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domingo, 8 de outubro de 2017

50 ANOS SEM CHE GUEVARA... - HÁ 50 ANOS MORRIA O HOMEM CHE GUEVARA E NASCIA O MITO

Por Carlos Alberto Nascimento de Andrade

Neste 8 de outubro de 2017, o mundo lembra e celebra com admiração o 50º aniversário da morte de Ernesto Guevara Lynch de La Serna, o Che Guevara, ocorrida em 8 de outubro de 1967 na localidade de La Higuera, Bolívia.  A despeito de toda parafernália consumista, onde a imagem de Che é vendida como marca de tênis, camisetas, biquínis, decalques, botons, cerveja e até de algumas biografias e matérias jornalísticas oportunistas, que têm como objetivo reduzir sua militância política a uma dimensão mercantilista, pretendemos lançar luzes que possam ajudar no entendimento de sua opção pelo internacionalismo proletário. 

De origem pequeno-burguesa, nascido em 14 de junho de 1928, em Rosário, Argentina, Che Guevara não pode ser visto apenas como mais um idealista que fez de seu corpo trincheira de luta em defesa do socialismo, e que tombou com bravura e heroísmo nas selvas bolivianas. Ao lado do revolucionário Che, se faz mister analisar o legado que deixou para a humanidade. 


Após a revolução cubana, Che, que havia contribuído decisivamente com outros companheiros para a derrocada de Fulgêncio Batista, poderia ter se acomodado com as tarefas naturais do poder revolucionário, pois havia sido designado Presidente do Banco Nacional de Cuba, e posteriormente Ministro da Indústria. No entanto, impulsionado pelos ideais revolucionários, por seu temperamento rebelde e altruísta, abdicou dos prazeres da burocracia do Estado e continuou sua luta em prol do internacionalismo proletário. 
         
É verdadeiro afirmar que sua “derrota” só foi possível em decorrência da equivocada tática política que norteou suas ações guerrilheiras nas selvas bolivianas. Ao contrário de Cuba, onde havia forte movimento Nacional-Popular e Democrático de apoio aos revolucionários da Sierra Maestra contra a ditadura retrógrada de Fulgêncio Batista, na Bolívia, Che imaginava que a simples organização de um foco guerrilheiro fosse crescendo como uma bola de neve, até atingir as massas urbanas e rurais. Tal perspectiva não se efetivou, primeiro porque não havia grandes concentrações de camponeses em conflito com latifundiários (se é que havia latifundiários na região), bem como n& atilde;o haviam empresas agropecuárias, caracterizadas pela presença do capital, pela produção mecanizada voltada para o mercado e pelas consequentes relações de produção tendentes para o salariado puro que possibilitassem concentrar grandes massas de trabalhadores na zona rural daquele país. Segundo, talvez por motivo de segurança, uma vez que Che estava sendo perseguido, não houve interação política entre a guerrilha e o resquício de campesinato existente naquela localidade. Desta forma, por não entender os motivos da presença dos “barbudos” naquela região, os próprios camponeses cuidaram de delatar os guerrilheiros às forças armadas bolivianas. Por último, faltou uma direção política partidária, uma vez que a ação política guerrilheira ficou limitada a um prati cismo guiado apenas pelo voluntarismo pessoal de Che e seus companheiros, faltando, portanto uma análise partidária da conjuntura econômica, política e social boliviana, condição indispensável para se definir a tática mais apropriada para aquele momento. Não encontrando respaldo da população, especialmente dos camponeses da região, Che ficou isolado e encurralado no gueto foquista que valentemente organizou. Nestas condições, juntamente com seus companheiros, foi alvo fácil para os chamados “Boinas Verdes” da CIA, lacaios da política imperialista dos EUA. 
         
Se por um lado não podemos entender a luta guerrilheira de Che como modelo universal, pois as especificidades das conjunturas políticas e de estruturas econômicas de cada país determinam a forma de luta que deve ser desenvolvida, por outro resgatamos sua postura crítica e incorruptível, além de sua capacidade de renúncia pessoal em favor dos interesses coletivos. De acordo com sua origem de classe, Che poderia ter enveredado por caminhos do colaboracionismo com as classes dominantes retrógradas, colocando toda sua experiência e competência política a serviço dos “donos do poder” público de plantão; aliás, fato muito corriqueiro hoje em dia, onde o oportunismo fisiologista é o elemento norteador da vida de milhares de car reiristas – entre estes alguns arrivistas e ex-militantes esquerdistas – que foram cooptados e atualmente prestam serviço – técnico e político –  aos diversos grupos de fascistas e reacionários que se apoderaram das instituições públicas brasileiras, e administram tais instituições como se fossem suas próprias casas. 
         
Ícone da juventude revolucionária e um dos grandes paradigmas do socialismo, Guevara nos deixa um legado de coerência, ética, desprendimento pessoal e acima de tudo de solidariedade internacionalista. De sua obstinada luta pelo socialismo, a lição que fica é que não basta o sentimento de rebeldia, nem o desejo individual de mudança, se faz necessário administrar coletivamente essa rebeldia. Sob a direção de uma organização partidária, precisa-se analisar a realidade concreta, detectando as contradições estruturais e conjunturais, e sintonizando-as com o sentimento de mudança das “classes subalternas”. 
         
Num extrato genial, pinçado de sua obra O Socialismo e o Homem Novo, Che, referindo-se à opção política que havia feito desde a juventude, sintetiza com maestria: “Todos e cada um de nós paga pontualmente sua cota de sacrifício, conscientes de receber o prêmio na satisfação do dever cumprido, conscientes de avançar com todos para o homem novo que se vislumbra no horizonte”.

Carlos Alberto Nascimento de Andrade
Prof. do Departamento de Educação
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
Campus Central de Mossoró - RN 
Leitor de: José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Luiz da Câmara Cascudo, Karl Marx, Vladimir Ilych Ulyanov. 

Enviado pelo autor Carlos Alberto Nascimento de Andrade

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A TRAVESSIA NO LEITO SECO DO RIO (A DOR E O SOFRIMENTO DO POVO RIBEIRINHO)

*Rangel Alves da Costa

Ontem pela manhã recebi umas fotografias de Erionésia e Quitéria, amigas de Bonsucesso, povoação ribeirinha às margens do Rio São Francisco, no município sergipano de Poço Redondo, alto sertão do estado. Bonsucesso é historicamente famosa pelo casarão colonial imponente que está assentado num alto defronte ao rio, construído por escravos e cujas paredes possuem cerca de um metro de largura. Também pela cerca de pedras ao fundo do casarão, toda levantada no sacrifício do açoite e do sangue negro.

Entretanto, o reconhecimento de Bonsucesso se aperfeiçoa muito mais pela sua história e pela sua beleza enquanto típica povoação ribeirinha. Nascida nas beiradas do rio, toda a sua existência sempre esteve enraizada nas águas do Velho Chico. De suas águas toda a vida de um povo, toda a sobrevivência e toda a alegria de viver. Num tempo de águas muitas, de rio grande, largo, tomadas de peixes, as embarcações aportavam felizes na certeza de que na manhã seguinte as redes seriam jogadas para a coleta farta. Pelo rio passava toda uma vida e, tanto na chegada como na partida, o deleite de se navegar em meio a serras suntuosas e outras belezas paisagísticas.


Contudo, o rio largo, o grande São Francisco, o Velho Chico declamado nos versos pujantes de um dia, foi perdendo seu viço e sua flor. Como alguém que vai definhando pela doença, a cada dia se esvaindo mais, assim o grande Opará se prostrando no leito. O velho ribeirinho, mestre no conhecimento e na sabedoria aldeã, logo sentiu que tempos difíceis, muito difíceis, estavam chegando com o definhamento do rio. E mais uma vez lançava o olhar pelas distâncias das curvas d’água e confirmava aquela ausência do muito que se tinha no passado. E dizia a si mesmo que não foram as estradas sertanejas que fizeram desaparecer as grandes embarcações, mas a própria estrada do rio que já não dava passagem.

O rio já se mostrava magro, estreito, raso, mais pedregoso. O doente em situação ainda mais calamitosa. Nenhuma grande embarcação conseguia vencer aquele leito já sem força e sem fundura. Canoas e barcos ainda conseguiam passagem, mas em viagens em busca do nada. Os peixes ribeirinhos, até mesmo as piabas, já haviam escasseado de tal modo que era espanto maior quando nas locas das pedras era encontrado um peixe grande. E o velho beiradeiro, acostumado a se encantar com o seu rio imenso e rico, passou a sofrer pela situação deprimente então avistada. Mas o pior logo aconteceria.

Então repito o que ontem escrevi e postei como aflição e alerta: “Difícil demais acreditar que algum dia isso pudesse acontecer, mas em Bonsucesso, nas ribeiras poço-redondenses do Velho Chico, a secura do leito do rio é tão grande que agora serve de estrada como se fosse um caminho sertanejo qualquer. No último dia 04, quando Frei Enoque celebrou missa na Ilha Belmonte, após os reparos na sua igrejinha, a comunidade religiosa de Bonsucesso sequer precisou de barco ou canoa para a travessia, bastando que caminhasse até lá. Como se pode observar nas fotos abaixo, as pessoas simplesmente andando pelo meio daquilo que noutros tempos foi de volumoso caudal, um rio imenso, bonito, percurso para todos os tipos e tamanhos de embarcações. A foto do garoto Otávio, filho da amiga Erionésia, em meio ao rio, lançando o seu olhar entristecido sobre os seus restos, melancólica e poeticamente expressa toda a dolorosa realidade. E se um jovem nessa idade sente por dentro toda a angústia de avistar um rio tão belo em tão lamentável situação, que se imagine o sentimento dos ribeirinhos de mais idade, principalmente os mais envelhecidos, perante o que hoje avistam e se recordam de ter avistado. Um contraste que angustia, entristece, atormenta. E o mais doloroso é saber que não há grandes esperanças que modifiquem tão triste realidade. Não haverá dilúvio que inunde tudo se é a sede capitalista humana que tudo bebe e tudo seca, que mata um rio em nome do falso progresso”.


Hoje em dia, como visto, é possível fazer a travessia pelo leito do rio seco. Um dia, no passado bíblico, as águas foram abertas por Deus para a travessia de seu Filho ante a perseguição das hordas inimigas. Agora é o próprio homem que abre as águas. Não para salvação do seu nem do próximo, mas para a destruição da vida desta e das futuras gerações.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com  

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O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA

Material do acervo do pesquisador Ruy Lima





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COM ORGULHO DE SER UM NORDESTINO

Por Kydelmir Dantas

Por gostar desta terra da cultura,
Do cangaço de Silvino e Lampião,
Da sanfona de Sivuca e Gonzagão,
Dos engenhos de cana e rapadura.
Sertanejo que enfrentou a lida dura,
Mas que tira de letra uma canção.
Com xaxado, forró, xote e baião,
Vou alegre cumprindo meu destino.
Com orgulho de ser um NORDESTINO
Que admira o luar do meu sertão.

(Kydelmir Dantas – Nova Floresta-PB, 08/10/2017).

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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE ALAGOAS - IHGAL: Conheça o mais importante acervo histórico de Alagoas, em Maceió!

Acervo do pesquisador Joel Reis

O Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas mantém o mais importante acervo relativo à história do estado. Conserva peças dos antigos engenhos de açúcar, documentos e objetos relacionados à escravidão, ao movimento abolicionista e ao Quilombo dos Palmares, a Coleção Ciclo do CANGAÇO, com pertences de Lampião e Maria Bonita, além de mobiliário e relíquias maçônicas do Primeiro reinado, objetos do cotidiano e outros itens de uso privado que pertenceram a personalidades de destaque nascidas no estado, como Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil. 

Rua do Sol, Maceió

Também possui um valioso conjunto de materiais utilizados na Guerra do Paraguai, além da armas do período dos bandeirantes, canhões holandeses, franceses e portugueses...

Estado atual das peças de Lampião expostos no Museu do Instituto Histórico de Alagoas | Foto: Instituto Histórico de Alagoas.

Após a refrega, o jornalista alagoano e redator do periódico carioca A Noite, Melchiades da Rocha (1899-1996), relata no livro Bandoleiros das Catingas as “verdadeiras obras de arte” que “a polícia alagoana arrecadou na Grota de Angicos”. 

O Instituto conta com biblioteca especializada em história, com cerca de 16 mil volumes, dos quais seis mil considerados raros. A hemeroteca possui milhares de edições de 79 títulos de jornais publicados em Alagoas e no Brasil. Possui ainda mapoteca com 228 exemplares e uma ampla fototeca. A pinacoteca conta com obras de cunho histórico, além de paisagens e retratos de artistas alagoanos, brasileiros e estrangeiros.

Tratava-se dos “apetrechos e material de guerra que se encontravam nas barracas do rústico acampamento do Rei do Cangaço”. 

HEMEROTECA DO IHGAL
O setor de jornais mais antigo do Estado de Alagoas possui no seu acervo exemplares desde o final do século 19, sendo 65 títulos de periódicos alagoanos, 23 títulos de outros estados brasileiros além de 3 títulos internacionais. Porém, muitos desses periódicos não estão mais a disposição para consulta devido à fragilidade, conservação e o tempo que os deterioraram.

ALAGOANOS

A Estréa (1878-1879)
A Imprensa (1934-1935)
A Notícia (1930-1953)
A Novidade (1985-1989/1994)
A Província (1935-1936)
A República (1927-1929)
A Semana (1884/1895/1926/1928-1929)
A Tribuna (1900/1903-1906/1910-1911)
Correio da Pedra (1919-1920/1922-1930)
Correio de Maceió (1908/1911/1964-1970/1994)
Correio Mercantil (1894-1896)
Cruzeiro do Norte (1892-1894)
Desafio (1977-1980)
Diário da Manhã (1882-1884/1922-1924)
Diário das Alagoas (1858-1880/1882-1884/1888/1907)
Diário de Alagoas (1952-1966)
Diário de Maceió (1933-1934)
Diário do Povo (1945-1949)
Diário Oficial de Maceió (1995-2001)
Diário Oficial do Estado de Alagoas (1917-…)
Estado das Alagoas (1921)
Extra (1983-1986)
Folha de Arapiraca (1971-1972)
Gazeta de Alagoas (1892)
Gazeta de Alagoas (1934-…)
Informativo PRODUBAN (1978-1980)
Interesse Público (1865)
Jornais de Serviços (1973-1976)
Jornal da Produção – Suplemento do Diário Oficial do Estado (1975-1977)
Jornal das Alagoas (1873-1878)
Jornal de Alagoas (1915-1993)
Jornal de Alagoas – Suplemento (1954-1955)
Jornal de Hoje (1973-1996)
Jornal de Notícias (1979)
Jornal do Comércio (1917/1919-1920)
Jornal do Penedo (1875-1881)
Jornal do Pilar (1874-1879)
Jurisprudência (1894-1895)
Labarum (1874-1876)
Momento Alagoano (1983-1986)
Novo Nordeste (1980-1981)
O Combatente (1914)
O Comentário (1913)
O Constitucional (1873)
O Dia (1915)
O Diário (1930-1931)
O Estado (1932-1934)
O Evolucionista (1902-1906)
O Gutemberg (1883-1884/1890/1895-1899)
O Jornal (1994-2001)
O Liberal (1869-1883)
O Luctador (1927-1930)
O Momento (1893-1984)
O Monitor (1909)
O Orbe (1879/1882-1887/1889)
O Regenerador (1881)
O Repórter (1995-1997)
O Século (1877-1878)
O Semeador (1918-2000)
O Trocista (1900-1902)
Releases – Secretaria de Comunicação Social (1989-1990)
Tribuna de Alagoas (1980-2001)
Tribuna Penedense (1990-1994)
Última Palavra (1987-1990)
União Liberal (1871-1872)
OUTROS ESTADOS

A Gazeta – SP (1954/1960)
A Lanceta – PE (1913-1914)
A Marmota – BA (1850-1852)
Arion – PE (1891-1892)
Aurora Fluminense – RJ (1827-1828/1835)
Autores e Livros (Suplemento Literário de “A Manhã”) – RJ (1941-1944)
Correio da Manhã – RJ (1910)
Correio de Recife – PE (1866)
Correio do Brasil – RJ (1872)
Diário da Manhã – PE (1931-1937)
Diário de Pernambuco – PE (1931-1933/1935)
Diário de São Paulo – SP (1960)
Diário do Rio de Janeiro – RJ (1848-1851)
Diário Império do Brasil – RJ (1864-1867)
Diário Oficial Estados Unidos do Brasil – DF (1919)
Estado de São Paulo – SP (1954)
Extra – SP (1999)
Jornal do Comércio – RJ (1835-1848/1852/1922)
Letras e Artes (Suplemento de “A Manhã”) – RJ (1946-1949)
O Cruzeiro – RJ (1952)
Opinião Liberal – RJ (1870)
Pensamento da América – RJ (1942-1945)
Revolução de Novembro – PE (1850-1851)
INTERNACIONAL

A América – Lisboa (1868-1869)
L’Ilustration – Paris (1861-1862)
Tribuna Alemã – Hamburgo (1970-1980)
Documentos
Nosso acervo conta com mais de 4.000 documentos relacionados à história de Alagoas predominantemente, mas também, registra fatos importantes tanto da região nordeste como brasileira.

Pinacoteca
Em nosso acervo possuímos telas raras de pintores como Rosalvo Ribeiro, De Angelis (pintor italiano do séc. XIX), Virgílio Maurício, Lourenço Peixoto, José Paulino, Zaluar Sant’Ana, Pierre Chalita entre outros.

Fototeca
Nosso acervo registra momentos marcantes da história dessa Instituição além de documentar a passagem do tempo de nosso Estado em diversos campos. Contamos também com coleções preciosas como as do jornalista Arnoldo Jambo e do professor João Azevedo Filho.

Mapoteca
Em fase de reorganização contamos, à priori, com 228 mapas.

Museu
Primeira instituição em criar um museu público em Alagoas, seu acervo reúne varias coleções que, ao longo de sua história, lhe foram sendo agregadas. Hoje conhecido por conter um acervo eclético – histórico, etnográfico e arqueológico, conta com grandes coleções como: PERVERANÇA (peças religiosas de antigos Xangôs de Maceió), JONAS MONTENEGRO (coleção indígena, arqueológica e etnográfica oriundas da Ilha do Marajó – AM), MARROQUIM e ALTAVILA (coleções arqueológicas oriundas das primeiras escavações em Alagoas), COLEÇÃO DE RENALDO DE ARAÚJO LIMA (peças, doadas ao IHGAL em 2007, de objetos de arte e cultura africana colhidas em diversos países africanos); possuímos também um valioso acervo histórico da Guerra do Paraguai, uma coleção religiosa de Ex-votos doados pelos sócios Théo Brandão e Luiz Sávio de Almeida, o museu também tem em seu acervo peças pertencentes aos presidentes Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto além de relíquias maçônicas do Primeiro Império, armamentos da fase dos bandeirantes, canhões holandeses, franceses e lusitanos, objetos do tempo da escravidão.

Algumas dessas peças se encontram, hoje, no Museu do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, em Maceió, uma vez que seu acervo reúne objetos e documentos dos mais valiosos subsídios autênticos, de valor indefinível, dos acontecimentos que envolveram as volantes e os grupos de cangaceiros no sertão alagoano.

Vestido e chapéu que pertenceram a Maria Bonita | Foto: Instituto Histórico de Alagoas.

O referido acervo é constituído por óculos, punhal, cartucheira, chapéu, cantil, armaria, mochilas, alpercata, colchas, além de uma moldagem da cabeça de Lampião. Além disso, o acervo possui fotografias, processos jurídicos e diversos bilhetes redigidos por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e seus livrinhos de oração.

Objetos de Lampião: no detalhe os óculos e a maquete da cabeça | Foto: Instituto Histórico de Alagoas.

A doação ao Instituto Histórico de Alagoas dos objetos recolhidos após o combate em Angico foi realizada por ordem do interventor Osman Loureiro (1895-1979), por meio do ofício nº 1521, datado de 29 de novembro de 1938, em Maceió, assinado por José Maria Correia das Neves (1886-1953), então secretário do Interior, Educação e Saúde do Estado de Alagoas.

Interior do museu do Instituto Histórico – ao fundo a representação de Lampião | Foto: Instituto Histórico de Alagoas.

O aviso da oferenda dos “trophéos pertencentes ao celerado Virgulino” – palavras de Correia das Neves – mereceu espaço nas atas das reuniões da instituição cultural.

MUSEU DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE ALAGOAS - MIHGAL
Mantendedor : Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas
Fundação : 02 de dezembro de 1869.
Tipo de Acervo : Peças do CANGAÇO, Alambique de barro, cofre do tesouro do Estado,balança de pesos, balança de mesa.jornais encardenados, mesas para pesquisa,coleção perseverança, ossos de baleia,pinturas da cidade de penedo,desenho do governador Euclides Malta.
Horário : Segunda a sexta-feira, das 8h às 12h.
Endereço : Rua João Pessoa, 382, Centro 
Maceió - AL CEP : 57020-970
Tel : ( 82 ) 3223-7797

Diretor : Jaime Lustosa de Altavila
Situação do Museu : ABERTO / PRIVADO
Cadastro : IBRAM / SAM

Facebook:

Email : ihgal@ihgal.com.bracmace

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FELIZ DIA DO NORDESTINO

Por Sálvio Siqueira

“Hoje é dia de comemorar não só uma região, comemorar um povo forte, sofrido, mas feliz”. Hoje é dia de homenagear um povo que não tem vergonha de bater no peito e dizer com orgulho, com aquele sotaque que só nós temos, “EU SOU NORDESTINO (A) COM ORGULHO”.



“minha terra tem forró, tem xote, tem baião. Tem comidas típicas que dão água na boca. Tem festa de padroeiro e todo mundo sai pra se confraternizar. Na minha terra porco novo é bacurim, estilingue é baladeira, emagrecer é baixar o lombo… e tem mais expressões que nós sabemos e amamos dizer.”

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...ODILON FLOR, POR LUIZ NOGUEIRA DE SOUZA


No tempo do cangaço lampiônico, 1918/19 a 1938, muitos cidadãos nascidos e criados no Sertão, região do Pajeú das Flores, microrregião no interior do Estado de Pernambuco, simples roceiros ou filhos destes, largaram o cabo das ferramentas de trabalho, foices, machados, enxadas e outros, para pegarem no cabo e nas coronhas das armas para darem combate ao banditismo rural que se alastrava feito fogo em palha seca. Os filhos dos filhos ou mesmo os pais dos filhos de inúmeras famílias tiveram suas vidas ceifadas nessa ‘guerra de movimentos’ implantada por Virgolino Ferreira.


... Da família “Flor”, nome fantasia criado à determinada família da zona rural do município de Floresta, PE, surgiram vários combatentes que arriscavam a vida diariamente dentro dos rincões da caatinga na luta contra os cangaceiros. “O Sr. João Flor que fora, João de Souza Nogueira, nascido na fazenda Campo da Ema, futuro pai de uma futura prole de valentes que não descansaram na luta contra o banditismo rural enquanto durou o cangaço no Nordeste.

A denominação “Flor”, ou “Os Flor”, descende de Florência Felismina de Sá, esposa de Manoel de Souza Ferraz. O Sr. Manoel de Souza Ferraz, certa feita fora acometido por uma doença mental. A partir daí, sua esposa, dona Florência, ou seja: “Dona Flor”, alcunha por todos conhecida, assume a liderança da família. Na continuidade, quem dela, família, pertencesse, era denominado, (por) um sobrenome ‘criado’, (os) ‘Flor’. Exemplo disso, temos João de Souza Nogueira, ‘João Flor’, e depois seus filhos, “Manoel Flor”, “Euclides Flor”, “Odilon Flor”, “Ildelfonso Flor”. “Américo Flor” e assim sucessivamente, que, na verdade são: Manoel de Souza Ferraz, Euclides de Souza Ferraz, Odilon Nogueira de Souza, Ildefonso de Souza Ferraz, Américo Nogueira de Souza, respectivamente.


São vários os filhos de João Flor que partiram de suas casas, deixando o aconchego do lar, o carinho da esposa, do pai, da mãe e a alegria dos filhos para se embrenharem dentro da caatinga a fim de darem combate aos bandos de cangaceiros que infestavam a região do sertão nordestino, em particular o bando comandado por Virgolino, alcunhado de “Lampeão”. (Sálvio Siqueira).

Pois bem, dessa feita narraremos, resumidamente, os feitos de mais um dos “Flor”, Odilon de Souza Nogueira, na senda da guerra contra o bando de cangaceiros comandados por um dos “Ferreira”, família da mesma micro região sertaneja, porém, sendo do município de Bela Vista, hoje Serra Talhada, PE, Virgolino (Ferreira), de alcunha Lampião.

Odilon, assim como outros da região, inclusive alguns de seus familiares: pai, irmãos, primos e etc., começam a combater a caterva comandada por Virgolino e seus irmãos, Antônio e Livino, alcunhados de “Esperança” e “Vassoura”, respectivamente, antes de se alistar na Briosa pernambucana. Fazia-se necessário a população da recém-criada Vila de Nazaré se juntar em prol da sua defesa.

Devido a Vila de São Francisco, reduto dos “Pereira”, ter sido destruída, queimada, pela Força Pública pernambucana, um comandante da Força Pública de Pernambuco sugere a destruição de Nazaré. Seus fundadores ficam boquiabertos ao escutarem o que dizia o oficial militar e, no mesmo momento, ficam contra aquela proposta e/ou decisão.


Gomes Jurubeba, pai do saudoso João Gomes de Lira, um dos fundadores do vilarejo, na ocasião estava ao lado do comandante e diz que se assim ordenasse, mesmo sabedor de que morreria, matava-o. Encontram uma saída: fica acordado de que a Força forneceria o material bélico e a Vila os combatentes. Pretendendo seguir os parâmetros legais, o comandante solicita que os jovens da região se alistem para que pudessem combater ‘legalmente’ os cangaceiros. Poucos são aqueles que se apresentam para alistarem-se, sendo que a maioria preferiu pegar nas armas e partir para o combate voluntariamente.

“(...) incendiaria o lugar, como já fizera com a vila de São Francisco. Sob violentos protestos Gomes afirma que o coronel pagaria caro se o fizesse, embora ele, Gomes (Jurubeba), perdesse a vida. O coronel desiste, mas lembra a eles: - “Vocês de hoje em diante, não podem mais trabalhar nem viver em paz. Chame todo seu pessoal para alistá-los na Força.”


Apenas cinco jovens aceitaram a proposta. Os outros queriam ficar ajudando os volantes nas perseguições ao cangaço, mas como civis (...).” (“A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos guerreando no Sertão” – BARROS, Luitgard Oliveira Cavalcante).

Os patriarcas dividiam-se nas obrigações: enquanto um ficava na Vila de Nazaré, com seu pessoal, pronto para a defesa, outro, com sua coluna, partia para dentro da inóspita caatinga a caça dos bandoleiros. 


E assim, alistados e voluntários começam a darem combate aos fora-da-Lei. Em certa ocasião, João Flor parte rumo ao Navio caçando cangaceiros enquanto Jurubeba permanece na proteção ao povoado e assim se sucediam nas obrigações.

A força nazarena, comandada dessa feita pelo soldado Luiz Mariano da Cruz, chegou, certo dia ao morro, serra, que deu parte do nome do lugarejo, a serra do Pico, Nazaré do Pico, onde se deu o primeiro confronto entre Nazarenos e cangaceiros comandados por Lampião. Cinco ou seis anos depois da sua fundação, da fundação da Vila de Nazaré, os filhos de Nazaré iniciam uma guerra particular que só teria fim com a morte do cangaceiro mor, Virgolino Ferreira, o “Rei do Cangaço”, em julho de 1938 em terras sergipanas.


“(...) Em pouco tempo já se identifica Nazaré como um lugar de resistência indômita, de “homem de sangue no olho”, lugar onde “cabra ruim não se cria”(...).” (Ob. Ct.)

Fica mais do que comprovado que entre os filhos de José Ferreira e os filhos de Nazaré havia uma luta particular, sem interesses financeiros, apenas uma questão, a nosso ver, de honra.Odilon Flor constitui família e gera uma prole, segundo o site ‘Genealogia Pernambucana’ (http://www.araujo.eti.br), assim descrita: Luís Nogueira de Souza, Aldenora Nogueira de Souza, Carlos Nogueira de Souza, Normando Nogueira de Souza e Raimundo Nogueira.


Dentre seus filhos, seu primogênito que estava tornando-se taludinho, com 13 anos de idade, adolescente, Luís Nogueira de Souza, começa a ‘dar trabalho’, em demasia, em casa. Chegando aos ouvidos de um de seus tios que morava distante esse manda lhe dizer, através de uma missiva, que qualquer dia viria para ensinar-lhe ‘boas maneiras’. Sabedora de como poderia se portar o tio de Luís, diante do mesmo, e da rebeldia do próprio, dona Filomena, irmã do saudoso e grande “Guerreiro Nazareno” Manoel de Souza Neto, o conhecido Mané Neto, apelidado de ‘Mané Fumaça’ por Lampião, e prima de Luís Flor, resolve tira-lo do lugar.

Depois de uma longa e fatigante viagem, dona Filomena deixa Luís aos cuidados de um rapaz florestano com a incumbência de leva-lo e entrega-lo ao pai, Odilon Flor, em território baiano.


Assim nos conta o próprio Luís Flor: “Eu cheguei à Bahia em 1935. Tinha feito uma traquinagens, porque era um menino meio danado... Eu não era brincadeira em matéria de traquinagens, devo dizer. Então contaram a um tio meu, que estava trabalhando no Barro Vermelho. Dali ele escreveu uma carta dizendo que no fim do mês estaria chegando a Nazaré para ‘me dar um exemplo’.” (“O Canto do Acauã” – FERRAZ, Marilourdes)

Odilon era um veterano perseguidor de cangaceiros, principalmente, ao bando de Lampião por quem nutria um ódio imenso depois que o bando do mesmo matou seu irmão, que na época contava apenas com 16 anos de idade, Ildefonso de Souza Ferraz, Idelfonso Flor, no embate que ficou registrado na historiografia cangaceira como “Fogo na Fazenda Xique Xique, “1925 - 14 de Novembro, combate na Fazenda Xique-Xique, município de Vila Bela, PE, entre o bando de cangaceiros chefiados por Lampião e a Força Volante composta por vários nazarenos como Euclides Flor, Manoel Flor, João Jurubeba, Aurelino Francisco, Hercílio Nogueira, Ildefonso Flor e o rastejador Batoque.” (recantodasletras.com)


Segundo seu filho, Odilon escolhia a dedos o pessoal que iria ‘trabalhar’ com ele na busca, caça, aos bandoleiros. O sargento dava prioridade aqueles que eram acostumados com o perigo, o vaqueiro nordestino. O vaqueiro ver a morte passar diante de si no dia – a - dia de sua labuta, mesmo assim, não desiste das suas obrigações. Diante de tão grande demonstração de coragem, eles sempre tiveram preferência diante do nazareno comandante na Bahia.

“(...) Meu pai me dizia (refere Luís Flor): “-Todo vaqueiro é homem de coragem!”

Realmente, nos sertões do Nordeste, o vaqueiro tem que ser muito macho para pegar o boi daquele jeito pelas caatingas, não é? Do modo que eles enfrentam a caatinga, todo vaqueiro tem que ser homem disposto, de muita coragem (...).” ( Ob. Ct.)

O filho de Odilon nos narra uma de suas ‘caçadas’ em busca de cangaceiros em território sergipano. Refere-nos que na ocasião estava na pista de dois subgrupos de cangaceiros, o chefiado pelo cangaceiro Manuel Moreno e o outro pelo cangaceiro Pancada. Encontram-se caçadores e caçados e, inevitavelmente, a bala come solta. A Força baiana sai vitoriosa nesse embate.

O jovem pernambucano começa a acostumar-se com o som dos tiros, com o som arrepiante dos gritos de dores, com o cheiro forte de sangue... com a morte. A narração de Luís Flor nos leva a um mundo negro, sofrido, onde seus habitantes não mais se impressionam com o sofrimento, com a morte, com o sangue dos companheiros nem com o de seus inimigos. A morte matada torna-se rotina no seu viver.

“(...) Não, a morte não me impressionava mais. A gente é criada de acordo com o ambiente. Quem tinha de morrer sabia que morreria. Ora, em nossa região de origem, para sobrevivermos, todos nós – aí se incluem as mulheres e crianças – todos já havíamos, pelo menos uma vez na vida, empunhado uma arma, para defesa e sobrevivência. Portanto, nada mais era novidade; nem mortes nem violência, porque tudo isso sofremos na carne. Era essa a realidade dos sertões naqueles dias (...).” (Ob. Ct.)

As ações se sucediam e o jovem volante se apegou a elas. O pai, ‘antigão no combate’, sabia que a partir daquele momento, seu filho não poderia mais viver sem ser ao seu lado, pois, se assim ocorresse, poderia pular para o lado sombrio do banditismo. Chegamos a essa realidade explícita da ocasião, após vermos o que o próprio comandante diz ao seu superior, quando, na ocasião, o havia aconselhado a afastar seu filho daquilo tudo.

“(...) quando chegou o Comandante do Destacamento do Nordeste do Estado a pôs o olho em cima de mim, parece ter ficado admirado e foi taxativamente contra minha permanência na volante. Naquela ocasião, chamou a atenção para o problema com este comentário: ‘- Odilon tire esse menino! Ele é de menor e não pode ficar!’

Odilon respondeu-lhe com toda a sua franqueza e experiência: ‘- comandante, agora ele tem que ficar comigo, no cabresto. Ficar sem mim, agora, é pior! (...).” (Ob. Ct.)

Luís Flor nos revela dois fatos importantes: primeiro fora sobre a Força baiana que, devido ser despreparada, completamente, para a ‘Guerra de Movimentos’ implantada pelos cangaceiros, sua falta de experiência, conta-nos o ex-volante, inúmeras vidas de soldados foram retiradas prematuramente. Depois que a Força baiana é auxiliada por veteranos nazarenos, a coisa muda de figura e a caterva se verem acossada constantemente.

Segundo, é sobre determinadas ‘colunas’ que não partiam em perseguição ao inimigo. Pelo contrário, seguiam, sempre, por um caminho contrário daquele tomado pelos bandoleiros.

“(...) Assim mesmo, conheci policiais que, quando eram avisados de que ‘os cangaceiros estão arranchados ali! ’ Tomavam uma direção contrária e iam ocupar-se de outra coisa completamente diferente de uma peleja. Mas, esses encontravam-se na Polícia de todos os Estados (...).” (Ob. Ct.)

O primogênito de Odilon Flor nos revela que participou de, mais ou menos, nove combates ao lado do pai, não sendo os únicos, pois esteve, também, sob o comando do sargento Manuel Figueiredo, na renhida luta contra o cangaço.

Odilon Nogueira de Souza passa a fazer parte do contingente da Força Volante de Pernambuco no ano de 1923. Antes, porém, como a maioria e como dissemos acima, como tantos sertanejos, já havia trocado tiros com cangaceiros.

Com a travessia das águas do “Velho Chico” pelo “Rei do Cangaço”, em 1928, o interior pernambucano tem um pouco de paz. Lampião, um ano depois de estar em terras baianas, começa a mostrar para que tivesse ido. Então, em 1929 vários pernambucanos que deram-lhe combate, foram ‘convidados’ pelas autoridades baianas para darem combate ao banditismo rural, na tentativa de que se alastrasse mais. Tanto Odilon Flor como seus irmãos Euclides e Manoel, assim como seu primo Manoel Neto, mais Hercílio Nogueira, Arconso Flor e Davi Jurubeba estão na lista dos convocados para lutarem fora de seu torrão natal.

Odilon pode ser considerado um guerreiro nato contra cangaceiros. Ele os combateu, além da terra natal, Pernambuco, em mais cinco, dos sete Estados nordestino em que Lampião estendera sua ‘malha protetora’. 

Os homens que formaram sua volante ficaram conhecidos e temidos nos rincões da caatinga sertaneja.

Quando o cangaço é retirado de uma vez por todas da região Nordeste, o filho de João Flor é designado para atuar como Delegado, sendo sargento tinha esse direito, em várias cidades da Bahia. Segundo pesquisadores, assume o cargo de Delegado Regional, na cidade baiana de Itabuna, onde, em 7 de novembro de 1950 vai a óbito, vítima de um câncer na garganta, onde encontra-se sepultado. em que a guerra entre os fazendeiros de cacau estava no auge. Está sepultado em Itabuna/BA.

Fonte Obras e blogs citados(as)
Foto “O Canto do Acauã” – FERRAZ, Marilourdes
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DELMIRO GOUVEIA: UM PROJETO OUSADO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DO NORDESTE INTERROMPIDO POR MÃOS ASSASSINAS

Por José Romero Araújo Cardoso

Delmiro Gouveia não teve tempo para implantar diversos projetos ousados, pois empreendedor nato, com certeza teria beneficiado o Nordeste, sobretudo em sua porção semiárida, com a ampliação de sua experiência de industrialização pioneira observada em meados da década de dez do século XX, na então Vila da Pedra (Hoje Município de Delmiro Gouveia, sertão alagoano).
          
Empresário de visão larga, certamente, sob sua regência, teriam surgidos pólos de crescimento pelo Nordeste inteiro, os quais  levando alento às populações flageladas pela seca e pelo descaso dos poderes públicos e privados que não enxergavam o potencial da região.
          
Recursos valiosos disponíveis no Nordeste teriam sido aproveitados de forma coerente e racional, pois a qualidade das linhas de coser e de malhas produzidas na fábrica Estrela, propriedade do audacioso cearense, ganharam fama e mercados nacional e internacional.
          
Talvez o Nordeste não tivesse sido tão penalizado pelas imposições conjunturais de eras conturbadas pelo cangaço e exclusão no processo de divisão interna do trabalho se Delmiro tivesse ido poupado da ação perniciosa de mãos assassinas que lhe tiraram a vida em dez de outubro de 1917.
          
Ocupações diversas teriam garantido sustento a famílias inteiras, com mesas fartas e bonança para felicidade da sofrida gente nordestina, carente de melhores dias que felicitem a existência.
          
Mas a ganância falou mais alta, mataram o evangelizador do Nordeste a fim de destruir sua experiência pioneira de industrialização, para que o Nordeste continuasse no marasmo do mais abominável subdesenvolvimento, dependente da boa vontade de quem ainda lhe vira as costas.


Delmiro Gouveia, exemplo de altivez, fortaleza de virtudes, vítima da intolerância das estruturas de poder ligadas indissociavelmente à intransigência do imperialismo voraz que tinha no ramo têxtil principal carro-chefe de seu processo de industrialização.
          
Aliado com interesses internos que queriam se livrar de Delmiro Gouveia, esse imperialismo desumano não pensou na pobre gente que dependia da fábrica para sobreviver, que sonhava em padrões de vida mais compatíveis com a dignidade humana.
          
Há cem anos matavam um homem brilhante que amou o Nordeste e fez de tudo para que a situação deplorável que a região se encontrava, e ainda se encontra, fosse superada com a industrialização do algodão.
          
Delmiro Gouveia, homem que intercalava o arcaico e o moderno, a tradição e a modernidade, fez-se evangelizador em toda uma região, onde sua presença marcante verificou-se em diversos quadrantes, atestando sua notável influência empreendedora, precisa ter sua memória reverenciada no Nordeste Brasileiro enquanto sinônimo de grandes realizações em prol da necessitada região brasileira no centenário do seu injustificado martírio.

José Romero Araújo Cardoso - Geógrafo (UFPB). Escritor. Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UERN). Membro do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP), da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e da Associação dos Escritores Mossoroenses (ASCRIM)

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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