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segunda-feira, 7 de julho de 2025

MACEIÓ

 Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.262

PELAS RUAS DE MACEIÓ (FOTO: B. CHAGAS).

“Às vezes a gente enfrenta um elefante e se engasga com um mosquito”, é assim que diz mais um ditado sertanejo. Além de estudar por um bom tempo na capital, desde criança que a frequentava, isto é, desde os tempos do trem de ferro em Palmeira dos Índios. Estudei, pesquisei muito, solitariamente, como sempre, mas não consegui conhecer de perto dois lugares e rever mais um.  E não eram coisas do outro mundo não, mas quando o destino não quer, é porteira fechada. Alguns pontos famosos de época, bem consegui visitá-los como o “Gogó da Ema”, o “Farol da Jacutinga” que emitia feixes de luzes alternadas vermelhas e azuis, o “Bar das Ostras”, no seu ocaso. As três coisas ainda a serem citadas me faltaram, porém.

E vamos a elas: o Parque Municipal, que é uma boa parte da Floresta Tropical ou Mata Atlântica. A Bica da Pedra + a Estação do Catolé e uma segunda visita muito mais consistente ao Porto do Cais. Esses eram os pontos famosos de Maceió, que eu nunca consegui visitá-los. Ao cais fui somente com um colega de República de Estudantes, de carona na cabine de um caminhão transportando melaço de uma usina de Rio Largo. Pense! Tudo para mim era novidade. Fiquei impressionado com a região do cais, porém, nunca voltei ali para matar a minha curiosidade e anotar coisas. E sem conhecer o Catolé, suas águas e seus banhos, ponto alto da capital, parti para outros lugares. Do Parque, só tive conhecimento da sua existência, muito tarde e nem tive oportunidade de abraçá-lo. Hoje em Santana do Ipanema, ainda penso na frustração.

Mas, ainda baseado em mais um ditado sertanejo, “a gente só faz o que pode”, misturei-me às multidões e perambulei muito pelas ruas, avenidas, pontes, vielas, praias e lagoa sempre procurando meus alvos, meus objetivos. Muitas vezes, em busca de atenções da Medicina mesmo, aproveitava e transformava o possível estresse em novas pesquisas e assim ia ampliando os meus horizontes literários.   Lembro-me até como fiquei feliz em realizar uma pesquisa em plena Estação Ferroviária e o carinho como uma senhorita encarregada me recebeu. Tudo isso agradeço à vida. Continuo pesquisando e escrevendo até a hora do desembarque...

Assim seja!



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PARAÍSO

 Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.261

PERIFERIA/PARAÍSO VERDE (FOTO: B. CHAGAS).

Pense num inverno arretado!  Chuva e Sol se alternando no Sertão com temperatura agradável. As chuvas são moderadas, educadas e benfazejas; pode até não ser inverno de juntar água nos grandes reservatórios das fazendas, porém, está sendo muito bom e sadio. Estou escrevendo essa crônica na manhã do dia 28 de junho, véspera de São Pedro e São Paulo diante de um dia ensolarado, cheio de verde e com aspecto de paraíso. Foi não foi, uma olhadela na rua, nos montes, na Natureza. Um cafezinho para relaxar, um naco de bolo de milho e nova jornada no Book, vestindo a crônica do início de julho. Que belo dia inspirador de um passeio pelos campos, pelo asfalto, pelas serras. Um dia diferente, profícuo e cheio de alegria desejado por todos nós.

As ruas amanheceram penteadas da chuvarada de ontem à noite. Mas, ainda amanheceu nublado, fez desaparecer todos os pássaros do calçamento e das fiações. E o Sol, ao furar pouco a pouco o cerco das nuvens cor de marfim, esquentou os corações e trouxe de volta os pardais, as rolinhas, o bem-te-vi, refugiados da humidade.  Mal vou fechando esses pensamentos, amigo, amiga, o tempo, por birra quer mudar de novo. Ameaça voltar a chover e me empurra para o casaco costumeiro do refúgio. Ah, meus leitores, não tem como não retornar ao cafezinho. Teclado, café, café, teclado e... Asas ao pensamento. É preciso driblar a frieza do mês de julho, frieza imortalizada com a madrugada de 28 de julho de 1938, quando trucidaram o Rei do Cangaço.

Entretanto, segue o tempo “entre tapas e beijos” e importante é não haver tragédias por enchentes, deslizamentos e outras modalidades que se vê todos os dias na televisão do mundo inteiro. Certa vez disse o pároco da paróquia de São Cristóvão de Santana do Ipanema, hoje em Maceió na paróquia da Serraria, José Augusto, sobre as futuras chuvas: “que venham, mas venham mansas”. Pois, desde que o padre foi embora, há muitos anos, as chuvas nunca chegaram bravas. Nessa crônica feita em três tempos, já noiteceu e eu estou ouvindo o tamborilar da chuva educada nas telhas. Quanto a frieza desse momento, acha-se tão educada quanto a chuvadinha.

É melhor rezar o terço da Mãe de Deus e colocar água quente na garrafa. Estou indo...

Ontem, dia 3, 18 graus na noite santanense.



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A LENDÁRIA FAZENDA ABÓBORAS PARTE 2

 Por Rostand Medeiros

Rostand Medeiros ao lado de Ivanildo Silveira, João de Sousa, Lívio Ferraz, Kiko Monteiro e Paulo Gastão; no Cariri Cangaço em Crato

Outros Episódios do Ciclo do Cangaço na Fazenda Abóbora...

Pelos muitos autores que se debruçaram sobre o tema cangaço e pelos relatos da região está mais que provado a franca convivência entre os membros da família Diniz e os cangaceiros no seu verdadeiro feudo na Abóbora. Mas no meio desta história, onde estava o aparato de segurança do estado? Segundo informações colhidas pelo autor deste artigo, que esteve na região em várias ocasiões, a polícia frequentava a Fazenda Abóbora, mas o poder dos Diniz era tal, que os homens da lei tinham que avisar com antecedência que iriam lá.

Daí, no caso de cangaceiros estarem acoitados na grande gleba, estes eram informados por Marçal, Marcolino ou alguém de confiança, e seguiam tranquilamente para coitos nas Serras Comprida, da Pintada, ou da Bernarda, ou nas propriedades denominadas Xiquexique, Pau Branco, Areias do pelo Sinal e outras. Essa verdadeira promiscuidade praticamente só vai ter um fim diante da extrema repercussão do ataque dos cangaceiros a cidade de Sousa, na Paraíba. Ocorrido na noite de 27 de julho de 1924, o fato logo ganha destaque nas páginas de vários jornais e assusta as autoridades nas capitais da Paraíba e de Pernambuco. Em pouco tempo os líderes sertanejos são instados a negarem a proteção dada aos bandos de cangaceiros. [8]

Theophanes Ferraz Torres

Tanto assim que três dias após o assalto a Sousa, ao meio dia, uma força volante sob o comando do major Theophanes Ferraz Torres, trava um combate contra um grupo de cangaceiros comandados por Sabino, que foge sem dar prosseguimento à luta. Certamente Sabino tentava chegar ao seu conhecido “lar” e teve esta desagradável surpresa. [9] Ao longo do mês de agosto de 1924 vários combates serão travados na região. Tiroteios nos lugares Areias do Pelo Sinal, Serra do Pau Ferrado, Tataíra e outros vão marcar a história de luta contra os cangaceiros. Não havia propriedade que não pudesse ser adentrada e varejada pela polícia. Mas não seria o fim da presença de cangaceiros no local.

"Diário de Pernambuco", 4 de agosto de 1926

Em uma pequena nota existente na página quatro do jornal “Diário de Pernambuco”, edição de quarta feira, 4 de agosto de 1926,  encontramos a informação que por volta das três horas da tarde do dia 30 de julho, na área da Fazenda Abóbora, foram mortos pela polícia pernambucana e paisanos, depois de demorado tiroteio, os cangaceiros Juriti e Vicente da Penha. Juriti era erroneamente apontado pelo jornal como sendo o comandante de um ataque ocorrido no dia 7 daquele mesmo mês, a uma casa comercial em Triunfo. No caso o comandante da ação foi Sabino.

O “Coito” do Coronel José Pereira...

Com o declínio da ação de cangaceiros na região de Triunfo, discretamente a Fazenda Abóbora deixa de ser local de combates, mas não deixaria de servir como um ótimo esconderijo. Em 1930, eclodiu um grave conflito armado na vizinha Paraíba, mais precisamente no município de Princesa. Entre as origens deste sério problema, estavam as divergências entre o governador eleito da Paraíba em 1927, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, e os coronéis monopolizadores da economia e política do interior do estado.

João Pessoa discordava da forma como este grupo político, que o elegera, conduzia a política paraibana. Entre estes poderosos era valorizado o grande latifúndio de terras do interior, possuidores de grandes riquezas baseadas no cultivo de algodão e na pecuária. Estes fazendeiros, como vimos no exemplo de Marçal Diniz, atuavam através de uma estrutura política arcaica, que se valia entre outras coisas do mandonismo, da utilização de grupos de jagunços armados, da conivência com cangaceiros e outras ações as quais o novo governo não concordava.

Um dos pontos mais fortes da discórdia era cobrança de taxas de exportação do algodão. Os ditos coronéis paraibanos exportavam a produção desta malvácia pelo porto do Recife, causando perdas tributárias para o estado da Paraíba. O governador estabelece diversos postos de fiscalização nas fronteiras do Estado. Por esse motivo os coronéis do interior passaram a apelidar João Pessoa de “João Cancela”.

José Pereira

O fazendeiro e líder político José Pereira Lima, mais conhecido como “Coronel Zé Pereira”, da cidade de Princesa, era o mais poderoso entre todas as lideranças do latifúndio na sua região. Para muitos ele é descrito como verdadeiro imperador do oeste da Paraíba, na área da fronteira com o estado de Pernambuco. Zé Pereira contava com o apoio dos governadores de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, respectivamente Estácio de Albuquerque Coimbra e Juvenal Lamartine de Faria. Diante do impasse com o governador João Pessoa, Pereira declarou Princesa “Território Livre”, separando-o do estado da Paraíba, tornando-o absolutamente autônomo.

A reação do governo estadual foi pesada e uma verdadeira guerra começou. Princesa se tornou uma fortaleza inexpugnável, resistindo palmo a palmo ao assédio das milícias leais ao governador João Pessoa. O exército particular do Coronel José Pereira era estimado em mais de 1.800 combatentes, onde diversos lutadores eram egressos das hostes do cangaço e muitos eram desertores da própria polícia paraibana.

Combatentes da Guerra de Princesa-Fonte - http:rotamogiana.blogspot.com

A força do governador João Pessoa possuia cerca de 890 homens, organizados em colunas volantes. Essas colunas eram chefiadas pelo coronel comandante da Polícia Militar da Paraíba, Elísio Sobreira, pelo Delegado Geral do Estado, o Dr. Severino Procópio e José Américo de Almeida (Secretário de Interior e Justiça). Marçal Florentino Diniz e Marcolino, ligados por parentesco com José Pereira, se juntam a luta na região. Houve muitos episódios sangrentos na conhecida Guerra ou Sedição de Princesa.

João Pessoa assassinado. Estopim da Revolução de 30

Após a morte do governador João Pessoa, ocorrida em Recife, houve a consequente eclosão da Revolução de 30 e o conflito em Princesa acabou. Durante os quatro meses e vinte e oito dias que durou sua resistência, Princesa não foi conquistada pela polícia paraibana. Após a eclosão da Revolução, as tropas do Exército Brasileiro, de forma tranquila, ocuparam a cidade.Para muitos pesquisadores José Pereira Lima organizou de tal maneira a defesa dos seus domínios, que provocou baixas estrondosas à força pública paraibana.Diante da derrota, José Pereira e muitos dos que lutaram com ele fugiram da região. A família Diniz se retraiu diante do novo sistema governamental imposto e a fortuna de Marçal e Marcolino ficou seriamente comprometida.

O tempo dos caudilhos do sertão estava chegando ao fim, pelo menos naquele formato utilizado por Marçal Diniz e José Pereira. José Pereira deixa Princesa no dia 5 de outubro de 1930 e fica escondido em propriedades de pessoas amigas, em diversas localidades existentes em outros estados. Segundo o Sr. Antônio Antas, depois de percorrer vários locais, segundo lhe informou o próprio Marcolino Diniz, José Pereira passou muito tempo escondido na Fazenda Abóbora, até que em 1934 o novo regime lhe concedeu anistia e ele decidiu permanecer em território pernambucano.

Antônio Antas, conviveu quando jovem com Marcolino Diniz, seu parente. Um grande amigo e memória viva da história de sua região

Mas segundo o Sr. Antônio Antas, a situação na Fazenda Abóbora não foi fácil. Um ano depois da anistia, por ordens de Agamenon Magalhães, então Interventor Federal em Pernambuco, a polícia estadual cerca a Fazenda Abóbora. José Pereira escapa, volta a Princesa e recebe garantias dos líderes estaduais paraibanos.

Rostand Medeiros, pesquisador e escritor
Fonte:tokdehistoria.com

[8] Sobre o ataque a Sousa ver o livro “Vingança, Não”, de Francisco Pereira Nóbrega.
[9] Sobre este combate ver “Pernambuco no tempo do Cangaço – Theophanes Ferraz Torres, um bravo militar (2 volumes)”, de Geraldo Ferraz de Sá Torres Filho, págs. 379 e 380.

https://cariricangaco.blogspot.com/2014/12/a-lendaria-fazenda-aboboras-parte-2-por.html

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FILHOS DO EX-CANGACEIRO LUIZ PADRE.

  Por José Mendes Pereira


Da esquerda para a direita: Vilar, Wilson e Hagahus.

Esta e outras fotos destes três filhos do ex-cangaceiro Luiz Padre foram enviadas a mim no ano de 2017, pela neta do  Luiz Padre, Noema Covêllo. Se alguém fizer uso em seus trabalhos, por favor, indique o nome dela, que é a verdadeira dona desta imagem.

Veja o que escreveu Noema Covêllo através do seu g-mail para mim:

José Mendes Pereira:

Meu avô Luis Padre era primo primeiro de Sinhô Pereira. Seus pais eram irmãos.

Esclarecendo: Francisco Pereira da Silva e Ana Mariano de Sá tiveram oito filhos. O primogênito, Manuel  Pereira da Silva, mais conhecido como Manuel da Passagem do Meio e o terceiro,  também Manuel, mas Manuel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira).

Manuel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira). - 

Do segundo matrimônio de Manuel Pereira da Silva com Constância nasce o caçula dos  irmãos: Sebastião Pereira da Silva (Sinhô Pereira).

Do matrimônio de Manuel Pereira da Silva Jacobina com Francisca Pereira da Silva (Chiquinha), filha do Barão do Pajeú, nasce Luís Pereira da Silva (Luiz Padre).

Cabe registrar que  Francisco Pereira da Silva, avô paterno de Luís Padre e Sinhô Pereira, também era irmão de Manuel Pereira da Silva, Comandante Superior de Serra Talhada, e pai de Andrelino Pereira da Silva, o Barão do Pajeú, avô materno de Luís Padre.

https://familiapereira.net.br/historia/

Segue abaixo, o link da árvore genealógica de Francisco Pereira da Silva, avô paterno de Luis Padre e Sinhô Pereira

http://www.araujo.eti.br/familia.asp?numPessoa=4345&dir=genxdir/

Para seu conhecimento, fiz recentemente a árvore genealógica dos meus avós Luis Padre e Amélia Póvoa

http://www.araujo.eti.br/familia.asp?numPessoa=6144&dir=genxdir/​  


Para detalhes, clique nos nomes sublinhados ou em Descendentes, na aba superior.

Abraço

Moema Araújo Covêllo

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A LENDÁRIA FAZENDA ABÓBORA PARTE 1

 

Sede da Fazenda Aboboras

Desde que comecei a ler temas relacionados ao ciclo do cangaço, a sua figura maior, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e a história do Nordeste no início do século XX, um local em especial me chamava atenção pelas repetidas referências existentes em inúmeros livros. Comento sobre uma antiga propriedade denominada Abóbora, localizada na zona rural do município de Serra Talhada, próximo a fronteira com a Paraíba e não muito distante das cidades pernambucanas de Santa Cruz da Baixa Verde e Triunfo.

Vamos conhecer um pouco de sua história e da visita que realizei a este local.Uma Rica Propriedade. Quem segue pela sinuosa rodovia estadual PE-365, que liga as cidades de Serra Talhada a Triunfo, antes de subir em direção a povoação de Jatiúca e as sedes dos municípios de Santa Cruz da Baixa Verde e Triunfo, percebe que está em um vale cercado de altas serras, que dão uma beleza singular a região. Atrás de uma destas elevações se encontra a Fazenda Abóbora.

Até hoje esta fazenda chama atenção pelas suas dimensões. Segundo relatos na região, suas terras fazem parte das áreas territoriais de três municípios pernambucanos. Aparentemente no passado a área era muito maior. Ali eram criados grandes quantidades de cabeças de gado, havia vastas plantações de algodão, engenho de rapadura e se produziam muitas outras coisas que geravam recursos. No lugar existem dois riachos, denominados Abóbora e da Lage, que abastecem de forma positiva a gleba.[1] Com tais dimensões, circulação de riquezas, no passado o lugar era ponto de parada de muitos que faziam negócios na região e transportavam mercadorias em lombo de animais, os antigos almocreves. No lugar estes transportadores do passado eram recebidos pelo “coroné” Marçal Florentino Diniz, que junto com irmão Manoel, dividiam o mando na propriedade.

Manoel Severo e Rostand Medeiros

Informações apontam que Virgulino Ferreira da Silva, quando ainda trabalhava como almocreve, realizou junto com seu pai e os irmãos vários transportes de mercadorias entre as regiões de Vila Bela (sua cidade natal, atual Serra Talhada) e Triunfo.[2] Certamente em alguma ocasião, o jovem almocreve teve a oportunidade de conhecer a fazenda do “coroné” Marçal e de seu irmão Manoel. Além destes o almocreve da família Ferreira conheceu o impetuoso filho do fazendeiro Marçal, Marcolino Pereira Diniz.[3]

Chefe de bando inteligente e perspicaz, Lampião buscava antes do confronto, o apoio e as parcerias com os antigos proprietários rurais e assim agiu junto aos donos da Fazenda Abóbora. Após assumir a chefia efetiva de seu bando, depois da partida do seu antigo chefe, o mítico cangaceiro Sinhô Pereira, Lampião frequentou em várias ocasiões as terras da Abóbora, onde o respeito do chefe e dos seus cangaceiros pelo lugar estava em primeiro lugar.

Rodrigues de Carvalho, autor do livro “Serrote Preto” (1974), informa nas páginas 252 a 254 que ocorreu uma intensa e positiva relação de amizade entre Lampião e a família Diniz principalmente com o “jovem e pretensioso doutor” Marcolino Diniz, que chegou há cursar durante algum tempo a Faculdade de Direito em Recife, mas não concluiu. Esta relação ambígua de amizade entre estes ricos membros da elite agrária da região e o facínora Lampião foi posta a prova em duas ocasiões.


Marcolino Diniz, sentado, filho do poderoso Cel. Marçal Florentino Diniz

A primeira no dia 30 de dezembro de 1923, quando Marcolino Diniz é preso pelo assassinato do juiz de Direito Ulisses Wanderley em um clube de Triunfo. Marçal solicita apoio de Lampião para tirar Marcolino da cadeia, se necessário a força. Juntos vão acompanhados de um grupo que gira em torno de 80 a 100 cangaceiros armados. Não Houve reação dos carcereiros. A segunda ocorreu no mês de março do ano seguinte. Após o episódio do ferimento do pé de Lampião na Lagoa Vieira e o posterior ataque policial na Serra das Panelas, onde o ferimento de Lampião voltou a abrir e quase gangrenar, é a família Diniz que parte em socorro do cangaceiro. Marçal e Marcolino cederam apoio logístico para a sua proteção, transporte, medicamentos e plena recuperação com o acompanhamento dos médicos José Lúcio Cordeiro de Lima, de Triunfo e Severino Diniz, da cidade paraibana de Princesa. Sem este decisivo apoio, certamente seria o fim do “Rei do Cangaço”.[5]
Lagoa Vieira-Foto-Alex Gomes

Foi igualmente na propriedade Abóbora que Lampião conheceu Sabino Gomes de Gois, também conhecido como “Sabino das Abóboras”.[6] Frederico Pernambucano de Mello, autor do livro “Guerreiros do Sol-Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” (2004), nas páginas 243 a 246, informa que Sabino efetivamente nasceu na Fazenda Abóbora, sendo filho da união não oficial entre Marçal e uma cozinheira da propriedade. Consta que ele trabalhou primeiramente como tangedor de gado, o que certamente lhe valeu um bom conhecimento geográfico da região.

Valente, Sabino foi designado comissário (uma espécie de representante da lei) na região da propriedade Abóbora, certamente com a anuência e apoio do pai. Organizava bailes e em um destes envolveu-se em um conflito, tendo de seguir para o município paraibano de Princesa. [7]

Depois, entre 1921 e 1922, acompanhou seu meio irmão Marcolino para Cajazeiras, no extremo oeste da Paraíba. Marcolino Diniz desfrutava nesta cidade de muito prestígio. Era presidente de clube social, dono de casa comercial, de jornal e tinha franca convivência com a elite local. Sabino por sua vez era guarda costas de Marcolino e andava ostensivamente armado. Nesta época Sabino passou a realizar nas horas vagas, com um pequeno grupo de homens, pilhagens nas propriedades da região. O autor de “Guerreiros do Sol” informa que teria sido Sabino que coordenou a vinda do debilitado Lampião para ser tratado pelos médicos José Lúcio Cordeiro de Lima e Severino Diniz. A amizade entre o “Rei do Cangaço” e o filho bastardo de Maçal Diniz, nascida na Fazenda Abóbora, teria então se consolidado a ponto deste último se juntar a Lampião e seu bando, em uma posição de destaque, no famoso ataque de cinco dias ao Rio Grande do Norte, ocorrido em junho de 1927.

Continua...

NOTAS
[1] Relatos transmitidos em entrevista gravada junto ao Sr. Antônio Antas, da cidade paraibana de Manaíra, em dezembro de 2008. O Sr. Antônio, parente de Marcolino Diniz, conviveu com o filho de Maçal quando este estava idoso e vivendo na Comunidade de Patos do Irerê. Vale ressaltar que é relativamente pequena a distancia da sede da Fazenda Abóbora para a cidade de Manaíra.
[2] Relato transmitido ao autor em entrevista gravada junto ao Sr. Antônio Ramos Moura, em agosto de 2006, em Santa Cruz da Baixa Verde.
[3] Para Frederico Pernambucano de Mello, autor do livro “Guerreiros do Sol-Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” (2004), na página 244, afirma que Maçal Diniz conheceu Lampião e seus irmãos quando os mesmo já eram membros do bando de Sinhô Pereira, cangaceiro que igualmente recebeu proteção e apoio deste fazendeiro em 1919.
[4] Entrevista gravada com Antônio Antas, dezembro 2008.
[5] Sobre o combate de Lampião na Lagoa Vieira ver – tokdehistoria.wordpress.com/2011/02/10/quando-lampiao-quase-foi-aniquilado
[6] Segundo Frederico Pernambucano de Mello, Sabino também era conhecido como Sabino Gomes de Melo, Sabino Barbosa de Melo, ou ainda com os denominativos Gore, Gório ou Goa. Ver “Guerreiros do Sol-Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” (2004), pág. 243.
[7] Rodrigues de Carvalho (pág. 164) afirma que Sabino nasceu na Paraíba, no lugar denominado Pedra do Fumo, então município de Misericórdia, atual Itaporanga. Pela lei estadual nº 3152, de 30 e março de 1964, o antigo distrito de Pedra de Fumo foi desmembrado do município de Itaporanga e elevado à categoria de município com a denominação de Pedra Branca, localizado a cerca de 20 quilômetros de Itaporanga. Pelo que escutamos durante nossas visitas a região, acreditamos que a versão do autor de “Guerreiros do Sol” é mais correta.

Rostand Medeiros, pesquisador e escritor
Natal, Rio Grande do Norte
Fonte: tokdehistoria.com

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O FAMOSO CANGACEIRO LUIZ PADRE.

 Acervo do Voltaseca


Luiz Pereira da Silva Jacobina nascido no ano de 1891, nas Ribeiras do Pajeú (São Francisco) Belmonte-PE, de uma família de 5 irmãos, 3 homens e 2 mulheres, filho de Manuel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira) e Francisca Pereira da Silva (Dona Chiquinha Pereira), neto paterno do Coronel Francisco Pereira da Silva e Ana de Sá, neto materno de Andrelino Pereira da Silva (Barão do Pajeú) e Maria Pereira da Silva. 

fonte: Venício Feitosa Neves.

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