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quinta-feira, 24 de julho de 2025

PROCURANDO

 Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.276



 

Nessas alturas, a Festa de Senhora Santana, a nossa Padroeira, vai chegando perto do seu final. Estar cumprindo mais uma edição de compromisso de fé com esta renovada geração de nativos deste abençoado torrão sertanejo. E todos se alegram com a possibilidade da Matriz ser elevada a SANTUÁRIO, conforme o dirigente da Paróquia e site local. Isso significa atestar e assegurar sempre fluxos de peregrinos às suas dependências. Mas, enquanto isso vou escutando o espocar de foguetes, de longe e, passando à vista no livro documentário: “SANTANA, REINO DO COURO E DA SOLA. Com ele vem junto a imagem do senhor Daniel, sua idade, sua memória excelente, sua boa vontade em ajudar o pesquisador a resgatar o auge da indústria calçadeira e o progresso do século passado.

Assim, enquanto acontece a festa e o “clima” de festa da Padroeira, mil histórias periféricas ao evento, estão prontas para serem descobertas, apreciadas e colhidas pelos comprometidos com as letras. Procurar, encontrar, valorizar e vestir a rigor os episódios pendentes da história sertaneja, é salutar, nobre e coruscante ao “garimpeiro”. E agora, nesse período de inverno do mês de julho, o tempo diferente inspira apanhados diferentes, nas casas, nos campos, nos regatos, nas montanhas e mesmo no aconchego dos lençóis. A criatividade, a inspiração, o toque santo, chegam a qualquer momento em qualquer lugar. A noite enluarada e bela não é mais interessante do que o deserto feio e escaldante.  As rochas mais moles e mais duras, contam a história física do planeta Terra.

Nesse ínterim revejo uma das fotos tiradas pelo jornalista José Malta, convidado por mim para irmos juntos à casa do senhor Daniel.  Revejo sua atenção em ouvir trechos do livro ditados pelo seu testemunho e lembro da felicidade da sua família e de nós pela concretização das suas palavras no papel, para Santana do Ipanema e para o mundo. Ah!... Nem sei se o nosso jornalista percebeu que a

A rua onde estávamos, Dilermando Brandão e o todo do Bairro São José estão repletos de histórias da expansão oeste do Bairro Camoxinga. Ou seja, “Não falta chinelo velho para pé doente”, segundo esse ditado sertanejo. O que você pode traduzir como: “Não falta lugar para ser pesquisado, o que pode faltar é o interesse do acomodado em procurar.

ELABORE 10 LINHAS COM ESTA FOTO.  A FONTE DE PESQUISA “OS MAIS VELHOS”. (IMAGEM: JOSÉ MALTA).

 


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MARICA MACEDO TIPI

  Por Vicente Landim Macedo

Lamartine Lima, Manoel Severo e Vicente Landim Macedo

Acredito que a direção do Cariri Cangaço incluiu Maria da Soledade Landim, minha avó, na sua programação por ela, além de ter sido uma das Coronelas do Ceará, recebeu em sua residência Lampião e foi uma das responsáveis pelo acontecimento conhecido como Fogo do Taveira ou Questão de 8.

Não tive a alegria de conhecer minha avó, pois nasci seis anos após o seu falecimento, mas, desde criança, eu ficava fascinado quando ouvia as histórias sobre ela, seu temperamento forte, suas atitudes firmes, decididas e corajosas, narradas pelos meus pais, tios, primos e pessoas moradoras do Tipi e de regiões próximas que conviveram com ela.

Maria da Soledade Landim, conhecida por Marica Macêdo ou Marica do Tipi, nasceu no Sítio Gameleira, Município de Missão Velha, em 1865. Filha de Joaquina de Sales Landim (Quininha) e de João Manuel da Cruz (Joca da Gameleira). Em 1997, quando eu estava colhendo dados para o livro Marica Macêdo, a brava sertaneja de Aurora, a minha querida prima Maria da Soledade de Macêdo (Soledade), que faleceu em 2003, com 97 anos, primeira neta de vó Marica, repetindo o que os meus pais e tios falavam, contou-me que se lembrava perfeitamente dos traços físicos da nossa avó.


Ela era morena, cabelos longos, rosto comprido e fino, boa estatura, aparentando gozar boa saúde. Disse-me, ainda, que a sua irmã Adalgiza (Duga) era a neta que mais parecia com a avó, até na coragem.  Quem olhasse para a Duga parecia que estava vendo vó Marica. Minha avó teve sete irmãos: Raimundo Saraiva da Cruz (Mundinho), Manuel Inácio da Cruz (Manezinho), Inácia de Sales Landim (Inacinha), Isidoro João da Cruz, Amâncio João da Cruz, José Francisco de Sales Landim e Antônio João da Cruz (Toinho).

Vó Marica casou-se duas vezes. A primeira, em 1884, na Igreja de Missão Velha, com seu parente José Antônio de Macêdo. Vó Marica e seu marido José Antônio de Macêdo (Cazuza ou Cazuzinha do Tipi), meu avô, são dos Terésios, isto é, são descendentes do Capitão José Paes Landim e Geralda Rabelo Duarte, fundadores, em 1731, do Sítio Santa Tereza, no Município de Missão Velha, CE, objeto da admirável obra A Estirpe da Santa Tereza do escritor Joaryvar Macêdo.

 Bustos dos pais de Vicente Landim, na Pracinha do Tipi

Dos fundadores Marica é tetra neta (quinta geração) e Cazuzinha trineto (quarta geração). Meus avós, em 1890, já com três filhos - Raimundo Antônio de Macêdo (Mundoca Macêdo), Joana da Soledade Landim (Joaninha) e João Antônio de Macêdo - visualizando um futuro promissor, juntamente com seus irmãos Amâncio e José Francisco, migraram para o município de Aurora. O casal Marica e Cazuzinha, e Amâncio adquiriram propriedades no Tipi, onde se instalaram, região ainda em desenvolvimento, e José Francisco comprou o Sítio Angico, próximo à cidade de Aurora.  

Outros dois irmãos de minha avó, Mundinho e Manezinho, na mesma época, seguindo o exemplo de meus avós, deixaram Missão Velha e foram para o Sítio Calabaço, município de Lavras da Mangabeira. Assim, dos oito irmãos, permaneceram no Cariri somente três: Inacinha, Isidoro e Toinho. Marica e Cazuza, nas terras que adquiriram, ainda virgens, desenvolveram atividades agrícolas e pecuárias e passaram a tomar parte ativa no desenvolvimento e na política do município aurorense. No Tipi, meus avós tiveram mais cinco filhos: Antônio Landim de Macêdo, José Antônio de Macêdo (Cazuza), Silvino José de Macêdo, Felinto José de Macêdo e Augusto Landim de Macêdo. 

Em decorrência de meus avós viverem no Tipi, foi que eles passaram a ser conhecidos por Marica Macêdo ou Marica do Tipi e Cazuza ou Cazuzinha do Tipi. Tudo corria bem, quando, em 8 de janeiro de 1905,  faleceu meu avô, ficando vó Marica viúva com 40 anos de idade. Vó Marica com muita competência e habilidade assumiu a responsabilidade da administração dos seus bens e dos filhos, uma vez que o filho mais velho, Mundoca, tinha 18 anos e o mais novo, Augusto, apenas 6. Vó Marica resolveu em 1906 contrair novas núpcias com o viúvo Antônio Abel de Araújo, originário de Missão Velha.

Banner do Cariri Cangaço 2013 em Aurora, personagem principal: Marica Macedo, sob as bençãos do Conselheiro Cariri Cangaço, José Cícero.

Minha mãe, Vicência Leite Landim (Maroca), nora e sobrinha de minha avó, contou-me que perguntou à sua sogra qual a razão dela querer contrair novo casamento, uma vez que demonstrara capacidade e disposição para continuar as atividades desempenhadas pelo primeiro marido. Ela lhe respondeu: “vou casar, porque toda mulher necessita de um companheiro”.

Vó Marica não levou em conta a observação da minha mãe e contraiu novas núpcias. A realização do segundo enlace matrimonial de minha avó ocorreu no Sítio Cantinho, em Lavras da Mangabeira, com uma grande festa, pois, no mesmo dia, foram realizados três casamentos: vó Marica com o viúvo Antônio Abel; Maria Abel, filha de Antônio Abel, com o viúvo Manezinho, irmão de vó Marica e, Raimundo, filho de vó Marica, casou-se com a prima Glória, filha de Manezinho.

Diferentemente dos costumes da época, quando as mulheres se conformavam em, apenas, cuidar da casa e da prole, vó Marica continuou administrando os bens que lhe pertenciam e a seus filhos, tomando parte  na vida política e administrativa de Aurora. Seu marido Antônio Abel possuía temperamento calmo, tranquilo e pacato, conformando-se em ser somente o segundo marido de Marica, ele nada resolvia. Minha avó procurava educar os filhos de acordo com seus valores e ideais.

Desde pequeninos, lhes ensinava que a união entre eles era essencial para fortalecer a família, orientando-os a que não brigassem, mas que resolvessem suas pendências através do diálogo. Incentivava-os o respeito aos mais velhos, o senso de justiça, o amor à terra, o valor à palavra dada e o cultivo da religião. Ao inspecionar as plantações de milho, feijão, arroz, algodão e cana de açúcar, vó Marica levava os filhos para iniciá-los nos trabalhos agrícolas. Quando ia entabular algum negócio ou tratar de assuntos políticos, se fazia acompanhar por alguns deles.
 

Continua...

Vicente Landim de Macêdo

Parte da Apresentação de Conferência no Cariri Cangaço 2013 no dia 20 de setembro no município de Aurora

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BALEIA EM SANTANA

 Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.275.

HOMENS ELEGANTES, DE BRANCO, ENCOSTADOS A POSTE DE ILUMINAÇÃO E NA ESQUINA DO “PREDIO DO MEIO DA RUA”. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230)

Santana do Ipanema, da situação de vila até o ano em que foi elevada à cidade, 1921, era iluminada a lampião em postes de ferro. Coisa sofisticada, gente, que somente as vilas e cidades adiantadas possuíam. Mas, qual o combustível usado na posteação? Segundo meu saudoso professor de Geografia, Alberto Nepomuceno Agra, os lampiões dos postes eram abastecidos com óleo de baleia. Podemos acreditar nisso até porque não havia proibição em matar os cetáceos e o óleo de mamona que havia na região se resumia a carro de boi e talvez a candeeiro. Não haveria suficiente óleo para abastecer uma vila, uma cidade. Contemple a foto e note a elegância dos homens e postes de iluminação em pleno Comércio de Santana, em 1920.  Vá entendendo.

Podemos afirmar que existe em nosso município, a 12 quilômetros de distância, um recente povoado denominado Óleo. E sua denominação vem justamente do tempo em que ainda não era povoado e ali se fabricava óleo e tijolo. O óleo de mamona também chamado azeite, era muito utilizado no auge dos carros de boi, para azeitar o eixo do veículo, evitar atrito de incêndio e fazer o carro cantador ao transitar carregado (orgulho do carreiro). O óleo também era utilizado para iluminação, a exemplo do óleo de baleia. Cada carreiro (condutor do carro de boi) ainda hoje somente viaja abastecido com azeite de mamona seu recipiente que é uma ponta de boi, tampada e pendurada em um dos fueiros do carro. É uma tradição muito mais do que bissecular.

1920, foto abaixo, ainda éramos a “TERRA DOS CARROS DE BOI”, cujo estacionamento maior, era no Poço do Juá com o rio Ipanema seco. Ali, em dia de feira, aguardavam a hora de carregar e descarregar mercadorias. O próprio carro de boi conduzia a alimentação dos bois que era a palma forrageira, pinicada com facões e servida em balaios de cipós. Deduzimos, então, como era precioso e valorizado o óleo ou azeite de mamona, também conhecido por óleo de carrapato (mamona) fruto da Carrapateira e chamado nas farmácias (como remédio para expelir lombrigas) de óleo de rícino. Ainda existe carros de boi, jumento e burro nas fazendas e que estão sendo substituídos por motos e outros veículos motorizados.



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VÓ MARICA DO TIPI - PARTE 1

 Por Vicente Landim Macedo

Lamartine Lima, Manoel Severo e Vicente Landim Macedo

Acredito que a direção do Cariri Cangaço incluiu Maria da Soledade Landim, minha avó, na sua programação por ela, além de ter sido uma das Coronelas do Ceará, recebeu em sua residência Lampião e foi uma das responsáveis pelo acontecimento conhecido como Fogo do Taveira ou Questão de 8.

Não tive a alegria de conhecer minha avó, pois nasci seis anos após o seu falecimento, mas, desde criança, eu ficava fascinado quando ouvia as histórias sobre ela, seu temperamento forte, suas atitudes firmes, decididas e corajosas, narradas pelos meus pais, tios, primos e pessoas moradoras do Tipi e de regiões próximas que conviveram com ela.

Maria da Soledade Landim, conhecida por Marica Macêdo ou Marica do Tipi, nasceu no Sítio Gameleira, Município de Missão Velha, em 1865. Filha de Joaquina de Sales Landim (Quininha) e de João Manuel da Cruz (Joca da Gameleira). Em 1997, quando eu estava colhendo dados para o livro Marica Macêdo, a brava sertaneja de Aurora, a minha querida prima Maria da Soledade de Macêdo (Soledade), que faleceu em 2003, com 97 anos, primeira neta de vó Marica, repetindo o que os meus pais e tios falavam, contou-me que se lembrava perfeitamente dos traços físicos da nossa avó.



Ela era morena, cabelos longos, rosto comprido e fino, boa estatura, aparentando gozar boa saúde. Disse-me, ainda, que a sua irmã Adalgiza (Duga) era a neta que mais parecia com a avó, até na coragem.  Quem olhasse para a Duga parecia que estava vendo vó Marica. Minha avó teve sete irmãos: Raimundo Saraiva da Cruz (Mundinho), Manuel Inácio da Cruz (Manezinho), Inácia de Sales Landim (Inacinha), Isidoro João da Cruz, Amâncio João da Cruz, José Francisco de Sales Landim e Antônio João da Cruz (Toinho).

Vó Marica casou-se duas vezes. A primeira, em 1884, na Igreja de Missão Velha, com seu parente José Antônio de Macêdo. Vó Marica e seu marido José Antônio de Macêdo (Cazuza ou Cazuzinha do Tipi), meu avô, são dos Terésios, isto é, são descendentes do Capitão José Paes Landim e Geralda Rabelo Duarte, fundadores, em 1731, do Sítio Santa Tereza, no Município de Missão Velha, CE, objeto da admirável obra A Estirpe da Santa Tereza do escritor Joaryvar Macêdo.

 Bustos dos pais de Vicente Landim, na Pracinha do Tipi

Dos fundadores Marica é tetraneta (quinta geração) e Cazuzinha trineto (quarta geração). Meus avós, em 1890, já com três filhos - Raimundo Antônio de Macêdo (Mundoca Macêdo), Joana da Soledade Landim (Joaninha) e João Antônio de Macêdo - visualizando um futuro promissor, juntamente com seus irmãos Amâncio e José Francisco, migraram para o município de Aurora. O casal Marica e Cazuzinha, e Amâncio adquiriram propriedades no Tipi, onde se instalaram, região ainda em desenvolvimento, e José Francisco comprou o Sítio Angico, próximo à cidade de Aurora.  

Outros dois irmãos de minha avó, Mundinho e Manezinho, na mesma época, seguindo o exemplo de meus avós, deixaram Missão Velha e foram para o Sítio Calabaço, município de Lavras da Mangabeira. Assim, dos oito irmãos, permaneceram no Cariri somente três: Inacinha, Isidoro e Toinho. Marica e Cazuza, nas terras que adquiriram, ainda virgens, desenvolveram atividades agrícolas e pecuárias e passaram a tomar parte ativa no desenvolvimento e na política do município aurorense. No Tipi, meus avós tiveram mais cinco filhos: Antônio Landim de Macêdo, José Antônio de Macêdo (Cazuza), Silvino José de Macêdo, Felinto José de Macêdo e Augusto Landim de Macêdo. 

Em decorrência de meus avós viverem no Tipi, foi que eles passaram a ser conhecidos por Marica Macêdo ou Marica do Tipi e Cazuza ou Cazuzinha do Tipi. Tudo corria bem, quando, em 8 de janeiro de 1905,  faleceu meu avô, ficando vó Marica viúva com 40 anos de idade. Vó Marica com muita competência e habilidade assumiu a responsabilidade da administração dos seus bens e dos filhos, uma vez que o filho mais velho, Mundoca, tinha 18 anos e o mais novo, Augusto, apenas 6. Vó Marica resolveu em 1906 contrair novas núpcias com o viúvo Antônio Abel de Araújo, originário de Missão Velha.

Banner do Cariri Cangaço 2013 em Aurora, personagem principal: Marica Macedo, sob as bençãos do Conselheiro Cariri Cangaço, José Cícero.

Minha mãe, Vicência Leite Landim (Maroca), nora e sobrinha de minha avó, contou-me que perguntou à sua sogra qual a razão dela querer contrair novo casamento, uma vez que demonstrara capacidade e disposição para continuar as atividades desempenhadas pelo primeiro marido. Ela lhe respondeu: “vou casar, porque toda mulher necessita de um companheiro”.

Vó Marica não levou em conta a observação da minha mãe e contraiu novas núpcias. A realização do segundo enlace matrimonial de minha avó ocorreu no Sítio Cantinho, em Lavras da Mangabeira, com uma grande festa, pois, no mesmo dia, foram realizados três casamentos: vó Marica com o viúvo Antônio Abel; Maria Abel, filha de Antônio Abel, com o viúvo Manezinho, irmão de vó Marica e, Raimundo, filho de vó Marica, casou-se com a prima Glória, filha de Manezinho.

Diferentemente dos costumes da época, quando as mulheres se conformavam em, apenas, cuidar da casa e da prole, vó Marica continuou administrando os bens que lhe pertenciam e a seus filhos, tomando parte  na vida política e administrativa de Aurora.Seu marido Antônio Abel possuía temperamento calmo, tranquilo e pacato, conformando-se em ser somente o segundo marido de Marica, ele nada resolvia. Minha avó procurava educar os filhos de acordo com seus valores e ideais.

Desde pequeninos, lhes ensinava que a união entre eles era essencial para fortalecer a família, orientando-os a que não brigassem, mas que resolvessem suas pendências através do diálogo. Incentivava-os o respeito aos mais velhos, o senso de justiça, o amor à terra, o valor à palavra dada e o cultivo da religião. Ao inspecionar as plantações de milho, feijão, arroz, algodão e cana de açúcar, vó Marica levava os filhos para iniciá-los nos trabalhos agrícolas. Quando ia entabular algum negócio ou tratar de assuntos políticos, se fazia acompanhar por alguns deles.
 

Continua...

Vicente Landim de Macêdo

Parte da Apresentação de Conferência no Cariri Cangaço 2013 no dia 20 de setembro no município de Aurora

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FILHA DE PEIXE, PEIXINHO É !!!

Por Bárbara Medeiros

Tendo um pai profundamente envolvido com o estudo do cangaço, era de se esperar que eu soubesse bastante sobre o assunto. Mas não, na verdade. E aqui, aproveito para ressaltar a importância de ensinar corretamente as matérias para crianças.
Quando eu tinha uns sete anos, meu pai já demonstrava sinais de seu amor pelo cangaço. Quando eu soube que iria estudar exatamente isso, podem imaginar a minha alegria: Finalmente iria entender as conversas extremamente sem sentido (para mim) mas interessantes (para meu pai e seus amigos) sobre o assunto. Eu deixaria de ser uma “outsider” na conversa.
Pois bem. Qual não foi a minha decepção quando eu descobri que dessa matéria tão importante para a história não só da nossa região, mas também do nosso país, só havia um parágrafo no fim de uma página constituído de quatro linhas. E nenhuma das quatro continha uma informação verdadeira. Eu aprendi, ainda cedo, na escola, que o cangaço era um movimento liderado pelos cangaceiros contra seus coronéis, que matavam seus pais e se recusavam a pagar dinheiro pelos serviços feitos pelos cangaceiros. Então, revoltados, eles invadiam as casas dos tais coronéis, tocavam fogo, estupravam suas mulheres, roubavam seu dinheiro e pegavam seus filhos para eles se tornarem cangaceiros também.

 
Eu precisei que o meu pai explicasse o cangaço umas seis vezes para que eu finalmente entendesse. Talvez eu nunca cheguei a entender completamente. A imagem daquele parágrafo no fim da página falando dos cangaceiros tão erradicamente ainda invade os meus pesadelos, pois o meu maior medo é que outras crianças venham depois de mim e acreditem piamente no que o livro disse. Talvez elas não tenham seus pais para explicar a verdade. Talvez elas cresçam com a informação errada. Talvez morram sem nunca descobrir a verdade, sem nunca entender a importância desse movimento para a história do seu país. Quem sabe?
Bárbara de Medeiros
NOTA CARIRI CANGAÇO: Bem; para quem não conhece, permita apresentar essa pequena sobrinha que é puro encanto, em todos os sentidos. Pela inteligência, pela sensibilidade, pela dedicação em tudo o que faz e principalmente pelos muitos talentos que possui. Bárbara tem 13 aninhos de vida, mas que poderia  ser 13 mil... diante de tanta Luz e Força que imprime à sua vida; é filha de Michaela e de Honório de Medeiros, e é uma das convidadas especiais do Cariri Cangaço 2011.

Extraído do Cariri Cangaço
https://blogdomendesemendes.blogspot.com/search/label/barbara%20medeiros.

ANGICO

 Por Paulo Medeiros Gastão


Este artigo foi publicado pela primeira vez neste blog, e
posteriormente no "BOOM", e no "Cariri Cangaço".
Lembrando ao leitor que eu apenas o trouxe novamente para
esta página, simplesmente para ilustrá-lo com fotografias.
Ele já foi comentado na página do blog "Cariri Cangaço",
portanto, não estou colocando lenha na fogueira.

Segue o texto do escritor
Paulo Medeiros Gastão

Angico se constitui no calcanhar de Aquiles do cangaço lampiônico. A construção do mito e seus asseclas desmoronam de forma vertiginosa Se Desejam o término do cangaço com o episódio de Angico, considero uma aberração, final trágico e desabonador da saga de homens assassinos, porém, valentes e destemidos.

A história dos cangaceiros deve ser vista de vários ângulos. A descrição concebida pelos escritores, jornalistas, pesquisadores deixam

Gengis Kan, Napoleão, Júlio César (O imperador), Al Capone, Billy the Kid, Kelly e seu bando, Hitler e muitos outros, fichinha frente aos cangaceiros.
              
O cangaceiro Candeeiro me fez o seguinte relato, em sua residência na vila de Guanumbi, no município de Buíque, estado de Pernambuco: “Na noite anterior ao ocorrido, ou seja, 27 de julho de 1938, Lampião reuniu seus homens e assim falou: “-Amanhã cedinho vou viajar. Vou embora para Minas ou Goiás. “Quem quiser ficar, fica, quem quiser ir comigo se prepare.” Continua o chefe cangaceiro: “-Não posso mais ficar por aqui, pois, vou começar a matar até meus amigos; voltar para Pernambuco, não volto, pois, lá só tenho inimigos e a matança vai continuar. Assim o melhor é terra nova, onde ninguém me conhece”.

Bando de cangaceiro de Lampião

A conversa foi encerrada e todos foram dormir pensando na decisão e na hora de ficar ou seguir o comandante. Tenho este depoimento gravado, com testemunhas na hora da gravação.
             
De última hora é colocado um parente que dizem, ser parente de Lampião e de nome José. Foi arranjada máquina de costura para confeccionar roupa para o rapaz. Não é descrito como o mesmo lá chegou, e muito menos após o tiroteio do dia seguinte, qual teria sido seu destino.

Dom Sebastião - Rei de Portugal

Até parece com história de Dom Sebastião, Rei de Portugal. O belo e valente monarca foi lutar no norte da África e após a renhida luta, ninguém encontra o Rei. Caracteriza-se que Dom Sebastião havia se “encantado”. Não se fala em morte em ambos os momentos.           
              
Os cachorros pela primeira vez estavam sonolentos e teriam perdido o faro. Dormiam nas pernas dos seus donos. Junto aos cachorros deveriam estar às sentinelas que devem ter esquecido as suas responsabilidades junto ao grupo. Falha lamentosa.              
               
Naquela manhã chovia na área. Comprove esta afirmação no livro de João Bezerra, onde solicita aos seus comandados que: “-Tenham cuidado em pisar no chão para não fazer barulho com as folhas secas”. Parece-nos que a chuva não atingia as folhas, enquanto o restante do chão corria água.

A coragem da volante (grupo de militares) era tamanha que o comandante permitiu o uso de cachaça para quem desejasse criar coragem. Esta declaração me foi prestada por um membro da volante que ainda está vivo.           
              
Aos registros feitos por todos que escreveram sobre o tema, mostram que as relações entre o chefe cangaceiro e o militar aconteciam para um jogo de 31, compra e venda de armas e munição, além de um bom trago de bebida especial.             
              
Sendo o coito a margem de um caminho, que liga a casa da fazenda ao Rio São Francisco, logo mais abaixo, verificamos que as descrições, todas, todas são falhas, pois na realidade não existia nenhuma segurança para com a permanência do grupo.             
               
As águas que correm no riacho do Tamanduá descem com muita velocidade até o rio, desde que a serra forma um plano inclinado muito acentuado. Tempo de inverno, água no riacho, onde fixar a tolda e dormir?            
            
Cangaceiros acordados, inclusive o chefe, que manda o companheiro de nome Amoroso ir buscar água logo abaixo do coito, no poço (formado na época das chuvas) que fica a 200 metros para fazer o café. Amoroso é baleado com um tiro de fuzil. Este momento não foi o suficiente para deixar os cangaceiros em condição de luta?             
              
O matador dos onze cangaceiros diz que feito o cerco tiveram que recuar. Ora, difícil era chegar perto daquelas feras, quanto mais, ter a chance de ir e voltar. Momento único desde o início do cangaço no século anterior.             
             
O suicídio de Luiz Pedro é fantástico. É advertido ao cangaceiro que Lampião estava morto e que ele fosse à luta.

Ao centro, Barra Nova, e à direita Luiz Pedro

Ao chegar junto ao amigo, assim falou: “-Compadre, eu lhe disse que lutaria com você até a morte”. No trajeto, o Pedro perdeu a coragem que foi possuidora desde os tempos em que esteve no Rio Grande do Norte, em 1927.             
              
O conceito de cerco efetuado pela volante não determina a figura geométrica do círculo. Acredito que definir como lua crescente é razoável. Teria que se deixar uma válvula de escape e ela existiu. Os cangaceiros se evadiram em busca da parte da alta da fazenda e, por incrível que pareça, não foram perseguidos. A saída esteve sob comando do Ten. Bezerra. Que você acha disto?             
              
Houve traição? Existe divergência. Um grupo diz que não. Outro diz que sim. Quem traiu? Afirmam que o grande traidor foi o homem que se caracteriza como seu matador, ou seja, João Bezerra.
              
E o envenenamento? No coito o cangaceiro Zé Sereno avisou:

Zé Sereno à esquerda

“-Capitão, a tampa da garrafa tem um pequeno furo”. O chamamento da atenção não foi levado em consideração. Por quê?

Se salva Sila. Personagem único que ficou para contar a história. Foi a predestinada para fazer o relato em nome de todos os sobreviventes. Por quê? O que na realidade aconteceu o que não podia existir divergências nos relatos? Impossível. Se vamos a uma festa, ou a qualquer lugar, cada um tem uma visão própria do ocorrido. Os primeiros escritores deixaram-se levar na conversa. O resultado é o que aí está. 
              
A polícia queria os cangaceiros ou o ouro e dinheiro que eles transportavam? Por que a retirada dos anéis, cortando-se os pulsos e levando-se o conjunto, mãos e anéis?              
             
O governo da Bahia oferecia 50:000$000 (cinquenta contos de réis), a quem entregasse Lampião vivo ou morto. Não se tem notícia do ganhador do prêmio milionário. Por quê?

Quem nominou as cabeças errou gravemente. Muitos escritores colocam nos seus relatos que metade das cabeças tem o mesmo nome. A partir do meio (fotos das cabeças) para cima seja como Deus quiser.            

Encontraram um cangaceiro que só aparece naquele momento chamado de Desconhecido? Até então não existe nenhuma informação sobre este personagem? Por outro lado Amoroso foi baleado ou morto, em primeiro lugar, e seu nome é totalmente esquecido. Como explicar?

Foto de João Bezerra e seus comandados

Se a volante possuía duas metralhadoras não ficava um pé de macambira para contar a história. Por que conseguiram se salvar muitos cangaceiros? O cerco não foi cerco. É piada.
            
Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido, em depoimento a mim prestado e registrado em fita de vídeo, declara que na noite anterior ele desceu a serra e foi levar um saco de balas, dividido em duas porções, em cima de um jumento. “Era muito peso”, dizia o entrevistado. Para que tantas balas? Que desejaria o capitão fazer com o material?
            
Existia a compra de armas e balas, porém, se quem servia de intermediário para que farto material chegasse às mãos dos bandidos? Um militar que atuou na volante que chegou a Angico foi curto e grosso. “-A polícia!”
           
Minha intenção é fazer um artigo, porém, se nas páginas de um jornal coubesse as informações, conclusões a que cheguei escreveria um livro. E mais, o livro já estaria em fase de acabamento. Existindo alguma dúvida do leitor, lhe faço um convite – vamos ao estado de Sergipe e lá você encontrará os elementos que lhe darão o norte de toda a história. Não sou o dono da verdade, porém, não quero lhe deixar enganado, nem tão pouco morrer na ignorância, na mentira. A história do povo nordestino e dos cangaceiros é outra, não se iluda. Caso o leitor não fique satisfeito, farei um outro artigo ainda mais contundente sobre o episódio. Chega de tanto embuste.
 

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AS MARCAS DA PASSAGEM DE LAMPIÃO – A HISTÓRIA DA CAPELINHA DA SERRA DA VENEZA.

 Por: Rostand Medeiros


Um dos aspectos mais interessantes da história da passagem do bando do cangaceiro Lampião pelo Rio Grande do Norte, entre os dias 10 e 14 de junho de 1927, não aponta apenas para os relatos de lutas, resistências, arroubos de valentia, covardias, ou sobre o alivio em relação à fuga dos cangaceiros. Foi possível encontrar em alguns locais, interessantes situações originadas pelo medo da passagem de Lampião, que geraram manifestações que se perpetuam até hoje.
Capela da Serra da Veneza - Foto - Rostand Medeiros
Comento especificamente sobre uma ermida encontrada no alto de um promontório denominado Serra da Veneza, próximo ao sítio Garrota Morta, na fronteira entre os municípios de Antônio Martins e Pilões. Nesta elevação granítica, que segundo o mapa da SUDENE chega a atingir a altitude de555 metros, existe uma capela edificada em razão do medo provocado pela passagem do bando.
Primeiramente havíamos recebido uma informação que este pequeno templo fora erguido pelo fazendeiro Manoel Barreto Leite, conhecido na região como “Seu Leite”, proprietário de um sítio conhecido como Veneza e localizado próximo a esta serra. Esta informação dava conta que todos os anos, a família do proprietário rural mandava rezar uma missa como forma de marcar mais um aniversário da libertação de Barreto do julgo do bando. Tanto a construção da capela como a missa rezada anualmente eram parte de uma promessa que devia ser cumprida pela família Leite.
Na tarde do dia 11 de junho de 1927, um sábado, quando empreendia uma viagem, na altura do sítio Corredor, a cerca de dez quilômetros de sua propriedade, o fazendeiro Manoel Barreto Leite, foi capturado pela fração do bando comandado por Sabino. Sua libertação foi orçada em cinqüenta contos de réis. O mesmo só foi libertado em Limoeiro, atual Limoeiro do Norte, no Ceará, após a derrota do bando em Mossoró.
Manoel Leite era um homem conhecido na região, que possuía bons recursos financeiros e extremamente respeitado, por esta razão a existência da capelinha branca no alto da serra homônima de sua propriedade, ficou associada a uma promessa feita pelo fazendeiro seqüestrado.
Mas conforme seguíamos o trajeto, ao perguntarmos sobre este caso, percebemos o desconhecimento das pessoas da região em relação a esta versão. Buscamos apurar os fatos e no sítio Garrota Morta localizado nas proximidades desta serra, encontramos uma senhora chamada Maria Eugenia de Oliveira que esclareceu a verdade sobre esta capela. Esta senhora, pequena na estatura, mas é forte, voluntariosa, possui uma voz firma e olha direto no olho do interlocutor. Maria Eugenia não é daquelas de ficar em casa vendo novelas, já está na faixa dos cinquenta anos, mas todo santo dia trabalha voluntariamente como animadora da congregação católica local. Participando ainda como catequista e ministra da eucaristia.
Dona Maria Eugênia de Oliveira - Foto - Rostand Medeiros
Há alguns anos atrás, por sua própria iniciativa, em meio a este trabalho religioso ela iniciou uma pesquisa histórica com as pessoas mais idosas da sua região, onde apurou entre outras coisas a origem dos nomes dos logradouros, as histórias relativas as famílias da região e os fatos históricos mais representativos do lugar. Mesmo anotando estas informações em um caderno simples, através de sua louvável e comovente iniciativa foi possível conseguir as informações sobre a origem desta capela.
Segundo Maria Eugenia foram as idosas moradoras conhecidas como “Francisca do Uru” e “Francisca da Garrota Morta”, que lhe narraram os fatos que a comunidade local considera um verdadeiro milagre.
Na noite de 10 de junho de 1927, quando Lampião e seu bando se aproximavam da fazenda Caricé, a cerca de oito quilômetros da Garrota Morta, em meio às terríveis notícias, três fazendeiros da região procuraram refúgio junto às rochas da base desta elevação. Essas famílias eram comandadas respectivamente por Manoel Joaquim de Queiroz, proprietário do sítio Garrota Morta, Vicente Antônio, do sítio Cardoso e Francisco Felix, que habitava na pequena zona urbana que formava a Vila de Boa Esperança, atual cidade de Antônio Martins. Na época da passagem de Lampião, todo este vasto sertão pertencia a área territorial do município de Martins.
Durante o período que lá permaneceram, as três famílias não se encontraram e sequer se viram em nenhum momento. Em meio à aflição, estes homens solicitaram junto ao mesmo santo, São Sebastião, que os protegessem contra a ação dos cangaceiros.
No dia posterior o bando chegou próximo a Serra da Veneza. Os cangaceiros ainda palmilharam algumas casas edificadas dentro dos limites da propriedade Garrota Mortas, mas não chegaram próximo aos esconderijos no pé da serra.
Em meio ao sentimento de alivio que crescia, as três famílias que não se viam choravam de alegria e rezavam agradecendo. O mais interessante, segundo Maria Eugenia, mesmo sem existir nenhuma espécie de combinação, os três homens elegeram a mesma penitência; galgar a Serra da Veneza, erguer um oratório e ali depositar uma imagem em honra a São Sebastião.
Logo os fazendeiros e seus familiares foram a Vila de Boa Esperança a treze quilômetros da serra. Como muitos moradores da região, eles foram agradecer na capela do lugarejo, edificada em honra a Santo Antônio, o fato de nada de pior haver ocorrido. Neste local os três homens se encontraram, eram amigo, e logo debatiam sobre os fatos vividos. Para surpresa de todos os presentes, compreenderam que havia ocorrido uma interseção divina com relação a eles terem tido as mesmas idéias e os mesmos pensamentos.
O ponto branco no meio da Serra da Veneza é a capelinha - Foto - Rostand Medeiros
Em pouco tempo eles adquiriam conjuntamente uma pequena imagem de São Sebastião e logo galgavam a Serra da Veneza, para unidos edificarem um pequeno oratório. A ação dos três fazendeiros e as estranhas coincidências chamaram a atenção das pessoas na região. Outros penitentes passaram a subir a serra para pagar promessas. Mais algum tempo a comunidade da Garrota Morta já organizava uma singela procissão e não demorou muito para que o pároco local também viesse participar. Com o passar do tempo começou a ocorrer a participação de pessoas de outros municípios.
Em 1948, vinte e um anos após a passagem de Lampião e seu bando e do pretenso milagre, treze famílias da comunidade ergueram treze cruzes, formando uma via sacra entre a base da serra e o local do oratório. Cada uma destas cruzes tinha dois metros de altura e continha uma placa da família doadora. Percebendo o crescimento desta manifestação, conjuntamente estas pessoas deram início a construção da atual capela, em meio a uma intensa confraternização.
A capela foi construída em um ponto mais abaixo em relação à posição original do antigo oratório. Uma nova imagem de São Sebastião foi levada em procissão e se uniu a que ali havia sido colocada primeiramente.
Serra da Veneza - Foto - Rostand Medeiros
Atualmente a participação popular só cresce. A cada dia 20 de janeiro, inúmeros ex-votos são colocados como pagamento de promessas, velas são acesas e fiéis de vários municípios vêm participar subindo a serra. Em meio a um intenso foguetório, sempre as primeiras horas da manhã, um público que atualmente gira entre 400 e 500 pessoas, comparece ao sítio Garrota Morta e com a tradicional fé característica do nordestino, sobrem a serra. Entre as atrações do evento, sempre ocorrem apresentações de violeiros, que declamam em verso os medos e o pretenso milagre que envolveu as três famílias. Apesar da área onde a Serra da Veneza está situada não pertencer mais territorialmente a Martins, a capelinha está sob a jurisdição da Paróquia de Martins, que tem a frente o padre Possídio Lopes.
O sítio Garrota Morta esta localizado na área territorial do município de Antônio Martins, as margens da estrada que liga as cidades de Pilões e Serrinha dos Pintos. O dia da nossa visita a região estava particularmente quente, em meio a uma região já bem quente. Além do mais eram uma hora da tarde e nosso tempo era curto. Mas sei que vou voltar e subir esta serra.
Extraído do blog: "Tok de História",
do historiógrafo Rostand Medeiros