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sábado, 7 de julho de 2012

Lampião em Pinhão

Por: Juarez Conrado - Jornalista

Quando Lampião chegou
O povo se apavorou
Correndo sem direção
Mas logo queria ver
E de perto conhecer
O “governador” do sertão

Mas Menezes, bem ligeiro
Atacou o cangaceiro
Que por pouco não morreu
Duas balas em Pinhão
Quase atinge o coração
Do bandido, que correu

Do autor

Lampião esteve a 22 de abril de 1929 no lugarejo Pinhão, onde embora não cometendo qualquer atrocidade, em companhia de Ponto Fino, Moderno,  Corisco, Luiz Pedro, Mariano, Arvoredo, Volta Seca, Labareda e Fortaleza, promoveu grande saque.


Nenhuma das poucas casas comerciais ali existentes deixou de ser vasculhada pelos cangaceiros, que levaram tudo julgado interessante, como perfumes, bebidas, brilhantina para cabelos, além de relativa quantidade de balas, sem a menor reação, nem mesmo quando, na loja de Antonio Fraga, apoderaram-se praticamente de todo estoque de brim exposto nas prateleiras.

É de destacar-se um fato curioso: a princípio, quando de sua entrada em Pinhão, como nas diversas localidades onde estivera pela primeira vez,  estabeleceu-se verdadeiro pânico entre as pessoas, que, apavoradas, corriam disparadamente  em busca de abrigo seguro. Na medida, entretanto, em que Lampião demonstrou seu propósito de não praticar violência, muitos jovens, que dele e de suas extraordinárias proezas já tinham ouvido falar, aproximaram-se do grupo, de modo cauteloso, procurando conhecer pessoalmente o “capitão Virgulino”, por muitos considerado verdadeiro ídolo.

Na realidade, pelo sertão afora, nas brincadeiras de crianças envolvendo “policiais” e “Cangaceiros”, poucos eram as que aceitavam participar do grupo “policiais”. Para a maioria, o grande herói, o grande vingador, era, incontestavelmente, Lampião. Entre os mais entusiasmados pelo bando destacava-se o garoto conhecido por Joãozinho, que, aliás, fez amizade com o terrível Zé Baiano, coisa impensável, em se tratando de um bandido cruel e sanguinário como ele.

Já a saída desse lugarejo, onde permaneceu algum tempo, pacificamente, Virgulino teve a sua atenção despertada por um grupo de mulheres, apavoradas, gritando  para os bandidos, com o evidente propósito de alertá-los, que uma volante “acabara de chegar”.



Como sempre, sem precipitar-se, Virgulino distribuiu seus homens por pontos diversos, identificando-os “macacos” como pertencentes à Força Pública da Bahia e chefiada pelo tenente Menezes.

Teve início o tiroteio. Entrincheirado e uma esquina e sempre gritando impropérios contra os seus perseguidores, por pouco o cangaceiro não foi gravemente ferido: dois tiros quase o atingiram em cheio, tendo as balas, porém resvalado ligeiramente no seu corpo.

Foi longa a fuzilaria, tudo indicando que, ao término, seriam contabilizadas muitas baixas, principalmente entre os cangaceiros  que, surpreendidos e encurralados, tentavam furar o bloqueio imposto pela polícia.

Pinhão transformou-se  em verdadeira praça de guerra. Portas e janelas das casas eram apressadamente fechadas, moradores, colhidos de surpresa, corriam como loucos de um lado para o outro, receosos de serem vítimas das balas disparadas pelos litigantes.

Excelente atirador – certamente depois do tenente Menezes, o mais corajoso da tropa -, o sargento Pereira não dava trégua a Lampião, com ele travando grande tiroteio, quase como em uma luta particular. O delegado Pedro Nunes, atônico, porque sem condições de intervir, permaneceu escondido na loja de Antonio Fraga, onde não mais se encontrava qualquer cangaceiro.

Corisco teve grande influência na defesa do bando, dando cobertura ao chefe e, aos gritos, orientando os outros cangaceiros sobre como, com precisão, evadirem-se do vilarejo.

Apenas Zé Fortaleza, diante da fuzilaria, não teve como se juntar ao grupo, permanecendo sem condições de enfrentar os militares. Sozinho, escondeu-se por algum tempo em uma casa, logo conseguindo sair em fuga. Mas, pouco adiante, foi localizado por um garoto, que o confundiu com um soldado.

O tenente Menezes, mais uma vez, constatava a tremenda capacidade estratégica de Lampião, que, como sempre acontecia, evadiu-se. Disposto a tomar oi caminho de Carira, o bandido levou como refém, e para guiá-lo até lá, um morador conhecido por Deodato.


Saindo do Minuim
Em caminhada sem fim
Chegaram até Pinhão
Amoroso, Zé de Veras, Cruzeiro
Em um ataque ligeiro
Morreram sem reação

(Do autor)


Posteriormente Pinhão tornou-se palco de uma caçada da volante de Zé Luis contra o grupo de cangaceiros, que rumava para a Bahia, permanecendo algum tempo no povoado Minuim, em Santa Brígida. Perseguidos por alguns policiais, os bandidos transpuseram a fronteira entre os dois Estados e enveredaram pela caatinga. Pela manhã, logo cedo, surgiram nos arredores de Pinhão, formando um grupo constituído por Cruzeiro, Amoroso, Cobra Verde, Candeeiro. Novo Tempo e Zé de Veras.

Desorientado, sem qualquer comando e desprovido de munição, o bando não teve como fugir ao cerco da volante comandada por Zé Luis, que abriu fuzilaria e abateu Amoroso, Zé de Vera e Cruzeiro. Cobra Verde, Novo Tempo e Candeeiro, este ferido nas costas, conseguiram escapar ficando, entre os soldados, um morto identificado por João Paes da Costa. Eram mais três baixas entre os sobreviventes da horda de facínoras comandada pelo capitão Virgulino Ferreira da Silva.

Nota:

O autor deste artigo fala que Amoroso foi assassinado neste combate, mas talvez era mais de um, com o mesmo nome, pois  um Amoroso estava na Grota de Angico, quando a volante do tenente João Bezerra assassinou Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, além do soldado Adrião que, talvez tenha sido assassinado por fogo amigo.


Extraído do livro:
Lampião Assaltos e Morte em Sergipe
Autor: Juarz Conrado - Jornalista
Páginas: 92/93
Aracaju - Sergipe
Ano: 2010

FLIP 2012 – “NÃO DEIXE QUE SUBA À CABEÇA”, ACONSELHA McEWAN A JOVENS ESCRITORES


O escritor inglês Ian McEwan, um dos principais nomes da décima edição da Flip, disse ontem, durante entrevista em Paraty, que os jovens escritores brasileiros selecionados pela revista literária “Granta” não deveriam deixar a fama subir a cabeça.
Em 1983, McEwan foi ele próprio selecionado para uma edição da “Granta” com os melhores jovens romancistas britânicos.
“Não deixe que isso suba à cabeça”, disse, em resposta a que conselho daria aos jovens colegas.
“É importante o que você continuará a fazer na manhã de quarta-feira. Elimine o barulho de prêmios, entrevistas, listas. O mundo moderno adora listas.”
“Tenho um conselho de duas palavras: compareça, esteja lá todo dia, não importa se estiver mal, você tem que estar na sua mesa de trabalho todo dia às dez da manhã”, declarou.
McEwan –que neste sábado (7) participa de um debate na Flip com a americana Jennifer Egan– esteve, na última quinta-feira, no coquetel de lançamento da edição brasileira da “Granta” em Paraty.
“Senti-me fora de lugar e com inveja. Adoraria estar nos meus vinte e tantos, trinta e poucos anos. Lembro que, em 83, eu tinha publicado quatro ou cinco livros, não era um novato completo. E foi muito interessante, porque muitos dos 20 escolhidos já eram meus amigos.”
Além dele, nomes como Salman Rushdie e Martin Amis ampliaram sua projeção ao publicar na “Granta”, uma das mais influentes revistas literárias do mundo, que no Brasil é editada pela Alfaguara.

Ian McEwan – Fonte – http://bibliotecariodebabel.com

Indagado sobre a importância de cursos de escrita criativa, ele declarou que “é muito difícil ensinar literatura”.
“Você pode ensinar técnicas, mas é importante dar às pessoas a moldura, o contexto. A maioria dos bons escritores que fizeram esses cursos normalmente já chegaram bons escritores.”
O autor inglês está lançando o romance “Serena” (Companhia das Letras) mundialmente no Brasil –só depois sairá nos países de língua inglesa.
McEwan explicou que se tratou de uma “grande sorte e maravilhosa oportunidade”. Como havia a Flip em julho, o seu editor brasileiro pediu que ele corresse e ele diz ter ficado feliz.
O romancista contou que está próximo do Brasil desde que seu filho o acompanhou à Flip em 2004, se encantou com o país e, ao voltar para a Inglaterra, arranjou uma namorada brasileira e aprendeu português.

FABIO VICTOR
DO ENVIADO ESPECIAL A PARATY (RJ)


Extraído do blog: Tok de História, do historiógrafo Rostand Medeiros


Bonita Maria do Capitão


A exposição desembarca no rio Sergipe

De 10 de Julho à 05 de agosto, no Museu da Gente Sergipana em Aracaju.

Despertar o interesse sobre a história do Cangaço pela perspectiva da biografia de Maria Bonita. Este é o objetivo principal da exposição “Bonita Maria do Capitão”, que será inaugurada às 18 horas da próxima terça-feira, 10, no Museu da Gente Sergipana, fechando as comemorações ao centenário de Maria Bonita, a companheira de Lampião.

Painéis em lona de 4x2 metros, objetos que pertenceram a Maria Bonita, Bonecas, réplica da vestimenta e projeção em multimídia irão compor o acervo da exposição, que ficará no Museu da Gente Sergipana até o dia cinco de agosto, segundo informou Vera Ferreira, neta de Maria Bonita e curadora da mostra.

“Em 2009, a Sociedade do Cangaço inaugurou uma série de ações comemorativas ao centenário de nascimento de Maria Bonita, com a finalidade de romper com um histórico silencioso sobre a importância da mulher para o movimento do Cangaço, e enfatizar temáticas que discutem gênero, como também expandir o papel social da mulher na estrutura política do movimento. No ano passado lançamos o livro “Bonita Maria do Capitão” e nesta próxima terça-feira estaremos abrindo a exposição que leva o mesmo nome da publicação”, explicou Vera Ferreira.

A partir do livro e da exposição, que foi idealizada e elaborada para entrar para a história literária de Sergipe, a Sociedade do Cangaço pretende também enriquecer a discussão sobre gênero e o movimento no imaginário popular, considerando o apelo da mídia nesse processo; valorizar as artes que tratam das representações de Maria Bonita; e esclarecer acontecimentos históricos, através de  depoimentos que possibilitem a distinção entre mitos e lendas sobre Maria Bonita.

Vera Ferreira destacou que a exposição está voltada para a toda a sociedade, em particular para  docentes, discentes, pesquisadores, escritores, turistas, profissionais da Imprensa e outros formadores de opinião, artistas, artesãos e entidades culturais. Ela enfatizou a importância do patrocínio do BNB Cultural e do Instituto Banese na realização do evento.

lampiaoaceso.blogspot.com

AS CRÔNICAS DO CANGAÇO – 8 (CONFISSÕES DO VELHO COITEIRO)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

AS CRÔNICAS DO CANGAÇO – 8 (CONFISSÕES DO VELHO COITEIRO)

Certa tarde decidi colocar em prática aquilo que vinha com intenção de fazer desde muito tempo. Coloquei a mochila da história no ombro, coloquei pilha no eco do tempo, me municiei de papel da memória e da caneta do destino. E segui adiante.
Sou historiador das veredas da vida e não um agente da verdade transformada. Por isso mesmo meu compromisso maior é pesquisar, colher o inusitado, o que ninguém já nem valoriza mais, para mostrar a desconhecida saga do povo sertanejo. Meu povo. E como sou feliz por ser desse povo.
Fui no passo certo, pelo caminho que certamente levaria até ele, um velho coiteiro que agora só dava refúgio e guarida, mantinha e acobertava, às velhas recordações de áureos tempos em que desfrutou da honraria de ser amigo e contar com a confiança do rei maior das caatingas nordestinas, o Capitão Virgulino Ferreira da Silva, Lampião abrasando o seu tempo.


Já o conhecia de outras conversas, de outros encontros no descompromissado entardecer sertanejo. Sempre de boa conversa, chegado a um proseado sobre fatos e coisas matutas, ficava um pouco relutante apenas quando a conversa puxada dizia respeito aos seus tempos de coiteiro a serviço de cangaceiros.
Tentava fugir do assunto, desconversar, sempre dizendo que havia sido um tempo que já havia morrido e que, portanto, estava sepultado na sua memória. Mas eu sabia que não era nada disso, que o velho coiteiro ainda respirava aquela vida perigosa de antigamente, ainda se orgulhava do trabalho realizado para ajudar seu amigo Capitão.
Um dia resolvi fazer com que o homem abrisse de vez o seu velho baú cangaceiro, contando tudo o que sabia e o que tinha vivido naqueles tempos de sol refletindo sangue esparramado pelas veredas sertanejas. Mas não somente isto, pois também um tempo de amizades, de confiança, de se acreditar na força que o sertanejo tem.
Cheguei embaixo do tamarineiro onde estava sentado numa cadeira de balanço e pedi licença para ficar por ali um pouquinho. Gritou que seu bisneto trouxesse um banquinho e depois disse que eu havia chegado em boa hora. Perguntei por que e o velho sertanejo me falou que não suportava mais ficar muito tempo sem dizer algumas verdades do seu percurso de coiteiro.


Pediu que trouxesse uma lapada de pinga, me ofereceu outro tanto, que prontamente aceitei com um sorriso, e depois passou a mão pelo queixo de barba branca por fazer e me pediu pra olhar em direção a uma mataria que se descortinava adiante. Acompanhou o meu olhar e em seguida disse que aquilo era nada diante do corrupio catigueirento e espinhoso de outros tempos.
Era uma mata muito mais fechada, perigosa, cheia de armadilhas, de espinhos graúdos e pontas de paus que pareciam faca amolada. Só entrava ali quem tinha mesmo alguma coisa a resolver. E era nos esconderijos dessa mataria que os cangaceiros procuravam se refugiar depois dos combates e das longas caminhadas, e estas muitas vezes feitas ali por dentro mesmo.
Por isso mesmo é que tanto precisavam do coiteiro, daquele que conhecendo onde estavam escondidos, passava a ter a incumbência de ser o contato entre eles e o mundo lá fora. Não somente isso, pois também aquele que fazia chegar ao coito tudo o que precisassem. Se Maria Bonita precisasse de uma máquina portátil de costurar, então lá ia o coiteiro providenciar.
Tanto levava como trazia carta e recado. Batia na porta do coronel dono do mundo sem medo porque chegava logo dizendo de quem estava a serviço. Em seguida transportava maços de notas graúdas, caixas de munição, sacos de alimentos. Tudo isso carregado nas costas ou no lombo dos jumentos, mas sempre com o cuidado maior do mundo para não ser descoberto pela volante que se espalhava por todo lado.


Era um serviço muito difícil e perigoso de ser feito. Coiteiro macho de verdade foi torturado e até perdeu a vida de bico calado. A polícia, não sabendo que ajudava Lampião e seu bando, simplesmente ia pegando qualquer e judiando. Gente que não sabia de nada mentia, dizia que a cangaceirada estava lá pra perto da Maranduba. Na verdade estava noutra direção.
Mas o silêncio era a lei que imperava para o coiteiro. Também não podia ser diferente, pois ou se fazia de mudo ou corria o risco de morrer pelas mãos dos próprios cangaceiros. E não foi só um não, mas muitos que foram degolados pelos bandoleiros apenas porque achavam que estavam sendo traídos.
E muitas vezes eram traídos mesmo. Traição foi o que mais ocorreu no cangaço. Daí a certeza de que Lampião possuía uma misteriosa proteção lhe acompanhando, avisando sempre quando o tempo ruim estava batendo na porta, cercando o coito. Coiteiro traía, dava o mapa do lugar, mas quando a macacada chegava lá o canto já estava mais limpo.
Só não se livrou de uma traição. Ao menos é o que dizem, mas coisa que não acreditava não. Conhecia aquele que passou para a história como o traidor de Lampião e nunca achou que ele teria sido capaz de ter feito aquilo. E se houve um traidor nessa história toda foi o próprio Capitão João Bezerra, comandante da volante que acabou praticando a chacina.
E traidor porque mancomunado com o próprio Lampião, tendo gente que até via uma verdadeira amizade entre os dois. Ora, os dois já tinham sido avistados jogando baralho juntos e no meio da mataria; trocavam bilhetes, mandavam recados. 
Certa feita Lampião mandou emprestado, e sabendo que era verdadeira doação, um embornal cheio de dinheiro pro comandante da volante, da macacada.


E quem levou o dinheiro não havia sido outro não, mas o próprio coiteiro sentado ao meu lado. Então perguntei por que a volante comandada pelo Capitão João Bezerra atravessou o rio e matou o amigo Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros. E a resposta veio numa surpreendente revelação.
E disse que Lampião já sabia de tudo, até a hora do ataque da volante. E não saiu da Gruta do Angico a tempo porque não quis, o campo estava aberto pra ele seguir pra onde quisesse. Não foi embora porque já estava cansado daquela vida e preferiu se findar de uma vez a ir morrendo aos poucos.
Assim, Lampião só morreu porque quis. E a volante só atirou em quem estava ali porque João Bezerra havia afirmado que o grande Capitão não estava mais no lugar. Ao menos foi isso que ouvi do velho amigo coiteiro que já não existe mais.


(*)Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE (VI)

Por: Clerisvaldo B. Chagas - Crônica Nº 814

É sempre difícil falar nossas opiniões sobre o pensamento dos grandes sobre qualquer assunto. 
Oscar Niemeyer, por exemplo, foi autor de prédios famosos, alguns feios, outros sem ventilação. Mas quem ousa criticar o mestre, como vi em certa revista? Mas também já vi críticas sobre teses absurdas de um grande do cangaço, no próprio espaço virtual dedicado ao tema. Bem, quem escreve é formador de opiniões, cabe aos leitores, como nós aceitar ou não. Com as melhores das intenções, com seu trabalho exaustivo, sério e de fôlego, Arquimedes deixa ao leitor alguns ganchos que não comprometem sua obra. 

O assunto é vasto e nem sempre o autor dispõe de outras fontes para confronto. Pag. 129: Água Branca, Alagoas, não pertence à região do Pajeú. Págs. 150, 151 e 152: Excelente sobre Frederico Bezerra Maciel. Pag. 228: O peitica também é uma ave do interior (Empidonomus varius) parecido com o Bem-te-vi. Seu canto é considerado de mau augúrio. Págs. 252, 253: Faltando entre os quatro mais importantes combates, o primeiro de Poço Branco, quando Virgolino se firmou para o cangaço.



Houve um segundo combate de Poço Branco, logo após o assalto a Água Branca (ver depois detalhes:“Lampião em Alagoas”). Pag. 277: Ótimo, dignidade do tenente alagoano José Joaquim Grande, ao resguardar Volta Seca, mas, Pag. 351, sobre o mesmo tenente, o contrário? O tenente era homem de toda a confiança do comando. Pag. 430: Se os seguidores de Bezerra naquela noite de 27 de julho de 1938, não fossem destemidos, não teriam passado a noite enfrentando o frio terrível e o escuro para enfrentarem o bandido Lampião. 


Sobre as imundícies praticadas por Panta e outros, é outra coisa: abomináveis. Pag. 445: Nunca vi uma fotografia de Lídia para afirmar que ela era mesmo a mais bonita, pois, pelas fotos vistas, somente “bonita” era o apelido de Maria de Lampião. Aliás, beleza é questão particular de cada um. Pag. 453: O grande e excelente Costa incorporou tanto o tema cangaço, dá inúmeros títulos a Lampião e chega ao absurdo de chamá-lo Herói Nacional, (talvez um Caxias, um Tiradentes, um Plácido de Castro...) essa, com toda vênia, não engulo nem com manteiga. Pag. 455: Foram chefes de Virgolino: Matilde, os Porcino e só depois Sinhô, quando veio o apelido Lampião. Pag. 463: Tentando diminuir o mérito de José Rufino em cercar um paralítico. Quem já viu cobra cascavel paralítica sem veneno? Pag. 484: Lampião, Justiça de Deus: Um absurdo maior do que o paralítico. Essa opinião nem com manteiga e iogurte.

Não sou vaqueiro do cangaço, não sou associado ao movimento, não sou escritor e pesquisador do cangaço, propriamente dito, sou apenas um leitor exigente e como leitor, não me pode ser negado o direito de opinar, certo ou errado. Sobre a parte relativa à Maria Bonita, preferi apenas ler as palavras do Dr. Pedro de Morais, nas citações de Archimedes, bem como os veementes protestos de defesa.


Sobre ridículos, pequenos, médios e grandes escritores do cangaço: Muitos querem colocar Lampião no céu; poucos enfiá-lo no inferno; e pouquíssimosenquadrá-lo no purgatório.
Encerro aqui os meus trabalhos de uma série de seis crônicas sobre a obra de Marques, agradecendo a paciência dos leitores e a confiança do autor. Desejo todo o sucesso do mundo ao pesquisador, delegado, advogado e novo escritor desse tema complexo e de borracha que se chama cangaço. Almejamos, meu amigo Archimedes Marques, outros livros seus na praça, tão bons e gostosos de leitura quanto “Lampião contra o Mata Sete”. Parabéns.