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domingo, 5 de julho de 2020

LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com o professor Francisco Pereira Lima através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína, pelo e-mail: 

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 

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LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.

O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:
 josebezerra@terra.com.br
(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799

 Pedidos via internet:

Francisco pereira Lima 
franpelima@bol.com.br

Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
E-mail:   lampiaoaraposadascaatingas@gmail.com

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.

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SINHÔ PEREIRA



O Odisseia Cangaço foi até Serrita, no estado de Pernambuco, para falar sobre um dos maiores nomes do cangaço, o famoso Sinhô Pereira. Vamos falar sobre a saída desse valente cangaceiro do cangaço e sua relação com o jovem e promissor cangaceiro Virgolino Ferreia da Silva, vulgo Lampião. Se inscreva no Canal Odisseia Cangaço

Música neste vídeo
Música
Artista
Álbum
A Raíz do Nordeste
Writers
Miguel Lima, Luiz Gonzaga
Licenciado para o YouTube por

SME, Believe Music (em nome de World Music Records); UNIAO BRASILEIRA DE EDITORAS DE MUSICA - UBEM, SODRAC, LatinAutor e 3 associações de direitos musicais.

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DELMIRO GOUVEIA: CRIME SEM PUNIÇÃO


Processo judicial da morte do industrial Delmiro Gouveia chega ao TJ; após revisão criminal, culpados foram inocentados

A última quarta-feira, 8, deu desfecho a uma parte importante da história do país e em particular do Sertão nordestino. O desembargador aposentado Antonio Sapucaia entregou ao presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), desembargador Sebastião Costa Filho, autos originais de processos históricos que tramitaram na Justiça alagoana no final do século XIX e início do século XX, entre eles o que investigou a morte do industrial Delmiro Gouveia, em 1917. 

“Meu pai foi vítima do truste internacional quando vivo e morto sofre com o truste nacional do esquecimento”. Essa foi uma declaração da filha do industrial Delmiro Gouveia, publicada na revista O Cruzeiro, em 1955, quando em uma inauguração de uma hidroelétrica em Paulo Afonso, não houve menção ao nome do industrial precursor. Justamente tal injustiça motivou historiador e presidente da Fundação Delmiro Gouveia, professor Edvaldo Nascimento, conhecer e divulgar o legado do desbravador do Sertão.

Atualmente, o professor Edvaldo Nascimento faz mestrado na Ufal abordando a história de Delmiro Gouveia. Ou seja, conhece tudo sobre aquele que saiu do nada, ficou órgão aos 15 anos, trabalhou nas mais simples funções e chegou aos salões mais bem frequentados da Europa do final do século XIX.

Nascimento relatou um pouco da história de Delmiro Gouveia. “Ele foi um sertanejo que saiu de uma situação de sobrevivência para ser o ‘Rei das Peles’ [Delmiro Gouveia foi o maior exportador de peles do Nordeste]”, frisou o professor. O lucro com esse comércio deu o poder financeiro que provocou a ira de seus inimigos. Após revisão criminal nos anos de 1980, processados foram inocentados. 

De acordo com a assessoria de comunicação do TJ, o processo que apurou a morte de Delmiro - após prévia digitalização de seu conteúdo - será colocado à disposição para consulta pública. “Historiadores, estudiosos e operaadores do Direito agradecem tal iniciativa”, comemorou Nascimento.

O professor Edvaldo Nascimento contou um pouco da odisseia histórica de um dos homens mais importantes do século XX para Alagoas. “Ele perdeu o pai muito cedo e a mãe com apenas 15 anos de idade”, explicou Nascimento.

Sozinho no mundo, destaca o professor, o prodígio começou a trabalhar no cultivo do algodão e na extração de peles. Demonstrando grande habilidade, logo se tornou agenciador, negociante e com um pulo se tornou trabalhador das empresas americanas que comercializavam as matérias-primas. “Entrou no comércio e de tanto sucesso foi para a indústria. Ganhou dinheiro, muito dinheiro”, disse.

Sua ascenção e crescimento de sua riqueza eram fruto de sua visão de futuro. Delmiro criou em Recife-PE o primeiro shopping de que se tem notícia, o Mercado do Derby, e em seguida ficou conhecido como o “Rei das Peles”, por ter se tornado o principal exportador do produto no Nordeste brasileiro.

Ganhou como inimigos o vice-presidente da República da época Rosa e Silva e o governador de Alagoas, Sigismundo Gonçalves. Ambos infernizaram a vida de Delmiro, retiam cargas, prendiam peças, e até segundo contam, incendiaram o Mercado do Derby.

De volta a Alagoas, sob a proteção do então governador Euclides Malta, vislumbrou utilizar a força das águas do São Francisco como gerador de energia, em 1909. Morto em 1917, governo é pressionado para apontar os culpados. São indicados Rócio Moraes, preso e morto afirmando que não matou Delmiro; Antonio Felix e José Marcio Pia. Sendo que os autores intelectuais nunca foram punidos: José Rodrigues de Lima, chefe político de Piranhas (AL) foi eleito deputado e nunca respondeu pelo crime, sendo assassinado no Centro de Maceió; e José Gomes de Lima e Sá, chefe 



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LIMÕES X JESUINO

Achados do Cangaço da Família Limão

Por Epitácio de Andrade

“José Rodrigues de Barros ficou considerado como o patriarca dos Limões, porque se casou com Maria Rosalina da Conceição, irmã de Preto Limão”, assim afirmou José Alves Rodrigues, conhecido como “Zé Limão”, neto do “patriarca”, em entrevista a Epitácio de Andrade Filho, autor de “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, no último dia 15 de dezembro, em sua residência no Bairro Paulo VI, na cidade de Caicó, na região do Seridó do Rio Grande do Norte.

  

No final do Século XIX, o Cearense José Rodrigues de Barros assumiu a liderança do Grupo étnico representado pela família Limão, principal algoz dos “Brilhantes”, ao se casar com uma irmã de Preto Limão, único sobrevivente masculino da família remanescente do conflito cangaceiro e comandante da emboscada fatal contra Jesuíno Brilhante, na Comunidade Santo Antônio, na zona rural de São José de Brejo do Cruz, na fronteira paraibana, em dezembro de 1879.


O Patriarca aos 100 anos 
Reprodução: Epitácio Andrade


A primeira imagem do “Patriarca dos Limões” foi resgatada pelos pesquisadores Emanoel Amaral e Alcides Bezerra de Sales, em 1981, quando levantavam dados para a elaboração da Revista “Jesuíno Brilhante em História de Quadrinhos”, na Comunidade Saco dos Limões, na zona rural do município de Patu/RN, terra natal do Cangaceiro Jesuíno Brilhante (1844). A fotografia é datada do início do século passado e foi apresentada pelo neto José Alves Rodrigues, 60 anos, o mesmo membro da família Limão, que trinta anos depois, apresentou a fotografia do avô aos 100 anos (1963), para ser reproduzida pelo Escritor Epitácio de Andrade Filho.


Festa dos 100 anos do “Patriarca dos Limões” 
Reprodução: Epitácio de Andrade

No ano de 1963, a família Limão comemorou festivamente o centenário do Patriarca José Rodrigues de Barros, que nunca participou de atividades cangaceiras, mas teve a tarefa de proteger a família das possíveis recidivas do conflito, depois da morte de Jesuíno Brilhante, organizando inclusive, um esconderijo inexpugnável e recôndito, o “Saco dos Limões”. Na festa do centenário, o grande líder já não contava com sua companheira Maria Rosalina da Conceição, a Limão genuína, que faleceu com cerca de 50 anos, provavelmente no final da década de 20 para início dos anos 30 do século passado, e se encontra sepultada no cemitério de Catolé do Rocha, no vizinho estado da Paraíba.


Do casamento de Seu José Rodrigues Barros com Rosalina Limão, que moravam no Sítio Coroatá, na zona rural entre Patu e Almino Afonso, saíram vários filhos, entre homens e mulheres. O mais velho Antônio Limão migrou para o norte do país e lá permaneceu até a morte. Em 1888, nasceu Zé Limão, que foi fotografado por Emanoel Amaral aos 93 anos, no ano de 1981.

Zé Limão aos 93 anos 
Foto: Emanoel Amaral - 1981

Em 1898, nasceu Luiz Limão ou Luiz Catonho que se casou com Anelita Alves Rodrigues, afilhada de Valdivino Lobo, o mais abastado dos fazendeiros inimigos de Jesuíno Brilhante e coiteiro dos Limões na região do Catolé do Rocha e Brejo do Cruz, na fronteira paraibana. Em 1981, o pesquisador Emanoel Cândido do Amaral também fotografou Luiz Limão.
Luiz Limão aos 83 anos 
Foto: Amanoel Amaral - 1981

José Alves Rodrigues, Zé Limão, é filho de Luiz Catonho com Anelita Alves Rodrigues, e em 1981, acolheu Emanoel Amaral e Alcides Sales para prestar informações sobre a família Limão e posar para uma fotografia nas adjacências do “Saco dos Limões”, com seus filhos Ângelo Márcio e Marcélio Alves, que na época tinham sete e três anos, respectivamente.


Zé Limão com filhos Marcélio e Ângelo 
Foto: Emanoel Amaral - 1981

Coincidentemente, no dia 15 de dezembro de 2011, data da visita a residência de José Alves Rodrigues, em Caicó, estava completando 28 anos da morte de Seu Luiz Limão, que faleceu em 1983, e se encontra sepultado, juntamente com seu pai, o “Patriarca dos Limões”, no cemitério velho do antigo povoado da Caiera, hoje Almino Afonso, no Rio Grande do Norte.

Luiz Limão aos 75 anos 
Reprodução: Epitácio de Andrade
Seu Zé Limão, aos 60 anos, está na terceira geração posterior ao cangaço da segunda metade do século XIX. O seu pai, Luiz Limão com os irmãos, compõem a segunda geração pós-cangaço jesuínico, e o casamento do “Patriarca” com Rosalina Limão é o representante da primeira geração, imediatamente posterior ao cangaço dos Brilhantes com os Limões. Esta sequência geracional pode ser observada no álbum familiar, exposto na sala principal da casa de Seu José Limão, em Caicó/RN.


A família Limão tem uma consciência pela preservação da memória muito acurada. Mantem sob sua guarda um acervo de fotografias, apetrechos, moedas, cédulas e armas, que segundo José Limão “pertencia aos antigos”. Em 1981, quando foi fotografado por Emanoel Amaral mostrava uma espingarda de caça, que preserva até hoje. Mesmo informando que é um objeto de 40 a 50 anos, a preservação é, por ele, justificada como lembrança do momento da pesquisa e como símbolo de que “os Limões faziam suas próprias armas”.


Espingarda fotografada em 1981 no Saco dos Limões – Patu/RN 
Foto: Epitácio Andrade

Contemporânea do período do Cangaço dos Brilhantes com os Limões (1870-1880), Seu Zé Limão apresentou uma faca, cujo cabo de madeira se desgastou ao longo de mais de uma centena de anos, sendo substituído por uma haste de aço, porém a grande lâmina de ferro fundido foi preservada.


Lâmina de uma faca do cangaço dos Limões 
Foto: Epitácio Andrade


Seu Zé Limão preserva uma cédula antiga, “do tempo do cruzeiro”, com a imagem de Duque de Caxias, para preservar a memória de que “os Limões resistiram ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai”.


 Cédula de Cruzeiro com imagem de Duque de Caxias 
Foto: Epitácio Andrade

O acervo de moedas cunhadas em 1870 preserva a memória da proteção dos comboios do comércio primitivo do sertão, que era promovida pelos membros da família Limão, depois da aliança com os Lobos e os Lobatos, controladores da economia loco - regional. Não seria desnecessário afirmar que os Limões foram agentes pró-ativos de importantes lutas sociais, e como afirma Alicio Barreto em “Solos de Avena”, “é possível que voltaram ricos do quebra-quilos”.


Moedas do período do Cangaço 'Jesuínico'
Foto: Epitácio Andrade

Com muita cordialidade e presteza o Aposentado José Alves Rodrigues (Zé Limão) e sua esposa Maria Emília Cordeiro Alves, que é da descendência de Jesuíno Brilhante, prestaram as informações solicitadas pelo pesquisador Epitácio Andrade e serviram café num bule datado do início do século passado.


Bule do início do séc. XX 
Foto: Epitácio Andrade

Igualmente gentil foi o filho de Seu Zé Limão, Ângelo Márcio, que tem total lembrança da visita feita por Emanoel Amaral e Alcides Sales no início dos anos 80 do século passado, ao “Saco dos Limões”.


Ângelo Márcio, Zé Limão e o Autor de “A Saga dos Limões” 
Foto: Josivaldo Araújo

Os próximos passos serão uma visita ao “Saco dos Limões”, na zona rural do Patu, ao Sítio São Francisco, no Catolé do Rocha, e uma entrevista com Manoel Catonho, para consolidar informações para a segunda edição ampliada de “A Saga dos Limões”.

*Epitácio de Andrade Filho é autor do livro "A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, Médico Psiquiatra e Pesquisador Social.


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SINHÔ PEREIRA UM CANGACEIRO ADMIRADO PELOS ESTUDIOSOS DO CANGAÇO

Por José Mendes Pereira

Foi um cangaceiro de primeira categoria e admirado por todos que estudam o cangaço. Homem de coragem ao extremo, e não tinha medo de enfrentar os seus desafetos.  

Sebastião Pereira da Silva mais conhecido como Sinhô Pereira e nasceu em Serra Talhada no Estado de Pernambuco no dia 20 de janeiro de 1896. Era descendente do coronel Andrelino Pereira da Silva o barão de Pajeú. Era alfabetizado e trabalhava no campo.

Desde o início do século XX a família Pereira já era envolvida em conflitos políticos e brigas por posse de terras com a grande família Carvalho, o que gerou diversos assassinatos em ambos os clãs.

Sinhô Pereira tomou posição e ingressou no cangaço juntamente com seu primo Luiz Padre porque foi assassinado um dos patriarcas da família famoso político local. E juntos, os primos formam um bando numeroso que mais tarde incluía Virgulino Ferreira da Silva recebeu a alcunha de Lampião e tinha parentesco com a família Pereira.

Aos 26 anos de idade Sinhô Pereira resolveu deixar o cangaço a pedido de padre Cícero Romão Batista e em 1922 entregou o seu bando a Lampião, em virtude de seu comportamento violento.

Pressionado politicamente e perseguido por forças policiais, viajou com o primo Luiz Padre para Goiás e Minas Gerais, onde obteve o título de cidadão mineiro.

Sinhô Pereira faleceu em Lagoa Grande Minas Gerais numa manhã do dia 21 de agosto de 1979.

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BOA TARDE!



Quando o chão tá ressecado
Qua a nuvem não vem a serra
A seca maltrata a terra
E a sede manda o recado
Meu corpo está hidratado
E a raiz funda no chão
Broto fruto no verão
Sem reclamar da carência
*Eu me chamo resistência*
*Sou um cacto do sertão*


*Glosa: Charles Sant'Ana*
*Mote: Titica Alves*



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O QUE A FEB ENSINOU SOBRE DIVERSIDADE RACIAL EM PLENA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Ilustração existente na página 27 do livro “Brazilian Expeditionary Force in Wolrd War II”, de César Campiani Maximiano e Ricardo Bonalume, que mostra o soldado Francisco de Paula municiando um obuseiro de 105 m.m. na Itália, em setembro de 1944.
Enquanto os debates sobre igualdade racial dominam o debate público no ano em que se comemora os 75 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, é possível destacar que a Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi o único contingente racialmente integrado em um conflito em que as tropas dos principais atores do campo de batalha tinham divisões segregadas. E temos muito o que aprender com isso. 
Com um Exército pouco equipado e uma Marinha defasada em termos de tecnologia, parecia óbvio pensar, na época, que seria mais fácil uma “cobra fumar” – expressão que nasce diante de uma descrença pública generalizada – do que o Brasil entrar na 2ª Guerra Mundial. No fim, o maior país da América Latina foi o único do continente a enviar tropas. 
Força Expedicionária Brasileira em acampamento no Campo de Gericinó, no Rio de Janeiro
Foto: Acervo Arquivo Nacional
“A FEB foi uma coisa revolucionária para o Brasil, mas de certa forma ela também foi revolucionária para os aliados. Embora houvesse um racismo velado, como era comum à época, a FEB foi a única tropa aliada racialmente integrada”, explica o historiador e professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) Sandro Teixeira. 
Além da luta contra o nazismo e o fascismo, a segregação racial era uma realidade nas tropas militares – mas este não era o caso da FEB, algo que surpreendeu positivamente os soldados dos Estados Unidos. 
“Você tinha negros e brancos lutando lado a lado, muito diferente do Exército Britânico, que tinha tropas segregadas, do Exército Francês e do Exército Americano”, ressalta.  
Durante parte da campanha, a FEB teve duas divisões americanas que combateram ao lado dos brasileiros, a exemplo da 10ª e da 92ª divisões de Infantaria Americana, que possuíam divisões segregadas entre soldados brancos e soldados negros. 
Força Expedicionária Brasileira em Nápoles, Itália – Foto: Acervo Arquivo Nacional
“Ao ver a FEB com uma divisão integrada, isso pode ter sido uma das chamas que acendeu o movimento dos direitos civis nos Estados Unidos”, analisa. 
Alvo de notícias
A união dos pracinhas – como os combatentes brasileiros eram chamados – era admirável, e também foi tema de diversas notícias durante a guerra. 
“Todo mundo estava no mesmo barco, todos iriam combater. Digamos que as balas do inimigo não diferem ninguém por cor”, afirma Teixeira. 
“Isso foi alvo de notícias no noticiário oficial do exército americano. Os soldados americanos tinham um jornal que é muito famoso, e existe ainda nos dias atuais, chamado Stars & Stripes. E esse jornal relatava com certo ‘choque’, mas de surpresa mesmo, não de repúdio, o fato de que o Brasil, que era tido como um país atrasado política e tecnologicamente, foi capaz de enviar uma divisão integrada.”
Mais de 25 mil militares compuseram a Força Expedicionária Brasileira – Foto: Acervo Arquivo Nacional
Negociações 
A falta de tecnologia militar era, de fato, um fator preocupante para o Brasil. Desta forma, uma série de negociações feitas com os Estados Unidos possibilitaram que as Forças Armadas brasileiras pudessem ser equipadas e, em contrapartida, a FEB apoiaria os aliados. 
“É o início da nossa industrialização forte. Isso já estava na mentalidade militar, de que um envolvimento nacional era essencial para que o país tivesse segurança. É um ideal muito forte na cabeça dos militares”, afirma o professor. 
Para os EUA, o Brasil era visto “como o gigante da América do Sul, o país que deveria estar ao lado dos Estados Unidos para equilibrar a segurança do hemisfério, ou seja, para impedir que o fascismo viesse para as Américas”, explica Teixeira.
Soldados da FEB durante a Batalha de Monte Castelo, em 1945 – Foto: Acervo/Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX)
Resistência
A participação dos brasileiros na 2ª Guerra Mundial não foi bem vista por todos, em princípio: o país encontrava resistência por parte do Reino Unido, que via sua política externa ameaçada no continente sul-americano. 
“O Reino Unido procurou, de todas as maneiras, tentar vetar a entrada do envio das tropas brasileiras, porque isso, na visão deles, mudaria o papel do Brasil no equilíbrio de forças na América do Sul”, afirma.  
“Com tropas bem equipadas, o Brasil poderia se tornar a grande potência do sul [continente]. Então, havia essa preocupação.”
Aqui vemos o soldado Marcílio Luiz Pinto, de Caconde-SP, o único praça brasileiro agraciado pelo Exército dos Estados Unidos com a medalha Silver Star . Faleceu em 31 de julho de 1993, em Adamantina-SP.
Nazifascismo 
O período entre as duas guerras mundiais foi marcado por uma enorme crise econômica, além de uma descrença nos regimes democráticos, que levaram ao surgimento de ideais extremistas. 
Em 1921, com a ascensão do fascismo na Itália, iniciava-se um período ultranacionalista e autoritário naquele país. “A origem [latina] do nome fascismo vem de ‘fasce’, que era instrumento utilizado na época do Império Romano que simbolizava autoridade e poder”, explica o mestre em História Militar pela Universidade de Lisboa Fábio Laurentino. 
“A sociedade civil num todo se enxerga sem ter no que agarrar politicamente, onde as democracias parecem que falharam”, analisa. “Fascismo é uma ideologia totalitária. São regimes autoritários, que expressam um discurso muito forte, principalmente de ódio.” 
Chegada de 2.760 homens da Força Expedicionária Brasileira pelo navio James Parker, em 1945
Foto: Acervo Arquivo Nacional
Paralelamente, o mesmo sentimento de descrença faz com que o nazismo tome espaço na Alemanha. “Surge o Partido Nazista também no início da década de 1920, com a característica da sociedade alemã ter pedido a fé na força na democracia. Essa descrença é acrescida da supremacia racial”, aponta Laurentino. 
De acordo com o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, estima-se que 6 milhões de judeus foram mortos durante o regime nazista. 
O que podemos resgatar da FEB
Mais de sete décadas após o fim da 2ª Guerra Mundial, há muito o que aprender com os mais de 25 mil militares que compuseram a Força Expedicionária Brasileira. E com tudo o que este conflito representou para o mundo: mais de 60 milhões de mortos e um holocausto causador de cicatrizes profundas que seguem nos dias atuais. 
“A diversidade é força. E acho que a força da diversidade que a FEB apresentou, dos soldados que foram lutar pela democracia em um outro continente, enquanto no seu próprio país não havia uma democracia, foi uma das razões para ajudar a redemocratizar o Brasil”, diz Teixeira.
“A integração e a diversidade presentes na tropa talvez tenha sido um elemento-chave para o sucesso dela”, analisa o historiador. “Talvez isso seja algo batido pela nossa história, mas é algo extremamente importante”, diz. 
“Você não tinha tensões raciais. Todos eles ali estavam combatendo, e pelo combate formaram irmãos de armas”, conclui. 
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
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