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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

CANGAÇO - ECOS NA LITERATURA E CINEMA NORDESTINO

Autora Vera Figueiredo Rocha

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FIM DO CANGAÇO: AS ENTREGAS

Autor Luiz Ruben F. de A. Bonfim

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EDIÇÃO DE LUXO - ANO V

Manoel Severo, Curador do Cariri Cangaço

Era setembro de 2009 quando um grupo de amigos, unidos por propósitos e por paixão, realizavam pela primeira vez um seminário de natureza itinerante, com palestras, debates, visitas, arte, música e gastronomia. Na época eram apenas quatro cidades, Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha, todas no Ceara. Com apoio incondicional da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e de uma multidão de amigos nascia uma das mais extraordinárias iniciativas do universo da pesquisa e estudo da temática cangaço, ali, no dia 22 de setembro de 2009, nascia o Cariri Cangaço.

Hoje passados todos esses anos, depois de muito chão percorrido, a essa empreitada se somaram 18 municípios de 5 estados nordestinos. Depois da realização de exatas 87 conferencias e palestras, 45 mesas de debates e painéis e 76 visitas técnicas de pesquisa, reunindo ao longo desse tempo mais de 14 mil participantes, chegamos a nossa quinta edição em solo cearense que em breve apresentaremos em grande programação! Aguardem...


Dias 23 a 27 de setembro de 2015, estaremos realizando o Cariri Cangaço - Edição de Luxo - Ano V

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MILITARES LEVAM FLORES PARA A COVA DO CANGACEIRO CORISCO


Ao lado de tenente José Rufino aparece o Sargento Sena levando flores ao túmulo do ex-cangaceiro Corisco... Isso foi ato humanitário ou foi uma ironia dos dois !!!

Fonte: facebook

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COMUNICADO!

Por Benedito Vasconcelos Mendes

O pesquisador do cangaço e presidente da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Benedito Vasconcelos Mendes, comunica aos interessados que Paulo Gastão de Medeiros está recebendo os 400,00 Reais do micro-ônibus para São Raimundo Nonato no estado do Piauí. A hospedagem ele ainda não sabe o preço.


Sairemos de Mossoró no dia 26 de outubro ás 5 horas e voltaremos no dia 1 de novembro. A conta do Paulo Gastão para transferir o dinheiro correspondente às passagens é: 

Paulo M. Gastão- BB-C/C
737-4-Agência 3526-2.

Benedito Vasconcelos Mendes
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DOIS NOVOS LIVROS DO JORNALISTA E ESCRITOR GERALDO MAIA DO NASCIMENTO



Para adquiri-los entre em contato com o autor através destes e-mails: gemaia1@gmail.com - gemaia@bol.com.br

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MEMORIAL ALCINO ALVES COSTA, MEMORIAL DO SERTÃO

Por Rangel Alves da Costa*
Alcino Alves Costa

O Memorial Alcino Alves Costa, localizado na antiga residência familiar na esquina das ruas Gustavo Melo e Manoel Pereira, em Poço Redondo, no alto sertão sergipano, é um sonho que aos poucos vai se concretizando. E assim porque muito ainda falta para que tome a forma e funcione segundo as pretensões de seu idealizador.

Coloco-me como idealizador porque, dentre todos os filhos do historiador, pesquisador, compositor, poeta e escritor sertanejo, fui o primeiro a sentir a necessidade de um espaço onde o acervo e a memória tivessem um lugar garantido para a posteridade. Não só preservar para o futuro, mas principalmente permitir o acesso a estudantes, visitantes e demais interessados na sua obra, bem como aos temas objetos de seu interesse e estudo.

Rangel Alves Costa

O Memorial foi idealizado não somente para ter a obra e a memória de Alcino Alves Costa como referência e objeto de pesquisa, mas também como espaço privilegiado para o contanto e conhecimento da história e da cultura sertaneja. Ali o interessado encontrará aspectos relacionados às revoltas sociais nordestinas, ao cangaço, messianismo, raízes culturais, tradições nordestinas e todo o percurso histórico que permitiu o desbravamento e a formação do sertão, bem como sua tradição forrozeira, da viola caipira e demais manifestações musicais tipicamente sertanejas. Daí que é um Memorial ainda em construção, pois tudo isso ali estará presente como objeto de pesquisa e de contato.

Mas os planos são ainda maiores. Como o espaço é grande, um local ideal já está sendo reservado para reuniões e grupos de discussão, onde jovens, estudantes e todos os interessados, sejam convidados a ouvir palestras sobre a cultura e a história sertaneja, bem como demais temas relacionados à identidade nordestina. Será a preservação das raízes através do conhecimento, será o conhecimento da saga sertaneja a partir de diálogos abertos e com a participação de todos. E as palestras serão proferidas por estudiosos como Raimundo Cavalcante, Fernando Sá (UFS), Inácio Loiola e Rangel Alves da Costa, dentre muitos outros que serão convidados.

E também será um espaço onde grupos de jovens possam se reunir para discutir temas por eles mesmos escolhidos. Como em Poço Redondo existem alguns grupos de jovens vinculados à igreja, também no Memorial encontrarão o local ideal para que desenvolvam suas atividades. Desse modo, além do arcabouço histórico e cultural que possui, será também um espaço aberto onde todos serão chamados a participar no desenvolvimento de múltiplas atividades.

Logicamente que sempre será um espaço de recordação de Alcino e sua obra, uma forma de reencontrar o seu mundo tão sertanejo. Mas também um espaço ao modo como ele gostaria que fosse. Um espaço para as múltiplas feições do sertão, do Nordeste, do homem sertanejo, para o reverenciamento das raízes e a preservação do que ainda resta de bom nos seus quadrantes. Um espaço aberto a estudantes, professores, jovens, adultos, velhos e todo aquele que pretender encontrar todo o sertão num só local. Um espaço de estudo, de pesquisa e conhecimento, onde cada um possa dialogar seu saber e seu desejo de aprender.


Por isso mesmo que o meu sonho ainda está em construção, ainda está na caminhada ao que desejo oferecer a Poço Redondo em nome da memória de Alcino. E desde já convido a todos a participar dessa construção. Objetos antigos e que se relacionem ao cotidiano ou a história sertaneja serão bem aceitos pelo Memorial. Um ferro a brasa de engomar, uma lamparina antiga, um oratório, um baú dos tempos das bisavós, tudo isso será de grande valia como acervo.


Será nesta caminhada que construiremos o lugar da memória de Poço Redondo, do sertão, de Alcino. Um espaço onde também estará a memória de cada um, pois todos gestados de raízes que não podem ser relegadas nem destruídas pela voracidade do novo.

Poeta e cronista

blograngel-sertao.blogspot.com

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O CANGACEIRO MORENO DEIXA SUA MARCA EM FLORESTA

Por Cristiano Ferraz

Mais algumas fotografias das minhas andanças nas trilhas do cangaço em Floresta. As marcas deixadas pela passagem de Moreno na fazenda Barra da Forquilha de Cantidiano Valgueiro. 








Janelas e paredes perfuradas pelas balas dos cangaceiros. Aguardem cenas dos próximos capítulos... E em 2016 esperamos todos em Floresta para mais um CARIRI CANGAÇO.

Fonte: facebook

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O CANGACEIRO BARREIRA - “Jornal de Alagoas”, edição de sexta-feira, 9 de setembro de 1938 e intitulada “Bandido mata bandido”.


“Jornal de Alagoas”, edição de sexta-feira, 9 de setembro de 1938 e intitulada “Bandido mata bandido”. Aí me lembrei de um pequeno artigo jornalístico da década de 1980, que me foi presentado pelo amigo Paulo Moreira, potiguar que há muitos anos vive no Rio de Janeiro.

O relato de 1938 é sobre o cangaceiro Barreira, um antigo bandoleiro dos sertões que para deixar este, como dizia o professor Estácio de Lima, “Estranho Mundo dos Cangaceiros”, levou como salvo-conduto a cabeça de um companheiro. Junto com sua horrenda atitude ficou para história uma impactante foto que mostra vários aspectos de um momento de muita violência no Nordeste do Brasil.

Macabro Salvo-Conduto

Em uma segunda-feira, dia 5 de setembro, dia de feira livre na cidade alagoana de Pão de Açúcar, as margens do Rio São Francisco, logo começou a correr a notícia que em uma propriedade distante cerca de 36 quilômetros havia um cangaceiro desejando entregar-se as autoridades

Prontamente o tenente José Tenório Cavalcanti, a maior autoridade policial presente, preparou um grupo de policiais para seguir ao encontro deste cangaceiro na propriedade Santo Antônio[3]. Aparentemente esta gleba era localizada próxima a uma área denominada Caboclo.

Quando lá chegaram os policiais encontraram um jovem com a tradicional roupa de cangaceiro, com cerca de 20 anos de idade, boa aparência, muito calmo, tranquilo, que trazia consigo um rifle Winchester e a cabeça decapitada de um homem de tez clara, igualmente jovem, bastante cabeludo e que havia sido morto horas antes.

Ele se apresentou como sendo o cangaceiro Barreira e a cabeça era a do cangaceiro Atividade, seu companheiro no grupo que tinha como chefe o cangaceiro alcunhado como Português. Comentou que seu nome era João Correia dos Santos, sendo filho de Manoel e Maria Correia e era natural da região, do lugar Furna.

Logo alguém, que não sei quem foi, sacou de uma máquina fotográfica e clicou o macabro salvo-conduto. Provavelmente o cenário deste instantâneo foi de alguma maneira produzido e esta é sem dúvida uma das fotos mais marcantes do período do cangaço.

Logo o jovem cangaceiro e a cabeça de Atividade foram levados para Pão de Açúcar, onde chamaram muita atenção da população local. Depois seguiram para a cidade de Santana do Ipanema, a cerca de 50 quilômetros de distância, onde um repórter do “Jornal de Alagoas” ouviu Barreira.

O fora da lei comentou que a cerca de um ano vivia em contato com os cangaceiros do grupo de Português, sendo inicialmente convidado a seguir pelas veredas do sertão de arma na mão. Mas o jovem recusou o quanto pode, até que foi ameaçado de morte pelo chefe se não fizesse parte do bando.

Já sobre a ideia de entregar-se a polícia e usar a cabeça de Atividade como uma espécie de salvo-conduto junto às autoridades, provavelmente surgiu após Barreira ver algumas das muitas reproduções da famosa foto com as cabeças cortadas de Lampião, Maria Bonita e nove outros integrantes do bando e expostas um mês e uma semana antes na escadaria do prédio da prefeitura da cidade de Piranhas. Talvez tenha imaginado que se fizesse igual aos policiais, poderia ser mais bem aceito por estes.

Seu pai inclusive havia entrado em entendimento com o tenente José Tenório e o então todo poderoso coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, maior inimigo conhecido do cangaceiro Lampião e comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar de Alagoas, sediado na cidade de Santana do Ipanema. O coronel Lucena comentou ao velho Manoel Correia que seu filho não sofreria problemas, desde que auxiliasse as forças volantes no combate aos cangaceiros. Barreira então aguardou uma oportunidade de sair fora daquela vida de arma na mão.

Percebemos igualmente no relato de Barreira ao jornalista que para ele, após as mortes na Grota do Angico, o desbaratamento dos grupos de cangaceiros era eminente e isso foi relevante para sua decisão. Além disso o conhecido chefe Corisco teria “fracassado terrivelmente” (talvez em uma provável rearticulação dos bandos) e estava “bebendo muito”. Quanto a Português, seu ex-chefe, Barreira o considerou “covardíssimo”, que “fugia das lutas” e apenas enviava seus cangaceiros em “missões” de extorsão e punição a fazendeiros da região que não lhes dava dinheiro.

E foi numa dessas “missões” que Barreira colocou seu plano de sair do cangaço em funcionamento.

Negociando Com Uma Cabeça

Ele, Atividade e o irmão deste, alcunhado Velocidade, seguiram na madrugada do dia 5 de setembro para o povoado de Belo Horizonte, próximo a propriedade Santo Antônio. O trio de cangaceiros era comandado por Atividade e tinham como missão incendiar uma casa no povoado, cujo proprietário era Elísio Maia. Porém Atividade ordenou a Barreira algo muito impactante e muito controverso – o jovem cangaceiro teria de “matar o seu próprio irmão e um seu tio, que lá moravam.

Segundo o relato de Barreira ao jornalista do periódico “Jornal de Alagoas”, sem especificar como, este começou a “azucrinar” propositadamente a paciência do cangaceiro Atividade para evitar cumprir esta função. Na sequência, ao passarem próximo a um riacho, Atividade ordenou a Barreira que fosse buscar água para os cantis e teve início uma nova discussão. Nisso, a fim de evitar problemas, Velocidade se prontificou a fazer a tarefa, descendo por uma rampa até o riacho.

Era a oportunidade que Barreira queria e sem titubear este desfechou um tiro de rifle nas costas de Atividade!

Velocidade voltou rapidamente para socorrer o irmão e Barreira passou a descarregar vários balaços na direção deste. Ao jornalista do periódico alagoano Barreira afirmou que atingiu e matou Velocidade com seus tiros, o que é uma mentira, pois este cangaceiro foi capturado meses depois.

Após isso Barreira chegou próximo de Atividade, que segundo o seu algoz ainda estava vivo, e com um facão decepou lhe a cabeça.

Queria Ser Policial, Mas Ficou na Cadeia…

A história da decapitação de Atividade foi publicada em pequenas notas em alguns jornais do Rio de Janeiro e de outras capitais do Brasil. Não encontrei registros que a terrível fotografia circulou na imprensa.

Pouco tempo após a detenção de Barreira outros cangaceiros foram se entregando as autoridades, como o grupo do cangaceiro Pancada. Além deste chefe faziam parte do bando sua mulher Maria Jovina (ou Maria de Pancada), Cobra Verde, Peitica, Vinte e Cinco, Vila Nova e Santa Cruz. Todos foram levados para o quartel de Santana de Ipanema, onde Barreira se encontrava.

Apesar do crime hediondo praticado por Barreira, que poderia ocasionar retaliação por parte dos outros cangaceiros, nada aconteceu. Acredito que os cangaceiros estavam mais preocupados com os seus incertos destinos naquele momento.

Sob as ordens do coronel Lucena havia uma atmosfera positiva no quartel e uma relação entre cangaceiros e seus antigos perseguidores que pode ser considerada como amistosa. Até porque os policiais precisavam da ajuda dos cangaceiros detidos para prender os que ainda se encontravam soltos, principalmente Corisco.

Em novembro este grupo de cangaceiros estive em Maceió, a capital alagoana. Ali foram alvos de extrema curiosidade pública, tomaram banho de mar, realizaram compras no comércio acompanhados dos soldados e pagaram regiamente o que adquiriram. Os antigos cangaceiros estavam felizes e muitos comentavam aos jornalistas que desejavam ser policiais e não queriam mais ser chamados pelos seus antigos “nomes de guerra”.

O jornal carioca “A Noite”, na sua edição de segunda-feira, 14 de novembro de 1938, página 8, traz uma interessante reportagem sobre estes cangaceiros em Maceió. Os membros do antigo grupo de Pancada, além de Barreira, tiveram oportunidade de narrar um pouco de suas vidas antes e durante o período como cangaceiros.

João Correia dos Santos, o Barreira, então com apenas vinte anos de idade, era o mais novo dos bandidos. Nesta nova entrevista não negou que matou Atividade, não escondeu os motivos e nem que o decapitou. Mas acrescentou que era sempre “insultado” por ele. Daí em diante nesta entrevista, Barreira começou a mudar os relatos sobre sua vida pregressa.

Ele já não vinha mais do lugar Furnas, mas havia sido “vaqueiro do fazendeiro João Lessa, da cidade de Propriá” (quase 90 quilômetros de Pão de Açúcar). Já não havia entrado no grupo de Português obrigado, mas por vingança. Informou que passou apenas seis meses no cangaço e soltou a pérola que durante os combates “tinha vontade de passar para o outro lado, mas tinha medo de ser assassinado”. Finalizou que estava feliz, desejava ser policial e caçar seus antigos companheiros!

Se assim desejava aparentemente ficou só na vontade, pois tudo indica que a polícia alagoana dispensou seus serviços como “caçador de cangaceiros”. Além disso, se Barreira imaginava que conseguiria amenizar alguma condenação trazendo a cabeça do cangaceiro Atividade para os policiais, isso funcionou em parte, pois ele ficou atrás das grades por quatro anos e seis meses.

Liberdade

Em uma entrevista realizada em 2012, concedida ao jornalista Antônio Sapucaia, do jornal “Gazeta de Alagoas”, o funcionário público aposentado José Alves de Matos, o antigo cangaceiro Vinte e Cinco, comentou que após passar mais de quatro anos na Penitenciária do Estado, em Maceió, gozava de certo privilégio naquele ambiente, a ponto de tornar-se o “chaveiro” da prisão.

Certa vez, provavelmente no segundo semestre de 1942, Vinte e Cinco recebeu a visita do Promotor Público Rodriguez de Melo, o qual ao se inteirar da situação dos ex-cangaceiros afirmou que nada poderia fazer em favor deles, a não ser que surgisse um milagre e o fato chegasse ao conhecimento do então Presidente da República, Getúlio Vargas, haja vista que todos estavam presos sem nenhum processo formalizado, à disposição do Governo do Estado.

Utilizando-se da confiança de que desfrutava, Vinte e Cinco recorreu ao engenheiro Ernesto Bueno, que estava preso por crime de homicídio contra um cidadão de Coruripe, pedindo-lhe que, em seu nome, escrevesse uma carta a Getúlio Vargas expondo a situação vexatória em que se encontravam. Seu pedido foi atendido e, usando de uma manobra habilidosa, apelou para uma mulher de nome Maria Madalena, que era encarregada de vender os produtos de artesanato que os presos fabricavam na prisão, a qual escondeu a carta no seio e depois a postou nos correios.

Segundo relata Vinte e Cinco, o Presidente Vargas, depois de manter contato com o Interventor alagoano Ismar de Góes Monteiro e com o Dr. José Romão de Castro, diretor da penitenciária, baixou um ato e pediu-lhes que os colocassem em liberdade, conseguissem empregos para todos, objetivando evitar o retorno deles à vida nômade e violenta no Sertão;

Mas na reportagem do jornal carioca “O Globo”, edição de quinta-feira, 7 de janeiro de 1943, existe uma outra versão.

Nela o diretor da penitenciária, Dr. José Romão de Castro, informa que encaminhou para Alexandre Marcondes Machado Filho, então Ministro da Justiça e dos Negócios Interiores, através do Interventor Ismar de Góes Monteiro, uma exposição do aspecto jurídico e social da prisão, onde apresentou em linhas gerais o seu pensamento a respeito daqueles ex-cangaceiros, que se mostravam extremamente trabalhadores, obedientes e alguns muito estudiosos. Dos dez remanescentes, sete haviam se alfabetizado com o professor Manoel de Almeida Leite, dentre estes Barreira. Mérito dele!

Vale a leitura dos argumentos apresentados pelo Dr. José Romão de Castro para a soltura daqueles antigos combatentes das caatingas:

“Pois eles não podem ser encerrados como verdadeiros delinquentes uma vez que não havia entre eles e a sociedade aquilo que se chama semelhança social, harmonia de compreensão de deveres. Para eles, a figura de Lampião não era somente de chefe, a quem obedeciam, mas, sobretudo representava um princípio de autoridade, e, em torno de certas determinações, eles sentiam a última extensão da influência do poder público. Logo, penso que podem regressar ao meio social os últimos homens do grupo de Lampião, embora vigiados e sendo dado a cada um profissão certa.”

Seja pela carta enviada por Vinte Cinco, seja pelo parecer do Dr. José Romão de Castro, o certo é que no dia 10 de fevereiro de 1943, ao meio-dia, em meio a uma solenidade presidida pelo Dr. Ari Pitombo, Secretário do Interior, Educação e Saúde de Alagoas, os antigos cangaceiros foram libertados.

Barreira foi um dos que foram empregados pelo poder público de Alagoas e não perdeu a oportunidade oferecida[12].

Marcado Para Sempre

Vamos reencontrar este controverso ex-cangaceiro em uma reportagem de 1982 e em um momento muito festivo. Presentado pelo amigo Paulo Moreira, esta reportagem mostra que depois de quase 40 anos de trabalho como funcionário público estadual, lotado na Secretária da Fazenda do Estado de Alagoas, João Correia dos Santos se aposentava.

Neste período o antigo Barreira estava com 64 anos, era casado e pai de cinco filhos. Consta que sua passagem como funcionário público foi bastante positiva, a ponto dele ser considerado o “Funcionário Modelo do Estado” do ano de 1976 e receber um prêmio e um diploma das mãos de Divaldo Suruagy, então Governador de Alagoas.

Ainda nesta reportagem de 1982, o velho Barreira falou em tom bastante crítico sobre a minissérie da TV Globo “Lampião e Maria Bonita”, um grande sucesso na época. Para ele a obra televisiva “Nada tinha a ver com a história real”. Que a protagonista de Maria Bonita na minissérie, a ótima atriz Tânia Alves, não era “branca o suficiente e os dedos da original eram mais curtos”.

Mas concordava que a Maria Bonita real, tanto quanto o personagem apresentado na minissérie, tinha influência sobre Lampião. Outra concordância estava no fato de que realmente Corisco recusou-se a se “amoitar” com Lampião na Grota do Angico. Barreira ainda discorreu sobre vários outros aspectos relativos ao local do derradeiro combate do chefe cangaceiro e de como seu desparecimento contribuiu para o fim do cangaço, principalmente diante das perdas dos contatos dos fornecedores de armas e munições.

Nesta reportagem Barreira pouco comentou especificamente sobre seu período como cangaceiro e nada sobre a morte de Atividade. Aquele degolamento e a triste foto daquele ato era um passado que não valia a pena recordar.

Igualmente não sabemos quando Barreira faleceu, mas sua passagem em relação a história do cangaço está firmemente associada à fotografia do degolamento de Atividade. Para a grande maioria dos pesquisadores do cangaço a figura de Barreira praticamente se centraliza apenas em seu ato covarde.

Fonte: facebook


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