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domingo, 8 de outubro de 2017

DELMIRO GOUVEIA: UM PROJETO OUSADO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DO NORDESTE INTERROMPIDO POR MÃOS ASSASSINAS

Por José Romero Araújo Cardoso

Delmiro Gouveia não teve tempo para implantar diversos projetos ousados, pois empreendedor nato, com certeza teria beneficiado o Nordeste, sobretudo em sua porção semiárida, com a ampliação de sua experiência de industrialização pioneira observada em meados da década de dez do século XX, na então Vila da Pedra (Hoje Município de Delmiro Gouveia, sertão alagoano).
          
Empresário de visão larga, certamente, sob sua regência, teriam surgidos pólos de crescimento pelo Nordeste inteiro, os quais  levando alento às populações flageladas pela seca e pelo descaso dos poderes públicos e privados que não enxergavam o potencial da região.
          
Recursos valiosos disponíveis no Nordeste teriam sido aproveitados de forma coerente e racional, pois a qualidade das linhas de coser e de malhas produzidas na fábrica Estrela, propriedade do audacioso cearense, ganharam fama e mercados nacional e internacional.
          
Talvez o Nordeste não tivesse sido tão penalizado pelas imposições conjunturais de eras conturbadas pelo cangaço e exclusão no processo de divisão interna do trabalho se Delmiro tivesse ido poupado da ação perniciosa de mãos assassinas que lhe tiraram a vida em dez de outubro de 1917.
          
Ocupações diversas teriam garantido sustento a famílias inteiras, com mesas fartas e bonança para felicidade da sofrida gente nordestina, carente de melhores dias que felicitem a existência.
          
Mas a ganância falou mais alta, mataram o evangelizador do Nordeste a fim de destruir sua experiência pioneira de industrialização, para que o Nordeste continuasse no marasmo do mais abominável subdesenvolvimento, dependente da boa vontade de quem ainda lhe vira as costas.


Delmiro Gouveia, exemplo de altivez, fortaleza de virtudes, vítima da intolerância das estruturas de poder ligadas indissociavelmente à intransigência do imperialismo voraz que tinha no ramo têxtil principal carro-chefe de seu processo de industrialização.
          
Aliado com interesses internos que queriam se livrar de Delmiro Gouveia, esse imperialismo desumano não pensou na pobre gente que dependia da fábrica para sobreviver, que sonhava em padrões de vida mais compatíveis com a dignidade humana.
          
Há cem anos matavam um homem brilhante que amou o Nordeste e fez de tudo para que a situação deplorável que a região se encontrava, e ainda se encontra, fosse superada com a industrialização do algodão.
          
Delmiro Gouveia, homem que intercalava o arcaico e o moderno, a tradição e a modernidade, fez-se evangelizador em toda uma região, onde sua presença marcante verificou-se em diversos quadrantes, atestando sua notável influência empreendedora, precisa ter sua memória reverenciada no Nordeste Brasileiro enquanto sinônimo de grandes realizações em prol da necessitada região brasileira no centenário do seu injustificado martírio.

José Romero Araújo Cardoso - Geógrafo (UFPB). Escritor. Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UERN). Membro do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP), da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e da Associação dos Escritores Mossoroenses (ASCRIM)

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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