Processo judicial da morte do industrial Delmiro Gouveia chega ao TJ; após revisão criminal, culpados foram inocentados
A última quarta-feira, 8, deu desfecho a uma parte importante da história do país e em particular do Sertão nordestino. O desembargador aposentado Antonio Sapucaia entregou ao presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), desembargador Sebastião Costa Filho, autos originais de processos históricos que tramitaram na Justiça alagoana no final do século XIX e início do século XX, entre eles o que investigou a morte do industrial Delmiro Gouveia, em 1917.
“Meu pai foi vítima do truste internacional quando vivo e morto sofre com o truste nacional do esquecimento”. Essa foi uma declaração da filha do industrial Delmiro Gouveia, publicada na revista O Cruzeiro, em 1955, quando em uma inauguração de uma hidroelétrica em Paulo Afonso, não houve menção ao nome do industrial precursor. Justamente tal injustiça motivou historiador e presidente da Fundação Delmiro Gouveia, professor Edvaldo Nascimento, conhecer e divulgar o legado do desbravador do Sertão.
Atualmente, o professor Edvaldo Nascimento faz mestrado na Ufal abordando a história de Delmiro Gouveia. Ou seja, conhece tudo sobre aquele que saiu do nada, ficou órgão aos 15 anos, trabalhou nas mais simples funções e chegou aos salões mais bem frequentados da Europa do final do século XIX.
Nascimento relatou um pouco da história de Delmiro Gouveia. “Ele foi um sertanejo que saiu de uma situação de sobrevivência para ser o ‘Rei das Peles’ [Delmiro Gouveia foi o maior exportador de peles do Nordeste]”, frisou o professor. O lucro com esse comércio deu o poder financeiro que provocou a ira de seus inimigos. Após revisão criminal nos anos de 1980, processados foram inocentados.
De acordo com a assessoria de comunicação do TJ, o processo que apurou a morte de Delmiro - após prévia digitalização de seu conteúdo - será colocado à disposição para consulta pública. “Historiadores, estudiosos e operaadores do Direito agradecem tal iniciativa”, comemorou Nascimento.
O professor Edvaldo Nascimento contou um pouco da odisseia histórica de um dos homens mais importantes do século XX para Alagoas. “Ele perdeu o pai muito cedo e a mãe com apenas 15 anos de idade”, explicou Nascimento.
Sozinho no mundo, destaca o professor, o prodígio começou a trabalhar no cultivo do algodão e na extração de peles. Demonstrando grande habilidade, logo se tornou agenciador, negociante e com um pulo se tornou trabalhador das empresas americanas que comercializavam as matérias-primas. “Entrou no comércio e de tanto sucesso foi para a indústria. Ganhou dinheiro, muito dinheiro”, disse.
Sua ascenção e crescimento de sua riqueza eram fruto de sua visão de futuro. Delmiro criou em Recife-PE o primeiro shopping de que se tem notícia, o Mercado do Derby, e em seguida ficou conhecido como o “Rei das Peles”, por ter se tornado o principal exportador do produto no Nordeste brasileiro.
Ganhou como inimigos o vice-presidente da República da época Rosa e Silva e o governador de Alagoas, Sigismundo Gonçalves. Ambos infernizaram a vida de Delmiro, retiam cargas, prendiam peças, e até segundo contam, incendiaram o Mercado do Derby.
De volta a Alagoas, sob a proteção do então governador Euclides Malta, vislumbrou utilizar a força das águas do São Francisco como gerador de energia, em 1909. Morto em 1917, governo é pressionado para apontar os culpados. São indicados Rócio Moraes, preso e morto afirmando que não matou Delmiro; Antonio Felix e José Marcio Pia. Sendo que os autores intelectuais nunca foram punidos: José Rodrigues de Lima, chefe político de Piranhas (AL) foi eleito deputado e nunca respondeu pelo crime, sendo assassinado no Centro de Maceió; e José Gomes de Lima e Sá, chefe
Fonte: http://www.tribunahoje.com/noticia/9864/politica/2011/11/15/delmiro-gouveia-crime-sem-punico.html
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