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sábado, 21 de setembro de 2013

A morte de Lampião e seus cabras - Parte I

Por: Barros Alves

Após a matança ocorrida em Angico, onde os "macacos" deram cabo de Lampião, o Rei dos Cangaceiros, além do saque e da pilhagem dos pertences dos mortos, deu-se a profanação dos cadáveres com as cabeças sendo cortadas e transportadas em sacos de pano para a capital do Estado de Alagoas.


No final dos anos 30 do século passado, Lampião terror dos sertões nordestinos e bandoleiro mais famosos entre os muitos da época em todo o mundo, andava sem muita apetência para o combate. Reagiam com vigor às investidas das "volantes", grupos de policiais militares ou mercenários contratados pelo governo para dizimar os cangaceiros.

Grota de Angico - Poço Redondo - Sergipe

Em meados de 1938 resolveu esconder-se por uns dias na Grota de Angico, uma depressão situada às margens do Rio São Francisco, no atual Município de Poço Redondo, em Sergipe. Eram poucos os homens que o acampavam, com suas mulheres, Maria Bonita, inclusive.

Maria Bonita

Lampião não imaginava que seria traído e que na manhã do dia 28 de Julho, poucos dias depois de completar 41 anos, nascera em 7 de Julho de 1897, os soldados o atacaram sem dó nem comiseração.

Tenente João Bezerra

A ordem era matar todos. Sob o comando do Tenente João Bezerra, o bando foi cercado e, como estavam desprevenidos, ocorreu um massacre. O local em que estavam  os cangaceiros só tinha uma saída segura, de modo que quando os policiais liderados pelo Tenente 

 João Bezerra à esquerda e à direita Aniceto Rodrigues da Silva

João Bezerra e pelo Sargento Aniceto Rodrigues da Silva desencadearam o tiroteio, usando inclusive metralhadoras portáteis, não houve como reagir e nem mesmo fugir, porque a topografia do terreno não permitia a fuga. 

O que não se consegue entender é como Lampião, experiente e matreiro, conhecedor do terreno, um estrategista que rivalizava com qualquer general, sucumbiu à ingenuidade de esconder-se em um local tão vulnerável. Certamente, estava muito confiante o capitão Virgulino, a ponto de não se preocupar com a localização do terreno que escolhera para abrigar-se por alguns dias.

CONTINUA...

Revista Noprdestevinteum
Edição nº. 41 
Ano IV
Dezembro/2012

Gentilmente cedida pelo poeta, escritor e pesquisador do cagaço Kydelmir Dantas

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Se entrega, Corisco! - Dezembro de 2006

Por: Fernando Soares Campos

Lampião, o rei do cangaço, e Corisco, o diabo loiro, tinham por companheiras Maria Bonita e Dadá (é bom que se diga "respectivamente", porque naquela época certas liberalidades de hoje eram tidas como libertinagens, sem-vergonhices que os homens do cangaço não adotavam). Lampião morreu em combate em 1938, quando ele e Maria Bonita foram decapitados (ela capturada viva) e suas cabeças foram exibidas na feira livre de Santana do Ipanema, minha cidade natal, no sertão alagoano. Corisco e Dadá continuaram a luta. Em 1940 ele também tombou, e sua cabeça foi juntar-se à de Lampião no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, onde ficaram expostas, até 1969, como troféus das forças de repressão. Dadá, atingida por um tiro no pé direito, sofreu processo gangrenoso que lhe custou amputação da perna.

Os bandos de cangaceiros certamente não eram formados por indivíduos santificados, entretanto muitas histórias que contam sobre eles não passam de fantasias ou mesmo difamações propositadamente plantadas nos tempos em que o presidente Getúlio Vargas pediu as cabeças dos cangaceiros, que haviam criado a ilusão de mudarem o status de "bandoleiros" para "revolucionários". Foi quando Lampião decidiu autoproclamar-se "governador dos sertões nordestinos".

A indústria cinematográfica também não fez por menos, em muitos casos sempre preferiu caracterizar os homens do cangaço através de uma exagerada ferocidade, um comportamento praticamente instintivo, movido a sexo, cachaça e xaxado, sem qualquer sinal de racionalidade. A cinematografia comercial não se interessa por uma abordagem sobre as verdadeiras causas do cangaço; portanto, na maioria dos filmes que tratam da saga dos cangaceiros, predomina a caricatura do "cabra da peste", cujos sentimentos parecem limitados à revolta pessoal, à vingança contra o rico fazendeiro, o coronel dominador, senhor de currais humanos (feudos dos sertões nordestinos). Os relatos sobre as atrocidades imputadas aos cangaceiros apenas transferem a maldade do tirano, senhor da vida e da morte, para o "oprimido que queria ser opressor".

Desde os tempos de criança, nos anos 50, li e ouvi muitas histórias de terror atribuído aos cangaceiros. Falavam que eles se divertiam atirando crianças recém-nascidas para o alto e aparando os bebês na ponta de seus punhais; diziam que os bandos botavam fogo nas fazendas, exterminavam rebanhos de gado, estupravam as mulheres adultas e até as meninas muito jovens; também afirmavam que, à falta de mulheres, violentavam sexualmente os homens; e que torturavam e marcavam, como ferro em brasa, o rosto de prostitutas e de mulheres que traíssem seus companheiros. Nisso há muita ficção permeada por fatos reais, ou realidade ampliada pela imaginação popular.

Sobre a participação das mulheres no movimento do cangaço, vejamos este trecho de matéria publicada no site da Fundação Joaquim Nabuco: "Como as demais sertanejas nordestinas, as mulheres recebem a proteção paternalista dos seus companheiros, mas o seu cotidiano é mesmo bem difícil. Levar a termo as gestações, por exemplo, no desconforto da caatinga, significa muito sofrimento para elas. Às vezes, precisavam andar várias léguas, logo após o parto, para fugir das volantes [as tropas militares que perseguiam os cangaceiros]. E caso não possuíssem uma resistência física incomum, não conseguiriam sobreviver.
Em decorrência da instabilidade e dos inúmeros problemas da vida no cangaço, os homens não permitem a presença de crianças no bando. Assim que seus filhos nascem, são entregues a parentes não engajados no cangaço, ou deixados com as famílias de padres, coronéis, juízes, militares, fazendeiros" (*).

Foi por isso que Dadá entregou Sílvio, um dos seus três filhos sobreviventes (teve sete, com Corisco), ao Padre Bulhões, o pároco de minha Santana do Ipanema. Sílvio se tornou economista e professor dos principais estabelecimentos de ensino da cidade, pólo comercial do sertão alagoano. Dadá, quando enviuvou, casou-se com um baiano da cidade de Jeremoabo (BA) e foi morar em Salvador, mas, de vez em quando, vinha passar uns dias em Santana, na companhia do filho.

Eu sempre tive muito mais admiração por Corisco que pelo próprio Lampião, pois este podia ser o "rei do cangaço", contudo, na minha fantasiosa imaginação infantil, a palavra "corisco" me soava com a conotação de "semi-deus", um ser capaz de se transportar a uma velocidade jamais igualada por qualquer outro ser vivo. Eu imaginava que Corisco seria capaz de atirar em alguém, em seguida correr e ficar ao lado do seu alvo esperando a bala chegar, somente pra lhe dizer: "Taí o presente que lhe mandei, cabra!".

Mesmo vendo o professor Sílvio Bulhões quase todos os dias, sempre que eu o avistava me lembrava que aquele era o filho de Corisco, o diabo loiro, então acreditava que ele também deveria ser possuidor de algum poder sobrenatural. Porém, quando Dadá vinha visitar o filho, eu ficava meio encantado com a visão daquela mulher que, mesmo sem uma das pernas e andando apoiada numa muleta, parecia mais forte que qualquer outra mulher e mais corajosa que certos homens.

Qualquer pessoa que conheça algumas histórias do cangaço, principalmente aqueles relatos fantasiosos sobre a "natureza animal" dos cangaceiros, há de imaginar que as mulheres que faziam parte dos grupos seriam praticamente escravas a serviço dos "cabras da peste", submissas criaturas sem vontade própria, e que alguns dos seus gestos de revolta poderiam lhes custar severos castigos ou até mesmo a morte. Mas muita gente se surpreenderia se ouvisse Dadá contar que certo dia repreendeu Corisco e, visto que este continuava persistindo em se comportar contrariando sua orientação, acabou por esbofetear o companheiro. Para essas pessoas seria surpreendente saber qual foi a reação de Corisco: ele chamou Dadá a um canto e lhe pediu para não fazer mais aquilo "na frente dos homens".

Agora eu vou contar o que aconteceu no dia em que Dadá foi entregar o filho Sílvio aos cuidados do Padre Bulhões.

Uma das histórias que não contaram
(Acredite se puder)

Santana do Ipanema, 1930 e uns trocados. A cidade está encravada no meio de um grupo de serras, entre elas o Alto do Cruzeiro, onde os cangaceiros costumavam acampar, mas não se arriscavam a entrar no centro urbano, que sediava um batalhão da Polícia Militar, instalado exatamente com o objetivo de combater os guerrilheiros do cangaço. Os cangaceiros chegaram pela madrugada, e, quando o dia amanheceu, Corisco e Lampião, em cima de um lajeiro, avistaram, lá embaixo, o Padre Bulhões acompanhando, de binóculo, a movimentação do bando.

Padre Bulhões - pai adotivo de Sílvio Bulhões - filho de Corisco e Dadá

Corisco:
- Se o Padre Bulhões fizé isso no Rio de Janeiro, vai tomá um tiro de AR-15. Ele só espia a gente desse jeito porque sabe que nóis é de paz!

Lampião:

- Será que num tem nenhuma velhinha aposentada filmando nóis?

- Que nada, cumpade! Isso só vai acontecê daqui a uns setenta ano!

- Cumpade, eu tenho a maior vontade de entrar na igreja de Sant'Ana - Lampião se benze.

Maria Bonita, que estava escutando a conversa sem ser notada, apresentou-se e falou animada:

- Aí, a gente aproveitava e se casava, né, Vivi?

Lampião protestou:

- Paraí, Mulé! Tu tá querendo dizer casar, casar mesmo!, de verdade!, com as benção do Padre Bulhões?!

- E apois!

- Tu num tá nem besta!

- Por quê?!

- Quem casa na igreja do Padre Bulhões num descasa nunca!

- E tu tá querendo casar pra depois descasar?!

- Não! Eu tou querendo não casar, que é pra depois num ter que descasar!

- Oxe! Num entendi nada!

- Além disso, tu já casou uma vez, e só vai ser permitido divorço no Brasil daqui a uns quarenta anos.

- Cumade - atalhou Corisco -, acho que entendi. O cumpade Virgulino tá querendo dizê que, enquanto se tá amigado, a mulher bajula o homi, fica toda se derretendo: é meu fio pra cá, meu fio pra lá... Essas coisa. Mas quando vê a aliança no dedo, aí a coisa muda, ela qué mandá na casa, regulá a vida do marido...

- Oxe! E eu sou lá mulher de botar cabresto em homi?!

- Tou só me prevenindo - explicou Lampião.

- Mas Vivi...

- Pare de me chamar de Vivi! Num fica bem... Os homens já tão me olhando meio atravessado... Tu sabe que meu nome é Virgulino Ferreira da Silva, mais pode me chamar de Capitão.

- É isso mermo, cumpade, num dá moleza pra mulher nããão! - alertou Corisco.

Dadá se aproxima soltando fogo:

- Ô, Corisco!!!

- Sim, minha fulô!

- Tu já trocou os pano de Silvio?!

- Desculpa, Dadá, desculpa, eu me esqueci!

- Então vai logo, homi, avia! A gente vai ter que entregar o menino ao Padre Bulhões ainda hoje. Avia! Avia! Aproveita e lava a louça do café.

Corisco pede licença aos compadres e sai apressado.

Dadá fala pra Maria Bonita:

- É assim mesmo, comadre, a gente num pode dá moleza pra esses marmanjo não!

Maria Bonita olha pra Lampião, segura ele pelo lenço do pescoço e diz:

- Vem cá, seu cabra da peste! Vumbora ali pra detrás daquela capoeira!

Os dois no maior amor por detrás da capoeira. No meio do vuco-vuco, Maria Bonita murmura:

- Viviii!

E Lampião assente:

- Aqui pode!, aqui pode! Mas num me chama assim na frente dos homem não, minha fulô!

Se entrega, Corisco!!!
Eu não me entrego não
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão...
Hoje eu só me entrego pra Dadá
Dona do meu coração.

(*) Cangaço

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Lampião - o rei do cangaço


Virgulino Ferreira da Silva nasceu em 1898, na fazenda Ingazeira de propriedade de seus pais, no Vale do Pajeú, em Pernambuco, terceiro filho de José Ferreira da Silva e D. Maria Lopes. 

Seus pais casaram no dia 13 de outubro de 1894, na Matriz do Bom Jesus dos Aflitos, em Floresta do Navio, tendo seu primeiro filho em agosto de 1895, que chamaram Antônio em homenagem ao avô paterno. O segundo filho nasceu dia 07 de novembro de 1896, e foi chamado de Livino. Depois de Virgulino, o casal teve mais seis filhos, quase que ano a ano que foram: Virtuosa, João, Angélica, Maria (Mocinha), Ezequiel e Anália.

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Virgulino foi batizado aos três meses de nascido, na capela do povoado de São Francisco, sendo seus padrinhos os avós maternos: Manuel Pedro Lopes e D. Maria Jacosa Vieira. A cerimônia foi oficiada por Padre Quincas, que profetizou:

- "Virgulino - explicou o padre - vem de vírgula, quer dizer, pausa, parada." E arregalando os olhos: - "Quem sabe, o sertão inteiro e talvez o mundo vão parar de admiração por ele".
Quando menino viveu intensamente sua infância, na região que chamava carinhosamente de meu sertão sorridente! Brincava nos cerrados, montava animais, pescava e nadava nas águas do riacho, empinava papagaio, soltava pião e tudo o mais que fazia parte dos folguedos de seu tempo de menino.

A esperteza do menino o fez cair nas predileções de sua avó e madrinha que aos cinco anos o levou para a sua casa, a 150 metros da casa paterna.

À influência educativa dos pais, que nunca cessou, acrescentou-se a desta senhora - a "Mulher Rendeira" - a quem o menino admirava quando ela, com incrível rapidez das mãos, trocando e batendo os bilros na almofada e mudando os espinhos e furos, tecia rendas e bicos de fino lavor.

A primeira comunhão de Virgulino foi aos sete anos na capela de São Francisco, em 1905, juntamente com os irmãos Antônio (dez anos) e Livino (nove anos). A crisma aconteceu em 1912, aos quatorze anos e foi celebrada pelo recém empossado primeiro bispo D. Augusto Álvaro da Silva, sendo padrinho o Padre Manuel Firmino, vigário de Mata Grande, em Alagoas.

No lugar onde nasceu não havia escola e as crianças aprendiam com os mestres-escola , que ensinavam mediante contrato e hospedagem, durante períodos de três a quatro meses nas fazendas.Seu aprendizado com foi os professores Justino Nenéu e Domingos Soriano Lopes.

Ainda menino já trabalhava, carregando água, enchiqueirando bodes, dando comida e água aos animais da fazenda, pilando milho para fazer xerém e outras atividades compatíveis com sua idade. Mais tarde, jovem, robusto passou aos trabalhos de gente grande: cultivava algodão, milho, feijão de corda, abóbora, melancia, cuidava da criação de gado, e dos animais. Posteriormente tornou-se vaqueiro e feirante.

Seu alistamento eleitoral e de seus dois irmãos Antônio e Livino foi feito em 1915 por Metódio Godoi, apesar de não terem ainda os 21 anos exigidos por lei. Sabe-se que votaram três vezes: em 1915, 1916 e 1919.

A vida amorosa dos três irmãos era como a de qualquer jovem de sua idade, e se não houvessem optado pela vida de cangaceiro, certamente teriam cada um constituído sua família e tido um lar estável como foi o de seus familiares. Até entrar para o cangaço, Virgulino e seus irmãos eram pessoas comuns, pacíficos sertanejos, que viviam do trabalho (trabalhavam muito como qualquer sertanejo) na fazenda e na feira onde iam vender suas mercadorias. Virgulino Ferreira da Silva na certa seria sempre um homem comum, se fatos acontecidos com ele e sua família (que narraremos na página "Porque Virgulino entrou para o cangaço") não o tivessem praticamente obrigado a optar pelo cangaço como saída para realizar sua vingança. Viveu no cangaço durante anos, vindo a falecer numa emboscada em 28 de julho de 1938, no município de Poço Redondo, Sergipe, na fazenda Angico


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O CANGACEIRO " SARACURA " - Paripiranga na História

Por: Thomaz Araújo
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Cada vez mais descobrem-se pessoas e fatos que elevam Paripiranga/BA  à  categoria de palco de uma das páginas mais estudadas e dolorosas do Brasil contemporâneo: O Cangaço.

Desta vez, a surpresa veio por conta de uma conversa com um amigo que também pesquisa a nossa História e que revelara através de relatos orais de pessoas que viveram nas décadas de 1920 e 1930. 

Catando informações aqui e ali, ficou constatado que Paripiranga foi um pequeno celeiro dos cabras de Virgolino e dos seus subgrupos aqui de passagem, além de ser também referência  de algumas pessoas que davam apoios chamados pelas volantes de "coiteiros".

Uma dessas personagens foi o natural de Paripiranga, (BA) de nome Benício Alves dos Santos que recebeu a alcunha de "Saracura".

Nascido na região chamada de Curral, perto da comunidade Maritá, divisa com os  municípios de Carira e Pinhão no Estado de Sergipe.

www.portalfeb.com.br

Em entrevista ao jornalista  Joel Silveira em Março de 1944, na Penitenciária de Salvador, Saracura conta como entrou para o bando de Virgolino, grupo de Zé Sereno e depois seguiu com Ângelo Roque, o "Labareda", que assim como Corisco tentaram manter viva a chama do Cangaço após o passamento de Lampião em 1938.
       
Veja a seguir, um trecho desta conversa interessante com alguns cangaceiros sobreviventes: O próprio Saracura parece, agora, sair do seu sono triste.

Pede a palavra e conta:

-" Posso falar do meu caso. Peguei na espingarda quase obrigado, para mim vingar das misérias que fizeram com meu pai. Um dia, no Coité, uma volante invadiu o nosso sítio. Queriam à força que meu pai desse notícia dos cangaceiros, como se ele fosse um coiteiro. O velho não sabia de nada, e então os "macacos" começaram a supliciar o pobre: arrancaram as barbas dele, fio à fio, arrancaram suas unhas com alicate; se o senhor pensar que estou mentindo, vá lá no Coité e procure André Paulo Nascimento, que mora nas redondezas. É o meu pai. Ele dirá ao senhor se estou ou não falando a verdade. Ele mostrará ao senhor o estado em que ficaram seus dedos. E eu próprio, antes de pegar na espingarda, fui um dia violentamente espancado na
Fazenda Curral, perto do Coité. Os "macacos" haviam dito que eu era coiteiro, mas na verdade é que, até então, eu nunca vira um bandido na minha vida".

Saracura me revela mais que é casado e tem três filhos, que de vez em quando o visitam.

Essa imagem do Benício foi feita em Salvador, 1964, onde ele trabalhava no necrotério do Instituto Nina Rodrigues. 

http://profellingtonalexandre.blogspot.com.br

Emprego arranjado pelo amigo Dr. e escritor Estácio de Lima. Um cargo que poucos ou quase ninguém aceitaria, mas como se tratava de um ex cangaceiro de Lampião... Só tinha medo dos vivos.


O termo dito pelo cangaceiro Saracura que relaciona Coité como sua terra está correto, pois Paripiranga antes chamava-se de Patrocínio do Coité. Como está contida na seguinte informação tirada no WIKIPÉDIA:

Nos seus primórdios, a povoação de Malhada Vermelha foi premiada pelo cidadão José Antônio de Menezes, que construiu uma capela sob a invocação de Nossa Senhora do Patrocínio, filiada à Freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão. A dita capela foi elevada à categoria de freguesia pela Lei Provincial 1 168, de 22 de maio de 1871, com o nome de Nossa Senhora do Patrocínio do Coité.

Patrocínio do Coité, inicio do século XX.
Acervo: Marcos Aurélio Carregosa Lima

Material do acervo do pesquisador e colecionador do cangaço Dr. Ivanildo Alves da Silveira.

Veja-o no Orkut
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Antonio Conselheiro

naofoinogrito.blogspot.com

Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido popularmente como Antônio Conselheiro, foi um beato, líder religioso e social brasileiro. Nasceu em Quixeramobim (Ceará) em 13 de março de 1830 e faleceu em Canudos (Bahia) em 22 de setembro de 1897.

Considerado um fora da lei pelas autoridades nordestina, Antônio Conselheiro peregrinava pelo sertão do Nordeste (marcado pela seca, fome miséria), levando mensagens religiosas e conselhos sociais para as populações carentes. Conseguiu uma grande quantidade de seguidores, sendo que muitos o consideravam santo.

Há relatos de seguidores de Conselheiro que afirmaram que o beato tinha a capacidade de fazer milagres e que o mesmo fazia previsões sobre o fim do mundo.

Guerra de Canudos

Em 1893, revolveu fundar nas margens do rio Vaza Barris, no município baiano de Canudos, uma comunidade. Pessoas carentes foram morar no Arraial de Canudos, pois lá tinham trabalho e acesso a terra, sem serem exploradas pelos fazendeiros.

Antônio Conselheiro liderou e organizou o Arraial de Canudos de forma que o local cresceu e começou a causar preocupações nas autoridades políticas e nos fazendeiros da região. Foi chamado de monarquista e inimigo da República.

O governo federal, com auxílio de tropas locais, organizou uma grande ofensiva militar contra o arraial liderado por Conselheiro. O conflito armado, conhecido como Guerra de Canudos, ocorreu entre 1896 e 1897.

Antônio Conselheiro foi morto durante as batalhas em 22 de setembro de 1897, provavelmente, por ferimentos causados por uma granada.

http://www.suapesquisa.com/historia/guerradecanudos/antonio_conselheiro.htm

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Material do acervo do pesquisador e colecionador do cangaço Dr. Ivanildo Alves Silveira


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JESSE JAMES – O GRANDE BANDOLEIRO AMERICANO

Publicado em 21/09/2013 por Rostand Medeiros
Jesse Woodson James
 Jesse Woodson James

É ponto praticamente passivo a afirmação que o maior bandoleiro da história do Brasil foi Virgulino Ferreira da Silva, o conhecido Lampião. Já nos Estados Unidos este título vai certamente para Jesse Woodson James, o Jesse James.

Para muitos este bandoleiro ganhou reconhecimento como um guerrilheiro, o último rebelde da Guerra Civil Americana, um símbolo que trouxe esperança para aqueles que ainda acreditavam na causa dos estados do Sul dos Estados Unidos. Mas para outros ele foi tão somente um assaltante de bancos, trens e carruagens, além de um impiedoso assassino a sangue frio.

Apesar de serem pontos de vista divergentes, ambos são verdadeiros.
Embora seja verdade que grande parte da história de Jesse James é puro mito, também é verdade que muito do que sabe sobre esta figura é baseada em fatos reais. Mas com a ficção e a realidade agora enredada – é quase impossível separá-los.

Então, quem era Jesse James?

O Homem e Sua Guerra

Jesse Woodson James nasceu em 5 de setembro de 1847. Era filho de um pastor que morreu quando ele tinha apenas dois anos, e de uma mãe de personalidade forte, Zerelda, que se tornou a matriarca da família. Ele foi criado em um ambiente extremamente escravocrata, onde negro era comparado a um bicho de carga e consta que sua família tinha orgulho do sistema escravista. Morava em uma propriedade perto da cidade de Kearney, no estado do Missouri. Tinha um irmão mais velho chamado Frank, que com ele pegaria em armas, e uma irmã mais nova, Susan, e quatro meio irmãos, frutos de um novo casamento de sua mãe com o Dr. Ruben Samuels.

Zerelda James
Zerelda James

Na época que Jesse James nasceu o seu mundo era extremamente maculado pela violência. Em 1850 o Missouri era um estado onde guerras de fronteira com os habitantes do vizinho estado do Kansas tornou a vida muito perigosa para os que viviam no oeste do Missouri – vizinhos lutaram contra vizinhos e cada ataque brutal ocasionava ainda mais represálias brutais.

Mas o problema não era apenas com os vizinhos do Kansas. O Missouri era um estado com muitas facções armadas, mantidas por ricos fazendeiros, os “coronéis” deles, que lutavam por terra, dinheiro e poder. Ninguém foi poupado. Apenas arar seu campo poderia trazer a morte – e a noite não era difícil alguma casa ser queimada e o gado de algum proprietário ser roubado ou abatido a tiros. Mas também ocorriam contínuas batalhas internas e conflitos de fronteira por parte de pessoas que eram contra a escravidão – chamados de “Jayhawkers” (os nossos abolicionistas), que lutavam contra aqueles que eram pró-escravidão, chamados “Bushwhackers”. Sobre todos os aspectos, era um preludio sinistro e localizado do que seria a futura Guerra Civil Americana, ou Guerra da Secessão.

Fazenda da família James em 1877
Fazenda da família James em 1877

Quando o grande conflito entre os estados do norte e do sul dos Estados Unidos oficialmente estourou, em 12 de abril de 1861 e muitos habitantes do Missouri deixaram suas terras para lutar pelo Sul, os chamados Confederados. Estes estavam com medo que suas famílias e propriedades fossem atacadas pelas forças da União, os do Norte. Para evitar isso, milicias armadas foram criadas para proteger os que ficaram. Frank James juntou-se a um destes grupos de proteção em 1861.

Um dos líderes desses grupos era um jovem de 24 anos chamado William Quantrill. Este organizou várias centenas de homens sob a sua liderança, oferecendo seus serviços para a Confederação. Eles foram empossados ​​em serviço no ano de  1862 e foram reconhecidos como uma parte importante da causa do Sul no Missouri (este reconhecimento é causa de extremas controvérsias até hoje nos Estados Unidos).

William Quantrill
William Quantrill

Valente, astuto, um verdadeiro guerrilheiro, mas igualmente um sanguinário, William Quantrill e seus homens realizaram diversos ataques em várias localidades. Muitos de seus combates eram para a defesa dos habitantes do Missouri, mas muitas outras de suas ações não passaram de carnificina em massa, roubo desenfreado, estupros em quantidade e destruição massiva de patrimônio. O mais famoso, ou infame sucesso de Quantrill ocorreu na madrugada de 21 de agosto de 1863, quando seu grupo composto por mais de 300 homens, realizou um ataque contra a cidade de Lawrence, Kansas. Quando eles terminaram, mais de 150 habitantes estavam mortos, 200 casas e empresas estavam destruídas. Frank James estava na incursão a Lawrence.

O ataque a Lawrence
O ataque a Lawrence

Em represália as ações de guerrilha de Quantrill, as milícias pró-União invadiram as propriedades das famílias dos membros do bando, incluindo a fazenda da família James.

No sertão nordestino de Lampião, nas décadas de 1920 e 1930, quando a polícia (em grupos conhecidos como volantes) realizavam perseguições aos cangaceiros, não tinham nenhuma piedade para conseguir informações junto aqueles que acreditavam ajudar estes bandoleiros nordestinos (os chamados coiteiros). Sessenta ou setenta anos antes a família de Jesse James sofreu da mesma maneira nas mãos das milícias pró-União. Um dos meio irmãos do futuro bandoleiro quase foi enforcado para conseguir abrir alguma informação sobre Frank. O próprio Jesse foi chicoteado impiedosamente e sua mãe Zerelda apanhou bastante, mesmo estando grávida. Consequentemente Jesse, então com 16 anos, passou a andar com Quantrill e mais tarde com o seu sucessor, Willian “Bloody (sangrento) Bill” Anderson. Este último era conhecido por cortar as cabeças de seus inimigos com uma típica espada de pirata e levava os escalpos de muitas de suas vítimas em seu alforje.

Em Combate

Em agosto de 1864 Jesse estava com os guerrilheiros, quando ele foi baleado no peito, mas salvou-se e logo voltou a luta. Ele levou esta bala em seu corpo para o resto de sua vida. Em um ataque a cidade de Centralia, no Missouri, o bando de Bloody Bill Anderson matou 25 soldados da União desarmados e roubaram seus uniformes. Mais tarde uma tropa da União ao saber o que aconteceu, saiu em busca de Bill e seus homens. Quando eles foram encontrados, os guerrilheiros mataram mais de 100 dos seus perseguidores, em uma bem montada emboscada. Jesse foi identificado como aquele que matou o comandante dos soldados.

William “Bloody Bill” Anderson
William “Bloody Bill” Anderson

Este seria o maior engajamento da carreira de Jesse como um guerrilheiro confederado. Dois meses após esta batalha, Bloody Bill foi morto em uma emboscada. Os dias dos guerrilheiros foram chegando ao fim, com muitos dos irregulares fugindo para os estados da Louisiana e Texas. Após a morte de Quantrill, os seus homens ou foram capturados, fuzilados, ou fugiram, incluindo neste último grupo Frank James.

Enquanto Frank tinha ido para Kentucky, Jesse seguiu para o Texas, onde ficou até 1865. Após um tempo nesta inatividade, Jesse e alguns outros guerrilheiros decidiram voltar para o Missouri e se entregar. No caminho alguns soldados da União abriram fogo sobre eles e, pela segunda vez, Jesse foi baleado no peito. O ferimento era grave e ele foi levado para a casa de um tio, onde recuperou a saúde com a ajuda da prima Zee Mimms, por quem se apaixonou. Eles iriam se casar nove anos mais tarde.

O Guerrilheiro que se Transformou em Fora da Lei

Ressentimentos políticos, juntamente com dificuldades econômicas no Missouri, acrescentaram novas feridas a velhos problemas. Jesse e Frank James poderiam ter seguido para sua casa e objetivado levar uma vida pacífica, como fez a maioria dos outros guerrilheiros. Mas depois de uma vida tão “emocionante”, os dois irmãos logo se juntaram com alguns antigos guerrilheiros e começaram suas carreiras criminosas.

Jesse James como um jovem guerrilheiro
Jesse James como um jovem guerrilheiro

Salvo engano, Lampião passou 20 anos como cangaceiro, já Jesse e Frank James estiveram de armas na mão por 16 anos. Tal como Lampião, não se sabe quantos crimes os irmãos James cometeram, mas uma vez que eles tinham alcançado alguma notoriedade, foram acusados ​​de mais assassinatos e roubos do que poderiam ter realmente cometido. Coisas da fama!

Mas se Lampião visava atacar principalmente as casas dos proprietários rurais, onde ficavam suas economias pela falta de casas bancárias no sertão nordestino, nos estados Unidos eram os bancos o principal alvo dos irmãos James.

Acredita-se que o primeiro banco que eles roubaram foi na cidade de Liberty, Missouri. O fato se deu em fevereiro de 1866, o bando tinha cerca de 12 homens, que entraram na cidade tranquilamente montados em seus corcéis. Deixaram o estabelecimento bancário com quase 60.000 dólares e dispararam contra dois espectadores, matando um. Outros roubos semelhantes ocorreram no Missouri e em estados vizinhos entre 1866 e 1867. Logo os irmãos James, juntamente com seus primos, os Youngers, são apontados como suspeitos dos assaltos. O bando passa a ser conhecido como quadrilha dos James/Youngers.

Jesse e Frank James
 Jesse e Frank James

Qualquer que fosse a dúvida de que os James estavam envolvidos em assaltos a bancos, esta foi eliminada quando roubaram o Banco Davies, na cidade de Gallatin, Missouri, em dezembro de 1869. Depois disso, seus nomes, com recompensas por suas cabeças, seriam ligados a crimes no Missouri e em outros lugares.

Jesse entrou neste banco e pediu a John Sheets, um ex-capitão do Exército União, caixa e principal proprietário do banco, para trocar uma nota de 100 dólares. Quando este se sentou para escrever o recibo, Jesse percebeu que aquele era um ex-oficial do Exército União e, sem pestanejar, atirou na sua cabeça e no coração do ex-militar. Apesar de dois outros assaltantes terem disparado contra um funcionário do banco, este conseguiu escapar e alertou a cidade. Seus habitantes se posicionaram e, como quase todo mundo no velho oeste tinha uma arma de fogo, dispararam impiedosamente sobre o bando na medida em que estes saiam do banco e tentavam pegar seus cavalos. Ao tentar montar em seu alazão, Jesse James caiu e foi arrastado por cerca de 40 metros antes que pudesse retirar o pé do estribo. Ele então subiu na garupa do cavalo de Frank e fugir. Só depois conseguiu tomar outro cavalo de assalto.

Logo a imprensa estampou que o assassinato do ex-oficial da União Sheets, teria sido uma “vingança política” e muitos sulistas aprovaram o assassinato de Jesse.

O Nascimento de uma Lenda

Embora os membros da quadrilha dos James/Youngers afirmassem aos quatro ventos que roubavam dos ricos para dar aos pobres, não há registro de que eles tenham dado algo a alguém. O mais próximo disso foi pagando os que lhes apoiavam durante suas fugas.

A quadrilha dos James/Youngers
Parte da quadrilha dos James/Youngers

A quadrilha então volta a sua atenção para outra fonte de dinheiro – as ferrovias. Eles atacam o seu primeiro trem em uma noite de julho de 1873, em Iowa. A quadrilha também roubou diligências. Eles provavelmente teriam assaltado postos de gasolina e lojas de conveniência, se estas existissem na época.

Apesar de ser oferecido cada vez mais dinheiro pelas cabeças dos membros da quadrilha dos James/Youngers, eles seguiam tranquilos. Entre os roubos, os irmãos James se escondiam nas cidades médias e grandes. Jesse e Frank viveram em vários locais, junto com as suas respectivas famílias. Jesse se casou em 1874 com Zee Mimms e tiveram um filho e uma filha. Frank também se casou e de sua união nasceu um filho. As duas famílias unidas, ajudavam os irmãos James a se esconderem nas áreas urbanas.

Jasse James
Jasse James

Jesse era vaidoso com sua aparência, fumava charutos e raramente bebia qualquer coisa alcoólica mais forte do que a cerveja. Apesar de algumas madames contestarem esta versão, consta que ele nunca traiu a mulher e jamais levantou a voz com crianças. Ele tinha duas marcas de balas no peito, outra na coxa e faltava um pedaço do seu dedo médio esquerdo. Ele também tinha um pé esquerdo ligeiramente torcido. Afirma-se que era canhoto, tinha uma voz de contralto. Lia a bíblia, podia recitar salmos e poderia cantar hinos religiosos se deseja-se. Consta que nunca se arrependeu de seus roubos, ou de seus muitos assassinatos. Ele tinha uma grande necessidade de atenção, poderia ser muito gentil, muito educado e era bem versado sobre os acontecimentos do seu tempo.

Livros publicados no final do século XIX sobre Jasse James
Livros publicados no final do século XIX sobre Jasse James

Jesse e Frank James estavam nas páginas dos jornais de todo o país. Mas foi o jornalista John Edwards, um ex-oficial da Confederação, escritor e editor de vários jornais depois da guerra, viu em Jesse uma oportunidade de criar um ponto de encontro para a oposição à opressão que os antigos militares do Sul sofriam daqueles que estavam no poder. Edwards tornou Jesse o símbolo de uma causa perdida.

Jesse gostava de seu novo status, tornando-se obcecado com sua imagem pública. Ele leu jornais e muitas vezes escrevia cartas para os jornalistas e até mesmo chegou a planejar assaltos com base em sua percepção da reação do público. Com a contínua campanha de propaganda, Jesse se tornou um herói para muitos.

O Fim da Gangue James/Youngers

Os homens da famosa agência Pinkerton, de caçadores de bandidos, foi chamada várias vezes para capturar os membros da gangue James-Younger e não conseguiram. Em represália, em uma noite de janeiro de 1875, várias bombas incendiárias foram lançadas na tradicional casa da fazenda da família James. Uma meia irmã de Jesse e Frank morreu e sua mãe Zerelda perdeu a mão.

Fazenda da família James, mantida totalmente original
Fazenda da família James, mantida totalmente original

O ataque pensado pelos agentes Pinkerton foi um fracasso, além do ataque a uma família e a morte de uma criança inocente trouxe simpatia e apoio à Jesse e Frank. O apoio a quadrilha dos James/Youngers só cresceu. Então veio o notório assalto ao banco em Northfield, Minnesota, em setembro de 1876.

Oito membros da gangue entraram na cidade, três ficaram em seus arredores, três entraram no First National Bank e dois ficaram do lado de fora. Quando o caixa do banco se recusou a abrir o cofre, sua garganta foi cortada e, em seguida, ele foi baleado – muito provavelmente por Jesse. Outro caixa fugiu para soar o alarme entre os moradores de Northfield. A rua foi imediatamente liberada e os habitantes da cidade começaram a atirar nos bandidos. Dois deles morreram, juntamente com um civil, e o resto da quadrilha fugiu.

Armas da da gangue James-Younger
Armas e utensílios da da gangue James-Younger

Foi organizada uma caçada humana para rastrear os bandidos em fuga, esta acabou matando outro marginal e capturando Cole, Jim e Bob Younger. Jesse e Frank escaparam. O assalto foi um grande fracasso – três homens morreram, três foram presos (depois receberam sentenças de prisão perpétua), dois escaparam e nenhum dinheiro foi levado.

A Morte de Jesse James por um Covarde

Depois de algum tempo, Frank decidiu sair do grupo e se aposentar. Já Jesse buscava montar um novo bando para continuar roubando por mais alguns anos. Mas os tempos e a política começaram a mudar. A eleição de Thomas T. Crittenden como governador do Missouri em 1880, foi o começo do fim para Jesse.

Na esperança de manter o grupo vivo, Jasse convidou os irmãos Robert (ou Bob) e Charles Ford para participar de um assalto ao banco da localidade de Platte City. Entretanto os irmãos já tinham decidido não participar de roubo algum, mas receber a recompensa de 10.000 dólares pela cabeça de Jesse. Ação que era patrocinada pelo governador Crittenden.

Robert Ford
Robert Ford

O governador prometeu aos irmãos Fords um perdão completo pelo passado de crimes, mas eles teriam de matar Jesse, que era então o criminoso mais procurado dos Estados Unidos. Crittenden tinha elegido a captura dos irmãos James como sua prioridade política. Barrado por uma lei que não autorizava que fosse oferecida uma recompensa vultosa pela captura de bandidos, o governador virou-se para as estradas de ferro e estes lhe cederam os 10.000 dólares.

Em 3 de abril de 1882, os irmãos Ford estavam junto com Jesse e sua família – a respeitável família Thomas Howard – em uma casa em Saint Joseph, Missouri. Depois de tomar café da manhã, os Fords e Jasse James entraram na sala de estar em preparação para a viagem para Platte City. De acordo com Robert Ford, tornou-se claro para ele que Jesse tinha percebido que eles estavam lá para traí-lo.

Desenho mostrando o assassinato de Jesse James por Robert Ford
Desenho mostrando o assassinato de Jesse James por Robert Ford

No entanto, em vez de xingar ou matar os Fords, Jesse atravessou a sala de estar, colocou seus revólveres em um sofá e depois subiu em uma cadeira para tirar a poeira de um quadro. Bob Ford vendo a oportunidade tirou o seu revólver calibre 44 do coldre, apontou-o para a parte de trás da cabeça de um homem desarmado e puxou o gatilho contra . Jesse ouviu o barulho do engatilhamento da arma e foi virando a cabeça, quando a bala o atingiu, desintegrando o seu crânio.

Casa onde Jesse James foi morto
Casa onde Jesse James foi morto, hoje um museu

Após o assassinato, os Fords foram ao encontro do governador Crittenden para reivindicar sua recompensa. Eles se entregaram às autoridades legais, mas ficaram consternados ao descobrirem que foram acusados ​​de assassinato em primeiro grau. Em um dia, os irmãos Ford foram indiciados, se declararam culpado e foram condenados à morte por enforcamento. Duas horas depois, Crittenden lhes concedeu um perdão completo. Apesar do acordo, os irmãos Ford receberam apenas 500 dólares, uma fração do dinheiro originalmente prometido.

O corpo do bandoleiro Jesse James
O corpo do bandoleiro Jesse James

Por um tempo, Bob Ford ganhou dinheiro posando para fotos como “o homem que matou Jesse James”. Junto com seu irmão reencenaram o assassinato em um espetáculo por várias cidades. Mas o desempenho dos Fords não foi bem recebido. A maneira como Bob havia assassinado Jasse James, enquanto ele estava de costas e desarmado, trouxe muitas inimizades em diversas cidades onde o espetáculo foi realizado.

Com tuberculose e viciado em morfina, Charles Ford se suicidou em 4 de maio de 1884. Quase dez anos depois do assassinato de Jesse James, no dia 8 de Junho de 1892, Robert Ford era dono de um saloon em Creede, no Colorado, quando foi morto com dois disparos de uma espingarda calibre 12 no peito, por um homem que aparentemente tinha problemas mentais e desejava ficar famoso como “o homem que matou o homem que matou Jesse James”. Vejam que ser famoso já não era fácil desde aquela época!

Propaganda de um show onde as atrações principais eram Frank James e seu primo Cole Younger
Propaganda de um show onde as atrações principais eram Frank James e seu primo Cole Younger

Depois que Jesse foi morto, seu irmão Frank se entregou às autoridades em 1882. Ele foi julgado e absolvido por um júri simpático. Nos últimos trinta anos de sua vida, Frank trabalhou em vários empregos, inclusive como vendedor de sapatos e, em seguida, como um guarda de teatro em St. Louis. Durante algum tempo, junto com seu primo Cole Younger participaram de shows itinerantes onde apresentavam as suas aventuras do passado. Em seus últimos anos, Frank James voltou para a tradicional fazenda da família James. Ele morreu em 18 de fevereiro de 1915, com a idade de 72 anos.

Legado – Jesse James, um Ícone da Cultura Pop

Tal como ocorreu com Lampião no Brasil, tão rapidamente quanto os jornais anunciaram a sua morte, rumores da sobrevivência de Jesse James proliferaram. Alguns disseram que Robert Ford matou alguém parecido com Jesse James, em uma trama elaborada para permitir-lhe escapar da justiça. Estes contos têm recebido pouca credibilidade e nenhum dos biógrafos de James aceitou algumas das versões de sobrevivência como plausível.

Cartaz origina oferecendo uma recompensa pelos irmãos James
Cartaz origina oferecendo uma recompensa pelos irmãos James

Nos Estados Unidos já foram rodados mais de 70 filmes e programas de TV sobre Jesse, ou incluindo Jesse, e a saga cinematográfica deste fora da lei é longa. O primeiro filme sobre o Jesse foi feito em 1920 e estrelado por seu filho, Jesse James Jr. Mais recentemente, Brad Pitt interpretou o fora da lei em “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford”.
Houve também várias apresentações de palco – alguns até mesmo estrelados por seus assassinos logo após a sua morte. Ele também foi o herói em muitos romances baratos e objeto de vários livros e inúmeros artigos.

Tal como Lampião no Brasil, Jesse James continua a ser um símbolo controverso, que sempre pode ser reinterpretado, de várias maneiras, de acordo com as tensões e necessidades culturais.

Fontes – http://clevelandcivilwarroundtable.com
http://en.wikipedia.org/wiki/Jesse_James
http://www.pbs.org/wgbh/americanexperience/films/james/
http://www.civilwarstlouis.com/History/jamesgang.htm
http://www.jessejames.org/
http://www.jessejames.org/photo_gallery
http://deadbutdreamin.files.wordpress.com
http://www.legendsofamerica.com/we-jamesyoungergang3.html

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros 

http://tokdehistoria.wordpress.com/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com