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terça-feira, 9 de março de 2021

REVOLTA DE CANUDOS E O CANGAÇO - BRASIL ESCOLA

 

https://www.youtube.com/watch?v=xbC-lF3fwn8&ab_channel=BrasilEscola

A aula discutirá dois movimentos sociais importantes do Nordeste, Canudos e Cangaço. Os fatores que colaboraram para esses movimentos e suas características serão priorizados na análise. *Crédito da imagem: Benjamin Abrahão. Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros, 1936. Sertão nordestino, nas proximidades do rio São Francisco / Acervo IMS. Quer saber mais sobre o tema? Brasil Escola A Guerra de Canudos - http://brasilesco.la/g173 Guerra de Canudos - http://brasileiresco/b8241 Cangaço - http://brasilesco.la/b119047 Mundo Educação Guerra de Canudos - http://mundoeducacao.com/historiadobr... Euclides da Cunha - http://mundoeducacao.com/literatura/e... História do Mundo Cangaço - http://www.historiadomundo.com.br/ida... Alunos Online A Guerra de Canudos - http://alunosonline.com.br/historia-d... Lampião e Maria Bonita - http://alunosonline.com.br/historia-d... A exposição macabra no fim do Cangaço - http://alunosonline.com.br/historia-d... Escola Kids Guerra de Canudos - http://escolakids.com/historia/guerra... O fenômeno do Cangaço - http://escolakids.com/historia/o-feno... Siga-nos: Brasil Escola: http://www.brasilescola.com/ Facebook: http://www.facebook.com/brasilescola/ Instagram: http://www.instagram.com/brasilescola...

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NO JÚRI TAMBÉM TEM

 Clerisvaldo B. Chagas, 9 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.484


Fomos assistir o debate entre advogado e promotor no “sobrado do meio da rua, em Santana do Ipanema. Uma atração para cidade do interior, na época. Dr. Fernando, promotor, fora sempre uma atração à parte, que peitava bonito o advogado Dr. Aderval Tenório. Mas dessa vez o julgamento tinha o Dr. João Yoyô como advogado. Homem de fala mansa e moderada. O sobrado até que tinha muito espaço, porém a multidão ficou restrita a entrada do salão, logo após a escadaria de madeira, do primeiro andar.  O promotor acusava um cidadão de ter aplicado uma surra em outro que falecera 15 dias após. O advogado João, dizia que a morte do homem nada tinha a ver com a surra, até porque não houvera pisa nenhuma. “O acusado apenas batera levemente na vítima com um simples cipózinho de catingueira”. Foi aí que o funcionário do Banco do Brasil, João Farias, fumando muito como era seu vício e que assistia conosco o debate, disse baixinho para nós: “Já viu catingueira ´dá cipó, seu fio da peste!

Risos na porta do Fórum.

Já o advogado Aderval Tenório com seu vozeirão e sabedoria, costumava driblar a plateia bebendo guaraná batizada, istó é, debatia  bebendo uísque numa garrafa de guaraná e até o juiz seguia sem interferência.

Noutro debate – dessa vez o fórum era no prédio da atual Câmara de Vereadores – o dr. Eraldo Bulhões duelava com uma advogada. No meio da discussão, a advogada disse uma frase troncha referindo-se a uma briga entre o réu e a vítima: “Aí ele agarrou-la (rola) pelos cabelos...” Os presentes ficaram arrepiados com a frase da doutora que prosseguiu atropelando o Português. Eraldo Bulhões, que sempre foi bom e irônico orador, defendeu sua tese com galhardia. Quando encerrou suas palavras, voltou-se para nós, na multidão que acompanhava o duelo, passou pertinho e falou baixo onde só havia homens:

 “A doutora Fulana pensa que Direito é buc...”

Os homens riram, o juiz não ouviu e o preso foi solto.

Por questão de ética omitimos o nome da advogada, mas nos bastidores do Júri também tem.

ANTIGO SOBRADO DO MEIO DA RUA, VISTO DA RUA BARÃO DO RIO BRANCO. (LIVRO 230/B. CHAGAS/DOMÍNIO PÚBLICO).

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NOITES DO SERTÃO

Por Rangel Alves da Costa

O sertão possui outro retrato do que geralmente se retrato. Quem não conhece o sertão, nele só reconhece a miséria, a pobreza, a desvalia sertaneja. Mas o verdadeiro retrato do sertão é muito diferente.

O sertão é histórica, geográfica e humanamente belo. O sertão é meigo, doce e cativante. O bucolismo sertanejo traduz sempre uma sensação de humanismo, de companheirismo e afeição de um povo.

Suas cores e seus sabores, suas paisagens e seus segredos, tudo se revela em inigualável pujança. Vaqueiros, rendeiras, aboiadores, mateiros, pescadores, cordelistas, cantoras de roda, uma infinidade de belezas e tradições.

Mas nada igual ao luar sertanejo e suas noites de mistérios e encantamentos, de amores e descobertas, de estrelas e vaga-lumes. As noites do sertão sempre chegam como véus iluminados perante as durezas da vida.

As noites do sertão são lindas, grandes, imensas, poéticas, nostálgicas, orantes, pedintes. São portas que se abrem ao alto para, em direção ao luar, buscar os encantamentos da noite e da vida.

Quando as noites chegam e seu manto vai encobrindo a terra com suas cores sombreadas e escurecidas, logo as chamas do candeeiro da lua se acendem para tudo recobrir com seu dourado de paz e encanto.

A muitos, que apenas tratam a noite como parte escurecida do dia e a lua como o oposto do sol, tanto faz que após o entardecer os horizontes se encham de fogo e magia, e que os encantamentos surjam em cada raio de luar e em cada estrela que vagueia brilhosa pelos espaços.

Nada entendem de noite, de lua, e muito menos de luar sertanejo. Certamente não sabem que a lua carrega em si o dom da transformação e em cada dourado que espalha há um descortinar de sentimentos sem fim.

Igualmente não sabem de quanta simbologia há num clarão de luar sertanejo. No sertão, o luar não é de lua qualquer, não é apenas um astro noturno que brilha, não se contenta em ser somente uma luz clareando na noite.

O luar do sertão é sentimento aceso em fogo e brasa, é chama que reacende saudades, reencontros e recordações. O luar sertanejo crepita por dentro como tição e fagulha, como labareda e faísca. E tanto queima que é preciso cuidado ante sua luz.

Somente a luz do luar sertanejo para afastar as medonhices da noite e os medos dos esquecimentos. Impossível não abrir janelas, não reabrir velhos álbuns, não buscar fotografias, não reencontrar imagens de faces e feições, perante a luz que brilha lá em cima.

Nas noites do meu sertão, nada mais preciso que a luz do luar. Nas noites do meu sertão, meu coração só quer luar. E no luar o retrato vivo daquilo que sinto saudade, que amo, que merece ser recordado.

Nas noites do meu sertão, quando a lua se abre em flor, então os jardins da memória começam a brotar suas pétalas. Olhar para o alto e se encantar com o amarelado da lua, avistar a luz imensa perante a escuridão, tudo isso conforta a alma e o espírito.

Nas noites do meu sertão, quando os silêncios chamam à reflexão, nada melhor que compartilhar da voz interior com a auréola iluminada que desce do alto e a tudo envolve. Uma lua tão bela e sertaneja, tão cheia de palavras e vozes, que o silêncio se transforma em poesia e encantamento.

Bem disse o poeta: “Não há, oh gente, oh não, luar como esse do sertão...”. E digo mais: Uma luz que pacifica a alma, uma cor que enobrece o ser, um brilho que envolve todo o coração.

Na noite, nos altos e nas alturas da noite, é como se as recordações chegassem com a luz do luar. Um cheiro de café torrado, um cheiro de fogão de lenha. Vagantes vaga-lumes, réstias de candeeiros, fagulhas ainda vivas das fogueiras do tempo.

E uma canção no vento. Um vento que vem das montanhas, lá detrás dos montes enluarados, trazendo a cor da lua e o brilho das estrelas e para, perante o meu silêncio noturno, ecoar uma linda canção de amor.

De amor ao sertão. De amor à sua lua, ao seu luar.          

Escritor
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URINA PRETA

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.483

As notícias que percorreram o Brasil, da mulher que comeu peixe, pegou “doença da urina preta” e morreu, deixam os amantes de um peixinho assado como eu de antena ativada. A notícia vai mais além citando o nome do bicho que provocou a morte; trata-se do peixe de mar Arabaiana, muito apreciado nas Alagoas do litoral ao Sertão. Estar classificado pelo povo como da linha de frente com o atum, a cavala, o dourado. O caso aconteceu no Recife com uma veterinária, mas alertou consumidores do Brasil inteiro. O peixe contaminado com toxina, não demonstra mudança no aspecto o que leva ao consumo inocente de qualquer um. Credo em cruz doença da urina preta! Pode ser transmitida por outras espécies de peixes e por crustáceos, segundo informações.

Rememorando a pesca em Santana do Ipanema, precisamente no Poço dos Homens, poço formado por trás do casario do Comércio no rio Ipanema, dividia-se a pesca ao longo de todo o poço. Na parte mais rasa, era feita pela meninada, adolescentes e mulheres, com litros para piabas. A parte mais larga e mais profunda do poço, era dos adultos que pescavam com tarrafas e anzóis. A parte estreita, também era utilizada por adultos que pescavam com anzóis e raramente à mão, nas locas do poço. O ex-baterista Toinho, apelidado “Toinho dos Fogões” e depois “Toinho das Máquinas”, era exímio pescador de mandim, no anzol. Solitário, parecia espantar a amargura dos dias difíceis de consertador de fogões e depois de máquinas de costura, nas águas convidativas do Poço dos Homens.

Certa feita, o ex-baterista dos áureos tempos dos grandes bailes nos clubes de Santana, afirmou e cumpriu: “Não venho mais pescar. O peixe estar aparecendo com uma doença feia que forma um caroço no lombo. Acho que é câncer”. E assim, Toinho teve que complementar o pão da família de outra maneira. Era revoltado porque os políticos da época faziam-se de cego às suas necessidades. Foi o único pescador a alertar às pessoas do que estava acontecendo com a saúde dos peixes do rio Ipanema, trecho urbano. Mesmo assim, desconhecemos qualquer providência das autoridades sanitárias sobre o alerta de Toinho. Ainda hoje mais de trinta famílias fazem a pesca miúda no trecho e nada de amostra de água nem de peixe nos laboratórios, pelo menos publicamente.

E se os peixes do Ipanema, não transmitiam a tal doença da Urina Preta, talvez transmitisse coisa muito pior para a inocência das famílias e vistas grossas de quem mandava na época.

POÇO DOS HOMENS EM 2006. (FOTO: LIVRO 230/B. CHAGAS).

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ZÉ SERENO, CABRA DE LAMPIÃO.

Por Beto Rueda

Lampião, ao atravessar o Rio São Francisco em direção a Bahia, conheceu muitos homens dispostos que fizeram parte seu grupo. Entre eles, Zé Sereno.

José Ribeiro Filho nasceu em vinte e dois de agosto de 1913, nas proximidades de Chorrochó, na época município de Curaça - Bahia.

Seu pai, José Ribeiro dos Santos, faleceu meses depois do seu nascimento. A mãe, Lídia Maria da Trindade, era irmã dos cangaceiros conhecidos como os Engrácias, Antônio e Cirilo, e também do conhecido Cionário, cujos filhos Antônio e Luiz foram igualmente cangaceiros. Outro irmão de Lídia era vulgarmente chamado de Faustino Mão de Onça e pai do afamado Zé Baiano, o ferrador.

Zé de Lídia, como era chamado, teve vários irmãos: Rufino, o mais velho, deixou a casa para constituir sua própria família. Pobre, não tinha condições de ajudar nas despesas da casa da mãe. Antão, sentou praça na polícia, destacado para a vila de Capim Grosso. Também não deu nenhum apoio a viúva. Matias, caiu no mundo e sumiu. Leocádio, morreu cedo. Zeca, de saúde frágil, esteve muito tempo adoentado. As irmãs eram três, Lúcia, Otília e Luiza.

Na sua infância sofrida e sem perspectivas, fazia pequenos serviços para ajudar no sustento de casa. Comprava e vendia peles de bode e outros pequenos negócios. Com quinze para dezesseis anos passou a montar burros bravos e andava pelos matos a procura de reses desgarradas, ficando entre a vida de domador e vaqueiro.

Por motivo da doença de Zeca, mudaram-se para Capim Grosso, onde morava seu irmão Antão, que os recebeu com indiferença, negando-lhes qualquer auxílio. José, ainda adolescente, ficou com a responsabilidade do sustento familiar. Trabalhou muito, não enjeitava serviço.

Depois de mais um período enfermo, Zeca não resistiu e também faleceu.

O tempo passou e Zé de Lídia, após uma briga feia com um soldado de nome Lau, jurado de morte e aconselhado por amigos, resolveu procurar um coiteiro dos tios e entrar para o bando cangaceiro de Antônio e Cirilo de Engrácia.

Chegou em casa e contou para a mãe que ia participar de uma novena em um sítio distante. A velha deu a benção ao filho, jamais imaginou que seria a última vez, a despedida.

Durante o tempo em que resolviam sobre o destino de José, aconteceu o assassinato do seu tio Antônio, morto pelo próprio irmão Cirilo, que ficou como líder.

Acompanhado pelo coiteiro, seguiram em direção as caatingas existentes da fazenda Retiro. Quando chegaram na metade do caminho, o coiteiro tomou outra direção e ensinou José o caminho a seguir, para encontrar os outros cabras que o levariam até Cirilo. José desarmado, ficou esperando no lugar combinado.

Logo depois apareceram dois primos seus, Sabonete e Manoel Moreno, que tinham entrado no grupo dias antes. Deram a ele uma Mauzer e os três foram ao encontro de Cirilo. Era o princípio do mês de junho, de 1931.

No dia seguinte ao seu ingresso, foram encontrar Lampião que estava acoitado no Raso da Catarina. Zé Baiano apresentou o rapaz ao chefe maior.

Meses depois, Lampião seguiu para Pernambuco e Cirilo ficou com os seus parentes, Manoel Moreno, Zé Sereno e Jararaca. Após alguns dias de viagem, José se desentendeu seriamente com Moça, companheira de Cirilo. O tio, que tinha ido buscar algumas encomendas de um coiteiro, quando voltou, tomou as dores da amada e foi tirar satisfação com o sobrinho, querendo bater. José manobrou o fuzil e disse: - Me bate e eu não conto os buracos!

Jararaca e Manoel Moreno ficaram atrás de Sereno cobrindo-lhe as costas, afirmaram o seu apoio ao primo.

Resolveram deixar o tio. Viajaram os três e nunca mais encontraram o parente.

Esse foi o início da ascensão. Desse dia em diante não era mais o Zé de Lídia e sim o destemido Zé Sereno, chefe de grupo. Era o ano de 1932.

- Julho de 1935 - Morre Cirilo de Engrácia, tio de Zé Sereno.

- 1936 - Visita de Zé Sereno e Mariano a fazenda Barra do Ipanema em Alagoas.

- 07 de junho de 1936 - Morte de Zé Baiano e seus três cabras no lugar Alagadiço, Sergipe.

- 1936 - Zé Sereno une-se a Sila em Sergipe.

- Agosto de 1936 - Zé Sereno e Lampião prendem Dao de Chico Carvalho.

- Janeiro de 1937 - Os irmãos de Sila entram no grupo de Zé Sereno.

- 1937 - Tiroteio na lagoa do Crauá ou fogo da lagoa de João Domingos, ferimento do cangaceiro Novo Tempo, irmão de Sila.

- Junho de 1937 - Nasce João do Mato, primeiro filho de Zé Sereno e Sila.

- 1937 - Zé Sereno e seu grupo entram na vila de Gado Bravo, Sergipe.

- 1937 - Zumbi, um dos cabras de Zé Sereno, é morto no tiroteio da fazenda Salobro.

- Junho de 1937 - Morre Manoel Moreno, primo de Zé Sereno.

- 28 de julho de 1938 - Angico: morte de Lampião, Maria Bonita e mais nove companheiros. Zé Sereno e Sila que estavam presentes, conseguem escapar.

- Agosto de 1938 - Tiroteio em Pinhão, Sergipe.

- Fins de agosto de 1938 - Entrega de Zé Sereno comandando vinte e seis cabras em Serra Negra, Bahia.

- 1938 - Zé Sereno e outros cangaceiros ajudam na perseguição dos grupos de Corisco e Ângelo Roque, o Labareda.

- 1939 - Zé Sereno e outros cangaceiros são levados a Salvador, para prestarem depoimentos.

- 1939 - Vinte dias depois Zé Sereno e seus companheiros retornam, a cidade de Geremoabo.

- Fins de 1939 - O capitão Aníbal aconselha Zé Sereno a deixar a região onde vivera como chefe de grupo.

Após deixarem o cangaço, Zé Sereno e Sila andaram pelo Sul da Bahia, Minas Gerais, interior de São Paulo, retornaram a Minas Gerais e finalmente mudam para a capital paulista em 1945, onde fincam raízes e formam família.

Em dezesseis de fevereiro de 1981, Zé Sereno, um personagem real, figura controversa e importante para o estudo do tema cangaço, que percorreu as caatingas dos Estados da Bahia e Sergipe como chefe de grupo de Lampião, morre de infarto no Hospital Municipal de São Paulo.

REFERÊNCIAS:

ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Gente de Lampião: Sila e Zé Sereno. São Paulo: Traço, 1987.

ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: As mulheres e o cangaço. 2.ed. São Paulo: Traço, 2012.

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MORTE DO AMÂNCIO FERREIRA DA SILVA O DELEGADO DELUZ - PARTE 2

 Por José Mendes Pereira


JOÃO MARIA VALADÃO UM DETETIVE                      

O patriarca dos Marinhos o João Marinho tinha outro genro chamado João Maria Valadão e era casado com Maria alcunhada Maninha. João Maria Valadão nasceu e foi criada no Olho d’Água, uma fazendinha dos arrabaldes. Não se pode afirmar que era muito amigo  do marido da cunhada, mas mantinha boas relações de amizade com o carrasco delegado. Devido esta aproximação com o concunhado ele foi incumbido pelo João Marinho para saber do Deluz a verdade sobre o que acontecera entre ele e a esposa, já que com três dias de convivência foi entregá-la. E assim saiu o João Maria Valadão ao encontro do temido patenteado para cumprir a missão que lhe foi confiada, e saber o motivo da entrega da Dalva ao pai. O Valadão confiava em sua coragem e mais ainda na amizade que tinha com o militar. Tinha certeza de que se sairia muito bem de sua empreitada. Com esse pensamento, partiu até a propriedade do afamado militar.               

Mesmo sem esperar aquela visita Deluz o recebeu com alegria e muito respeito. Os dois conversaram bastante. E em certo momento João Maria Valadão perguntou-lhe o porquê dele ter devolvido a Maria Dalva aos seus pais.                                

Ao ouvir isso dito pelo o concunhado o carrasco se espantou um pouco, pois jamais esperava uma conversa desta. Mas mesmo assim, deu a resposta, mostrando que não havia gostado. A Dalva tinha sido criada no meio de muito carinho. Ele era como uma suçuarana e os seus gênios totalmente diferentes, e não tinha sentido de um casal morar sob o mesmo teto e viver brigando. Ela não concordava com as suas opiniões, assim como ele não concordava com as dela.

João Maria fica ali, meditando, com o olhar para o chão, com a mão direita segurando o dedo anelar e rodando a aliança. E em seguida, levanta a cabeça dizendo que ele tem razão.

Alguns dias depois Deluz e Dalva resolveram unirem os cacarecos novamente. Seria uma nova tentativa ou para o bem ou para o mal.           

A convivência dos dois já começou sem muita afinidade um com o outro. Em casa não tinham diálogo. Uma para ali e o outro para acolá. O delegado Deluz quando não estava no destacamento, tomava rumo à sua propriedade para fazer os trabalhos rotineiros e por em prática os seus projetos. Ninguém no São Francisco contrariava as opiniões do militar, porque eram respeitadas por todos. 

Família Britto, tendo ao centro Dr. Hercílio Britto e sua esposa. (Hercílio penalva) - http://informativocaninde.blogspot.com/2012/03/francisco-cardoso-de-britto-chaves.html

Tudo que ele fazia contra a alguém tinha a proteção de um doutor chamado Hercílio Porfírio de Britto que era  filho e herdeiro do coronel Chico Porfírio e outros com influências políticas do Estado sergipano. O militar não só tinha apoio desses poderosos, como se ele se considerasse um grande rei daquela região do sertão do São Francisco. 

Os sertanejos não pouparam e o nomearam com deboche de "animal selvagem" por não ter dó de ninguém, porque era capaz de exterminar qualquer vida, sem que ninguém pudesse opinar. Um homem rancoroso e de atitudes severas ao extremo.  Só o seu jeito físico deixava qualquer um tremendo de medo. O Deluz era dono de um físico assustador, forte, gorducho, membros largos e tinha a fala mansa e fina.

Apesar da posição que lhe foi dada pelos que o protegiam, mesmo assim, Deluz era viciado em cigarro de fumo de corda fabricado em Arapiraca no Estado de Alagoas, seus cigarros eram enrolados com palha de milho. Quando o militar não estava fumando, mas a sua boca era ocupada com um punhado de fumo bravo.                          

Segundo os historiadores pode-se afirmar que Maria Dalva filha do João Marinho nunca soube o que era um instante de paz e de amor em sua vida de casada.

Desde o dia em que foi para o altar, posteriormente retornando à casa do pai para festa de casamento, e dali para o seu novo lar, a infelicidade entrou em sua vida, deixando-a reprimida e sujeita às ordens de um animal humano, sem lhe dar o mínimo respeito diante das pessoas que lhe rodeavam. O militar sempre estava de cara trancada, usando as suas atitudes grosseiras, e exigia que a esposa o obedecesse como os militares respeitam os seus comandados. 

Dalva jamais deu  valor às suas ordens e dizia ainda que ela era a sua esposa, e não tinha nada a ver, viver sob ordens grosseiras que faziam parte de regime militar. Não o obedecendo começaram logo as brigas. 

Com esse comportamento terrível do Delegado a Dalva não o considerava como marido, e sim, um carrasco que havia entrado na sua vida para lhe cobrar, como se ela fosse um subordinado das suas leis que a ela ordenava.  A Dalva de forma alguma não aceitava os seus arrufos. De gênio forte enfrentava o violento cônjuge sem medo e, com isto, as desavenças não paravam um só instante, e para que começasse, bastava ele está em casa. Enfrentava-o sem medo, mas com ódio, dizendo-lhe que as ordens militares eram para os seus subordinados, e não para ela.

PARA O BEM OU PARA O MAL DALVA ENGRAVIDA.   

Como todo ser humano que se casa quer um filho Dalva não era diferente, e  com todo esse clima de infelicidade entre os dois, Maria Dalva engravidou, achava ela que engravidando iria melhorar a convivência do casal. A família estava meio na dúvida, mas mesmo assim muda o seu pensamento e passa a desejar-lhe boas vindas ao filho que iria nascer nos próximos meses. Quem sabe, poderia ser um anjo enviado por Deus para acalmar aquele clima de tristeza e infelicidade no lar da Dalva e do militar.    

Aparentemente, todos da família de Dalva entendiam que o Deluz  estava feliz.  E talvez com demonstração que a sua vida conjugal caminhava bem, logo pediu terras no Brejo ao sogro João Marinho, que de imediato foi concedida a sua solicitação, já que antes o casal vivia de brigas. O sogro estava satisfeito com o interesse do genro pela agricultura e criação de animais. A intenção da família era de que tudo se ajeitasse, e Dalva pudesse ser feliz em seu casamento.

GRAÇA A DEUS DALVA DESCANSA EM PAZ                                                                          

Os meses foram se gastando progressivamente e Dalva começou a sentir as esperadas dores do parto. A parteira do lugar já estava preparada para qualquer momento trazer ao mundo o filho de Dalva e do carrasco Deluz. Finalmente, o instante chegou. Um chorinho baixinho no quarto anunciou a chegada do bebê.  Era uma menina linda, forte e aparentemente cheia de saúde. A mãe estava orgulhosa e feliz pelo nascimento da filha. Adélia era o seu nome, e este fora escolhido em uma reunião dos familiares. O pai o Deluz não demonstrou nenhuma felicidade com o nascimento da filha. O seu desejo era um filho, e continuou o mesmo de sempre: arrogante, sem graça, aborrecido, bruto e rancoroso diante dos familiares da Dalva.    

O CARRASCO DELUZ AMEAÇA QUEIMAR MÃE E FILHA

Nem nos primeiros dias do seu resguardo Dalva teve paz. O poderoso delegado amanhecia com o cão nos couros, feito um animal indomável, e para mostrar a sua insatisfação, e desprovido de dó, ameaçou a esposa. Mas ela o enfrentou sem medo de suas grosserias. Não tendo como se vingar da esposa, já que ela não se rendia aos seus arrufos, ou talvez porque queria um filho e veio uma filha, o sargento vingou-se, fechando a porta do quarto onde estavam mãe e filha, e não mudando o seu pensamento, derramou uma lata de querosene na casa e ameaçou incendiá-la com tudo que tinha dentro, inclusive sua filha e esposa.                

Quando a vizinhança tomou conhecimento da maldade do Deluz correu toda desesperada em gritos, chorando e agoniada ao tomar conhecimento da impiedosa atitude do cruel delegado. A solução agora era pedir socorro urgente aos seus comandados policiais. E com agilidade, os policiais chegaram e dominaram o seu comandante enlouquecido que já estava de fósforo às mãos para riscá-lo e queimar esposa e filha. Caso tivesse acontecido o incêndio na residência, mãe e filha tivessem escapadas do fogo, a convivência do casal se complicaria mais ainda, além da acirrada intriga que o Deluz adquiriria com os pais e irmãos da Dalva. O gênio amalucado e a brutalidade do Deluz, traziam grande infelicidade para toda família. Para ele, a Dalva já não era considerada uma esposa. Já fazia meses e meses que o seu amor pela Dalva tinha se acabado.

As pessoas que assistiam de perto o sofrimento da moça do Brejo, diziam penalizadas, que a Dalva não tivera sorte. Criada sobre os olhares cuidadosos e carinhosos do pai, da mãe e de toda sua família, agora vivia sobre pressão de um terrível marido. Uma pessoa tão boa se encontrava nas mãos de um vingador. 

CONTINUA AMANHÃ...

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SILA - PRECONCEITO E SOFRIMENTO

Por Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=WTOpqsGycLs&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Sila - Preconceito e sofrimento Inês Romano entrevista Sila para o Programa Arte & Debate. Fortaleza, 1998. Assista no link abaixo um vídeo onde eu falo sobre as luzes que Sila viu. https://youtu.be/1CmwW-gNE04 

​ Link desse vídeo: https://youtu.be/WTOpqsGycLs

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DEBATES LOGO MAIS À NOITE!

 Por Aderbal Nogueira

Hoje às 20 horas um bate papo descontraído sobre as pesquisas de campo nos anos 90 e início dos anos 2000. Lemuel RodriguesPaulo Moura e Ângelo Osmiro Barreto pesquisadores que conheceram vários remanescentes do Cangaço como Candeeiro, Durval, João Gomes de Lira, Sila, Moreno, Pompeu Aristides de Moura, Adília, Luiz Cazuza, Durvinha, Neco de Pautilha, Vicente Rodrigues, entre outros. 

Canal Aderbal Nogueira Cangaço no YouTube.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=1596718910537047%2C1596682880540650%2C1596285407247064&notif_id=1615205580486838&notif_t=group_activity&ref=notif

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