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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"Assim Era Lampião e Outras Histórias"


Por: Natalício Barroso  -- Da Redação
Ângelo Osmiro Barreto

E tu, já aquiriu o novo livro do Coroné Ângelo Osmiro?

Formado em História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, há vinte anos que Ângelo Osmiro Barreto (Foto) estuda o cangaço no Nordeste brasileiro.

Amigo de Hilário Lucetti que, como ele, também se debruçava sobre o sertão e a vida difícil dos sertanejos, Osmiro Barreto, para publicar seus livros sobre o cangaço não se limitou apenas a ler sobre o assunto. Fez, segundo ele, mais de vinte viagens aos lugares onde os fatos realmente aconteceram.

Autor de três livros, dois deles sobre cangaço, “Assim Era Lampião e Outras Histórias”, o terceiro livro, foi lançado no ultimo dia 18 de setembro em Fortaleza

Publicado pela LC Gráfica e Editora, o livro traz, em seu interior, histórias das mais significativas sobre o cangaço. Dentre elas, aquela que tornou José Jesuíno Alves de Melo Calado em Jesuíno Brilhante, o cangaceiro, e fez de Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco ou, como querem outros, o Diabo Louro.
Traz, também, depoimentos daqueles que conheceram Lampião, como o padre de Serra Talhada, terra onde o cangaceiro nasceu e que dizia que o Rei do Cangaço era “dotado de tantas qualidades superiores” que poucos homens eram como ele.

João Bezerra, comandante da volante que matou Lampião, também disse, tempos depois da morte de seu inimigo, que Lampião não era bandido. E não para por aí. “Assim era Lampião” também exibe fotos inéditas sobre o cangaço além de uma bibliografia que demonstra o quanto o autor leu sobre o assunto para, finalmente, escrever e publicar este livro.

PRECONCEITO

Para Osmiro Barreto, porém, muitas são as pessoas que têm preconceito com o tema abordado por ele neste livro. De início, Barreto imaginava que tal preconceito não existia no Nordeste.

Mas, com o tempo, percebeu que o Nordeste, onde tudo aconteceu, também tem preconceito contra o cangaço. Diz ele que não foram poucas as vezes em que teve que responder a uma pergunta capciosa: O que fez com que ele, como historiador, se interessasse pelo cangaço?

Barreto, de início, não se preocupava muito com a pergunta mas, com o tempo, percebeu que, por traz dela, havia uma outra: “Com tanto assunto para pesquisar, informa ele, você foi se preocupar logo com este?” Osmiro Barreto não acredita que tal preconceito tenha qualquer conotação com a situação marginal na qual viveu o Nordeste por muito tempo. Para ele, o preconceito existe porque o cangaço foi uma manifestação cultural muito violenta. Mas se for por isso, argumenta um pouco incrédulo, ninguém estudaria Canudos, Caldeirão nem, muito menos, a Revolução Francesa ou a II Guerra Mundial.

Começando o livro com Lampião no Ceará e terminando com Curiosidades do Cangaço, Osmiro Barreto também trata das volantes, aquelas que perseguiam os cangaceiros, coronéis, beatos e vaqueiros. Todo um contingente humano que fazia parte do universo no qual Lampião estava inserido.

CURIOSIDADES

Nas Curiosidades do Cangaço, Barreto passa, para o leitor, algumas informações preciosas. Diz ele que em 1936 Lampião mandou confeccionar, em Fortaleza, ou, mais precisamente, na Abafilm (a mesma empresa que havia assumido, corajosamente, o projeto do sírio Benjamin Abraão de filmar Lampião e seu bando) cartões de apresentação com sua fotografia impressa sobre ele.

Maria Bonita também chegou a dirigir um carro nas proximidades da Vila do Pau Ferro, Pernambuco, e só não se tornou motorista porque, naturalmente, as condições não permitiam. O carro, no entanto, pertencia ao Coronel Audálio Tenório, chefe político do lugar. O instrutor de Maria Bonita, nesta façanha foi, segundo Ângelo Barreto, o senhor Antônio Paranhos.

Em 1933 surgiu, pela primeira vez na Bahia, um grupo musical que, a exemplo de Luiz Gonzaga, no futuro, também se vestia como cangaceiro. Como o grupo foi duramente reprimido, mudou a indumentária e o nome que, de “Lampião e seu Bando”, passou a se chamar “Cantadores do Nordeste”.

AMIZADE


O grande amigo do autor de “Assim era Lampião” durante os vinte anos de trabalho como pesquisador, foi Hilário Lucetti. Estava desfrutando com a família de um fim de semana no Sítio São Francisco em Pindoretama quando, lendo um jornal, soube que Hilário Lucetti estava lançando um livro sobre cangaço no Crato. Interessado pelo assunto, conheceu o autor do livro. Tempos depois, quando Hilário se mudou do Crato para Fortaleza, Hilário, como estava para morrer, disse para Osmiro Barreto, que haveria de doar parte de seus livros para ele.

Com a morte do amigo, Barreto não sabia como contar a promessa do outro para a família. Decidiu, portanto, ficar calado.

De repente, porém, recebeu o telefonema de uma das filhas de Lucetti dizendo que a família havia se reunido e decidido doar, para ele, parte dos livros do historiador cratense. Admirado com isso, Ângelo finalmente contou para a filha do amigo, a promessa que ele havia feito um pouco antes de morrer. Foi com os livros de Lucetti em casa, portanto, que Osmiro terminou este outro, “Assim Era Lampião”.

Matéria de O Estado


Interessou? Apois espie:

"Assim era Lampião e outras histórias"
Ângelo Osmiro Barreto
LC Gráfica e Editora
2012, 238 páginas
R$ 35,00 (com frete incluso)

Contato para aquisição
Email : angelosmirio@zipmail.com.br
Fone : (85) 9987 1646





11 de fevereiro de 1929, no "Diario da Bahia"

Por: Rubens Antonio(*)


Grupo carnavalesco "A procura de Lampeão"

(*) Mestre em Geologia, cursou Geologia, Artes Plásticas e História, entende-se como um Historiador Natural, com aspectos também de Filósofo Natural. Ministrou aulas na Universidade Estadual da Bahia - UNEB de: - Antropologia - Epistemologia - Metodologia do Trabalho Científico - Ensino de História - Elementos de Geologia - Paleontologia - Sedimentologia - História da Ciência 
 E-mail: historiageologica@gmail.com

http://cangaconabahia.blogspot.com

Extra - O SERTÃO, A RURAL E SEU MANÉ

Por: Lúcia Rocha
Seu Mané com os gêmeos: Cosme e Damião

Clique no link abaixo:

Cangaço na Bahia - 25 de janeiro de 1929, no “Diario de Noticias”

Por Rubens Antonio

“Prendam o homem – Ó LAMPEÃO!”

O tabaréo viu um gajo parecido com o bandido e pôs o Taboão em polvorosa


Quem, um dia, quiser dar–se ao trabalho de saber qual a rua mais movimentada da cidade, ponha uma cadeira no Taboão e fique na espectativa.

Milhares de pessoas descem e sobem a conhecidissima ladeira, durante todo o dia, a qualquer hora.

Pois bem. Foi numa hora de intenso movimento – ás 13 horas, – hontem, que, de repente, se ouviu um berro enorme:

– “Seu” guarda, prenda esse homem que é Lampeão!

A noticia correu mundo. E lá veio gente de todo lado, policiaes, guarda–civis, etc.

Casas commerciaes cerraram as portas.

E o denunciante, um velho, ia atrás do pseudo–Lampeão gritando!

– “Prenda o homem! É Lampeão! Eu o conheço do sertão!

O povo bradou o classico “lyncha”! e os policiaes agarraram o pobre homem aos solavancos, levando–o á 2ª Delegacia.

Ahi, naturalmente, desfez–se o engano e o pobre homem, que infelizmente nasceu parecido com o famoso cangaceiro, foi solto, mas depois de moido, puxado, surrado.

Em tudo isso, lamenta–se apenas uma ignorancia que não, se concebe: Lampeão estã na Bahia, passeando no Taboão.


Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio

http://cangaçonabahia.blogspot.com

Aposentadoria

Por: Paulo Medeiros  Gastão

Eu estou fazendo a minha parte e vc?
VAMOS ADERIR...
O MÁXIMO QUE PODE ACONTECER É NÃO DAR CERTO...
MAS PARA QUEM AGUENTOU O "LULA" CALADO...
E AGUENTA A "DILMA METRALHA" CALADO...
NÃO CUSTA NADA GASTAR O DEDINHO TECLANDO
A PRESENTE "PEC" DE INICIATIVA POPULAR...
JÁ DEU CERTO COM A "FICHA LIMPA"...
VAMOS TENTAR 

AMIGOS: REPASSEM, POR FAVOR!

Se todos nós pobres mortais temos que trabalhar 30 anos para conquistar a aposentadoria, eles também podem fazer por merecer.

Pessoal, vamos acreditar que é possível mudar este país. Depende de nós começarmos este movimento, ou então achar que não vale a pena e ficarmos apenas reclamando. BRASItem que ser agora.

É SÓ REPASSAR, CASO VC CONCORDE...

É assim que começa.

Peço a cada destinatário para encaminhar este e-mail a um mínimo de vinte pessoas em sua lista de endereços, e pedir a cada um deles para fazer o mesmo.

Em três dias, a maioria das pessoas no Brasil terá esta mensagem. Esta é uma idéia que realmente deve ser considerada e repassada para o Povo.

Lei de Reforma do Congresso de 2011

(emenda à Constituição)

PEC de iniciativa popular:
Lei de Reforma do Congresso (proposta de emenda à Constituição Federal)

“1. O congressista será assalariado somente durante o mandato.  Não haverá ‘aposentadoria por tempo de parlamentar’, mas contará o prazo de mandato exercido  para agregar ao seu tempo de serviço junto ao INSS referente à sua profissão civil.
2. O Congresso (congressistas e funcionários)  contribui para o INSS. Toda a contribuição (passada, presente e futura) para o fundo atual de aposentadoria do Congresso passará para o regime  do INSS imediatamente. Os senhores Congressistas participarão dos benefícios dentro do regime do INSS exatamente como todos outros brasileiros. O fundo de aposentadoria  não pode ser usado para qualquer outra finalidade.

3. Os senhores congressistas e assessores devem pagar seus planos de aposentadoria, assim como todos os brasileiros.

4. Aos Congressistas fica vedado aumentar seus próprios salários e gratificações fora dos padrões do crescimento de salários da população em geral, no mesmo período.

5. O Congresso e seus agregados perdem seus atuais seguros de saúde pagos pelos contribuintes e passam a participar do mesmo sistema de saúde do povo brasileiro.

6. O Congresso deve igualmente cumprir todas as leis que impõe ao povo brasileiro, sem qualquer imunidade que não aquela referente à total liberdade de expressão quando na tribuna do Congresso.

7. Exercer um mandato no Congresso é uma honra e uma responsabilidade, não uma carreira.  Parlamentares não devem servir em mais de duas legislaturas consecutivas.

8. É vedada a atividade de lobista ou de ‘consultor’ quando o objeto tiver qualquer laço com a causa pública. “

Se cada pessoa repassar esta mensagem para um mínimo de vinte pessoas, em três dias a maioria das pessoas no Brasil receberá esta mensagem.
A hora para estaPEC é AGORA.

É ASSIM QUE VOCÊ PODE CONSERTAR O CONGRESSO.

Se você concorda com o exposto, REPASSE.  Caso contrário, basta apagar e dormir sossegado.

Por favor, mantenha esta mensagem CIRCULANDO para que possamos ajudar a reformar o Brasil.



NÃO SEJA ACOMODADO... 
NÃO ADIANTA SÓ  RECLAMAR...
NÃO CUSTA NADA REPASSAR...


Enviado pelo escritor, professor e pesquisador do cangaço: 
Paulo Medeiros Gastão

OS MISTÉRIOS DO ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ, TERCEIRA TEORIA

Por: Honório de Medeiros(*)
Honório de Medeiros

TERCEIRA TEORIA ACERCA DA INVASÃO: O ATAQUE A MOSSORÓ RESULTOU UNICAMENTE DA COBIÇA DE MASSILON

Restos da casa dos pais de Massilon em Luis Gomes, Rn

Quanto às teorias, esta é a mais simples. Sua simplicidade resiste à crítica?

Mais uma vez recorramos a Sérgio Dantas[1]:

Aurora, Ceará. Há dois dias Massilon já retornara ao esconderijo. Ao mentor Isaías Arruda, prestou contas do assalto. O apurado foi dividido meio a meio, como anteriormente combinado entre cangaceiro e Coronel (O CEARÁ, 1928).

A incursão, claro, fora de indizível sucesso. Uma cidade, duas povoações, meia dúzia de sítios tomados sem dificuldade. Fez-se grande, o cangaceiro aprendiz.

Tornara-se bandido de sucesso.

Desejou, muito provável, alçar voos mais altos. Aconselhou-se com Arruda. Traçou planos. Pensou unir-se a Lampião e por em prática escusos projetos.

(...)

Lampião, naqueles dias, rumava célere a recôndito coito de Aurora.

Ainda:

Aurora, penúltima semana de maio. Há dias Lampião já retornara da fracassada incursão à Paraíba. (...) Finalmente alcançara o indevassável coito da Serra do Diamante, de Isaías Arruda.

Em dias subsequentes, Lampião recebeu a visita de José Cardoso, parente do Coronel. Deslocara-se o fazendeiro para apresentar-lhe o cangaceiro Massilon Leite.

Deve ter sido por esse período, a se crer nessa versão, que Massilon apresentou ao Coronel Isaías Arruda a ideia do ataque a Mossoró.

Era a grande oportunidade de sua vida, e ele a agarrou com unhas e dentes. Não foi difícil convencer o Coronel Isaías, como anteriormente dito, por que este nada tinha a perder, e muito a ganhar: venderia armas a Lampião, receberia seu percentual nos saques, sequestros e roubos ou livrar-se-ia do grande cangaceiro, cuja amizade muitos incômodos políticos estava lhe trazendo.

O Coronel Isaías Arruda também agarrou a oportunidade com unhas e dentes, como nos conta Sérgio Dantas[2]:

Lampião tentava demover o régulo cearense da imprudente empresa. Refutava com veemência a proposta de invasão do Estado e, principalmente, a sugestão de assalto a Mossoró. Temia – por vasta experiência – a “grandeza” da cidade salineira. Compreendia difícil subjugá-la.

O cangaceiro Jararaca, testemunha da conversa, lembrou com fidelidade, dias mais tarde, a resistência de Lampião ao assédio ferino do Coronel Arruda:

“Lampião nunca tencionara penetrar nesse Estado porque não tinha aqui nenhum inimigo e se por acaso, para evitar qualquer encontro com forças de outros Estados, tivesse que passar por qualquer ponto do Rio Grande do Norte, o faria sem roubar ou ofender qualquer pessoa, desde que não o perseguissem.”

(...)

Massilon, sentado bem perto, chancelava cada argumento defendido pelo sagaz chefe político.

E, assim, a se crer nessa versão, repitamos, por pura cobiça e oportunismo de Massilon, sacramentou-se o destino de Mossoró. Seus projetos grandiosos de ataque à cidade que ele conhecia muito bem, conversados pelo Sertão paraibano, os mesmos projetos que através de Argemiro Liberato chegaram aos ouvidos de Rodolpho Fernandes, finalmente iriam se concretizar.

Em relação a Argemiro Liberato, e sua correspondência para Rodolpho Fernandes, é conveniente registrar o comentário de Raul Fernandes em “A MARCHA DE LAMPIÃO[3]”:

Afonso Freire de Andrade e inúmeras outras pessoas conheceram a carta. Mossoró (RN), 23.12.1971. – Informações prestadas ao autor. Obs.: Ouvi de meu pai referências à missiva.

Acerca dessa carta, comenta Kydelmir Dantas:


Esta carta foi levada ao conhecimento dos amigos de confiança do prefeito, por este, que estavam preparando a estratégia para a formação das trincheiras nos pontos principais da resistência. Dentre estes, Joaquim Felício de Moura, Afonso Freire de Andrade e outras pessoas mais chegadas confirmaram tê-la visto nas mãos do ‘coronel Rodolfo’. Para a família, dias após o ataque, Rodolfo Fernandes fez referências sobre esta missiva do amigo paraibano de Pombal. Outra confirmação do envio desta carta está no artigo: “Major” Argemiro Liberato de Alencar: o amigo de Rodolfo Fernandes, escrito pelo seu neto Geraldo Alves de Alencar, hoje residente em São Luiz do Maranhão, que cita o seguinte sobre o avô: “Era fazendeiro, proprietário da Fazenda “Estrelo”, situada em sua cidade natal. Exercia também a profissão de comerciante, trazendo da Paraíba algodão transportado em costas de burros e vendido em Mossoró, estado do Rio Grande do Norte. O principal comprador era a firma cujo maior acionista era seu amigo e compadre o Cel. Rodolfo Fernandes. Em suas viagens como almocreve retornava a Pombal com sal e outros gêneros. Mesmo tendo um sobrinho nas hostes do cangaço, o qual atendia pelo nome de Ulisses Liberato de Alencar, Argemiro era profundamente contra o banditismo rural, chegando inclusive a avisar ao Cel. Rodolfo Fernandes, quando este era prefeito de Mossoró em 1927, que o cangaceiro tencionava atacar a cidade considerada capital do oeste potiguar. Declaradamente anti-Lampiônico, Argemiro Liberato de Alencar nunca chegou a ser perseguido pelo “rei do cangaço” porque Lampião sabia da amizade existente entre ele e o Padre Cícero.” Evidentemente o aviso não era acerca de um futuro ataque de Lampião, mas, sim, de um futuro ataque de cangaceiros. Afora estas cartas, há o registro dos famosos bilhetes trocados antes do ataque, um escrito pelo Coronel Antônio Gurgel, refém de Lampião, e escrito a primeira negativa por Abel Freire Coelho, a pedido de Rodolpho, e o famoso de Lampião, escrito de próprio punho, com a resposta à altura e escrita, desta vez, por Rodolpho. Esta documentação foi, à época, publicada no jornal Correio do Povo, do jornalista José Octávio Pereira de Lima, como um Suplemento especial. Afinal, quem era o coiteiro de Lampião no Rio Grande do Norte? A dúvida continua após mais de 80 anos da resistência.” Fontes de Pesquisas: ALENCAR, Elidete. Informações sobre Argemiro Liberato de Alencar. Natal/RN: Mimeo.(inéd.), 2003. 2 p; FERNANDES, Raul. A Marcha de Lampião. Coleção Mossoroense. 6ª edição. 2005; MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do Sol: O banditismo no Nordeste do Brasil. Recife/PE: Ed. A Girafa, 2004(texto sublinhado pelo Autor).

Raul Fernandes, ainda, logo na Parte 2[4], do Capítulo1º, de seu livro “A MARCHA DE LAMPIÃO” nos conta, com a autoridade de quem é filho do Coronel Rodolpho Fernandes, o seguinte:

Gentilmente cedida por Orlando Martins

Em dezembro de 1926, Joaquim Felício de Moura, sócio da firma Monte & Primo, em Mossoró, viajava pelo interior da Paraíba. Na cidade de Misericórdia, encontrou-se com o destacado comerciante e fazendeiro, Antônio Pereira de Lima, que lhe falou da acirrada perseguição do bandido Virgulino Ferreira a sua família. Sem maiores rodeios, contou-lhe o plano de Jararaca, Sabino, Massilon e Lampião de assaltarem com quatrocentos homens. Adiantou ser impossível reunirem tanta gente. Advertiu-o, porém, sobre o costume de mandarem espiões disfarçados de feirantes, mendigos e cantadores, aos lugares previamente escolhidos. Conversou sobre a possibilidade de defesa da cidade e pediu-lhe levar esses fatos ao conhecimento do Prefeito Rodolfo Fernandes.

Daí por diante, os boatos se sucederam. Na última quinzena de abril, de 1927, a notícia veio a luz de modo concreto. Argemiro Liberato, de Pombal, escreve ao compadre Rodolfo Fernandes sobre a pretensão dos chefes de bandidos.

Joaquim Felício estava errado quanto a José Leite de Santana, o Jararaca.

Como nos assevera Frederico Pernambucano de Mello[5], a área de atuação do cangaceiro eram as ribeiras do Moxotó e Pajeú, em Pernambuco. E o próprio Jararaca[6], declarou, quando preso em Mossoró, que Lampião nunca pensara em atacar esta cidade.

Quanto à Sabino Gomes de Góis, embora atuasse nos arredores do município de Cajazeiras, Paraíba, já estava integrado ao bando de Lampião desde o ataque à Souza, no mesmo Estado, do qual não se separará até sua morte, em fevereiro de 1928, após o conhecido tiroteio de Piçarra, em Porteiras, Ceará.

Ora, e se Sabino tinha intenção de atacar Mossoró, e não havia razão para tal, é evidente que Lampião seria o primeiro a sabê-lo. Repita-se, entretanto: Lampião nunca teve a intenção de invadir o Rio Grande do Norte, como já sabemos.

Não é de se duvidar, se for verdadeira essa teoria, repita-se mais uma vez, que Massilon tivesse pensado, realmente, desde há muito, em se unir ao maior de todos os cangaceiros.

Túmulo dos pais de Massilon em Luis Gomes, Rn

Apodi servira, para ele, de “teste”, para firmar seu “currículo”. O episódio de Brejo do Cruz, relatado adiante, não poderia ser considerado mais do que uma jagunçada. Apodi, não. Uma vez conquistada a cidade norte-rio-grandense Massilon podia, com razão, atribuir a si a denominação de “chefe cangaceiro”.

Por pura sorte – ou azar – aconteceu, sem que ele procurasse, seu encontro com Lampião. E Mossoró, aquela cidade rica, por onde ele andou tantas vezes, como almocreve, na qual ele poderia conquistar sua independência financeira definitivamente, estava finalmente ao seu alcance.

Teria realmente acontecido dessa forma?

Contra essa versão há, entretanto, um sério óbice: o fato de na invasão de Apodi, por Massilon, o projeto de atacar Mossoró já existir, como noticiou o jornal “O Mossoroense”, em 15 de maio de 1927[7], insinuando, sem rodeios, que a invasão à cidade, a ocorrer em dias vindouros, integrava empreitada[8] (grifo do Autor) de grande vulto, e dele dera conhecimento, ao Coronel Rodolpho Fernandes, a carta de Argemiro Liberato.

Observemos que essa edição de “O Mossoroense”, jornal dirigido por Rafael Fernandes, primo e correligionário de Rodolpho Fernandes, veio à lume cinco dias após a invasão de Apodi por Massilon.  Façamos, então, a necessária conexão entre essa matéria do jornal e a anterior correspondência de Argemiro Liberato encaminhada ao Prefeito.

Não foi, portanto, resultado da cobiça de Massilon tal projeto, ao saber da presença de Lampião em Aurora. Foi oportunismo.Ele tinha uma “empreitada” a realizar em Mossoró. Caso contrário não se explica o ataque. Afinal, porque Mossoró, se o móvel do crime era pura cobiça? Porque não Souza? Cajazeiras? Patos? Catolé do Rocha? Caicó? Campina Grande? Massilon conhecia todas essas cidades.

Outra questão: se a causa foi cobiça, porque o bando não atacou o Banco do Brasil ou o comércio de Mossoró, que se alcançavam seguindo o leito do rio, como sabia Massilon, preferindo atacar a residência do Coronel Rodolpho Fernandes? Que estratégia foi essa?

Não faz sentido que esse ataque tenha resultado meramente da cobiça de Massilon. Muito pelo contrário, como veremos a seguir. Tudo leva a crer que havia uma “empreitada”, cujo “teste” foi o ataque a Apodi, e a questão passa a ser a seguinte: que projeto foi esse de invadir Mossoró cuja face visível é Massilon, mas teria uma face oculta, haja vista a impossibilidade deste cangaceiro desconhecido, de voo curto, empreender, sozinho, algo tão ousado e grandioso quanto à invasão da segunda maior cidade do Rio Grande do Norte?

Continua...

LEIAM, NESTE BLOG, AS POSTAGENS ANTERIORES, PROCURANDO NO MARCADOR "CANGAÇO".

[1] “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE”; DANTAS, Sérgio Augusto de Souza; Cartgraf – Gráfica Editora; 2005; Natal; RN. 

[2] Idem

[3] Nota 5, p. 40, Coleção Mossoroense, 6ª edição, 2005.

[4] 2ª edição; Editora Universitária – UFRN; 1981; Natal, RN.

[5] “GUERREIROS DO SOL”; 2a. edição; A Girafa; 2004; São Paulo, SP.

[6] No “Auto de Perguntas” feitas a Jararaca consta, também, a seguinte declaração sua: “que saíram em dias do mês de maio findo, do Pajeú, estado de Pernambuco, e que acompanhava Lampião há pouco mais de um ano”. Antes de Lampião Jararaca, ainda segundo seu depoimento, estava no Primeiro Regimento de Cavalaria Divisionária, tomando parte na revolta de São Paulo a favor da legalidade, com a Coluna Potiguara (“LAMPIÃO EM MOSSORÓ”; NONATO, Raimundo; sexta edição; Coleção Mossoroense; 2005; Mossoró).

[7] Sérgio Dantas, em “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE”, obra citada

[8] O termo utilizado foi exatamente esse.

(*)Mestre em Direito; Professor de Filosofia do Direito da Universidade Potiguar (Unp); Assessor Jurídico do Estado do Rio Grande do Norte; Advogado (Direito Público); Ensaísta.