nas palavras e nas ações de Martin Luther King. O objetivo principal de seu movimento não era apenas o fim da segregação, mas a garantia de um sistema que enxergasse os sujeitos como membros de uma mesma comunidade. Sendo assim, a democracia cumpre o seu papel de construção coletiva em meio às diferenças, tornando-se mais sustentável.

“É fundamental que crianças, jovens e adultos conheçam a trajetória e as defesas dele para construirmos uma outra perspectiva a respeito dos sujeitos negros. Por mais que o discurso de King seja voltado para a igualdade racial, ele cria um movimento global, convocando os demais grupos da sociedade a lutarem por uma democracia que não pode existir sem equidade”, complementa Luana Tolentino.

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   4. Não-violência, não-conformismo

A trajetória de King como pastor da igreja batista inspirou uma abordagem não-violenta, partindo das regras do próprio sistema para corrigir suas imperfeições. Por defender os valores da democracia, o ativista se preocupava muito com a forma de reivindicar seus direitos. Mas isso não significou conformismo,  sobretudo em relação às práticas discriminatórias e segregacionistas.

Para alcançar um equilíbrio entre a não-violência e o não-conformismo, teve de conhecer a fundo as leis previstas na Constituição norte-americana da época, reforçando a importância da educação para a cidadania, que garante o desenvolvimento da consciência e da participação social como mecanismos de mudança.

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   5. Autoconhecimento e pensamento crítico 

“Martin Luther King falava muito sobre a transformação da nossa mente. É impossível promover uma educação antirracista se não houver um pensamento crítico por trás da construção do conhecimento, ainda muito eurocentrado. É fundamental olhar para dentro e refletir sobre quanto do nosso modo de agir, de falar e de pensar vem de uma sociedade pautada em privilégios e negação de direitos”, reforça Luana Tolentino.

A educadora chama atenção para a importância de cumprir a  Lei 10.639/03 de forma significativa nas escolas, permitindo que as crianças e jovens tenham contato com trajetórias de personalidades como King. “Essa prática traz benefícios para todos os estudantes, inclusive para as crianças brancas, que passam a entender a importância dos sujeitos negros para a construção de uma sociedade para todos”.

Para conhecer melhor Martin Luther King:

Martin – Martin Luther King

A Coleção Black Power, lançada pela Editora Mostarda, se dedica a apresentar as biografias das personalidades negras que impactaram a História. Entre os livros lançados, está Martin, a obra que  remonta a trajetória do líder norte-americano pelos direitos civis. Voltada para o público infantojuvenil, a linguagem e as ilustrações são adaptadas para inspirar as próximas gerações.

Selma: Uma luta pela igualdade (2015)

O filme dirigido pela diretora e roteirista afro-americana Ava Duvernay, acompanha a marcha histórica mobilizada por Martin Luther King Jr, no ano de 1965. O protesto partiu da cidade de Selma, interior do Alabama,  e foi até a capital Montgomery. O objetivo do era reivindicar o direito ao voto para a comunidade negra dos Estados Unidos. Além de trazer elementos da abordagem de King, o longa também se dedica a mostrar aspectos de sua vida no ativismo político.

Eu não sou seu negro (2017)

Dirigido por Raoul Peck, o documentário remonta as narrativas da negritude dos Estados Unidos a partir do manuscrito “Remember This House”, do escritor James Baldwin. O livro inacabado se propôs a relatar as trajetórias de líderes e ativistas negros dos anos 70, como Martin Luther King e Malcom X. Embora a obra não foque na biografia de King, reforça o impacto das lutas pelos direitos civis nos movimentos negros atuais.

https://fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/o-legado-de-martin-luther-king-para-a-juventude/

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